POSTAL 1107 - 9 AGO 2013

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Director Henrique Dias Freire • Ano XXVI • Edição 1107 • Semanário à sexta-feira • 9 de Agosto de 2013 • Preço € 1

EM FOCO 2 DESIDÉRIO MANTÉM-SE NO COMANDO DO TURISMO 3 OLHÃO CELEBRA MARISCO AO SOM DA MÚSICA 4 TAVIRA CADA VEZ MAIS AMIGA DO INVESTIMENTO 5

ÀS SEXTAS EM CONJUNTO COM O PÚBLICO POR €1,60

FATACIL ABRE PORTAS EM LAGOA 6 CASTRO MARIM VOLTA À IDADE MÉDIA 7 FREGUESIAS DE TAVIRA CELEBRAM OS PESCADORES 8 CLASSIFICADOS 9

Desidério Silva à frente do Turismo por cinco anos

> Menos de um ano depois de tomar posse como presiden-

te da ERTA, Desidério Silva voltou a eleições encabeçando a única lista, sendo assim eleito até 2018. Saiba o que mudou na orgânica do Turismo do Algarve, as novidades que podem fortalecer a imagem da região e, assim, atrair mais turistas, bem como, todos os nomes da nova equipa que rege os destinos do Turismo na região. p. 3

d. r. d. r.

Novidades na estrada:

Sinal verde

para as

bicicletas Empreendedorismo:

Alterações ao Código da Estrada: Dentro em breve nada voltará a ser o que era em termos das regras de estrada que regulam a relação entre velocípedes e veículos motorizados nas estradas. Conheça no POSTAL as novidades nas regras de condução > 2 d.r.

DIVERSÃO

Olhão recebe milhares no Festival do Marisco >4

CASTRO MARIM

Dias Medievais revivem a História

Tavira mostra obra na atracção de empresas e de emprego >5

d.r.

FEIRAS > Arranca no final do mês mais uma edição dos Dias Medievais de Castro Marim. Quatro dias de viagens no tempo que fazem da vila actual um cenário medieval com o rigor e imaginação que tem sido marca nos últimos anos, uma experiência a não perder. p. 7

Fatacil aposta em cartaz musical de luxo >6

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Novas regras protegem ciclistas na estrada Código da Estrada foi alterado e tem muitas novidades para as duas rodas d.r.

Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com

QUANDO SE CRUZA COM UMA BICICLETA NUM CRUZAMENTO ACREDITA QUE TEM SEMPRE PRIORIDADE POR CONDUZIR UM CARRO? Esta é uma rea-

lidade que está por dias para deixar de ser verdade, dentro em breve o diploma que altera o Código da Estrada aprovado no fim do passado mês pela Assembleia da República e que já foi remetido à Presidência da República para promulgação verá a luz do dia e o que era verdade sobre a relação entre veículos motorizados e velocípedes deixará de o ser. Assim, quem num cruzamento não sinalizado se cruzar com um velocipede terá de lhe ceder passagem se este se apresentar pela direita. Outra alteração prende-se com a ultrapassagem de velocípedes, que passa a ter de ser realizada com uma distância face

ao mesmo de pelo menos 1,5 metros e que passa a obrigar à redução de velocidade, aumentando assim a segurança dos ciclistas. Mas as diferenças não se ficam por aqui, dois ciclistas passam a poder circular lado-a-lado na via, uma vantagem importante, nomeadamente para quem treina ciclismo enquanto desporto e que põe fim à obrigação de transitar em fila indiana. Soma-se a permissão dos velocípedes terem acoplados atrelados para o transporte de passageiros e a permissão da circulação de bicicletas nos passeios conduzidas por crianças até aos dez anos de idade. Os veículos que podem hoje circular nas faixas BUS, nas localidades e vias onde estas existem, passam também a poder contar com mais companhia, uma vez que a nova legislação estipula que as autarquias poderão abrir estes

corredores especiais à circulação de bicicletas em condições de igualdade com os demais utilizadores. Termina ainda a obrigação de circulação dos velocípedes nas vias que lhes estão especialmente destinadas quando estas existam. Os condutores de bicicleta passam, apesar de existir uma via preferencial a poder escolher entre usar esta ou a via normal, quando não considerem que a ciclovia constitui uma alternativa vantajosa em termos de segurança, conforto ou competitividade. O código passa ainda a impor aos condutores de veículos motorizados uma obrigação genérica de assegurar que o seu comportamento na via não põe em causa a segurança dos utilizadores mais vulneráveis da mesma via, leia-se peões e ciclistas. Finalmente, a indicação de uma travessia de ciclovia

ÔÔ Ciclistas com mais direitos nas novas regras do Código da Estrada passa a impor aos condutores de veículos motorizados a obrigação de paragem para o respectivo atravessamento como se se tratasse de uma passagem de peões. São muitas as diferenças e importa agora assimilar as novas regras uma vez que determinam uma profunda alteração do modo de circulação dos veículos motorizados nas

vias, em particular, dentro das zonas urbanas. As regras modificam de forma substancial ideias muito inculcadas nos hábitos dos condutores, que se impõe sejam alteradas para salvaguarda dos ciclistas que cada vez mais marcam presença nas ruas e estradas do país. Para João Barreto, membro da Direcção da MUBi (Associa-

ção para a Mobilidade Urbana em Bicicleta), em declarações ao POSTAL, “a legislação agora aprovada constitui um passo de gigante no que respeita à necessidade de respeitar e facilitar a circulação de ciclistas nas estradas”. “Estas alterações colocam Portugal junto dos países com melhor legislação nesta área e remetem o país para o século XXI em termos de legislação rodoviária”. “Mas nem tudo está feito”, recorda o dirigente associativo. As novas regras do código impõem a revisão da regulamentação de sinalização, para que as regras possam ser convertidas em sinais que todos conheçam e que possam na prática esclarecer os condutores quando se encontram em circulação na estrada. Um trabalho por completar, mas que importa referir muito pode contribuir para o aumento da segurança nas nossas estradas.

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CÂMARA MUNICIPAL DE TAVIRA

CÂMARA MUNICIPAL DE TAVIRA

AVISO

AVISO

Nos termos do Decreto-Lei 555/99 de 16/12, com as alterações introduzidas pela Lei 60/2007 de 4/9, torna-se público que a Câmara Municipal de Tavira, emitiu a 21 de maio de 2013, o 3º aditamento ao alvará do loteamento número 4/2003, em nome de URBICRUZ-DESENVOLVIMENTOS IMOBILIÁRIOS E URBANOS, LDA, pessoa coletiva número 503 180 505, com sede no Edifício Vera Cruz, Travessa dos Ourives, número 4 – 2º andar, sala V, em Aveiro, através do qual são licenciadas as alterações às especificações do referido alvará que consistem no seguinte: - Alteração de uso das frações comerciais dos lotes 1 e 9, de comércio para comércio e serviços; - Alteração de uso da fração C do lote 8, de comércio para comércio, serviços e industria tipo 3; - Alteração de uso das restantes frações comerciais do lote 8, de comércio para comércio e serviços. As presentes alterações às especificações do alvará de loteamento nº 4/2003, foram aprovadas por despacho de 13 de maio de 2013 e enquadram-se no estabelecido no nº 8 do artigo 27º do D.L. 555/99 de 16/12, com as alterações introduzidas pela Lei 60/2007 de 4/9.

Nos termos do Decreto-Lei 555/99 de 16/12, com as alterações introduzidas pela Lei 60/2007 de 4/9, torna-se público que a Câmara Municipal de Tavira, emitiu a 17 de abril de 2013, o 1º aditamento ao alvará do loteamento número 2/85, em nome de Kay Louise Lumber e Robert Charles Davies, contribuintes fiscais números 246 819 006 e 246 819 316 respetivamente, residentes na rua 25 de abril, número 3, rés-do-chão esquerdo, freguesia de Santiago, neste Município, através do qual são licenciadas as alterações às especificações do referido alvará que consistem no seguinte:

O Vice-Presidente, Luís Alberto da Fonseca Nunes (POSTAL do ALGARVE, nº 1107, de 9 de Agosto de 2013)

- Aumento da área do lote 1, de 873,00 m2 para 1.578,00 m2, com a anexação de uma parcela de terreno, com 705,00 m2, a qual foi desanexada da parte rústica do prédio misto, descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira, sob o número cento e quarenta e um, de seis de setembro de mil novecentos e oitenta e cinco; - Aumento das áreas totais dos lotes, de 4.528,00 m2 para 5.233,00 m2 e consequentemente da área de intervenção do loteamento, passando de 5.603,80 m2 para 6.308,80 m2. As presentes alterações às especificações do alvará de loteamento nº 2/85, foram aprovadas por despacho de 02 de Abril de 2013 e enquadram-se no estabelecido no nº 8 do artigo 27º do D.L. 555/99 de 16/12, com as alterações introduzidas pela Lei 60/2007 de 4/9. O Vice-Presidente, Luís Alberto da Fonseca Nunes

(POSTAL do ALGARVE, nº 1107, de 9 de Agosto de 2013)


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Desidério Silva mantém-se no comando do Turismo do Algarve Eleições ditam cinco anos de liderança para o militante do PSD Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com

QUANDO DESIDÉRIO SILVA TOMOU POSSE, em Novembro do

ano passado e em pleno processo de reformulação da legislação que rege as entidades regionais de Turismo, muitos houve que vaticinaram ao ex-presidente da Câmara de Albufeira uma liderança a prazo dos destinos do Turismo do Algarve. Dez meses depois Desidério Silva encabeçou a única lista candidata à Entidade Regional de Turismo do Algarve (ERTA) e ganhou as eleições da passada terça-feira, cujo resultado foi 31 votos favoráveis, um

contra e uma abstenção. Com a vitória no sufrágio o político social-democrata é eleito para um mandato de cinco anos e afasta o espectro de uma liderança de curto prazo e ganha o reconhecimento de que os primeiros dez meses de mandato não foram despiciendos. Numa eleição que escolhe sempre um presidente por consenso tácito dos maiores partidos políticos (PS e PSD), Desidério não encontrou lista oponente e consegue assim provar que as medidas que tomou nos meses que esteve à frente do Turismo da região se não colheram consenso geral, pelo menos não

d.r.

ÔÔ Desidério Silva encabeçou a única lista candidata à Entidade Regional de Turismo do Algarve

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geraram descontentamentos insanáveis.

QUEM É QUEM NA ERTA Em re-

CÂMARA MUNICIPAL DE TAVIRA EDITAL Nº 33/2013 Jorge Manuel do Nascimento Botelho Presidente da Câmara Municipal de Tavira TORNA PÚBLICO, que em reunião de Câmara Municipal, realizada no dia 06 de agosto de 2013 foram tomadas as seguintes deliberações: 1. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 117/2013/CM, referente à 9ª. Alteração às Grandes Opções do Plano e ao Orçamento; 2. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 118/2013/CM, referente à atribuição de apoio às freguesias de Cabanas e Santiago – Festas de Verão; 3. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 119/2013/CM, referente à atribuição de apoio à Associação Lar – Jardim-de-Infância Carlos Alberto Coelho de Lima; 4. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 120/2013/CM, referente à atribuição de apoio em espécie à Freguesia de Santa Catarina; 5. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 121/2013/CM, referente aos auxílios económicos para livros escolares a alunos do concelho – correção; 6. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 122/2013/CM, referente à atribuição de apoio às freguesias de Santa Luzia e Conceição – Festas de Verão; 7. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 123/2013/CM, referente à alteração à tabela de preços – Livro “Dieta Mediterrânica – Património Cultural Milenar”. Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares de costume. Paços do Concelho, 06 de agosto do ano 2013 O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL, Jorge Manuel Nascimento Botelho (POSTAL do ALGARVE, nº 1107, de 9 de Agosto de 2013)

sultado do acto eleitoral na presidência da Comissão Executiva da ERTA fica Desidério Silva, com João Fernandes, director da Escola de Turismo do Algarve, e Carlos Luís, agente de viagens da região, a completarem a equipa. Na presidência da Mesa da Assembleia-geral, renova o lugar Álvaro Viegas, presidente da Assembleia-geral da Associação do Comércio e Serviços da Região do Algarve, que conta com Isolete Correia, presidente da direcção da Associação Portuguesa de Portos de Recreio, como secretária da Mesa. Novidade na orgânica da ERTA é o Conselho de Marketing, órgão que será responsável pela aprovação e pelo acompanhamento do plano de marketing proposto pela Comissão Executiva, e que contará com as presenças de Elidérico Viegas, da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve, Daniel do Adro, da Associação dos Industriais Hoteleiros e Similares do Algarve, Luís

Tavares, da Associação Portuguesa das Agências de Viagem e Turismo, Joel Pais, da Associação Portuguesa de Casinos, Laurentino de Almeida, da Associação dos Industriais de Aluguer de Automóveis sem Condutor, Christopher Stilwell da Algarve Golfe, e Élio Vicente, da Algarve Anima.

PRIVADOS REFORÇAM PESO NA ERTA Se até agora os pri-

vados tinham como domínio a Assembleia-geral da ERTA, onde estavam fortemente representados, na nova composição dos órgãos do Turismo do Algarve ganham nova força, passando a integrar um órgão dentro da estrutura executiva do organismo. A estratégia de marketing, desde sempre o calcanhar de Aquiles das relações entre o público e o privado nas ERTs, passa agora a ter uma forte componente do trade e dos operadores privados em geral no processo de escolha daquele que deve ser o fio condutor das políticas de promoção do Algarve nos mercados. Recorde-se que a ERTA, que até à nova legislação apenas

tinha competências para a promoção do Algarve no mercado interno, por oposição à Associação de Turismo do Algarve, que dominava a promoção externa, alargou a sua acção ao mercado ibérico. É exactamente na área do mercado espanhol que Desidério Silva é uma mais-valia para a ERTA, uma vez que enquanto presidente da Câmara de Albufeira e da Agência de Promoção de Albufeira, desde sempre manteve estreitas ligações com as entidades públicas e privadas espanholas com relevo na área do turismo, muito em particular na Andaluzia e na Galiza. Entretanto, há que reconhecer a Desidério Silva, muito na tradição da postura do seu antecessor António Pina, o facto de não deixar por mãos alheias a defesa dos interesses do Turismo da região junto do poder central. Ainda recentemente o presidente da ERTA remeteu ao Governo um memorando com aquelas que são consideradas pela ERTA as acções fundamentais para a sustentabilidade e desenvolvimento deste sector na região.


