Revista Comemorativa da Associação Diacônica Luterana (ADL) - 60 Anos

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Edição comemorativa do aniversário de 60 anos da Associação Diacônica Luterana (ADL) Afonso Cláudio — Espírito Santo | ABRIL DE 2016

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Publicação comemorativa do aniversário de 60 anos da Associação Diacônica Luterana (ADL)

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FOTOGRAFIA

Arquivos da ADL Fotos cedidas pelos entrevistados

Editorial Mensagem do Presidente Mensagem do Pastor Sinodal Entrevista com o Superintendente Artigos História Objetivos, Programas e Projetos Exemplos de Oportunidades Infraestrutura e Equipe 4 5 6 7 11 13 24 33 43
SUMÁRIO

EDITORIAL

60 anos da ADL

No ano em que a Associação Diacônica Lute rana (ADL) completa 60 anos, o tema da Igre ja Evangélica de Confissão Luterana no Bra sil – IECLB propõe: “Pela graça de Deus, livres para cuidar”. Uma feliz coincidência! É o que a história da ADL demonstra.

Na meditação do Mensageiro Diacônico, em 1972, o pastor Gustavo Schünemann escreveu: “No Cristianismo, o amor ao próximo é sempre resposta, eco, manifestação de gratidão ao amor de Deus”. Foi este desejo profundo de res ponder ao amor de Deus que levou o pastor Artur Schmidt e sua esposa Käthe a perceberem a necessidade da formação diaconal, em Serra Pelada, município de Afonso Cláudio (ES), cujo início oficial data de 22 de fevereiro de 1956. “O objetivo era conduzir jovens a Jesus Cristo, fortalecê-los na fé e des pertar-lhes o amor pelo serviço na Igreja para que mais tar de pudessem servir ao seu Senhor na comunidade, num au têntico espírito diaconal-missionário” (pastor Rodolfo Gaede).

O serviço ou o cuidado de amor que vê o ser hu mano enfermo, solitário, excluído, caído, almeja devolver e manter a dignidade que recebeu de Deus. Esse serviço, que criou corpo com a atual ADL, é fruto da grande sen sibilidade para com as necessidades das pessoas no con texto capixaba.

O pastor Schmidt, bem como as tantas lideranças que o sucederam nessa instituição, viram e continuam vendo a necessidade desse serviço de amor. Afinal, vive mos num contexto em que irmãs e irmãos nossos estão até mesmo com o semblante desfigurado. Essa visão ultrapassou as fronteiras do contexto capixaba. Ou seja, a sensibilidade e o cui dado de amor em resposta ao amor de Deus por seus filhos e suas fi lhas tornaram-se semente bendi ta que o Espírito Santo de Deus esparramou por toda a IECLB. Não por acaso, portanto, o ter mo Diaconia e, principalmente, as ações diaconais constam no coração do Plano de Ação Mis sionária da IECLB – PAMI.

A ADL despertou um núme ro incontável de jovens para servir e cuidar em espírito diaconal. Carre

gam a marca da ADL lideranças engajadas em presbité rios, atuantes na política, no ensino, na música, na visita ção em asilos e orfanatos, onde pessoas aguardam a mão que ampara e o abraço que sustenta. Expressivo e signi ficativo para toda a IECLB também é o rol de jovens que, tendo passado pela vivência comunitária-diaconal da ADL, ingressaram no Ministério com Ordenação.

Ademais, o papel da formação na ADL foi funda mental para que a IECLB tomasse a decisão de nomear e incluir a ação diaconal no Ministério com Ordenação. Por tanto, impulsos para o que a Diaconia é hoje na IECLB vie ram não somente pela história da ADL, mas a ADL e sua história estão no alicerce da importância e da atuação dia conal em nossa Igreja, bem como na nossa contribuição sobre Diaconia onde participamos.

Por ocasião dos 45 anos da ADL, sua diretora, Vera Nunes, observou: “A ADL sempre se manteve com doações e coletas, constituindo-se em testemunho da solidarie dade de muitos”. Inicialmente, foi a solidariedade das co munidades do Estado do Espírito Santo que deu suporte para a manutenção da instituição. No período da Região Eclesiástica I, o apoio incluiu as comunidades dos Distri tos Eclesiásticos Rio de Janeiro e São Paulo.

