Parte II A Fé Cristã na Idade Média 1. O Fim da Antiguidade Clássica Com a derrocada do Império Romano do Ocidente, a Europa ocidental mergulhou num período conturbado, que se estendeu do século V até o fim do século VIII. Foi uma era em que os feitos artísticos e culturais romanos foram aniquilados pelos bárbaros, que transformaram o Império Romano do Ocidente em uma miríade de reinos menores. Justino I (483-565), governante do Império Romano do Oriente, reconquistou a maioria dos territórios perdidos do Império Romano do Ocidente, mas, em apenas um século, os herdeiros do antigo império perderam o controle sobre eles. Foi também o tempo em que o cristianismo se consolidou na Europa e em que os árabes omíadas, e depois os abássidas, conquistaram com seus exércitos todo o norte da África. Ao final do século XI, as forças islâmicas haviam conquistado dois terços do mundo cristão, incluindo Palestina, Egito, Ásia Menor, lugares que não eram a periferia da cristandade, mas seu verdadeiro centro. Mesmo regiões da Gália, como Aquitânia e Provença, foram dominadas pelos mulçumanos, até que Carlos Martel (688-741) os venceu em Poitiers, no ano 732. O islã acredita na existência de uma única divindade, Alá, que se revela de modo incorrupto no Alcorão, a revelação final de Alá a Maomé. Para os mulçumanos, há cinco atos básicos de culto: professar a fé de que não há outro deus, senão Alá, e de que Maomé é seu Mensageiro; orar cinco vezes durante o dia; contribuir para os pobres; jejuar durante o Ramadã; fazer a peregrinação à cidade de Meca, na Árabia Saudita. Além disso, enfatizam-se a obediência a lei islâmica e a interpretação autorizada do Alcorão, que trata de quase todos os aspectos da vida e da sociedade. O islamismo se divide desde o século VIII em dois ramos principais: os Xiitas e os Sunitas. Essa foi uma era de reviravoltas políticas que trouxeram fome, violência e epidemias. Ao mesmo tempo, também foi uma época em que os traços característicos essencialmente medievais começaram a surgir nos costumes, no vestuário, na escrita e na fé. No que se refere ao cristianismo no Ocidente, foi uma era de clericalização do saber e do ensino, e de institucionalização da fé cristã, com liturgia e estrutura teológica bem articuladas. Entretanto, no que diz respeito ao Estado, foi uma era de enfraquecimento. Houve um retrocesso da vida e economia urbana. 1