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Fatacil abre portas em Lagoa pág. 6

Olhão celebra marisco ao som da música

Macário regressa à cadeira do poder em Faro

Festival do Marisco volta a ter seis dias Pedro Ruas/Ricardo Claro pedror.postal@gmail.com

CONJUGAR AS MAIS DELICIOSAS IGUARIAS da nossa costa à

música é a receita de mais um Festival do Marisco de Olhão, um dos mais aguardados certames algarvios que decorre de 10 a 15 de Agosto, no Jardim do Pescador Olhanense. Os sabores do mar não vão faltar e entre santolas, lagostas, camarões, búzios, amêijoas, ostras ou lavagantes, além do sempre apetecível arroz de marisco ou uma saborosa paella, se fazem os sabores de um festival que vai contar também com alguns nomes bem conhecidos da música portu-

guesa e brasileira. As novidades deste ano passam por haver mais um dia de festa em relação a 2012 e a promoção do mexilhão, produzido em offshore ao largo de Olhão, como convidado a destacar nesta edição. O cartaz musical é novamente outro dos pontos fortes do festival, que a par do melhor marisco da Ria Formosa, conta com artistas como Tony Carreira, no sábado, seguindo-se nos dias seguintes Carminho, Xutos & Pontapés, João Pedro Pais, a banda de tributo U2UK e, por fim, os brasileiros Revelação que encerram, dia 15, a 28.ª edição do Festival do Marisco.

d.r.

ÔÔ Francisco Leal, na apresentação do Festival do Marisco Num investimento que ronda os 500 mil euros e com uma expectativa de receber cerca de 60 mil visitantes, Francisco Leal, presidente da Câma-

ra de Olhão, considera que o evento “tem sido de alta rentabilidade para Olhão, através da dinamização turística, embelezamento da cidade e do

comércio local”. No último ano à frente do executivo municipal, depois de 20 anos como edil da cidade cubista, Francisco Leal diz ter “o maior orgulho em ter contribuído para que o Festival do Marisco desse uma volta significativa em termos de qualidade” e promete voltar “não como presidente da câmara, mas como pessoa que gosta de bom marisco”, sublinha. As portas abrem ao público diariamente às 19.30 e a festa prolonga-se até à 1.30. O preço dos bilhetes é de oito euros para adultos e de três para crianças dos 7 aos 12 anos, sendo a entrada grátis para os mais novos.

ÔÔ Macário Correia regressou às funções de presidente da Câmara de Faro a 25 de Julho, 23 dias depois de ter pedido a suspensão de mandato. Sem qualquer solução definitiva sobre o processo no qual foi decretada a perda de mandato e apenas com uma mera aceitação de um recurso da referida decisão, Macário considera que estão “alteradas as circunstâncias” que levaram à suspensão das funções e põe assim fim ao consulado, breve, de Rogério Bacalhau à frente do município. Não sendo o recurso urgente e consideradas as férias judiciais, Macário deve poder terminar tranquilamente o mandato sentado na cadeira do poder. Entretanto já apareceu, pela primeira vez em público, a dar apoio à candidatura de Rogério Bacalhau. RC

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Castro Marim volta à Idade Média pág. 7

Tavira cada vez mais amiga do investimento Incubadora de empresas inaugurada na cidade do Gilão D.R.

Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com

TAVIRA JÁ TEM uma incubado-

ra de empresas instalada em pleno centro da cidade, lado-a-lado com o edifício da câmara. Um espaço criado para ser um primeiro passo, no que toca a espaços físicos, na estratégia de dinamização empresarial traçada para o concelho pela autarquia presidida por Jorge Botelho. Inaugurado recentemente pelo autarca e pelo presidente da EMPET - Parques Empresariais de Tavira , João Pedro Rodrigues, o Level UP - Centro de Negócios, assim se chama o espaço, arrancou com empresas já instaladas e foi comprado pela empresa municipal. Dos cinco gabinetes destinados a empresas, quatro já estão ocupados, e os respectivos contratos de instalação foram assinados na cerimónia de inauguração. O espaço oferece ainda dez lugares para coworking, um balcão de apoio ao empreendedor e as valências administrativas necessárias ao funcionamento das empresas ali instaladas. O gabinete que falta ocupar receberá em breve uma star-up que dará ao projecto uma verdadeira face de incubação empresarial. Perante as dificuldades da economia e do financiamento ao arranque de empresas, a estratégia da EMPET passa, a par da dinamização e promo-

garantir a implantação da estratégia no terreno.

INCUBAÇÃO GRAVITACIONAL No

ÔÔ O espaço Level UP situa-se no centro da cidade ção dos parques empresariais tavirenses, por flexibilizar a oferta feita pelo concelho aos empresários, criando vários patamares de atracção de investimento pensados para vários níveis de desenvolvimento das empresas e que permitem que estas transitem entre os referidos patamares conforme a sua estrutura e negócio se desenvolvem.

ACOMPANHAR AS EMPRESAS EM CADA PASSO Um sistema gravitacional que tem os parques empresariais como destino final e core business, mas que cria condições para

que qualquer empresa, de qualquer dimensão, se instale em Tavira para dar início à sua actividade, contando com todo o apoio necessário para crescer até poder ter dimensão para vir a ocupar um lugar nos parques empresariais. Assim, e sem descurar a procura de empresas que directamente se instalem nos parques empresariais, estão criadas condições de apoio ao empreendedorismo versáteis o suficiente para garantir a atractividade do concelho ao investimento e para que destas novas empresas nasçam também negócios que ocupem no

futuro as duas infra-estruturas empresarias de grande dimensão de Tavira. Na calha está ainda a criação de um espaço de maiores dimensões para o desenvolvimento de empresas, situado no parque empresarial de Santa Margarida, que acolherá numa área de perto de 1.500 metros quadrados sete gabinetes de incubação, 14 postos de coworking, além de outras valências. Um projecto que aguarda financiamento do Quadro de Referência Estratégico Nacional e que enquanto se não torna uma realidade conta com o Level Up para

âmbito da dinamização efectiva da política de atracção de investimento para Tavira está ainda a implementação do conceito de incubação gravitacional. Neste capítulo a aposta está em abranger todo o concelho e em criar condições favoráveis para que qualquer empresa em qualquer localização possa estabelecer com o sistema de apoio aos empresários criado pelo programa Ativar Tavira sinergias que maximizem as potencialidades de cada negócio. Similarmente já pode qualquer empresa do concelho contar com o apoio da EMPET através do conceito de incubação virtual, contando com o apoio administrativo e soluções tailor-made para empresas que não necessitem de instalação física num centro de negócios.

OBRA FEITA PELO EMPREGO E PELO FUTURO Para Jorge Bote-

lho o que importa é que, “um pouco mais de um ano depois do lançamento do programa Ativar Tavira pela Câmara a estratégia está desenhada para colocar Tavira na primeira linha da atractividade para o investimento privado”. “Das palavras e dos conceitos passou-se à acção e com uma implementação real e a trabalhar

em pleno”, diz o autarca. “Sabíamos o que herdamos do anterior executivo com os parques empresariais. Uma infra-estrutura pesada com custos de investimento elevados que tinha de ser dinamizada num período em que nada joga a favor do empreendedorismo. Aceitámos o desafio, fizemos o trabalho de casa discretamente e sem alaridos e estamos hoje efectivamente melhor posicionados do que a maioria dos concelhos para sermos um pólo de instalação de empresas e por via disso de criação de emprego”, sublinha. “Num momento em que a política da obra de betão e da construção civil não tem lugar, a diferença faz-se assim, colocando Tavira estrategicamente na rota do emprego e do investimento e desenhando um futuro melhor para os tavirenses e para os empresários. Não terá a visibilidade de outros tempos de obra fácil, mas sabemos que encetámos um caminho de futuro que era imprenscindível desbravar”, refere o autarca. “Com estratégias como Ativar Tavira e a candidatura a Património Imaterial da Humanidade, com a Dieta Mediterrânica, criámos a base para uma Tavira diferente e melhor no futuro. É este o caminho quando o óbvio já não é solução e isso é que importa que se perceba”, conclui Jorge Botelho.

EM CAUSA FIM DAS OBRAS NA EN 125

PS/Algarve ameaça levar Governo a tribunal A DISTRITAL DO ALGARVE DO PS pediu na semana passada

ao Governo para que sejam completadas as obras na EN 125 e colocou a hipótese de os municípios partirem para os tribunais. A Federação Regional do PS recordou o caso de Ferreira do Alentejo, que interpôs uma providência cautelar contra a Estradas de Portugal, Ministério da

Economia, Ministério da Agricultura e uma concessionária a propósito da A26 e que culminou com uma multa de 43 euros diários aos respectivos ministros. “Depois de tantas insistências junto dos organismos governamentais, quer dos municípios afectados, quer de instituições da sociedade civil, será preciso que os municípios algarvios também recorram aos tribunais

para que as obras se iniciem e sejam devidamente concluídas?”, questiona a distrital socialista, num comunicado assinado por António Eusébio, presidente do PS/Algarve. O PS/Algarve “exorta o Governo e a empresa Rotas do Algarve Litoral a evitarem mais uma vergonhosa condenação judicial pela sua inacção irresponsável, se bem que já nada possam fa-

zer para escaparem à censura popular”. No comunicado é ainda sublinhado que a “suspensão dos trabalhos e o abandono dos estaleiros causam um conjunto de riscos inerentes à circulação em via sem sinalização suficiente e sem vedações seguras, credíveis ameaças ambientais e possíveis danos na saúde e na integridade física”. Lusa

D.R.

ÔÔ António Eusébio, presidente do PS/Algarve


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região

Fatacil abre portas em Lagoa Cartaz musical de luxo em destaque d.r.

prestigiadas coudelarias portuguesas, espanholas e brasileiras.

OFERTA MUSICAL ATRAI MILHARES Não obstante se tratar da

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ÔÔ Espectáculo de Pedro Abrunhosa encerra certame Pedro Ruas/Ricardo Claro pedror.postal@gmail.com

A FATACIL, principal certame generalista da região, abre portas em Lagoa no próximo dia 16 e prolonga-se até dia 25 de Agosto, no Parque Municipal de Feiras e Exposições. Num recinto com 40 mil metros quadrados, a Fatacil contará este ano com cerca de 600 expositores, uma redução visível em relação a 2012, pese embora o cartaz se mantenha de luxo e todos os sectores devidamente preenchidos. No sector da gastronomia os produtos de excelência regio-

nais e nacionais não vão faltar e há espaço para os melhores vinhos, licores, queijos, enchidos, pratos de carne e peixe, doçaria e outras especialidades da gastronomia tradicional para degustar e apreciar ao longo dos dez dias. O artesanato, uma das fortes apostas da Fatacil, integra cerca de 180 artesãos que, ao vivo, demonstram com mestria a arte daquilo que melhor se faz no nosso país. Outras das actividades que mais deslumbram os visitantes são os espectáculos equestres que este ano contam com a presença de algumas das mais

maior feira multissectorial a sul do Tejo, a Fatacil aposta muito na animação musical e, assim, todas as noites há lugar para alguns dos mais famosos nomes do panorama musical nacional, a partir das 22.30 horas. Na primeira noite, sexta-feira, cabe aos algarvios Entre Aspas abrir o cartaz musical. De Alcobaça chegam no sábado, dia 17, os The Gift, naquele que é um dos mais aguardados concertos da Fatacil. O primeiro fim-de-semana termina com o bom humor de Herman José & Orquestra. Durante a semana seguem-se José Cid (dia 19), Vol.2 e Os Azeitonas (20), Miguel Gameiro (21) e Emanuel (22). O último fim-de-semana reserva alguns dos mais aguardados artistas a passar em Lagoa este ano. Sexta-feira, 23, os Expensive Soul, sábado João Pedro Pais e, a fechar, no domingo, Pedro Abrunhosa, prometem fazer do palco principal uma festa de acordo com a qualidade que nos habituou a Fatacil. Os bilhetes custam cinco euros, sendo que o bilhete familiar, para quatro pessoas, custa 15. Crianças até aos 12 anos têm entrada livre. pub

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região

Castro Marim volta à Idade Média Dias Medievais a não perder no final do mês

Marim e, uma vez mais, a vila altaneira traja a rigor para a 16.ª edição dos Dias Medievais, que este ano se realizam de 22 a 25 deste mês. Ponto alto do calendário festivo do concelho, os Dias Medievais cruzam história e fantasia perante o deleite dos milhares de visitantes esperados que, durante quatro dias, são transportados à sempre enigmática Idade Média. Ao temor dos exímios cavaleiros, dos arqueiros e besteiros, junta-se o misticismo de mágicos e adivinhos, cuspidores de fogo ou encantadores de serpentes e os mesteres medievais, como são os boticários, ferreiros, moleiras e iluminadores, fazendo, assim, a vila recuar mil anos, nem que seja por umas horas. O programa ainda não está definido, mas terá decerto o rigor e a imaginação das edições

10 a 15 de Agosto

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10 sábAdo

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doMIngo

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segundA-feIrA

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terçA-feIrA

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quArtA-feIrA

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quIntA-feIrA

CArMInho

ÔÔ Vila viaja na máquina do tempo e recua muitos séculos atrás passadas e além dos cavaleiros, dos armeiros, bruxas ou contorcionistas, há ainda lugar a desfiles medievais que representam as diferentes classes sociais misturando nobres, clérigos, burgueses e povo numa arruada que, como não podia deixar de ser, conta com os sempre divertidos bobos, malabaristas, equilibristas e bufões. Aquela que foi a mais negra era da história da humanidade

é assim revisitada em mote de alegria e nem a gastronomia é esquecida com o tradicional banquete medieval em que brilham as iguarias da época e as representações durante o festim. Há ainda teatro, exposições e recriações a cada canto que tornam este num dos mais marcantes eventos do calendário algarvio de Agosto. Se estas razões não bastam garantida está sempre a diversão e o sonho. PR/RC

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região Município de Aljezur

Freguesias de Tavira celebram os pescadores

AVISO Elaboração do plano de pormenor da área de intervenção específica da Paisagem Oceano (loteamento Paisagem Oceano) Dr. José Manuel Velhinho Amarelinho, presidente da Câmara Municipal de Aljezur:

Festas em Santa Luzia e Cabanas d.r.

ESTE FIM-DE-SEMANA HÁ FESTA RIJA em Santa Luzia, no

concelho de Tavira, onde, de 9 a 12 de Agosto, se celebram as tradicionais festas em honra dos pescadores. Num local onde os visitantes podem disfrutar da privilegiada vista para a Ria Formosa, dar um pulo até às fantásticas praias da Terra Estreita e Barril ou saborear os melhores pratos típicos da região, há a partir de hoje mais uma razão para uma visita àquela que também é conhecida pela “capital do polvo”, com actividades para todos os gostos durante o dia e, claro, muita música noite dentro. Durante o dia há as tradicionais e sempre concorridas brincadeiras que animam miúdos e graúdos com destaque para o “Pau de Sebo”, para as regatas na ria ou para as construções na areia. À noite há os animados bailes e a presença de Bonga (dia 10) e José Cid (dia 12) são os maiores destaques entre outras bandas e

ÔÔ José Cid em Santa Luzia djs que vão garantir a animação todas as noites.