Hoje, a ADL está no coração da IECLB, pois uma das ofertas nacionais da nossa Igreja é destinada para essa instituição. E a ADL agradece por esse apoio: é uma alegria sermos mencionados em todas as celebrações da nossa Igreja neste dia. Mais uma vez somos gratos pela oferta nacional destinada para a manutenção das nos sas atividades.

Pela sua morte e ressurreição, Cristo nos liberta, envolve, transfor ma, sustenta e nos coloca sob os impulsos da gratidão. Pela gra ça de Deus, livres para cuidar! É gratidão que molda a vida e se expressa no serviço ou cui dado diaconal. Por tudo que a ADL representa nesse serviço de amor na IECLB, nós louva mos o nosso Deus.

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Nestor Paulo Friedrich Pastor Presidente da IECLB

Os desafios dos novos projetos

AAssociação Diacônica Luterana – ADL tem pres tado um serviço importante para as comunida des e para sociedade de uma forma geral. Ao proporcionar essa formação não formal, contri bui para que a sociedade seja mais humanizada, com olhar a partir da sensibilidade, e que as comunidades também tenham mais qualidade. Nossos ex-alunos têm mostrado isso na história, porque onde estão, na sua grande maioria, fazem a diferença.

Há alguns anos, a instituição passou por um período de crise, tanto financeira como de rumo. Com muito esfor ço e ajuda de muitos, foi possível impedir que ela fechasse suas portas. Na medida em que foi trabalhando para se re cuperar, a ADL também foi se redescobrindo, percebendo a sua necessidade e dinamizando ações para tornar-se no vamente uma instituição forte.

Para isso, contamos com o apoio de muitas pessoas, principalmente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, do Sínodo Espírito Santo a Belém e das Uniões Pa roquiais no seu entorno. Por não receber recursos públicos constantes, exceto por meio de projetos e emendas parla mentares, a ADL depende de doações e de um bom geren ciamento dos recursos.

Hoje, com sua credibilidade consolidada e oferecen do uma formação diferenciada nas áreas de música (regên cia de coral, domínio de instrumentos musicais, musicalização), Educador Social e Cuidador de Idosos, a ADL permite que os jovens concludentes se sintam despertados em seus dons e façam da Diaco nia, como prática cristã, seu nor teador de vida.

Avançamos muito, mas sabemos que os desafios são inerentes ao trabalho desenvolvido na ADL. Um des ses desafios é a viabilização da construção de um Lar de Idosos, unindo teoria e prática visando preparar os jovens para atender aos idosos. A população brasileira está enve lhecendo, e os idosos tendem a ser um número expressivo, demandando atenção especial também de forma crescen te. Por isso, sabendo do alcance social proporcionado por serviços de atendimento a esse público, a ADL está se an tecipando aos fatos, planejando um espaço que, ao mesmo tempo, abrigue os idosos e capacite os seus alunos para atendê-los como cuidadores.

O outro desafio que se impõe é a preparação de jovens para auxiliarem no trabalho pastoral na IECLB. O acúmulo de tarefas faz com que Ministros e Ministras não deem conta do seu trabalho, necessitando de um apoio para estudos bíblicos, visitação a idosos e doentes, supor te no Ensino Confirmatório e Encontro com Crianças. En tendemos que a ADL pode contribuir, preparando e dis ponibilizando jovens qualificados para essa missão tão importante na IECLB.

Tanto o Lar de Idosos como a preparação dos jovens para as ações pastorais são projetos que estão sendo elabo rados e gestados dentro da ADL. Porém, para alcançar esses objetivos, precisamos de apoio que certamente virá de mui tas mãos e muita fé. Assim, poderemos vencer os de safios e realizar os nossos projetos de inegável relevância para as comunidades, para a so ciedade e para a Igreja Luterana.

