N.º 10 JUNHO 2011
EQUIPA PROVINCIAL DE PASTORAL VOCACIONAL
PROVÍNCIA PORTUGUESA DA SOCIEDADE SALESIANA
bússola em dia > JOAQUIM ANTUNES, SDB
MAURO, O BOM DA FITA Mauro não era um miúdo mau, pese embora as três primeiras letras do seu nome indiciarem que dali não viria coisa boa. O pai trabalhava onde podia, mais nos biscates que na sua profissão de pedreiro. A mãe, reumática, dava-lhe os mimos que podia. Mauro terminou o sexto ano a custo. Já tinha corpo para ir trabalhar. Deixou a escola e foi para uma oficina de mecânica. O ofício deixava-lhe entranhado na pele, nas unhas e nos cabelos, o cheiro dos desperdícios. Mauro pertencia ao grupo do bairro. Não era bem um deles, mas a fúria da claque obriga à obediência cega. Nesse dia havia jogo e o líder pediu-lhe que integrasse o grupo que atacaria a claque rival. Chegado o momento do confronto, pôs o cachecol do clube a tapar-lhe meia cara. Mauro não queria magoar ninguém. O líder deu-lhe ordens. Mauro olhou para uma rapariga que passava por ali, com uma camisola do adversário, e quis salvá-la. Estava disposto a servir de escudo. Começou a correr e ela recebeu-o com um soco violento no nariz. Não era uma miúda. Era um vândalo guedelhudo que o massacrou de pontapés e lhe partiu várias costelas. Mauro passou semanas no hospital. Em Turim, muitos jovens se constituíram em bandos para se digladiarem até ao sangue. Tiveram Dom Bosco que os desafiou a serem diferentes. E alguns deles, imagine-se, seguiram-no e tornaram-se membros ardorosos da Congregação por ele fundada. Há muitos Mauros, hoje como ontem, capazes de servirem de escudo aos companheiros. Do que precisam é de alguém que os incentive e lhes mostre o caminho. Queres ser um desses? Como Dom Bosco?
da mihi animas > PE. JOSÉ MIGUEL NÚÑEZ, CONSELHEIRO REGIONAL DO REITOR-MOR PAR A A EUROPA OESTE
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O PADRE BAPTISTA FR ANCESIA, UM DOS 18 JOVENS QUE EM DEZEMBRO DE 1859 SE REUNIR AM COM DOM BOSCO PAR A CONSTITUIR A SOCIEDADE SALESIANA, NARR A ASSIM O SEU PRIMEIRO ENCONTRO COM DOM BOSCO:
“Na festa de Todos-os-Santos (1850), um familiar meu, enquanto jogava ao pião junto ao muro do manicómio da Via Giuglio, disse-me: – Queres ir ver Dom Bosco? – Para quê? – Hoje dão castanhas. – Mas, quem é Dom Bosco? – É um padre que junta muitos rapazes nas festas e ali se divertem. Hoje dão castanhas, anda daí.
Eu fui e vi pela primeira vez o que era um Oratório festivo (…). Quanto me diverti! Mas, no melhor da festa, tocou a campainha. Vi correr, como por encanto, todos os que estavam à minha volta. Julgando que eu também devia correr, corri por onde me pareceu e fui cair, por sorte minha, junto a Dom Bosco, que avançava para conter aquela onda de rapazes que parecia correr sem saber para onde. Ele disse-me logo: – Queres ouvir duas palavras ao ouvido? – Ah, claro! – Mas sabes o que significam? – Sim, sim, que vá confessar-me. – Bravo! Adivinhaste. Como te chamas? – João Baptista. Tomou-me pela mão e levou-me à Capela Pinardi”. Dom Bosco faz-se próximo, muito afectuoso, carinhoso. Sempre presente entre os seus rapazes, para todos tem a palavra ao ouvido adequada no momento preciso. Muitos rapazes terão de “vir e ver”, como o jovem Francesa. A nós compete dar-lhes rosto, palavras e gestos de bondade à Dom Bosco hoje.