CABANAS DE TAVIRA No fim-de-

-semana seguinte, de 15 a 18 de Agosto, é a vez da freguesia de Cabanas de Tavira celebrar a Festa dos Pescadores em honra de Nª Senhora do Mar, onde, até domingo, há outra belíssima marginal preenchida por uma feira de artesanato, inúmeras actividades e a indispensável animação musical. Na quinta-feira, dia 15, além da abertura da feira, marcada

para as 18 horas, há um sunset que promete aquecer residentes e turistas para um fim-de-semana de festa. Sexta-feira a noite começa com baile, seguido do grupo de dança Arte da Ria. Mais tarde, às 23.30 horas, há a Grande Noite do Fado com actuações de Pedro e Teresa Viola, Alcino Bom e Aurora Gonçalves. No sábado, o destaque vai para os frenéticos La Plante Mutante. A fechar e antes mesmo da música há lugar à tradição com a Tirada de Fitas (15 horas), o Pau de Sebo (16 horas), seguidos da missa solene e da procissão em honra de Nossa Senhora do Mar. A noite conta com os concertos de G.Y.G.G.Y e Urbanvisz. Por fim, é a vez do dj Fábio Palma pôr todos a dançar. Razões mais do que suficientes para visitar duas das mais procuradas freguesias do concelho, onde se junta a beleza do espaço, a simpatia de quem recebe e muita animação sempre com entrada livre. PR/RC

TAVIRA

Freguesia despede-se do Dia de Santiago A JUNTA DE FREGUESIA DE SANTIAGO, em Tavira, celebrou

no passado dia 25 de Julho o Dia de Santiago, naquela que foi a última comemoração da data enquanto freguesia, uma vez que será extinta após as eleições autárquicas de 29 de Setembro. Contudo, o dia era de festa e começou por ser de homenagem

a cidadãos e entidades da freguesia e da cidade, numa cerimónia realizada na Biblioteca Álvaro de Campos. Entre os homenageados destaque para Geraldo de Jesus, saudoso fotojornalista e colaborador do POSTAL. Feitas as devidas homenagens, as comemorações do Dia de Santiago continuaram com a celebração de uma eucaristia

na Igreja de Santiago. Para a noite estava reservada a maior dose de animação com a realização de dois espectáculos no Anfiteatro da Praça da República, onde os passos marcados pelo Clube de Danças João de Deus e o ritmo de Beto Kalulu deram cor ao ‘último’ dia da freguesia.

> > ASSINALE A FRASE CORRETA Ora, vê lá se sabes este provérbio:

Faz público que a Câmara Municipal de Aljezur, com endereço postal no edifício dos Paços do Concelho, rua Capitão Salgueiro Maia, 8670-005 Aljezur, telef. n.º 282990010, fax n.º 282990011 e endereço eletrónico geral@cm-aljezur.pt, na sua reunião realizada no dia 28/05/2013, deliberou, de acordo com o n.º 1 do artigo 74.º do Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de setembro, com a redação dada pelo Decreto-Lei n.º 46/2009, de 20 de fevereiro, promover a elaboração do “Plano de pormenor da área de intervenção específica da Paisagem Oceano (loteamento Paisagem Oceano)”, fixar o prazo máximo de 6 (seis) meses para a sua elaboração, bem como estabelecer o período de participação de 15 (quinze) dias, contados a partir do dia seguinte ao da publicação do presente aviso no Diário da República, para formulação de sugestões e apresentação de informações sobre quaisquer questões que possam ser consideradas no âmbito do respetivo procedimento de elaboração. Os termos de referência foram aprovados por deliberação tomada na reunião de 09/07/2013. Durante o período fixado para a participação, que poderá revestir qualquer meio escrito, poderão os interessados consultar os elementos que constituem este processo, no Departamento Técnico de Obras e Urbanismo desta Câmara Municipal, no endereço acima referido, entre as 9:00 e as15:30 horas. Aljezur, 23 de julho de 2013 O Presidente da Câmara Dr. José Manuel Velhinho Amarelinho (POSTAL do ALGARVE, nº 1107, de 9 de Agosto de 2013) pub

Município de Aljezur

AVISO Elaboração do plano de pormenor para a área de intervenção específica de equipamentos e uso turístico a norte de Aljezur (zona desportiva) Dr. José Manuel Velhinho Amarelinho, presidente da Câmara Municipal de Aljezur: Faz público que a Câmara Municipal de Aljezur, com endereço postal no Edifício dos Paços do Concelho, rua Capitão Salgueiro Maia, 8670-005 Aljezur, telef. n.º 282990010, fax n.º 282990011 e endereço eletrónico geral@cm-aljezur.pt, na sua reunião realizada no dia 28/05/2013, deliberou, de acordo com o n.º 1 do artigo 74.º do Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de setembro, com a redação dada pelo Decreto-Lei n.º 46/2009, de 20 de fevereiro, promover a elaboração do “Plano de pormenor para a área de intervenção específica de equipamentos e uso turístico a norte de Aljezur (zona desportiva)”, fixar o prazo máximo de 6 (seis) meses para a sua elaboração, bem como estabelecer o período de participação de 15 (quinze) dias, contados a partir do dia seguinte ao da publicação do presente aviso no Diário da República, para formulação de sugestões e apresentação de informações sobre quaisquer questões que possam ser consideradas no âmbito do respetivo procedimento de elaboração. Os termos de referência foram aprovados por deliberação tomada na reunião de 09/07/2013. Durante o período fixado para a participação, que poderá revestir qualquer meio escrito, poderão os interessados consultar os elementos que constituem este processo, no Departamento Técnico de Obras e Urbanismo desta Câmara Municipal, no endereço acima referido, entre as 9:00 e as15:30 horas. Aljezur, 23 de julho de 2013 O Presidente da Câmara Dr. José Manuel Velhinho Amarelinho (POSTAL do ALGARVE, nº 1107, de 9 de Agosto de 2013)

PR/RC

> > SOLUÇÃO da edição passada Ora, vê lá se sabes este provérbio: A razão ainda que severa,

Quem semeia ventos,

colhe tempestades.

;; é sempre amiga e sincera.

ao inferno vai parar.

leva o coração à miséria.

Esta é uma iniciativa das Bibliotecas Paula Nogueira do Agrupamento de Escolas Professor Paula Nogueira (Olhão) em parceria com a Casa da Juventude de Olhão e o POSTAL, que semanalmente divulga os problemas e as soluções deste jogo. VáriasescolasdoAlgarve jáaderiramàiniciativa:AEProfessorPaulaNogueira(Olhão)/AEdaSé(Faro)/AED.AfonsoIII(Faro)/AEDr.AlbertoIria(Olhão)/ColégioBernardetteRomeira(Olhão)/AEDr.JoãoLúcio(Fuseta)/AEdeEstoi(Faro)/AEJoaquimMagalhães(Faro)/AEdoMontenegro(Faro)/AEdeCastroMarim (Vila Real de St. António) / AE Professora Diamantina Negrão / (Albufeira) / Agrupamento de Escolas José Belchior Viegas (Mega Agrupamento de São Brás de Alportel) / Escola Secundária João de Deus (Faro) / Agrupamento de Escolas D. Paio Peres Correia (Tavira) / Casa da Juventude (Olhão) / Postal do Algarve. Convidamos todas as escolas e bibliotecas, interessadas em aderir ao Jogo da Língua Portuguesa e receber os materiais para o mesmo, a contactar: biblioteca.epnogueira@gmail.com ou jornalpostal@gmail.com.


9 de Agosto de 2013  |  9

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Nos termos do Artº. 100, nº.1, do Código do Notariado, na redacção que lhe foi dada pelo Dec-Lei nº. 207/95, de 14 de Agosto, faço saber que no dia trinta de Julho de dois mil e treze, de folhas quarenta e seis a folhas quarenta e sete, do livro de notas para escrituras diversas número cento e sessenta e cinco – A, deste Cartório, foi lavrada uma escritura de justificação, na qual: JOSÉ ANTÓNIO MARTINS, NIF 104.781.297 e mulher ILDA GONÇALVES MARTINS, NIF 104.781.289, ambos naturais da freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, concelho de Tavira, casados sob o regime da comunhão geral de bens, residentes em Porto Carvalhoso, Santa Catarina da Fonte do Bispo, Tavira, declararam: Que, com exclusão de outrem, são donos e legítimos possuidores do prédio urbano, composto por edifício térreo com vários compartimentos, destinado a habitação, sito em Porto Carvalhoso, freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, concelho de Tavira, com a área total de duzentos metros quadrados, a confrontar do norte e nascente com Paulino Luís Martins, do sul com José António Martins e do poente com a rua, inscrito na matriz sob o artigo 3.254, com o valor patrimonial tributável e igual ao atribuído de ONZE MIL SEISCENTOS E TRINTA EUROS, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira. Que eles justificantes adquiriram este prédio, no ano de mil novecentos e setenta e oito, em data que não podem precisar, por partilha verbal e nunca reduzida a escritura pública, feita com os demais interessados, por óbito dos pais do justificante marido, Manuel António e Maria José, residentes que foram no dito sitio de Porto Carvalhoso. Que desde esse ano possuem o prédio em nome próprio, usufruindo do mesmo, fazendo as obras de conservação e reparação necessárias, pagando contribuições e impostos devidos, sem a menor oposição de quem quer que seja desde o seu inicio, posse que sempre exerceram sem interrupção e ostensivamente, com o conhecimento de toda a gente, sendo por isso uma posse pacífica, contínua e pública, pelo que adquiriram o prédio por usucapião. Que os prédios têm a natureza de bens comuns do casal. Que atribuem a esta justificação o valor de ONZE MIL SEISCENTOS E TRINTA EUROS. Tavira, aos 30 de Julho de 2013 A funcionária por delegação de poderes; Irene Maria Pereira Lourenço Rodrigues - Inscrita na O.N. sob o n.º 87/2 Conta registada sob o nº. PAO 951 / 2013 Factura nº. 0959

(POSTAL do ALGARVE, nº 1107, de 9 de Agosto de 2013)


10  |  9 de Agosto de 2013

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9 de Agosto de 2013  |  11

Código da Estrada

Novela autárquica

As alterações ao Código da Estrada ditam vantagens para ciclistas e peões, na mira da lei está a condução agressiva de veículos motorizados e a perspectiva de uma adesão às duas rodas (Ler pág. 2).

Mais um capítulo da novela autárquica que envolve os tribunais e Macário Correia. Desta vez o episódio “O regresso” devolve o poder ao autarca, seguem-se as cenas dos próximos capítulos (Ler pág. 4).

opinião

2000 anos depois… Eduardo Dias Meditação Atma Kriya

Um grupo de investigação norte-americano, constatou que a prática da Meditação contribui para que os alunos tirem melhores notas. A razão de só agora se divulgar este facto, denota bem

ficha técnica

Sede: Rua Dr. Silvestre Falcão, n.º 13 C - 8800-412 Tavira - Algarve Tel: 281 320 900 | Fax: 281 320 909 E-mail: jornalpostal@gmail.com Director: Henrique Dias (CP 3259). Director Comercial: Basílio Pires Editor: Ricardo Claro (CP 9238). Redacção: Cristina Mendonça (CP 3258), Humberto Ricardo (CP 388), Pedro Ruas. Design: Profissional Gráfica. Colaboradores fotográficos: José A. N. Encarnação “MIRA” Colaboradores: Beja Santos (defesa do consumidor), Nelson Pires (CO76). Departamento Comercial, Publicidade e Assinaturas: Anabela Gonçalves, José Francisco. Propriedade do título: Henrique Manuel Dias Freire, inscrito sob o nº 211 612 no Registo das Empresas Jornalísticas. Edição: Postal do Algarve - Publicações e Editores, Lda. Contribuinte nº 502 597 917. Depósito Legal: nº 20779/88. Registo do Título (dgcs): nº 111 613. Impressão: Naveprinter Distribuição: Banca - Logista, à sexta-feira com o Público/VASP - Sociedade de Transportes e Distribuição, Lda e CTT. Membro: APCT - Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação; API - Associação Portuguesa de Imprensa.

Tiragem desta edição:

9.194 exemplares

o atraso, chegámos à conclusão que podemos tirar melhores notas meditando, quando a sua prática diária, mudaria o mundo. Em tempos de Inquisição Medieval, foram eliminados todos os que não se alinhavam com os dogmas da Igreja, hoje temos pelo contrário uma ciência, sem suporte espiritual, uma cultura que anda de braço dado com a violência nas escolas. A Meditação, começa por ser uma via de aperfeiçoamento. Meditar é conhecer a Verdade. É uma prática milenar, rumo à iluminação. O espírito depois de passar por uma série de ciclos de vidas, só tem um caminho… “é convidado a despertar”, a sair do obscurantismo em que se atolou, é essa a mensagem de Cristo. Uma vez iniciada esta via,

deixa os vícios terrenos que o atrasaram durante milénios. Dalai Lama disse:…“A melhor religião é aquela que é capaz de te fazer melhor”. A via da Meditação não sendo considerada uma religião, acaba por ”religar” tão eficazmente o devoto a Deus, e a mostrar-lhe o caminho, que resolve os problemas do mundo. Está ao alcance de qualquer um aquietar a mente. Por enquanto não somos donos de nós próprios, não somos senhores da nossa mente, ela continua a dar-nos ordens. A nossa mente é um navio com muitos comandantes, cada qual, dita a sua ordem, a sociedade é o reflexo do nosso interior, são confusas as decisões dos homens, confusa é a sociedade… acaba por só existir o caminho da paz interior.

Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro, desperta. O mundo dito real, é um perfeito embuste. O trabalho interno, tem a capacidade de nos transformar. A Paz por enquanto só existe no papel, ainda não chegámos à Paz interior. Cristo e Buda deixaram-nos ensinamentos sobre Meditação, esta prática forma almas, que contribuem para um mundo perfeito, isso é indigesto aos olhos da sociedade. Muitos meditantes foram considerados loucos… pela lama social. Uma prática perfeita que devia ser adoptada nas escolas do primeiro ciclo como na pré-escolar. As crianças que vêm a este mundo são confrontadas com muitas informações que em nada as ajudam, chamamos inteligente àquele que vive enganando

o próximo, forte àquele que agride os colegas nas escolas, fazemos por ignorar os resultados dessas práticas, continuamos lobos de nós próprios. Ainda alimentamos a ideia de que se pode manter estável um mundo baseado no medo. A Meditação provoca uma mudança radical no comportamento dos humanos. Segundo as estatísticas a sociedade ainda não parou de se autodestruir. A solução existe há milhares de anos, morremos cheios de doenças, e levamos para o outro lado problemas por resolver, porque ainda não sabemos perdoar. Perdoar é uma atitude de muita sabedoria, não é para todos. A Meditação tem o condão de eliminar esses venenos, as melhores notas acabam por ser uma ínfima parte

do caminho, julgamos sentirmo-nos bem, mas não estamos bem. Até quando as nossas crianças continuam inibidas desta prática que faria delas pioneiras da concórdia e da Paz nas escolas futuras. Lamentamos a violência mas não queremos a solução. Dizem os textos Gnósticos que a Meditação é o pão do sábio, um Desígnio Divino feito para o homem com a finalidade de o elevar espiritualmente. O saber livresco é bagagem para intelectos, apenas uma ferramenta que nos permite resolver os problemas na Terra, nenhuma raça até hoje se elevou deixando para trás o suporte Divino. O espírito sai enriquecido com a prática da Meditação, deixa as vestes rotas, para seguir o caminho da Paz.