Revista da ADL | 60 ANOS
Emerson Lauvrs Presidente da ADL
MENSAGEM DO PRESIDENTE
Revista da | ANOS 5

MENSAGEM DO PASTOR SINODAL

Fazendo a cabeça

Ajuventude é uma fase de transição em nos sas vidas, em que o mundo passa a ser ques tionado – às vezes de forma até rebelde – e começamos a pensar em nosso futuro. É um período importante para a formação do caráter e da perso nalidade. Não é à toa que muitas empresas, por exemplo, utilizam de propaganda exclusivamente voltada a esse pú blico para “fazer a cabeça” de seus futuros consumidores. É intrigante pensarmos como jovens são atraídos até mesmo para a prática do terrorismo, que atualmente tem utilizado amplamente as redes sociais para o recru tamento às suas causas. Trata-se, porém, de um reflexo da falta de perspectivas e de esperança de milhões de jo vens mundo afora.

Mudar a mentalidade das pessoas pelo argumento e pelo convencimento faz parte da vida. A própria Bíblia incentiva a mudança de vida e de pensamento. O após tolo Paulo escreveu aos romanos: “Não vivam como vi vem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a Deus.” (Rm 12.1).

No tempo de Paulo, os romanos mantinham seu im pério pela força e pela lei. Quem questionasse, era perse guido e até condenado à morte. Assim aconteceu com Je sus, que foi morto por pregar a liberdade, a paz e o amor como o maior mandamento de todos, sem se prender a leis que dominaram e escravizaram. O apóstolo Pau lo, entendendo a mensagem cristã, escreve que devemos mudar o pensamento e o jeito de viver, sim, mas para o bem comum, e para fazer a vontade de Deus e o que é agradável a ele.

Nesta direção, a Associação Diacônica Luterana –ADL também tem o compromisso de mudar a mente dos seus alunos, oferecendo formação complementar ao En sino Médio com o intuito de inspirar os jovens ao exercício do protagonismo, por meio dos cursos de Liderança Co munitária, Liderança em Música, Educação Social e Cui dador da Pessoa Idosa.

Com isso, a instituição incentiva a prática da lide rança e do voluntariado, promove a reflexão sobre os di reitos humanos, fomenta o trabalho diaconal e o respei to com as pessoas idosas, possibilita o domínio básico de música e a prática do canto, além de oferecer a participa ção em grupos de artes cênicas, artesanato, danças fol clóricas e cultivo de produtos naturais.

É a ADL “fazendo a cabeça” dos jovens e transfor mando mentes para a sua inserção na sociedade e vivên cia da ética, da cidadania e do protagonismo juvenil, tendo em vista a valorização do ser humano e a preservação do meio ambiente, sem perder a confessionalidade luterana e os valores da fé cristã.

Parabenizo o pastor Siegmund Berger com toda a sua equipe e a diretoria, pela iniciativa de contar a his tória da ADL com a publicação desta revista. Resgatar a nossa história é resgatar a nossa identidade e a nossa cidadania. É olhar para o passado e aprender com as ex periências vividas, olhar para o presente e localizar onde vivemos, e olhar para o futuro para planejar a missão da Igreja e direcionar para onde vamos, mostrando para nos sos jovens um mundo cheio de esperança para a prática do bem comum.

Joaninho Borchardt Pastor sinodal do Sínodo Espírito Santo a Belém
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ENTREVISTA

Uma instituição à prova de fronteiras e do tempo

Trabalhamos com dois opostos: primeiro, o materialismo e o capitalismo que levam ao individualismo. O segundo oposto é a vivencia de fé. Não acreditamos em uma fé individualizada”.

Superintendente da ADL, o pastor Siegmund Berger fala dos desafios atuais e do futuro da instituição. Para ele, a sustentabilidade ao longo do tempo vem da capacidade de adaptar-se às transformações sociais. “Somos uma instituição aberta. Recebemos alunos luteranos e também de outras religiões sem restrição”, afirma o pastor, dizendo que o objetivo é ser útil para a sociedade.

