2 minute read

PENÚLTIMA PALAVRA

Espaço para as boas ações

NãO SOMOS SERES SOMENTE DE CONHECIMENTO E HABILIDADES. PRECISAMOS INCLUIR O OUTRO EM NOSSOS PENSAMENTOS E AçõES.

por Nice Ewald

Reprodução Novolhar

Uma das obras dirigidas pelo artista plástico viK Muniz em um dos maiores aterros sanitários do mundo, no jardim Gramacho, na periferia do Rio, onde ele rodou por dois anos o documentário “Lixo Extraordinário” Afamília e a escola têm o compromisso de educar crianças, jovens e adolescentes, mas para qual sociedade? Será que os educadores, pais ou professores se fazem essa pergunta? “Aprender a ser”, “aprender a conviver”, “aprender a fazer” e “aprender a conhecer” são os quatro pilares que teoricamente sustentam a educação, baseados no relatório da Comissão Internacional sobre Educação para o Século 21, coordenada por Jacques Delors, da UNESCO.

Na realidade educacional brasileira, em relação a esses quatro pilares, os conteúdos estão sempre em destaque, são discutidos em sala de aula, em reuniões pedagógicas, sendo infelizmente compreendidos como conhecimentos. Estão presentes em livros, apostilas, provas, recuperações, aulas, tarefas. Estão dentro e fora da escola, em todos os lugares, pois, com os avanços da ciência e da tecnologia, vivemos a era do conhecimento. Que bom! Mas não somos seres só de conhecimentos.

O fazer é refletido em várias atividades, que muitas vezes também são entendidas como a fórmula ideal para o bem-educar. O excesso de atividades ou o fazer pelo fazer levam o ser humano à automatização e ao estresse. O que se aprende com isso? Certamente algumas habilidades serão desenvolvidas, mas isso também não é suficiente para a formação integral do ser. Não somos seres somente de conhecimentos e de habilidades.

O que devemos nos perguntar é: como aprendemos a ser e a conviver? Percebemos claramente, em nossa realidade social, o quanto nós nos conhecemos pouco; não sabemos trabalhar em equipe; temos dificuldade para lidar com o outro; valorizamos o individualismo; faltam-nos consciência coletiva e limites; esquecemos de cuidar da humanidade e do planeta. E agora? Hora de lembrar que somos seres emocionais, espirituais, sociais, culturais.

Precisamos aprender a ser melhores do que somos, não para ser “os melhores” e alimentar a ideologia capitalista, mas para viver com maior qualidade e investir no ser. Educar para a paz e para a solidariedade não é um sonho ou ideal inatingível, é uma necessidade. Basta ler nossos jornais ou acompanhar as notícias televisivas, que dão tanto espaço para a violência, a guerra e o consumismo não consciente. A mídia poderia contribuir muito com a educação, dando espaço também para as boas ações humanitárias.

Aprender a pensar diante de um mundo que apresenta tantas opções, informações e estímulos é fundamental para fazer as escolhas mais adequadas, não somente para nós, mas para os outros também, pois ter uma sociedade mais humanizada traz benefícios a todos. Incluamos os outros em nossos pensamentos e ações. Façamos a nossa parte, bem feita e com conhecimento.

Vik Muniz, artista brasileiro de renome internacional, uniu arte e catadores de material reciclado do Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro, para fazer algumas de suas obras. Com seu conhecimento fez arte e modificou a realidade de um grupo de pessoas. Assista a seu premiado documentário “Lixo Extraordinário”. N

ANUCIANTES EDITORA SINODAL

KRENKE

EDITORA SINODAL