Segunda Carta Aberta ao Senhor Presidente da Câmara Municipal de Tavira

Pedro Mestre Arquitecto

Senhor Dr. Jorge Botelho A primeira Carta Aberta que lhe dirigi e aqui publicada neste mesmo “Postal” em 31 de Maio p.p., visava um objectivo bem claro: obter de si a resposta à questão que lhe colocara em carta de 27 de Outubro de 2009 e continuada em mais seis cartas que se lhe seguiram, às quais nunca se dignou responder. Admiti que ao trazer a ques-

tão para o espaço público o Senhor se dignasse cumprir um elementar dever cívico e que seria: responder-me. Não o fez. Por isso aqui estou, para lhe dizer muito frontalmente que o Senhor tem revelado um comportamento nada condizente com o cargo que por eleição lhe foi conferido. A sua condição de Presidente da Câmara obriga-o ao cumprimento dos mais elementares princípios da cidadania, que pelos vistos deles se terá esquecido. E este caso é prova disso. A questão que nos opõe nem sequer é de carácter pessoal para que se pudesse dar ao capricho de a desvalorizar, negando-me qualquer atenção. Ela é mesmo de interesse público, por isso convém lembrar-lhe

algo de muito importante. Quando da minha carta de 27/10/09, alimentei a esperança de que o Senhor, acabado de ser eleito, estivesse determinado a enfrentar e resolver os problemas que transitaram do mandato que lhe antecedera. Vã esperança. Enganei-me. O Senhor é mesmo incapaz de os resolver, como neste caso, refém que está de uma herança envenenada que não soube gerir e da qual não sabe como se livrar. Chegam-me rumores que me falam disso. Estou a falar do Regulamento Municipal para a Urbanização e Edificação no concelho de Tavira (RMUE); concretamente, o seu Artº 32º, nº 1 que eu contestei desde o início por considerá-lo um “aborto”, produto de uma

indigência cultural e técnica que grassava aí por “certo” sector dos serviços técnicos e do analfabetismo funcional de quem o concebeu e dele fez arma de arremesso para infernizar a vida de cidadãos, causando-lhes enormes prejuízos. E tiveram a boa companhia de TODOS quantos o sancionaram: Câmara, Tribunal Administrativo e Fiscal de Loulé (TAF-L), Tribunal Central Administrativo Sul TCA-S e Senhora Procuradora Geral Adjunta. Por isso decidi questioná-lo para saber do seu entendimento quanto a esse famigerado artigo. E foi o que se viu: fechou-se em copas numa atitude cómoda e muito praticada por aqueles cuja coluna vertebral é bastante maleável e consequentemente adaptável às

circunstâncias. Compreendo perfeitamente o seu embaraço. O Senhor não tem coragem para enfrentar os tribunais e não só, pois também perante mim não teve essa coragem. Nem ao menos a dignidade de responder a uma das 7 cartas que lhe enviei. Logo, face a este quadro, nada mais há a esperar. Nada mesmo! E termino manifestando aqui o meu desapontamento por mais uma vez ter acreditado em “coisas”. Como essa de ter manifestado “... o meu desejo de ver este assunto devidamente sanado a breve trecho e com desfecho digno para ambas as partes”... Foi mesmo de quem acredita (ainda) no Pai Natal. Vou procurar a cura.


O POSTAL

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regressa no dia 6 de Setembro

última Candidatos do PSD/Algarve na mira do Bloco

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Em causa José Estevens e Francisco Amaral, candidatos a Tavira e Castro Marim d.r.

ÔÔ Bloco pede impugação da candidatura de dois autarcas algarvios

O BLOCO DE ESQUERDA VAI APRESENTAR PEDIDOS DE IMPUGNAÇÃO de 11 candidatu-

ras autárquicas no âmbito da lei de limitação de mandatos, entre as quais as do PSD em Castro Marim e Alcoutim, disse na passada terça-feira fonte do partido. Em declarações à Lusa, o coordenador autárquico do Bloco de Esquerda, Pedro Soares, explicou que vão ser entregues pedidos de impugnação de candidaturas nos concelhos de Alcácer do Sal, Aveiro, Beja (dois candidatos), Castro Marim (Francisco Amaral), Évora, Guarda, Lisboa, Loures, Porto e Tavira (José Estevens). Pedro Soares referiu que, caso o pedido de impugnação seja rejeitado, pode ainda ser realizada uma reclamação, também junto do tribunal da respectiva comarca, seguindo-se um eventual recurso para o Tribunal Constitucional, em última instância, que terá dez dias para decidir. Na passada terça-feira, o partido liderado por Catarina

Martins e João Semedo havia anunciado os pedidos de impugnação das candidaturas dos actuais presidentes das Câmaras de Castro Marim e Alcoutim a municípios vizinhos. O presidente da Câmara de Castro Marim, José Estevens, está impedido de se candidatar a um novo mandato naquele concelho e anunciou que vai liderar a lista do PSD à Câmara de Tavira. Por seu lado, o autarca de Alcoutim, Francisco Amaral, encontra-se em situação idêntica e anunciou que vai concorrer pelo PSD à Câmara de Castro Marim. Recorde-se que o Movimento Revolução Branca também já recorreu aos tribunais com providências cautelares no sentido de travar candidaturas de ex-autarcas candidatos a mais de três mandatos consecutivos. Uma situação que caberá em última análise ao Tribunal Constitucional resolver agora que estão fechadas as apresentações de candidaturas nos tribunais de comarca. RC/Lusa

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Mensalmente com o POSTAL em conjunto com o PÚBLICO

AGOSTO 2013 | n.º 60 9.194 EXEMPLARES

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Espaço Cria: d.r.

O verdadeiro desafio para o autor é a protecção da sua obra

p. 2

Letras e leituras: d.r.

Gostos e cheiros traduzidos em palavras

Palato, à mesa com a envolvente

p. 5 d.r.

p. 4

Momento: d.r.

Portimão, “work in progress” p. 7

Sala de leitura:

d.r.

Na senda das pedras falantesp. 9

Contos de Verão na Ria Formosa:

Ele, ela e o Globo p. 8


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09.08.2013

Cultura.Sul

Editorial

Espaço CRIA

A Cultura na rua

O verdadeiro desafio para o autor é a proteção da sua obra! espírito humano pela Sociedade da Informação, conduziu a um enorme aumento da procura de obras protegidas pelo Direito de Autor, o que vem dificultar a gestão dos direitos pelo próprio autor. Neste

Ricardo Claro

Editor ricardoc.postal@gmail.com

Os termómetros sobem e a Cultura sai à rua, e abandona em grande medida os espaços fechados em que faz as delícias dos visitantes nos meses menos ensolarados. A Cultura do estio não é outra diversa da do resto do ano, é a mesma. Expressa de formas menos formais e conceptuais, muitas vezes, ganha cor, sabor, leveza e absorve realidades marginais para o seu espectro interior. Não deixa, no entanto, de ser Cultura e de merecer a atenção de quem com ela se cruza ainda que em época de férias. As feiras, os mercados, os festivais, são exemplos do ser e do estar algarvios e proliferam nesta altura do ano para acolher ao sabor dos elementos os muitos milhares que nos visitam com a mesma vontade com que recebem aqueles que 365 dias por ano fazem do Algarve a sua terra. As ruas vêem-se invadidas por costumes de outras épocas, por saltimbancos das sete partidas regressados dos baús da História que é o nosso passado comum. Os mariscos, os peixes e os petiscos fazem-se mostrar nos largos e praças na melhor expressão da tradição gastronómica algarvia. A música invade os palcos e faz rumar ao Algarve as mais diversas tendências sonoras, do nacional-cançonetismo ao ‘pimba’ puro e duro, do rock ao fado, da pop à música do mundo. O folclore dá-se a conhecer e faz-se ver e ouvir em ritmos de corridinho marcados por rodopiantes piruetas dignas de mestria. A serra revela os segredos melhor preservados e convida a ser visitada apesar do calor e ser descoberta em toda a sua beleza e hospitalidade. O Algarve cultural pintado com as cores do Verão é multifacetado e reserva a todos surpresas inesperadas numa terra onde da beira-mar à serra profunda se chega num ápice, percorridas apenas algumas dezenas de quilómetros. Imperdível porque em cada ano há apenas um Verão, apenas um tempo com estas cores, deixemo-nos levar pelo momento e pela ilusão.

Natércia Pereira Colaboradora do Gabinete de Apoio à Promoção da Propriedade Industrial, CRIA, UAlg

O Direito de Autor, como se sabe, é o exclusivo conferido ao titular de uma obra de exploração dessa mesma obra, impedindo terceiros de utilizar esse direito. Consideram-se obras as criações intelectuais do domínio literário, científico e artístico, por qualquer modo exteriorizadas. Trata-se de um conceito bastante abrangente em termos da realidade a proteger e, por isso, fácil de enquadrar uma criação de caráter intelectual e criativo. O direito de autor pertence ao criador intelectual da obra e é reconhecido independentemente de registo, depósito ou qualquer outra formalidade, o que traduz uma situação de custo acessível a todos os criadores. Neste aspeto, reside a grande diferença com a propriedade industrial que, para ser reconhecida, implica registo no Instituto Nacional da Propriedade Industrial. O incremento exponencial de utilização das criações do

ritorial, o que acaba por dificultar, sobretudo em determinadas áreas como é o caso da música, o controle individual por cada autor das utilizações de determinada obra em outros territórios. d.r.

contexto, novas formas de exploração emergem e a gestão coletiva, como forma de gerir as múltiplas utilizações das obras por parte de entidades a quem é atribuída essa tarefa pelos autores, ganha relevância. Acresce o facto deste tipo de direito ter um âmbito ter-

A Sociedade da Informação vem, de facto, agudizar o problema de uma eficiente gestão de direitos a título individual, assumindo que o utilizador de obras quer um acesso cada vez mais rápido e ao máximo reportório possível, o que em certa medida não se coaduna

com a necessidade, legalmente imposta, de haver autorizações para utilização desses direitos. A internet como forma de distribuição, resultante em grande parte da substituição do consumo de informação escrita pela informação digital, tem um papel central nesta problemática e nunca podemos esquecer o direito à Informação que assiste a cada um de nós e, por outro lado, à questão da subordinação do direito de autor ao interesse público. O verdadeiro desafio está em conciliar o livre fluxo de informação com a proteção da propriedade intelectual que, não constituindo um problema novo, apresenta uma dimensão nova devido à generalização do uso da internet. O Direito de Autor e o Direito à Informação deverão estar em equilíbrio para que um não impeça o outro, e é neste sentido de conciliar posições que as legislações dos diferentes países tendem a caminhar e que algumas Diretivas recentes da UE apontam. De facto, assistimos a alguns conflitos de interesse entre a chamada “Indústria Criativa” e os consumidores, o que justifica a necessidade de alcançar uma solução satisfatória, no respeito pelos princípios do Direito de Autor e salvaguardando, naturalmente, o direito de acesso à informação, à cultura e à educação a todos.

Juventude, artes e ideias

Jornalismo (In)dependente d.r.

Gustavo Marcos Advogado

A imprensa desempenha uma função socialmente primordial que ultrapassa a mera função de informar. Inteirar, dar parecer ou ensinar são alguns dos sinónimos de informar - um exercício subjectivo. Em última análise, a transmissão de conhecimento é sempre condicionada por uma série de

factores que, objectivamente, impedem a definição de uma notícia como uma realidade ascética, típica de uma ciência exacta. Ora, não nos espanta que, desde a sua origem, os meios de comunicação social te-

nham sofrido pressões da mais diversa índole, sobretudo quando se sabe que a «consciência da informação» cairá sempre para um lado. Resta-nos esperar que seja o nosso! Na actualidade, a multipli-

cidade de plataformas noticiosas, ao contrário do que possa parecer, constituem uma fonte de liberdade, uma vez que não condicionam esse exercício de ensinar a um determinado número de agentes. Hoje, todos podemos presenciar factos e, através das redes digitais, passar o nosso ensino. Num mundo onde os grandes grupos económicos procuram condicionar governos e sociedades aos seus interesses egoístas e egocêntricos de lucro fácil e desmedido, ter a oportunidade de sermos jornalistas é um exercício de resistência que nenhum de nós deve desperdiçar.