Como o senhor avalia a trajetória da ADL e como ela sobreviveu e mantém-se ativa mesmo diante de tan tas transformações nestes 60 anos? Siegmund Berger – A ADL se sustentou justamente porque está em constante contato com as comunidades. Se ela se afasta da sociedade, perde o seu próprio objetivo. A sus tentabilidade da ADL é esta: é a captação de alunos que se interessam em vir para cá fazer esta formação diferencia da. Hoje, existem muitos lugares que oferecem formação, mas as pessoas continuam preferindo vir para cá, pelo dife rencial que oferecemos. Temos um contato mais forte com a comunidade luterana, mas mantemos elos com outras denominações religiosas também. Somos uma instituição aberta. O nosso objetivo é ser útil à sociedade. Quanto à sustentabilidade financeira, buscamos sem pre apoio. Por exemplo, no fim de 2014, os pais nos ajudaram

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Ao longo dos seus 60 anos, a ADL é procurada pelo interesse em uma formação diferenciada para os alunos

com a doação de tinta. Em 2016, vão nos ajudar com cerâmica para reves tir as salas. As festas que promovemos também têm participação maci ça, atraindo até sete mil pessoas por edição. Temos apoio da IECLB com uma coleta anual e projetos. Somos apoiados pelo Sínodo Espírito Santo a Belém, que nos socorre nas dificuldades e ajuda a manter a ADL com uma coleta anual (10% das doações de envelopes das festas da colheita e 1,5% das contribuições dos membros). Também temos projetos apoiados pelo Governo do Estado do Espírito Santo e sempre recorremos a Emen das Parlamentares de deputados amigos da nossa instituição. Além disso, temos sido apoiados com algumas doações da Obra Gustavo Adolfo e de amigos residentes na Alemanha que financiam alguns projetos para a ADL. Isso tudo é resultado e advém da nossa fé. Quando fazemos um trabalho que vai ao encontro ao que Deus espera de nós e quando faze mos da Diaconia a verdadeira prática de amor, Deus coloca a mão. Nós temos que fazer a nossa parte e incentivar as pessoas para que façam a parte delas. Deus espera de nós um olhar diferenciado e uma prática diferenciada para com a sociedade, que hoje é alicerçada no individua lismo, onde as tecnologias nem sempre estão a serviço do ser humano e da criação de Deus, mas estão apenas a serviço do capital.

Como o senhor analisa o momento atual da ADL e como ela está sintonizada com a sociedade contemporânea? Houve alguma mu dança na abordagem da fé diante de um mundo tão materialista e consumista como o de hoje?

Siegmund Berger – Trabalhamos com dois opostos. Primeiro, o materia lismo e o capitalismo que levam ao individualismo. Incentivamos os jovens a dividirem, serem solidários, respeitosos, onde o dinheiro não é o alvo de tudo. Para nós, o voluntariado é importante e valorizado. O segundo oposto é a vivência de fé. Não acreditamos numa fé individualizada, mas sim numa fé coletiva. Deus é Deus para mim, para você e para os outros. Por isso, esse assunto é muito importante. A fé das pessoas deve ser tratada com responsabilidade e respeito. Não somos mercadores da fé. Os mercadores de fé usam todos os artifícios possíveis para que as pessoas sejam coop tadas com o objetivo final de extorqui-las em busca do recurso financeiro. Na ADL, trabalhamos a humildade diante de Deus, o respeito à na tureza e ao ser humano, mostrando que a fé é o motivador para que seja mos todos diáconos no dar comida aos que têm fome, dar água aos que têm sede, vestir o nu, visitar os doentes, acolher o forasteiro, visitar os en carcerados e sepultar os mortos. Isso claro, sem assistencialismo. A práti ca da Diaconia é ensinar a “pescar” e estar junto na luta para que todos te nham espaço e instrumentos para realizar a “pesca” de forma sustentável.

O que os alunos esperam ou procuram na ADL?

Siegmund Berger – Eu acho que eles procuram uma formação de vida porque nós não temos nenhum curso oficial. Atuamos no contratur no escolar. Aqui, eles têm formação básica para a vida. O que ajuda muito é o ensino da música, que desperta o interesse deste público. Também oferecemos a formação na área de educador social e esta mos empreendendo uma nova ideia de cuidador de idosos. Temos a sensibilidade de perceber o que pulsa na sociedade e de canalizar as nossas atividades para isto.

