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‘Comeu jaraqui, não sai mais daqui’

Cidade acolhedora, Manaus conquista e dá oportunidade a todos, inclusive aos que não nasceram na capital amazonense

por MAURÍCIO FREIRE

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Em Manaus, uma expressão popular afirma que “ quem come jaraqui, não sai mais daqui”, uma referência a um dos peixes mais saborosos e abundantes da bacia amazônica e muito consumido pelos moradores da capital amazonense Não faltam exemplos de pessoas que vieram de outras cidades, “ comeram o jaraqui e nunca mais saíram daqui" O técnico de futebol Aderbal Lana, 74 anos, e o casal de empresários Moisés Davi Bicharra, 60, e

Carlen Kr yislen Kawamura Felipe Bicharra, 36, são alguns dos “forasteiros” que se instalaram em Manaus e hoje são considerados referências e exemplo de sucesso em suas áreas

Mineiro de Uberlândia, Aderbal Lana araqui” em 1985, o veio enfrentar a e do Nacional, dindo o Mixto-MT. o m e s m o a n o , Lana foi convidado para treinar o N a c i o n a l e s e m u d o u p a r a M a n a u s “ F u i embora no comea década de 1990, em 97 para dirimundo, ficando die até 2004”, expli- e i n a d o r d o S ã o Lana conquistou o clube e também os moradores de Manaus, que logo se identificaram com a sinceridade e o estilo de vida simples e pacato do treinador, que se apaixonou pela cidade e se mudou de vez para a capital amazonense “Recebi alguns convites para treinar em times de outros Estados, mas não quis mais sair Tenho dois filhos amazonenses, me considero um manauara de coração”

Atualmente, Aderbal Lana é treinador do Princesa do Solimões, de Manacapuru (a 68 quilômetros a oeste de Manaus), mas ele continua morando na capital amazonense no período em que o clube não está disputando competições

Em um rápido passeio com o treinador pelas ruas da capital amazonense, é possível entender o carinho da população com Lana A todo instante ele é parado para ti- rar foto e torcedores se aproximam do lendário treinador para conversar sobre futebol O invejável currículo de Lana ajuda com que ele ganhe ainda mais simpatia Somente no futebol amazonense, são 11 títulos estaduais por diversos clubes e duas Copa Norte (ambas com o São Raimundo)

“O que mais gosto em Manaus é estar no meu cantinho, com a minha família, ou ir a um estádio de futebol para acompanhar as partidas, porque é o ambiente que me faz bem é onde estou ao lado de amigos e me sinto bastante querido”, destacou Lana

O treinador admite ser um apaixonado pela natureza e morar no meio da rica biodiversidade amazônica é, na opinião de Lana, um privilégio “Eu conheço o Brasil todo e muitos países e posso dizer que isso aqui é o eldorado do mundo Não existe uma biodiversidade e natureza tão exuberante quanto a Amazônia”, finalizou o treinador

Casal visionário

Ele nasceu em São Paulo de Olivença (a 985 quilômetros a oeste da capital) e ela em Urucará (a 261 quilômetros a leste da capital), mas Moisés e Carlen se conheceram em Manaus e passaram a construir, juntos, uma vida de sucesso, pautada pelo amor à família e à dedicação ao tra- balho e à vontade de sempre criar e buscar novas formas de empreender

Moisés é filho de libaneses e mora em Manaus desde criança Por influência da família, ele tomou gosto pelo empreendedorismo e há 22 anos é proprietário do Amazonfish, um resor t em Iranduba, município na região metropolitana de Manaus

“Um professor uma vez disse que a pessoa já nasce empresário, eu discordei, porque existem pessoas que se preparam para ser empreendedores e pode não ser igual à pessoa que vem de berço. Os árabes têm essa tendência, nós somos criativos, colocamos o trabalho em primeiro lugar e isso vem da minha geração”, explicou Moisés.

O empreendimento de Moisés ganhou fama quando uma parte do hotel foi construída em uma área flutuante toda feita com garrafas PET. A ideia inovadora, dando um destino correto ao plástico, na verdade foi pensada apenas como uma forma de construir algo mais barato, sem levar em consideração os benefícios ambientais.

“Na época, eu queria construir algo que fosse prático e não usasse produtos caros Espalhei a ideia para os amigos, e recebi muitas garrafas, ou seja, tive um custo muito baixo Naquela época, há muitos anos, eu não tinha a consciência ambiental que hoje eu tenho Com o tempo eu adquiri essa consciência e hoje não consigo mais deixar uma garrafa de plástico no chão Não só eu, mas todos da família têm essa consciência”, orgulha-se Moisés

Já Carlen passou a infância em Urucurituba e chegou em Manaus aos 19 anos para cursar faculdade de Direito Na reta final do curso, ela conheceu Moisés, e com a formação empreendedora dele, aliada à também visão empreendedora dela, que é filha de comerciantes, nasceu um novo empreendimento familiar, o restaurante de comida japonesa, o Nihachi, hoje localizado no conjunto Eldorado, bairro Parque 10, zona Centro-Sul de Manaus

“Em 2015, tivemos a ideia do restaurante e abrimos ele. Em 2019 para 2020 tivemos um insight de nos prepararmos para o deliver y Poucos meses depois veio a pandemia e com a loja fechada nós estávamos preparados para seguir em frente fazendo deliver y Se não estivéssemos preparados, cer tamente teríamos fechado durante a pandemia Hoje, conseguimos conciliar o deliver y com o atendimento ao público na loja”, comemora Carlen

Na avaliação do casal, Manaus é uma cidade que favorece o empreendedorismo e as ideias inovadoras “Em Manaus todo mundo se dá bem e as dificuldades são mínimas, as pessoas abraçam as novas ideias”, ponderou Moises “O manauara quer o melhor Apesar de estarmos longe geograficamente de grandes centros, o público busca a qualidade e quem investe tem retorno”, completou Carlen.

Empreendedorismo

O empreendedorismo de Manaus destacado pelo casal Moisés e Carlen tem forte influência e incentivo da Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Trabalho, Empreendedorismo e Inovação (Semtepi). De acordo com levantamento da Semtepi, a gestão municipal disponibilizou, neste ano, mais de 60 cursos em diversas áreas, emitindo 3 267 cer tificados. Juntos, os programas “Salto, Aceleradora de MEIS” e “Mais Inovação”, disponibilizaram cerca de mil vagas neste ano, além de 2 mil vagas para o programa “English Manaus”.

A pandemia de Covid-19 tem sido um grande problema enfrentado pelos empreendedores manauaras Para que eles não deixassem de ter renda durante os m o m e n to s m a i s c r í t i c o s , a p re f e i t u r a d i s p o n i b i l i z o u o “A u x í l i o E m p re e n d edor ” no valor de R$ 500 para 3 mil empreendedores. Com ações estratégicas, a Prefeitura de Manaus tem contribuído para que a cidade se torne cada vez mais empreendedora

Em 2015, tivemos a ideia do restaurante e abrimos ele. Em 2019 para 2020 tivemos um insight de nos prepararmos para o delivery. Poucos meses depois veio a pandemia e com a loja fechada nós

Carlen, empreendedora