Ficha Técnica: Direcção: GORDA Associação Sócio-Cultural Editor: Ricardo Claro Paginação: Postal do Algarve Responsáveis pelas secções: • Contos da Ria Formosa: Pedro Jubilot • Espaço ALFA: Raúl Grade Coelho • Espaço AGECAL: Jorge Queiroz • Espaço CRIA: Hugo Barros • Espaço Educação: Direcção Regional de Educação do Algarve • Espaço Cultura: Direcção Regional de Cultura do Algarve • Grande ecrã: Cineclube de Faro Cineclube de Tavira • Juventude, artes e ideias: Jady Batista • Da minha biblioteca: Adriana Nogueira • Momento: Vítor Correia • Panorâmica: Ricardo Claro • Património: Isabel Soares • Sala de leitura: Paulo Pires Colaboradores desta edição: Alexandra Pires Gustavo Marcos Maria Luísa Francisco Natércia Pereira Paulo Serra Parceiros: Direcção Regional de Cultura do Algarve, Direcção Regional de Educação do Algarve, Postal do Algarve e-mail redacção: geralcultura.sul@gmail.com e-mail publicidade: anabelagoncalves3@gmail.com

on-line em: www.issuu.com/postaldoalgarve

Tiragem: 9.194 exemplares


Cultura.Sul

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Grande ecrã Cineclube de Faro

Programação: cineclubefaro.blogspot.pt ARTISTAS | 22H15 | ENTRADA LIVRE CICLO LIBERDADE CIGANA 14 AGO | JE SUIS NÉ D’UNE CIGOGNE, Tony Gatlif, França, 1999, 80’ (leg. em português)

21 AGO | VENGO, Tony Gatlif, Espanha/ França/Alemanha/Japão, 2000, 90’ (leg. em inglês) 28 AGO | TRANSYLVANIA, Tony Gatlif, França, 2003, 106’ (leg. em português)

Cinema não europeu no Convento do Carmo Estamos de volta. Não faz sentido descrevermos os tempos difíceis e as lutas que travámos nos últimos anos, o que importa é que as mostras de cinema de Tavira têm lugar este Verão! O local é o mesmo: os Claustros do Convento do Carmo, ao lado da igreja do mesmo nome. Durante os últimos meses trabalhámos incessantemente para poder oferecer-lhes um programa coerente de histórias sensíveis e de notável qualidade, para serem compartilhadas no grande ecrã. Empenhámo-nos para encaixar curtas-metragens cuidadosamente escolhidas para iluminar os vossos serões. Querendo tomar em conta ainda mais a opinião do nosso público, decidimos introduzir um “Prémio do Público”, tanto para as curtas como para as longas-metragens destas mostras. Por favor não hesitem em classificar cada filme que acabaram de ver no bilhete

Cineclube de Tavira

Programação: www.cineclubetavira.com 281 971 546 | 965 209 198 | 934 485 440 cinetavira@gmail.com 8ª MOSTRA DE CINEMA NÃO EUROPEU DE TAVIRA 9 AGO | ZAN VA SHOHAR KAREGAR/ THE HISTORY OF A MARRIED COUPLE (A HISTÓRIA DE UM CASAMENTO), Keywan Karimi, Irão 2012 M/6 (11’) + JODAEIYE NADER AZ AZMIN/A SEPARATION (UMA SEPARAÇÃO), Asghar Farhadi, Irão 2011 (123’) M/12 10 AGO | THE HELP (AS SERVIÇAIS), Tate Taylor, E.U.A./Índia/Emiratos Árabes Unidos 2011 (137’) M/12

Cinema ao ar livre em Tavira de voto que lhes será entregue à entrada. O mesmo ajudar-nos-á para ficarmos mais cientes das vossas preferências e poderá também ajudar os criadores dos filmes! Apenas peço a todos para que não percam as duas estreias nacionais, algumas das muitas pérolas no programa deste ano. Espero que tanto a nossa selecção como o ambiente criado vos agradem! Divirtam-se!

11 AGO | HERE (AQUI), Braden King, E.U.A. 2011 (126’) M/12 12 AGO | DRIVE (RISCO DUPLO), Nicolas Winding Refn, E.U.A. 2011 (100’) M/16 15 AGO | SEARCHING FOR SUGAR MAN (À PROCURA DE SUGAR MAN), Malik Bendjelloul, Suecia/Reino Unido/E.U.A. 2012 (86’) M/12

Espaço AGECAL

Gestão cultural e recursos culturais

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“Gestão” refere-se ao acto de gerir, significa administração de recursos e integra os sistemas de planeamento, organização e estruturação de meios para alcançar objectivos estratégicos, gerais e sectoriais. A gestão comporta diagnósticos e análise, tomadas de decisão para corrigir deficiências, também uma dimensão projectiva sobre metas e alargamento de resultados. A Gestão Cultural, surgida na segunda metade do século XX em consequência da evolução das sociedades, focaliza-se na administração dos recursos culturais de uma determinada área geográfica, cidade, município ou região, de instituições públicas ou privadas. Tem funções mediadoras e operativas. A Gestão Cultural é uma disciplina autónoma que exige, como todas as outras, estudo e conhecimentos especializados, formação científica superior e técnico-profissional, experiências em contexto de trabalho, análise e avaliação.

O Gestor Cultural é fundamentalmente um gestor de recursos culturais, que poderá ser um monumento ou conjunto patrimonial, sítio arqueológico ou arquivo, biblioteca ou teatro, museu ou centro de ciência, mas também poderá gerir festivais de artes ou empresa de serviços culturais. O Gestor Cultural para exercer corretamente a sua profissão terá de possuir conhecimentos de Direito da Cultura, Economia da Cultura, gestão de recursos humanos em equipas de intervenção cultural, comunicação da cultura, turismo cultural, entre outros, sobretudo entender a importância das diferentes disciplinas que intervêm no fenómeno cultural. A cultura exerce um papel central na socialização dos indivíduos e na transmissão de valores, esta aprendizagem realizou-se tradicional e quase exclusivamente através da família ou do grupo, da escola e da religião. Atualmente, e cada vez mais, essa mediação se faz pelos meios de comunicação social, em

particular da televisão, normalmente associados a interesses prioritariamente comerciais. Daqui resulta a crescente importância da educação cívica, da Gestão Cultural Pública e de organizações sem fins lucrativos, enquanto modelo de oferta democrática na transmissão de conhecimentos diversos, de garantia do direito de todos à formação e à escolha individual e colectiva. A Gestão Cultural pública centra-se

d.r.

na maioria dos casos na concepção, organização e funcionamento das infraestruturas culturais, propriedade do Estado ou das autarquias (teatros, museus, centros culturais, bibliotecas, videotecas…), na gestão dos meios humanos especializados e dos recursos financeiros disponíveis. Integra a educação para os valores, a participação e inclusão de cidadãos e minorias, sejam étnicas, etárias, de género ou pessoas com limitações físicas

ou intelectuais. A Gestão Cultural privada está sobretudo ligada às indústrias culturais como a edição/produção, promoção e comercialização do livro, da música e discos, audiovisuais e cinema, artes do espectáculo, conservação e restauro, festivais, parques temáticos, promoção e transacção de obras de arte, criação de conteúdos, … As sociedades com melhores níveis de organização interna garantem normalmente maior equilíbrio e cooperação entre a oferta da gestão cultural pública e privada, associando educação e acesso comunitário com uma dinâmica produção de conteúdos para as culturas de apartamento, de saída e divertimento. O ideal será a concretização de uma boa cooperação estratégica entre a gestão cultural pública e a privada, reconhecendo a importância e funções de cada uma. AGECAL - Associação de Gestores Culturais do Algarve

“PEQUENAS E GRANDES MARAVILHAS DA NATUREZA”

“COMMEDIA GOURMET”

Exposição fotográfica de Alexis Morgan, que retrata algumas espécies botânicas e borboletas que se encontram na região

O humorista Chef Eduardo Madeira, autor de receitas de sucesso como “Os Contemporâneos”, “Estado de Graça” e “Anticrise”, apresenta um menu de Stand Up Comedy, música e redução de trufas, servido com boa disposição

Até 4 SET | Centro Comunitário de Benafim - Loulé

24 AGO | 21.30 | Centro Cultural de Lagos


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09.08.2013

Cultura.Sul

Letras e Leituras

Gostos e cheiros traduzidos em palavras d.r.

Paulo Serra

Investigador da UAlg associado ao CLEPUL

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Quando li dois livros na passada semana, a marcar o início oficial das férias, lembrei-me, devido aos títulos em questão, daquelas pessoas que têm o hábito detestável de forrar os seus livros nos transportes públicos. Mas, paradoxalmente, dei por mim a compreender melhor essa atitude de ocultação pois, a marcar o início da minha época balnear, composta de leituras adiadas há um ano, li de enfiada dois livros e ambos com um certo prazer culpado, que quase me fez lê-los apenas às escondidas. Quase decidi escrever aqui sobre o primeiro dos dois, que foi, inevitavelmente, o Inferno, de Dan Brown, pois mesmo que seja para criticar pela negativa não posso evitar a leitura. Sobre esse senhor talvez fale mais à frente no tempo, mas interessa-me agora escrever sobre - e porque afinal estamos em época de praia e de coisas mais light, nomeadamente leituras leves também - esse outro romance, que me prendeu logo nas primeiras linhas: O Aroma das Especiarias, último romance de Joanne Harris. Não vou estar com paliativos. O título é horrendo, mas isso é culpa das editoras, pois actualmente os títulos de filmes e livros estão de tal forma enredados e, por vezes, desfazados do original que depois deixam um travo amargo com certos títulos delicodoces como este que fazem lembrar tudo e não dizem nada. Outra questão bem actual é a forma como tudo parece vir em séries. Mas por vezes as trilogias ou sagas trazem esse prazer reconfortante de voltar a um lugar ou a uma personagem cuja força não se esgota num único romance. Este livro fecha - ou retoma (pois a autora diz que é bem possível voltar novamente a estas personagens) - o ciclo iniciado com o bem conhecido Chocolate que originou um filme que recebeu nomeações aos Óscares. Quando descobri a obra desta autora foi justamente com o livro Chocolate que eu incluí (erradamente) numa espécie de subliteratura para senhoras, agora muito na moda. Mas este

A escritora Joanne Harris êxito comercial surpreendeu-me, pois vinha imbuído de originalidade e de qualidade. Fui levado pela voz de Vianne Rocher que segue o vento, segundo uma espécie de maldição de família, até chegar a uma pequena localidade francesa, chamada Lansquenet, onde vai abrir uma chocolataria em plena Quaresma, provocando a hostilidade do padre e de outros locais. Aí percebemos que ela é mais do que uma simples dona de casa, pois não só herdou um receituário de antigas receitas de chocolate como tem o condão de pôr a falar as pessoas mais duras. O sabor do chocolate quente funciona como uma mezinha que ajuda a derreter o coração das pessoas, além de Vianne saber sempre quais são os chocolates favoritos de cada um dos seus clientes, chegando assim pela boca ao seu âmago. Se bem que no seu segundo livro, Vinho Mágico, o leitor regresse ainda a esse universo de sabores, em que uma garrafa de vinho conta uma história passada na mesma localidade de Lansquenet, só voltamos a encontrar Vianne muitos anos (e romances) depois, em Sapatos de Rebuçado, quando a sua vida e verdadeira identidade são ameaçadas por uma mulher maléfica porque, talvez, seja demasiado parecida consigo e consiga ler bem demais a sua natureza,

portadora de uns magnificos sapatos vermelhos que brilham como cristal ou como rebuçado. Cinco quartos de laranja seria o último dessa trilogia sobre a comida, em que uma jovem, Framboise, volta também a uma localidade rural, acompanhada por um velho livro de receitas, herança da sua mãe, e abre uma casa de crepes. Em Peaches for Monsieur Le Curé, traduzido com o infeliz título de O Aroma das Especiarias ainda que este se justifique dado o tema, sente-se ainda esse dilema de uma alma nómada, fadada a seguir o vento para onde ele sopra e a ajudar aqueles que precisam de si, sem poder criar grandes laços afectivos, tanto que a sua relação amorosa continua mas havendo um forte sentido de autonomia entre ambos os parceiros além de que vivem numa casa fluvial, isto é, num barco ancorado no Sena. Chegada novamente, desta feita durante o Ramadão, à localidade de Lansquenet, que aqui mais parece uma alegoria da França, Vianne vai ser confrontada com uma espécie de alter ego. O cenário está agora repleto de novos habitantes, pois instalou-se uma comunidade muçulmana no outro lado do rio, que chega mesmo a improvisar uma mesquita onde até a chaminé de uma antiga fábrica é aproveitada

como torre de onde se fazem ouvir os chamamentos para as orações. A “Dama Escorpião”, uma mulher que anda permanentemente coberta de negro, vai provocar o desconforto nessa pacata comunidade, não só entre a população local como entre os próprios muçulmanos, quando chega a abrir uma escola para raparigas (no antigo espaço abandonado da chocolataria) ensinando-lhes o valor da tradição e de se respeitarem ao andarem cobertas. E Vianne, apesar de atacada e ofendida, vai acabar por aprofundar a sua relação com o padre que antes a hostilizava, da mesma forma que irá ajudar a sarar a divisão que grassa entre as duas comunidades e no seio de cada uma. O livro está efectivamente bem escrito e as personagens são detentoras de densidade psicológica, além de que se consegue manter o suspense

até final da história quando finalmente se percebe o que esconde a mulher de negro por trás daquele véu. A tensão que se vai criando ao longo da história, que é contada, pela primeira vez nesta série, a duas vozes, alternando o registo na primeira pessoa entre Vianne, essa xamã do chocolate, e o padre, só é resolvida mesmo no final do romance e consegue criar um forte impacto no leitor, quando finalmente se percebe os obscuros segredos que motivam o estranho comportamento de Inès, a Dama Escorpião. Quando penso no prazer de ler Joanne Harris lembro-me ainda muito bem de outro livro fabuloso, cujo título Gentlemen & Players foi traduzido por Xeque ao Rei. Esse romance marcou-me imenso ao ponto de me provocar uma genuína exclamação de surpresa que encontrou eco na reacção de admiração despertada noutras pessoas a quem fiz questão de oferecer o livro mas na sua versão original. Sem querer criar aqui um spoiler tenho que dizer que esta autora consegue, durante todo o romance, criar uma tensão idêntica, em que as informações vão sendo dadas espaçadamente, numa longa e lenta digestão de uma história original, que narra o desenrolar de uma amizade quase obsessiva de um rapaz em relação ao outro, num registo mais uma vez paralelo com a história de um professor do colégio onde um dos rapazes estuda. Só nos últimos capítulos percebemos que aquele jovem que vive nas imediações de um colégio interno de rapazes e que se aproxima por uma espécie de platonismo do outro rapaz, aluno interno do colégio, até quase inundar a sua vida, é, afinal, outra pessoa, instituindo assim um inovador e aprazível jogo ficcional que, infelizmente, se perde na tradução, mas nem por isso rouba o prazer e o impacto da surpresa a um leitor contemporâneo, que é cada vez mais difícil de surpreender.

“ORQUESTRA DO ALGARVE COM AMOR ELECTRO”

“TEMPOS QUE PASSAM... RECORDAÇÕES QUE FICAM”

A Orquestra do Algarve junta-se aos Amor Electro, a banda revelação de maior sucesso em 2011, num concerto inserido no Festival Caixa Geral de Depósitos 2013

Exposição fotográfica de Vítor Sousa, onde apresenta imagens inéditas, a cores ou a preto e branco, que revelam a cidade de Albufeira nos anos 1950 e 1960

9 AGO | 22.00 | Parque do Palácio da Galeria - Tavira

Até 31 AGO | Galeria de Arte Pintor Samora Barros - Albufeira


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Panorâmica

Web, património, gastronomia e muito mais: uma ágora chamada Palato fotos: photoarch/ricardo soares

A gastronomia faz-se de mil cores, aromas e sabores, numa paleta que se mistura para deleite dos comensais e se reinventa numa geração incessante de cruzamentos entre tradição, História e modernidade. É exactamente a gastronomia o ponto de partida do projecto Palato que se vem mostrando aos algarvios pelas mãos da Xerem, uma associação cultural que decidiu dar vida e forma a uma visão única e rara da arte e da cultura algarvias numa demonstração de que nem tudo o que supostamente não se cruza se deve manter assim. A mesa como ponto de partida O prazer da mesa, a gastronomia e a capacidade que de agregação que o acto de comer tem são o mote para o Palato, é em torno desta “mesa” que os artistas, os investigadores, os amantes do património e do território, enquanto espaço cultural geodeterminado, e os internautas se querem sentados. Espaço privilegiado escolhido para o diálogo entre as variáveis que compõem este projecto, a mesa, símbolo da gastronomia, e o acto de cozinhar, fonte de todos os repastos, são a ágora para um diálogo que se quer demonstrativo do património e do território, enriquecedor porque integrador de várias expressões culturais, e partilhado, enquanto acessível a públicos insuspeitos perdidos na web que partilham com a assistência in loco as performances criadas para dar corpo ao Palato.