O grande desafio é a ADL continuar sendo esta instituição que se adapta à realidade constantemente”.
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Os alunos buscam uma formação para a vida

Sabemos que faltam pessoas para cuidar de idosos e, futuramen te, queremos construir um lar de idosos e dar formação para que os jo vens possam desempenhar essa função. Como não oferecemos cursos profissionalizantes oficialmente, o que executamos aqui serve de tram polim. Nossos alunos podem usar esta experiência e formação para o seu trabalho e vida profissional. Eles sabem que a formação que obtêm aqui é uma base para mais adiante. Temos exemplos de ex-alunos que participaram de seleção para emprego e foram escolhidos por terem esta formação diferenciada. Por isso, entendemos que oferecemos uma formação para a vida.

Quais são os maiores desafios e as perspectivas da ADL para o futuro?

Siegmund Berger – O grande desafio é a ADL continuar sendo esta ins tituição que se adapta à realidade constantemente. Pode ser que che gue um momento em que vigore a Escola Viva do governo estadual e inviabilize o nosso trabalho neste formato atual. Teremos que reinven tar um novo formato. Hoje, nossos alunos estudam à noite na escola convencional para cumprir o conteúdo exigido pelo Ministério da Edu cação e, durante o dia, têm as aulas complementares na ADL, em sis tema de contraturno.

O nosso desafio é ter esta sensibilidade de perceber as mudan ças e adaptar a instituição sem perder o próprio objetivo, que é o nosso trabalho a partir da fé, do envolvimento com a comunidade, do olhar di ferenciado para a sociedade e a natureza, da formação ética do ser hu mano. Isso é imutável. É a nossa base. Se sairmos disto, estamos saindo fora daquilo que foi o objetivo da fundação da ADL.

Aonde a ADL deve avançar mais e quais ajustes necessários para que ela continue cumprindo a sua missão?

Siegmund Berger – Nós temos que avançar na titulação de filantro pia. Fazemos filantropia porque nenhum aluno cobre o seu real cus to dentro da ADL. Realizamos um trabalho de apoio aos nossos jovens que o governo não tem capacidade para fazer. Então, deveríamos ter o apoio do governo e precisamos nos preocupar com isso. A titulação de filantropia nos ajudaria na manutenção desse trabalho, porque a cada ano que passa mais jovens nos procuram e dizem que não têm recur sos financeiros para contribuir. Outra necessidade é como viabilizar a construção e instalação do lar de idosos. Agora, especificamente para a Igreja, um desafio é preparar jovens para serem apoiadores nas pa róquias. Nossos ministros não dão conta do trabalho pastoral. Muitas demandas surgem constantemente. Por isso, seria importante que pu déssemos oferecer uma formação específica para esta área, ou seja, para o trabalho eclesiástico.

A ADL atende principalmente jovens do meio rural e da agricul tura familiar. Qual a principal contribuição que ela dá para es tes jovens? De que forma ela impacta também na família destes jovens?

Siegmund Berger – A principal contribuição é a preocupação com a na tureza, com o que ela tem, o aproveitamento do que ela oferece e a sus

Quando fazemos um trabalho que vai ao encontro ao que Deus espera de nós, Deus coloca a mão”

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Atendendo alunos sem condições de pagar pela formação, a ADL realiza eventos para captação de recursos, tendo boa participação das comunidades

tentabilidade. Mostramos que é importante dar prioridade ao que é natural e evitar produtos químicos. No momen to em que eles entendem este processo e têm consciência que a química faz mal, eles percebem que o que aprende ram em casa, com o pai e a mãe, tem valor. Eles passam a olhar para seu próprio espaço, dão importância para ele e têm a oportunidade de resgatar os seus valores. Também promovemos muitos cursos em parceria com o Serviço Na cional de Aprendizagem Rural – Senar, que dão suporte às atividades no campo.

A ADL tem alguma estratégia específica para abordar as questões rurais com este público?

Siegmund Berger – Temos o trabalho voltado para a agroe cologia e a saúde natural. Mostramos as maneiras que a própria agricultura pode ter de alternativas de combate e prevenção de algumas doenças. Com as alternativas exis tentes na agricultura, há a substituição do agrotóxico por outras opções para tornar a planta sadia, e consequente mente, dá-se a preservação da vida e da natureza.

Há uma forte vinculação da ADL com o povo pomera no, que tem uma presença muito marcante principalmente no município de Afonso Cláudio. Que contribuição a ADL oferece para este povo e para a preservação de sua cultura?

Siegmund Berger – Temos em parceria com a comuni dade um grupo de danças folclóricas, que é uma das for mas de trabalharmos esta parte cultural. Preservamos uma boa parte da culinária (pão de milho = brote, por exemplo) e respeitamos o jeito pomerano de as pessoas serem. Não induzimos os jovens a abandonar suas raí zes. Preservamos certos costumes dentro da religiosida de pomerana. Tentamos preservar isso para que os alu nos sintam que a ADL é uma extensão de sua família na parte cultural e religiosa.

Do ponto de vista pastoral, esta atividade com jovens também favorece a descoberta de vocações?

Siegmund Berger – Na realidade, aqui, os jovens se des cobrem vocacionados por causa de toda a nossa meto dologia de ensino. Esse pulsar vocacional não é só para áreas pastorais. Nós conseguimos fomentar o despertar de dons em diversas áreas. O próprio trabalho que de senvolvemos é um despertar de dons quando em conta to com idosos, jovens, crianças com deficiência, pessoas em situação de risco social, mulheres, comunidade, tra balho eclesiástico, música e outros. Isso tudo pulsa, con tribui para acordar o dom que estava adormecido. Mui tos se sentem vocacionados pela Teologia. Às vezes, os pais estimulam os filhos com essa ideia. Aqui, sedimen

Os estudantes já desenvolvem nas inserções atividades com idosos. Próximo passo é criar um centro de acolhimento

tam ou descobrem que não é isto que querem e desco brem que sua vocação não é para lidar com o ser huma no. Portanto, além de despertador vocacional, somos também clareadores de dons.

Como o senhor vê a ADL daqui a dez anos?

Siegmund Berger – Dinâmica, com um lar de idosos, fazendo a interação dos idosos com os jovens, conti nuando sendo sensível com toda a questão da realida de. Acho que ela está no rumo certo porque tem sen sibilidade de se moldar. Os princípios são preservados, mas a ADL deve se moldar para a realidade. As ava liações e o planejamento são necessários para a ADL, permitindo menor medo de arriscar para novas dire ções e fazendo com que os projetos sempre estejam em movimento.

Eu a vejo daqui a dez anos com os princípios e va lores preservados, mas com mais qualidade na forma ção e no despertar de dons. Se você olhar toda a histó ria da ADL, ela teve altos e baixos. Quando teve poucos alunos é porque se distanciou dos seus valores e da co munidade. Quando recuperamos isso, o número de alu nos cresceu.

Sonhamos com muito afinco o futuro da ADL. De sejamos que ela seja sempre de grande referência para o Sínodo Espírito Santo a Belém e para a IECLB. Desejamos continuar sendo uma casa de formação complementar para centenas de adolescentes, na qual possam encontrar formação musical de qualidade, vivências artísticas, estu do da educação cristã, Diaconia, sustentabilidade de vida e das práticas sociais.

Além da construção de um centro para acolhimen to de pessoas idosas, a ADL ainda possui o sonho de tor nar o curso de música e educação social em formações técnicas reconhecidas. Esse sonho não pode ser longín quo. Isso é demanda já, agora.

ENTREVISTA
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ARTIGO

Diaconia: um chamado para o serviço

Jesus compara o Reino de Deus com uma grande lavoura. Como sabe mos, a lavoura demanda muito trabalho e exige o engajamento de mui tas pessoas. É por isso que Jesus pede a seus discípulos: “Rogai ao Se nhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara” (Mt 9.38).