Território

Em cada sítio Jorge Rocha cozinha ao vivo acompanhado de um investigador experiências que a Xerem desenvolve no âmbito do projecto. Ao vivo e a cores, num qualquer local com acesso à internet é possível assistir às performances e partilhar experiências através de um chat em tempo real que permite uma interacção entre os artistas e investigadores e quem está do outro lado, perdido na internet. Cozinhando na Paisagem Cozinhando na Paisagem é a performance do Palato junto do património

edificado do Algarve. Jorge Rocha assume as despesas do cozinhar perante uma assistência convidada a ouvir um especialista falar do enquadramento cenográfico. Antes do arranque do tacho exposto ao lume, o desafio é o de realizar uma visita guiada ao monumento, depois a performance de cozinha assume o controlo do programa e junta investigação sobre tradição gastronómica a explicações sobre a História e o valor patrimonial do local. Arqueologia, gastronomia e estética,

a que se juntam a arte performativa, a envolvência e o espaço em si unidos numa realidade pouco habitual. As Muralhas de Lagos e a Villa Romana de Milreu já acolheram o Cozinhando na Paisagem e na calha a Xerem tem novas sessões cujas datas, a divulgar, podem ser conhecidas aderindo à newsletter do Palato no sítio do projecto na internet. Tavolo Imagine uma mesa, corporizada

A web como plataforma de partilha

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A casa do Palato é antes de mais a internet. A rede acolhe o sítio www. palato.org onde o projecto se eterniza entre a escrita, as fotos e os vídeos. Ali se espelham os resultados de cada performance, mas também se antecipa o próprio desenvolvimento do projecto. O sítio é um organismo. Vive e desenvolve-se, expõe e apresenta e, finalmente, ali se consolida a experiência daqueles que entram em contacto com o projecto cultural. É também na rede que o Palato convida os internautas, em qualquer sítio do globo, a partilharem em directo as

numa tira rectangular de tecido branco que é transportada por vários convivas por entre um espaço urbano. Correm os comensais as ruas e os locais onde se podem adquirir os ingredientes para uma refeição típica do local e regressam da passeata performativa ao local de partida com cestas cheias para o acto que mais se aguarda. Ganha lugar e espaço, uma vez mais, a gastronomia e o cozinhar, enquanto o diálogo frutifica e espreita os domínios insondáveis de uma boa conversa que tem como ponto de partida o périplo que levou todos até ali. Lagos foi a primeira cidade a assistir ao Tavolo que promete repetir-se, diz Jorge Rocha, que deseja encontrar parceiros para que a ideia ganhe maior dimensão.

Ainda dentro do universo polifacetado do projecto Palato surge Território, em que a cozinha se desenvolve perante uma assistência tendo por base o enquadramento territorial e a recolha daqueles que são os hábitos alimentares ligados ao território em causa. Vila do Bispo acolheu a primeira performance que Jorge Rocha considera ter sido uma óptima experiência. A repetir um pouco por todo o Algarve onde se queira experimentar o projecto Palato, a Xerem está aberta a sugestões e encetar parcerias que se juntem àquelas que já se fundaram com autarquias, associações e com a Direcção Regional de Cultura. A proposta é a de ir acompanhando a par e passo um projecto que não tem um tempo determinado nem prazo agendado, como refere Jorge Rocha, responsável maior pelo conceito. Levar o Palato a todo o Algarve, mostrar aos algarvios o que a mesa tem de relação estreita com a História e o património , com o espaço e tempo que habitamos e com aqueles que o habitaram antes de nós é um desafio no mínimo interessante. O Algarve quer-se assim reinventado em cada momento e conhecido culturalmente das mais diversas formas e pelos mais insuspeitos meios. Há lá melhor do que conhecermo-nos, ainda mais com uma mesa como palco?!

Cozinhando na Paisagem na Villa Romana de Milreu

“BELA MANDIL REVISITADO” Até 23 AGO | Junta de Freguesia de Pechão - Olhão Exposição de pintura digital de José Bívar, que com este trabalho pretende chamar a atenção para o futuro da freguesia em terras sustentáveis, preservando as suas características rurais

Ricardo Claro

“ISTO É QUE ME DÓI!”

Até 31 AGO | 22.00 | Teatro Municipal de Portimão - TEMPO

Peça interpretada por José Raposo, acompanhado de um elenco com grandes nomes do espectáculo, 35 anos após Raul Solnado ter dado vida a esta comédia


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Cultura.Sul

Núcleos Museológicos em Alcoutim: um processo de revitalização maria luísa francisco

Maria Luísa Francisco

Delegada Regional da Associação Portuguesa de Museologia

A forma como valorizamos o Património revela não só as nossas preocupações com o passado, o presente e o futuro, mas revela acima de tudo uma parte do que somos. O tempo que dedicamos a esta valorização será sempre um bom investimento, trará novas vivências e reforçará outras memórias. Porque como dizia António Rosa Mendes: “Somos feitos de tempo. Pelas nossas veias não circula só o sangue, circula também o tempo. A nossa matéria é o tempo e nessa medida se queremos sinais de orientação em relação ao futuro temos que nos apoderar do passado”. Núcleos Museológicos no espaço rural Os Núcleos Museológicos no espaço rural têm de estar ao serviço das populações incentivando a participação da comunidade, promovendo a experiência colectiva e a reflexão dos visitantes. Quando um Núcleo é lugar de recuperação de objectos, símbolos e saber-fazeres de uma comunidade, esta sente-se valorizada e sente que o seu legado cultural continua no tempo. Ao dar a conhecer essa “herança cultural”, para além de fomentar o interesse pelo património, está-se também a viabilizar a preservação do

Recriação de uma aula da 2ª classe dos anos 50/60, no Núcleo Museológico de Santa Justa espaço, fazendo com que a comunidade sinta admiração e respeito pela identidade cultural que representa. Essa é uma forma de incutir aos mais jovens o gosto e o interesse em preservar a história e a cultura local, despertando interesse pelas suas próprias raízes culturais. A realização de actividades culturais nos referidos espaços contribui para a revitalização do património, para a revalorização da história numa perspectiva de identificação e de auto-estima das populações, em particular dos espaços rurais. O trabalho de investigação realizado nos montes do Nordeste Algarvio permitiu-me conhecer um pouco do seu património cultural material e imaterial, através destas magníficas gentes, de vivências ricas e, por vezes, de auto-estima baixa. Os Núcleos Museológicos podem representar uma mais-valia no de-

senvolvimento local, nomeadamente no domínio turístico e cultural e essa mais-valia pode ser reforçada com diferentes dinâmicas de revitalização. Revitalização museológica em Alcoutim “A realidade museológica do Algarve assenta sobretudo em museus de tutela autárquica (53%) e na proliferação de uma grande quantidade de núcleos museológicos, na sua maioria dedicados à etnografia das diversas localidades”.1 Dos vários núcleos museológicos existentes no concelho de Alcoutim, que integram a Rede Museológica de Alcoutim e a Rede de Museus do Algarve, um deles está a ser revitalizado de forma sistemática e organizada. Trata-se de uma antiga Escola Primária, musealizada desde 2000, onde se pode encontrar uma sala de aula dos anos 50/60, com todos os

elementos e materiais usados na época. Este Núcleo situa-se no Monte de Santa Justa, a 3 Km de Martim Longo. O processo de revitalização referido passa pela dinamização de sessões mensais, que irão decorrer até Outubro, no âmbito do «Projeto Alcoutim» do qual sou coordenadora executiva. Pretende-se com estas sessões a participação da comunidade na valorização do seu património e ao mesmo tempo contribuir para que a população se aproprie de um espaço, que afinal é seu e está povoado das suas memórias. No essencial, a ideia é que a comunidade se envolva socialmente na vida do Núcleo Museológico e que dê continuidade a este processo de revitalização mensal. É importante que se sintam “guardiões das memórias”, das histórias de vida e da identidade cultural. Foi com esse sentimento que ficamos na primeira sessão ao escutarmos teste-

munhos tão genuínos e espontâneos, capazes de “povoar os objectos” da escola, resgatando o passado, transformando as imagens, já de todos distantes, em novos modos de interrogar o presente e problematizar o futuro. A segunda sessão foi dedicada ao enquadramento histórico do ensino da época e à recriação de uma aula com os conteúdos de uma lição da 2ª classe dos anos 50/60. Nessa recriação não faltaram alguns rituais da altura como o canto do Hino Nacional de pé e a professora vestida de bata branca com a palmatória na mão! Houve uma recolha de depoimentos que nos fizeram perceber como as memórias de infância estão bem presentes nos mais idosos, tendo deixado algumas marcas que não se esvaíram no tempo. A sessão de 29 de Agosto será dedicada aos contos tradicionais, envolvendo a comunidade nessa partilha. Desejo que a comunidade de Santa Justa possa dar continuidade a este processo de revitalização do Núcleo, realizando actividades, serões onde partilhem as suas vivências, as suas histórias de vida e as possam transmitir aos seus descendentes e ainda que possam motivar outros montes com núcleos museológicos a trilhar o mesmo caminho. Desejo ainda que este pequeno contributo sirva de reforço à interiorização da “herança cultural” do seu território e a promova de modo a atrair mais visitantes para o rico e importante património do Nordeste Algarvio. 1. PAULO, Dália (2008) “Museus de fronteira no Algarve: novos espaços, novos desafios” in MUSEAL nº 3, Faro: Museu Municipal; Câmara Municipal de Faro, p.96 a 105. PUB


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Momento

Portimão, “Work in Progress” Foto de Vítor Correia PUB


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Contos de Verão na Ria Formosa

Ele, ela e o Globo

Pedro Jubilot

pjubilot@hotmail.com canalsonora.blogs.sapo.pt

O Globo

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Já ninguém tem um. Com luz e tudo. Como aqueles que se compravam às Selecções Reader’s Digest. Com um manual de utilizador de capa azul e branca. Que ensinava a ajustar as coordenadas de um determinado local e encontrá-lo na bola mundo. De onde aprendemos os nomes dos lugares e as suas características. Graças a ele sabemos onde estamos, onde já estivemos, e onde gostaríamos de ir nessa esfera azul terrestre. O globo de todos os sonhos. Dava muito jeito.

Entretinha muito as famílias, quando ainda não havia o Google Earth, nem mesmo sequer os computadores. Tanto, que o pai dele criou uma história que lhe contava a si e aos seus irmãos, sobre como tinha viajado em lua-de-mel com a sua mãe antes de se casarem. Tudo por causa de uma brincadeira com o globo que o seu avô lhe comprara. Um bom investimento se revelou. Tornou-se professor de Geografia. Assim também ele percorreu o país de norte a sul enquanto o pai não conseguiu a colocação definitiva. (Ela e) Ele O que é aquilo, aquele… ali sobre a mesa? Para que o compraste? A tua mania de comprar coisas inúteis nas feiras de velharias. É de segunda mão? É vintage? Tem um ar estranho? Para que queres aquilo? Adoro este globo. E o Google Earth também. Permitem-me viajar como o

Pessoa - o poeta dos pobres que viajam sentindo (indo, mas sentados). Não te lembras da história? É o globo do meu pai. Deu-mo. Quer dizer, agora vai passar por mim. Disse-me para eu o trazer porque teve a sensação que podia estar a chegar a minha vez de o usar. E aconselhou-me a não dar ouvidos aos que estão sempre a dizer: «A vida é o que tu fazes dela», convencido que nada se desvela mais enganoso, quando depois aprendemos que a vida é o que se vai (sempre) pensando que se poderia ter feito nela. Ela (para Ele) Ah…, sim! Estou a lembrar-me daquela história dos teus pais meio estranha, que me contaste… isso é mesmo verdade? É então este o famoso globo!? Já que vens com isso, aproveito para te dizer algo que venho pensando há alguns dias… tenho que te dizer isto. Desculpa, mas não aguento mais. Acho que chegou o momento da verdade da nossa relação. Aqui e agora é este o tempo e o lugar decisivos. Assim como nos concursos da televisão, aqueles que tanto há agora, esses tipo espectáculo da realidade, em que o concorrente ou arrecada o que ganhou até esta fase, ou decide se vai jogar a prova final ganhando o fabuloso prémio em jogo. Onde também pode perder tudo. Este é o momento que interessa. O mais importante do processo, a decisão. Depois se ganhas o prémio final, isso é o futuro que nunca saberás se não jogares. O princípio mágico e arrepiante da vida. A glória e o arrependimento. Se me amas tens agora a tua oportunidade de me levar nessa viagem de família. E eu escolho a igreja para nos casarmos quando regressarmos. Se não o fizeres sei que a nossa relação termina aqui. Os espectadores, divididos, entre te julgarem cauteloso e sensato, ou atirando-te com um para ali está mais um jovem cobarde e sem ambição… baterão palmas, todos no entanto, enquanto eu saio de cena por aquela porta. Já tu ficas com eles a apanhar com blocos de 20 minutos de publicidade seguidos. Ou: - Podes pensar. Mas tens apenas aqueles dois minutos e meio que demora o intervalo exclusivo da-

“A RIQUEZA QUE A RIA E O MAR NOS DÃO” Até 15 AGO | Ria Shopping - Olhão Exposição fotográfica do habitat natural de um dos locais mais bonitos e emblemáticos do Algarve, com destaque para os flamingos, assim como para a arte da faina de pesca e captura de bivalves e para a actividade de extracção de sal

quele novo carro que tanto gostas. Ele, (Ela) e o Globo A solução, concordaram, passava simplesmente pela escolha aleatória de um destino de férias, como era da tradição. Algo que ele tantas vezes tinha ouvido aos pais, visto contar pelos tios, gabado pelos amigos de todos eles. E nem mesmo assim ele sabia se isto não passava de um mito. Mesmo que não tivesse acontecido nunca, era por ele .. que o faria, pela sua honra própria. E por ela. Agora não podia simplesmente dizer-lhe que tudo aquilo não passava de uma história, uma brincadeira, uma piada privada de amigos e familiares. Não era simplesmente a lenda de todos os homens da família, que num certo dia se tinham virado para a mulher que a dado momento achavam ser a da vida deles, propondo-lhes a tal viagem para um local do mundo ao acaso. Embora não à sua escolha, mas da sua decisão. E uma vez escolhido o lugar – fosse esse qual fosse – esse seria, e nenhum outro mais. Como numa roleta russa. Quando o globo parasse de rolar abruptamente, o destino estaria traçado. Com bilhete só de ida. Teriam de conquistar o regresso. Agora a decisão era irrefutável, chegado pois o momento da verdade. Ele levantou-se. dr

Ela (o Globo e Ele) Um gesto por ela interpretado como um sim. Uma prova de amor embora não verbalizada, entendia-se. Foi buscar o globo de família. ‘Aquela relíquia macabra, que me trouxe para esta casa’, lembrou-se da frase que a mãe dele dizia, ainda que não tivesse para já avaliado o grau de ironia nela envolvido. Mas estaria agora mais perto de perceber porque aquele objecto antiquado e insignificante era tão importante e decisivo para aquela família. Não apenas o tal de fetiche como ela o apelidava, pois achava que aquelas histórias de viagens, provavelmente inventadas eram meio caminho andado para levar na bagagem, as pretensas ouvintes, novas potenciais viajantes, para uma cama de hotel. Ele, Ela, o Globo Ele carregava o mundo nas suas mãos. Aqui tens. Dou-to. É todo teu, mas dele infelizmente só vais poder escolher um único ponto. Onde ser feliz não dependerá só de ti.

Respiraram fundo. Iniciaram o ritual. Ele girou o globo de modo a dar as voltas suficientes para não se distinguirem os oceanos dos continentes. Olharam-se nos olhos. Sentiam a tensão do mundo a girar entre os seus peitos. O planeta azul começava a perder força na sua rotação forçada. Era então que ela tinha de cerrar os olhos. E em seguida teria de apontar o dedo indicador sobre a superfície do globo, parando o mundo e tudo o que nele gira. Por uns segundos. Cabia ao homem marcar as coordenadas. Ditá-las à mulher que as escreveria num pedaço de papel. Onde fez aparecer: 37° 2’ 0’’ N, 7° 55’ 0’’ W. Ele tomou o livro a seu lado sobre uma cadeira. Procurou e deu-lhe a ler: «Europa, Portugal, Algarve, Faro, Ilha da Culatra». Caraças, isto não está viciado nem nada !? Que galo, saiu logo o único sítio onde com esta crise eu conseguiria ir passar uns dias de qualquer modo. Seja! Também nunca acreditei muito nesta treta. Aí não diz se vamos à boleia ou de comboio!?, desabafou ela. Ele e Ela, sem Globo O táxi-aquático serpenteou o canal de águas turvas da maré baixa, sempre junto às bóias. Quando a pequena lancha enfiou a proa pela areia naquela ilha lá para o pé do fim, como cantou Júlio Pereira, puderam ver a seu lado as pessoas que dentro e fora das traineiras terminavam os preparativos para a festa da Nª Srª dos Navegantes. Na sua frente destacava-se iluminada, a igreja. Não conseguiram dormir sujeitos ao calor desses dias de canícula. A casa que alugaram era demasiado quente. Daí observaram a lua, que toda a noite brilhara tão alto, a desaparecer do lado poente enquanto o sol nascia do mar a este. À primeira claridade rumaram à costa, já o farol do cabo de StªMaria estava prestes a desligar-se. O mar mais parecia um longo espelho deitado. Entraram na água que surpreendentemente estava a uma temperatura muito agradável. Dali, no cedo daquela manhã, perceberam que será errado tentar repetir as horas perfeitas. Algo que se pensa mas não se enuncia. E que o amor e vida são para sempre, pelo menos enquanto duram nesta breve eternidade, que mais parece feita de pequenos nada, de cada presente que vivemos. A eternidade não é algo para o futuro, que se constrói com o que não se viveu ainda, mas talvez com aquilo que se tem vivido e nos leva para diante.

“F.M.I. E OS 40 E TAL MAMÕES” 30 e 31 AGO | 21.30 | Centro Cultural de Lagos A actualidade política e social do país e do mundo, bem como o quotidiano de Portimão, servem de mote para mais uma edição desta revista à portuguesa, que segue as directrizes impostas pela Troika para cortar nas despesas


Cultura.Sul

09.08.2013

Espaço ao Património

Sala de leitura

Um Algarve a descobrir

Na senda das pedras falantes

Alexandra Pires

Arqueóloga, Câmara Municipal de Loulé

A época de férias traz mais uma vez ao Algarve uma grande afluência de turistas, quer nacionais, quer estrangeiros, que enchem as praias em busca de sol, tornando uma vivência habitualmente calma num corrupio de falta de estacionamento e engarrafamentos. Não sendo algarvia mas vivendo no Algarve há cerca de dez anos, a sazonal diferença de vivências a que se assiste nesta região suscita-me sempre alguma perplexidade. É no Verão que a diferença entre o lito-

numentos megalíticos existentes perto desta localidade, uma vez que estes monumentos se encontram em locais de fácil acesso. O caminho encontra-se sinalizado, permitindo ao público interessado aceder facilmente ao local. Outra iniciativa levada a cabo recentemente resulta de uma parceria entre a Universidade de Jena (Alemanha) e o município de Loulé para a escavação de um sítio arqueológico romano na freguesia de Benafim, na localidade de Espargal. A vontade de realizar trabalhos arqueológicos no local partiu do proprietário do terreno, na expectativa do seu aproveitamento turístico futuro. A escavação, a decorrer desde 2010, colocou a descoberto vestígios de uma estrutura de produção de azeite e/ou vinho que terá estado em utilização entre os séculos II a.C e V d. C. Durante o corrente ano foi realizada mais uma iniciativa visando aumentar a afluência de turistas interessados na vertente patrimonial e arqueoló-

pois para a aldeia da Penina, freguesia de Benafim, onde esteve desde 10 de Junho até 10 de Julho. A iniciativa juntava ao percurso pedestre de vertente natural da Rocha da Pena uma vertente patrimonial que pretendia ser uma mais-valia para a oferta já existente. A colocação temporária da Estela de Barradas na aldeia da Penina permitia aos visitantes a fruição de um objecto arqueológico que faz parte da exposição permanente do núcleo sede do Museu Municipal. Com a deslocação da exposição para o Ameixial a 12 de Julho, onde terminará o seu percurso, dá-se o encerramento de um ciclo. Sendo o Ameixial a freguesia do concelho de Loulé com maior número de estelas com escrita do sudoeste até agora identificadas, esta realidade apresenta-se como uma herança histórica de peso para a localidade. A exposição, localizada na principal artéria do Ameixial, a EN 2, estrada que ainda d.r.

Paulo Pires

Programador Cultural no Departamento Sociocultural do Município de Silves esteoficiodepoeta@gmail.com

O presente texto vem na sequência do último artigo, em que foi apresentado, de um modo mais genérico, o formato interdisciplinar “Leituras Zen”, dando-se agora alguns exemplos práticos a nível musical, literário e contextual. Musicalmente, é fundamental o recurso a sonoridades de efeito trofotrópico, ou seja, de melodias que

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e introspectivo de parte do seu repertório), possui temas instrumentais de grande adequação a este formato, como “Cinema”, “Amatorius” ou “Final”. Sobre os textos, alguns exemplos que resultam bem: “Convida-me só para jantar”, de Ana Goês; “A terra do nunca”, “Presente” e “As coisas mais simples”, de Nuno Júdice; “O brincador”, de Álvaro Magalhães; “Eu sei, mas não devia”, de Marina Colasanti; “O faroleiro do Sardão” e “O guardador da ilha”, de Al Berto; “[Não gosto tanto”], de Adília Lopes; “E tudo era possível” e “A rua é das crianças”, de Ruy Belo; ou “O sorriso”, de Eugénio de Andrade. Quanto a espaços de realização, as possibilidades são inúmeras consoante a imaginação e a ousadia: o interior de uma igreja ou de outro edifício histórico, um terraço junto d.r.

Leituras zen na villa romana de Milreu (Estoi) Anta da Pedra do Alagar (Ameixial) ral algarvio e o interior da região se torna gritante. Aí, mesmo quando as praias estão cheias de turistas, continuamos a poder apreciar com calma toda a beleza que nos é oferecida pelas regiões mais afastadas do mar. O concelho de Loulé, com a sua grande extensão territorial, enfrenta vários problemas na dinamização do seu interior. Numa tentativa de contrariar esta tendência tem existido um esforço por parte da autarquia em diversificar a oferta turística aí existente. A par de várias iniciativas de carácter social e cultural e do turismo de vertente natural e paisagística, o património arqueológico pretendeu assumir-se nos últimos anos como mais um ponto de interesse a ser explorado nas regiões do interior. À oferta turística da freguesia do Ameixial, que passa por uma série de percursos pedestres procurou ultimamente associar-se uma visita aos mo-

gica ao interior do concelho. Trata-se de uma exposição de rua itinerante, concebida numa parceria entre a autarquia e o Projecto Estela, que visa dar a conhecer a Idade do Ferro e as estelas com escrita do sudoeste encontradas no Concelho de Loulé. A exposição, que pretende interagir com os espaços públicos, foi pensada para estar patente nas freguesias onde foram encontrados vestígios arqueológicos deste tipo de escrita, tendo sido inaugurada em Salir a 9 de Maio. Localizada perto do Pólo Museológico de Salir, a exposição permitia que o visitante iniciasse a sua visita junto da antiga escola primária, subindo a Rua do Castelo ao mesmo tempo que lia os seis painéis que constituem a exposição, terminando a visita no Pólo Museológico, onde se expõe a Estela de Viameiro. A exposição esteve em Salir cerca de um mês tendo registado um elevado número de visitantes, seguindo de-

hoje é uma das mais movimentadas da região, pretende receber não só os visitantes que se deslocam especificamente para este fim mas também surpreender quem transita na estrada, convidando-os a parar para conhecer melhor esta realidade. No âmbito da exposição foi realizada pelos serviços do Museu Municipal uma réplica da estela de Corte Pinheiro, a última a ser descoberta na freguesia do Ameixial e no concelho de Loulé. A réplica e a exposição vão passar a fazer parte da oferta turística do Ameixial, passando a exposição a estar patente a partir do final do Verão numa das salas da Junta de Freguesia. Com este tipo de iniciativas a autarquia pretende diversificar a oferta turística existente no concelho, promovendo o nosso património e convidando à fruição de um outro Algarve que para tanta gente é completamente desconhecido.

induzam tranquilidade, apaziguamento, sono e harmonia íntima, na linha da chamada “música orgânica”, dotada de atributos biológicos (fluidez, harmonia, unidade de sentido). O universo clássico, por exemplo, é fértil em peças enquadráveis neste registo, como alguns temas de Ravel, Massenet, Liszt, Bach, Beethoven ou Vivaldi. No jazz, a música “Reed song” dos americanos Will Holshouser Trio é um tema bem ilustrativo do que se pretende para este formato planante e viajante. No caso português, além de composições instrumentais de projectos como Madredeus (“As Montanhas” e “As ilhas dos Açores” são bons exemplos), Danças Ocultas, Bernardo Sassetti e João Paulo Esteves da Silva, uma palavra especial para Rodrigo Leão, que, com o seu som clássico-moderno e as suas aproximações à música contemporânea, ao minimalismo e ao misticismo/espiritualidade (patentes no cariz contemplativo

ao mar, em plena sala de leitura de uma biblioteca, um jardim público, junto a uma fonte, moinho ou eira tradicionais, a praia, um retiro espiritual, um monumento arqueológico, o recanto de uma esplanada de café ou uma zona mais elevada, privilegiada, de observação paisagística… Esta abordagem já foi testada, de forma inédita em Portugal, em 2011 pelo projecto Experiment’arte, em colaboração e com o patrocínio da Direcção Regional de Cultura do Algarve, tendo sido então criado o ciclo “Na senda das pedras falantes”, assente na ideia de reinvenção do conceito de experiência patrimonial. Proporcionou-se assim aos visitantes de vários monumentos da região uma experiência inovadora, diferenciad(or)a e surpreendente, que obteve um assinalável impacto junto do público-alvo e será inclusivamente reposta este ano nalguns monumentos algarvios entre 25 de Agosto e 20 de Outubro. Atrevam-se…


10 09.08.2013

Cultura.Sul

Na senda da Cultura

Cultura na rota da rua d.r.

Com a chegada da época estival, o Algarve recebe milhões de turistas que programam as férias para a região, em busca, essencialmente, de sol e de mar. Contudo, nem só de praia vive o Algarve e muitas vão ser as festas, festivais e concertos que complementam a oferta numa estação que não esquece a Cultura e as tradições. O Cultura.Sul destaca cinco eventos que durante este mês procuram encher o tempo livre de turistas e residentes e que passam por festas temáticas medievais, festivais gastronómicos, certames de artesanato com muita animação e, claro, muita música.

O marisco é rei em Olhão

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Também a gastronomia tem lugar de destaque na programação algarvia nesta época do ano e a 28.ª edição do Festival do Marisco é, provavelmente, um dos certames gastronómicos mais aguardados por turistas e residentes. Com conquilhas, amêijoas, gambas e camarão, perceves, búzios, mexilhões, ostras ou santolas como protagonistas, já nada mais seria preciso para fazer deste evento um dos mais apetecidos mas, de 10 a 15 de Agosto, há ainda

Feira Medieval de Silves Zona histórica de Silves

ÔÔ Dias: até 11 de Agosto ÔÔ Horário: das 18 às 2 horas hoje e amanhã, sábado, e das 18 à 1 hora no domingo ÔÔ Preço: 4 euros (passe para todos os dias) e 2 euros bilhete diário. Crianças até 1,30 metros de altura têm entrada grátis.

Loulé despede-se do Verão de branco

Silves, uma lição de história A decorrer desde o dia 2 de Agosto e até domingo, a Feira Medieval de Silves é uma boa maneira de começar as férias. Uma feira temática que aposta no traçado característico do centro histórico da cidade para oferecer aos visitantes uma viagem no tempo através da recriação histórica do período medieval do final do séc. XII. Para este fim-de-semana é esperada a grande fatia dos milhares de visitantes que anualmente acorrem à antiga capital do Reino do Algarve e que, uma vez mais, podem experimentar uma atmosfera única num cenário tão distante dos nossos dias. A não perder os torneios a cavalo e o teatro no castelo. A música e a animação de rua ficam a cargo dos figurantes do povo, acrobatas, malabaristas ou cuspidores de fogo que ajudam a avivar todos os sentidos para uma época de incontornável importância para a cidade. O preço diário do evento é de dois euros e o passe para todos os dias custa quatro euros. As crianças até 1,30 metros não pagam.

ta para uma viagem ao imaginário da Idade Média. Os Dias Medievais, de 22 a 25 de Agosto, convidam os milhares de visitantes esperados em Castro Marim a conhecer em pormenor, e com o rigor alcançado ao longo das últimas 15 edições, os usos e costumes, os mesteres e a gastronomia medievais, num certame que conta com música, animação de rua, desfiles e até um banquete típico da época. Razões mais do que suficientes para estar atento e não perder uma noite seguramente diferente, num dos mais imponentes castelos da região.

Silves e Castro Marim regressam à Idade Média muita música para ouvir na no Jardim Pescador Olhanense. Tony Carreira, Carminho, Xutos & Pontapés, João Pedro Pais, a banda de tributo U2 UK e o Grupo Revelação são os cabeças-de-cartaz que garantem a animação aos milhares de visitantes durante os seis dias de festival. Os bilhetes custam oito euros para adultos, três para crianças dos 7 aos 12 anos e entrada grátis para os mais novos. Cartaz de luxo em Lagoa

ra. De 16 a 25 de Agosto o palco principal conta, todas as noites às 22.30 horas, com nomes como Entre Aspas, The Gift, Herman José & Orquestra, José Cid, Vol. 2, Os Azeitonas, Miguel Gameiro, Emanuel, Expensive Soul, João Pedro Pais e Pedro Abrunhosa, por esta ordem. Os ingressos custam cinco euros e o bilhete familiar para quatro pessoas custa 15 euros. As crianças até aos 12 anos têm entrada gratuita. História e fantasia em Castro Marim

Naquela que é a maior feira realizada a sul do Tejo, a 34.ª FATACIL Também a sotavento há via aber– Feira de Artesanato, Turismo, Agricultura, Comércio e Indústria de Lagoa tem no carácter generalista a sua Noite Branca maior valência. Com actividaLoulé des para todos os gostos, os visitantes podem sempre contar com degustaÔÔ Dias: 31 de Agosto ções da melhor gastronomia, demonstrações ao vivo ÔÔ Uma noite imperdível de grande parte dos 180 arem que a diversão invade tesãos presentes no Parque as ruas da cidade de Loulé. de Feiras e Exposições, além Uma noite vestida de branco, da beleza dos espectáculos que o dress code oblige, e em equestres. que é imprescindivel uma úniContudo, é também na ca coisa, boa disposição música que se centram as atenções nos 11 dias de fei“ARTE COM LATA” Até 29 SET | Museu de Portimão Exposição composta por uma série de imagens criadas pelo artista holandês Eric de Bruijn, com base nas antigas ilustrações litográficas coloridas das latas de conserva

A grande novidade deste ano é o regresso da Noite Branca de Loulé depois de uma interrupção de dois anos. No último sábado de Agosto, dia 31, e sob o mote do branco a cidade louletana despede-se da época estival com um evento organizado pela autarquia, onde não vai faltar música, animação de rua, moda, pintura ou artes plásticas. Uma forma diferente para se despedir do Algarve ou das férias com um sorriso no rosto e uma recordação que justifica o regresso no próximo Verão à rua e à Cultura. Pedro Ruas/Ricardo Claro

Dias Medievais Castro Marim Castelo e vila de Castro Marim ÔÔ Dias: 22 a 25 de Agosto ÔÔ Com o programa ainda por definir uma coisa é certa, a viagem histórica para tempos imemoriais está garantida. Cheiros, sabores e viveres de outros tempos num cenário único, Castro Marim

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Fatacil Parque de Feiras e Exposições de Lagoa

ÔÔ Dias: 16 a 25 de Agosto ÔÔ Horário: Os concertos decorrem todos dias às 22.30 horas ÔÔ Preço: 5 euros para os adultos, bilhete para quatro pessoas 15 euros, as crianças até aos 12 anos têm entrada grátis

“EXPOSIÇÃO DE PEDRO VARANDAS” Até 29 SET | Casa da Juventude de Olhão Artista é natural de Olhão, desde criança que sente interesse pelo desenho, sobretudo desenhos animados. Em 2009 começou a frequentar o Centro de Arte de Pintores Olhanenses e aí descobriu a pintura a óleo sobre tela


09.08.2013  11

Cultura.Sul

Da minha biblioteca

Sob o signo de Pigmalião: O Lago, de Ana Teresa Pereira d.r.

Adriana Nogueira

Classicista Professora da Univ. do Algarve adriana.nogueira.cultura.sul@gmail.com

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O mito de Pigmalião, como muitos dos mitos gregos, foi glosado ao longo da história, sendo uma das versões mais conhecidas a peça de George Bernard Shaw, Pygmalion, popularizada pela sua versão cinematográfica com o nome de My Fair Lady (um filme de George Cukor, de 1964, com Audrey Hepburn e Rex Harrison) e, em Portugal, pela produção do musical homónimo, de Filipe La Féria, em 2002. Conta o mito (vou usar a versão latina, de Ovídio, livro X, versos 244-296, na tradução de Domingos Lucas Dias) que Pigmalião, desiludido com as mulheres, esculpiu «uma estátua/ de níveo marfim e emprestou-lhe uma beleza com que/ mulher alguma pode nascer. E enamorou-se da sua obra (…). Adorna-lhe/ os dedos com jóias, enfeita-lhe o pescoço com longos/ colares, nas orelhas, elegantes pérolas, pendem-lhe/ do peito cordões. Tudo nela fica bem./ (…) Havia chegado/ o dia das festividades de Vénus (…) – ‘Se tudo podeis conceder, ó deuses,/ desejo que seja minha esposa…’ Não ousando dizer/ a donzela de marfim, Pigmalião disse – ‘… uma igual/ à de marfim’. Dado que a dourada Vénus assistia/ em pessoa às festividades em sua honra, percebeu o que/ pretendiam aqueles votos (…). Pigmalião dirigiu-se/ à estátua da sua amada e, reclinando-se no leito, beijou-a./ Pareceu-lhe estar quente. Aproxima outra vez a boca/ e, com as mãos, toca-lhe o peito também. Ao ser tocado,/ o marfim torna-se mole (…)./As veias palpitam

Ana Teresa Pereira sob o polegar (…)./ Por fim, beijou com sua boca/ uma boca não fingida. A donzela sentiu os beijos que lhe/ eram dados e corou. E, erguendo seu tímido olhar para/ os olhos dele, de par com o céu viu o seu enamorado./ A deusa assistiu à boda, que organizou». Este longo preâmbulo serve para apresentar o livro que trago hoje, O Lago, de Ana Teresa Pereira (editora Relógio d’Agua, 2012), que ganhou o Grande Prémio de Romance e Novela - 2012, atribuído pela Associação Portuguesa de Escritores. Ana Teresa Pereira é uma autora discreta. Nascida no Funchal, em 1958, começou a publicar em 1989 e tem mantido uma edição regular, tendo muitas das suas obras ganho prémios variados (começando pelo primeiro, Matar a Imagem, que recebeu o Prémio Caminho de Literatura Policial). Não dá muitas entrevistas e mantém-se à margem de polémicas em blogues e afins. Li alguns dos seus livros e cada um dá-me vontade de

ler outro e mais outro e mais outro. Este não foi exceção. No início… … está tudo. Ao terminarmos apercebemo-nos de que os indícios do que se ia passar já estavam lá. Cada capítulo é contado focalizando ora em Tom, ora em Jane. Apesar do livro ter apenas 4 personagens, uma delas quase não aparece (Ed, o produtor) e a outra, o ator Kevin, é uma espécie de projeção do autor (Tom), que representa em vez dele, mas a sua existência não é suficientemente importante para que a narrativa se centre no que sente ou pensa. Apenas em Tom e Jane. Jane esperava ter trabalho como atriz, depois de ver a sua carreira como bailarina destruída por uma queda que a deixou incapacitada para voltar a dançar: «Continuava à espera de uma oportunidade. Embora gostasse de repetir a si mesma que não acreditava em contos de fadas.

“AIA SUMMER PARTY” 11 AGO | 21.30 | Autódromo Internacional do Algarve – Portimão Concerto pela banda inglesa Keane, que lançou o seu primeiro single “Call Me What You Like” em Fevereiro de 2000 e desde então têm tido sucessos como “Everybody’s Changing” e “This Is The Last Time”

Mesmo que fosse numa peça que mais ninguém recordasse. Mas ela teria sido, completamente, aquela personagem. Teria passado, completamente, para o outro lado». (p.21) Pigmalião e My Fair Lady No mito de Pigmalião, a estátua – Galateia – ganha vida, casa com o seu criador, têm uma filha e são felizes para sempre. Portanto, passa de uma não vida para uma vida – boa, para os padrões da época (e, como se percebe, esses tempos mitológicos não estão tão distantes assim). Em Pigmalião/ My Fair Lady, Galateia – Eliza Doolittle – já tem uma vida antes de encontrar Pigmalião (Henry Higgins) e a mudança que ele opera nela – uma mudança que ela deseja, sem ter noção das consequências desse desejo – é irreversível e a sua vida nunca mais poderá ser a mesma. E esta Galateia recusa ficar com o seu Pigmalião, porque ele não a trata com a gentileza que ela merece, mas como uma sua criação. Tom, como a maioria de

nós, é um homem da era visual e, para ele, Galateia teria de ter o rosto, o corpo, os gestos, o cabelo da atriz por quem se apaixonara: «Havia nela alguma coisa de Audrey Hepburn. E se havia alguma coisa, ele podia inventar o resto» (p.12). «Apaixonara-se por Audrey Hepburn quando vira My Fair Lady. Sempre o seduzira a história de Pigmalião. Apaixonava-se de vez em quando, mas tinha consciência de qua a outra pessoa era só alguém com quem viver uma fantasia. Só podia amar de facto um ser criado por ele. (…) Ele conhecia tudo a seu respeito, excepto o seu rosto. (…) De vez em quando sonhava com ela. Não era nada de surpreendente, sonhara com as personagens que interpretava, com as personagens que criara. Quase não sonhava com outras coisas. No fundo, era um fanático, sempre o fora. Acordava à procura dela, e com uma certeza. Ela seria tão bonita. De uma forma profunda e tortuosa, estava apaixonado

por ela. Tanto quanto podia estar apaixonado por alguém.» (p.26-27) E quando dois fanáticos se juntam (também ela diz: «Ainda havia nela alguma coisa da criança que treinava horas todos os dias, até perder as forças. Um princípio de fanatismo» p. 21), quando um quer criar uma personagem e o outro quer ser essa personagem, o resultado é inquietante. Este livro questiona os limites da memória, da vontade, da própria existência. Muito bom. Outras leituras Ovídio, Metamorfoses (tradução de Domingos Lucas Dias, em dois volume, de 2006 e 2008, Lisboa, Ed. Vega). George Bernard Shaw, Pigmalião (não conheço a qualidade da tradução portuguesa, mas a inglesa – Pygmalion – está disponível, gratuitamente, na Internet).

“TRANSPARÊNCIAS” Até 13 SET | Galeria Municipal de Albufeira Exposição de aguarelas de João Moraes Rocha. Artista autodidacta, que privilegia as paisagens, especialmente as marinhas, tendo eleito a aguarela como a sua técnica pictórica


12 09.08.2013

Cultura.Sul

Cinemas ganham novo fôlego na região

pub

d.r.

Ao que parece o Verão voltou a trazer algumas boas novidades para os amantes da sétima arte. O cinema que parecia definhar, fosse ele de massas ou minorias, em centros comerciais ou cineclubes, um pouco por todo o Algarve, e pelo país, num grande ecrã que tendia a minguar. Eis que as boas novas, ainda que a conta-gotas, nos reservam a esperança de que, afinal, o cinema e a Cultura ainda podem dar a volta por cima do negro cenário que no horizonte se desenhava. Bem virtuosos os investimentos sérios no sector, independentemente da sua origem, e os frutos que daí possam surgir para os públicos actuais e para aqueles que estas mesmas salas de cinema vão decerto criar. Vejamos os exemplos de um percurso que parece indicar que o Algarve tem espaço para o cinema e que os algarvios não deixarão de aderir às propostas da arte de contar histórias no grande ecrã a começar pelos cineclubes e a terminar nas salas ditas comerciais. Foi assim em Tavira, onde as mostras de cinema ao ar livre regressaram para gáudio de residentes e turistas, foi assim em Lagos, onde pela mão de Carlos Matos o cinema voltou anos depois do esquecimento e agora a notícia de que até os centros comerciais na Guia e em Portimão, cujas salas estavam encerradas desde o início do ano, vêem agora luz ao fundo do túnel com a entrada dos brasileiros Orient Cinemas no mercado nacional, com a marca ‘Cineplace’.

Salas de cinema reabrem até fim do ano São 60 as salas que em dez centros comerciais do grupo Sonae Sierra vão reabrir portas aos portugueses, até ao final do ano, de norte a sul e até às ilhas, por via do acordo com a Orient Cinemas, que ficam assim a gerir as salas que eram exploradas pela Socorama Cinemas, que entretanto pediu insolvência. É o caso do AlgarveShopping (Guia) e Centro Comercial Continente de Portimão, os dois exemplos no Algarve, mas também do Estação Viana Shopping, LeiriaShopping, LoureShopping, MadeiraShopping (Funchal) e ainda as salas de cinema do Parque Atlântico (Ponta Delgada), do Serra Shopping (Covilhã), do RioSul Shopping (Seixal) e da 8.ª Avenida (São João da Madeira). A data limite apontada pelos responsáveis para a reabertura das mencionadas salas é até ao final do ano, mas tudo aponta para que alguns dos cinemas reabram ainda este mês, avança o jornal Público. Brasileiros apostam em Portugal Os nordestinos Grupo Orient (UCI Orient, Orient Cinemas e Cineplace) chegam em força ao mercado nacional de exibição cinematográfica e com o novo protocolo assinado com a Sonae Sierra passam imediatamente a ocupar a segunda posição no país, imediatamente atrás da já muito bem implementada Zon Lu-

somundo. A Sonae Sierra, que já negociava com operadores há diversos meses, e que chegou a pensar noutras opções como dar novo uso às salas entretanto encerradas, vê naturalmente com bons olhos a entrada da Orient em Portugal, que diz ser “um importante operador, uma referência em qualidade, tecnologia e sinónimo de programação inteligente e bem elaborada”. De facto, o grupo brasileiro conta com vinte anos de presença no mercado brasileiro e opera em Angola há seis e, segundo a Sonae Sierra, “é líder de mercado de exibição de filmes no nordeste do Brasil”. Aquiles Mônaco, presidente do grupo brasileiro, considera que a aquisição das salas de cinema em Portugal é “um importante passo na estratégia de internacionalização da empresa”, sendo Portugal a porta de entrada para o mercado europeu. De resto, e com a realização deste negócio, a Orient passa a deter cerca de 15% da cota de mercado em Portugal, sendo que tem ainda cerca de 20 salas espalhadas pelo nordeste do Brasil, além das seis salas no Belas Shopping, o primeiro centro comercial angolano. A crise por que passa Portugal parece não assustar Aquiles Mônaco e este investimento pode e deve reforçar em breve os cerca de 30 milhões de euros de facturação global registados pelo grupo em 2012. Pedro Ruas/Lusa

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