O grande volume de trabalho no Reino de Deus deve-se ao fato de ha ver “multidões aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor” (Mt 9. 36). Como no tempo de Jesus, também hoje há muitas pessoas aflitas, desorienta das, doentes, carregadas de ansiedade, deprimidas, famintas, ameaçadas, fu gitivas e forçadas à migração. Essas pessoas clamam por ajuda tal qual o cego Bartimeu: “Filho de Davi, tem misericórdia de mim” (Mc 10.46-52).

É por isso que existe na Igreja de Cristo o ministério da misericórdia, ou da cura, ou da Diaconia. Este ministério significa serviço de cuidado e de cura das pessoas.

Diaconia, porém, é mais do que a realização de algumas boas obras. No seu sentido mais profundo, Diaconia é o que o próprio Cristo realiza em favor da humanidade: “o próprio Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc 10. 45). Portanto, a Diaconia é, em primeiro lugar, Diaconia de Deus, realizada através da vida, morte e res surreição de seu Filho. É o serviço de resgate e cura da humanidade.

Durante o seu ministério terreno, Jesus deu abundantes amostras do resgate de pessoas, curando-as, acolhendo-as e defendendo sua dignidade. No seu ensinamento, desdobrou esse serviço nas seguintes atividades: dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, vestir a quem está nu, acolher as pessoas forasteiras, visitar os doentes e as aprisionadas (Mt 25.31-46). Chamou essas atividades de Diaconia (Mt 25.44).

O ministério diaconal existe por causa da Diaconia de Deus e está a seu serviço, ou seja, a serviço do resgate e da cura de pessoas. O próprio Jesus con vida as pessoas que o seguem a inspirar-se no seu ministério de serviço: “por que eu vos dei o exemplo para que, como eu vos fiz, façais vós também” (Jo 13.15). A Igreja, no seguimento a Cristo, é chamada ao serviço. A Diaconia não é apenas um departamento da Igreja. Toda Igreja é essencialmente diaconal.

RODOLFO GAEDE NETO

Ex-aluno, ex-Professor e ex-Diretor da ADL; graduado, mestre e doutor em Teologia pela Faculdades EST em São Leopoldo/RS; e atual coordenador do Bacharelado em Teologia da Faculdades EST

A ADL, em sua história de 60 anos de atividades, tem atentado a este cha mado e tem sido um testemunho vigoroso de engajamento na lavoura de Deus. Ela tem exercitado a Diaconia de formas distintas, ao acolher, ano após ano, jovens das comunidades, proporcionando-lhes acesso ao estudo; ao preparar pessoas para o serviço de colaboração nas comunidades; ao preparar pessoas para o exercício da cidadania a partir dos valores mais caros da fé cristã, como a ética e a solidariedade; ao encaminhar pessoas para a formação teológica e a preparação para o exercício de um dos ministérios na IECLB.

Cabe agradecer a Deus por esta rica trajetória da ADL e também expres sar gratidão às pessoas e entidades que ajudam a ADL a cumprir sua missão.

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ARTIGO

Despertando vocações

Sou o caçula de 12 filhos de um casal de agricultores, analfabetos e descendentes de pomeranos, da região de São João do Garra fão, em Santa Maria de Jetibá (ES). Chegar à oitava série na Esco la Família Agrícola foi uma conquista. Mesmo diante da distância, das dificuldades financeiras, da falta de prioridade das famílias pomeranas aos estudos e da ausência de políticas públicas, o meu desejo era continuar estudando. A esperança surgiu quando conheci a Associação Diacônica Lu terana – ADL, onde fiz o curso Diaconal de 1995 a 1997.

Foi um divisor de águas na aquisição de princípios e no despertar para a vocação diaconal. A ADL me ensinou a valorizar a família, a Igreja, a natu reza, a vida em sociedade e o próximo. Dali, parti para outros saltos nos es tudos e nas atividades religiosas. Entre 1998 e 1999, fiz o curso de Extensão Diaconal pela Escola Superior de Teologia – EST, no Rio Grande do Sul, e in gressei na Comunhão Diaconal – COD, que trabalha em prol do próximo na perspectiva da Diaconia transformadora. A COD foi muito importante na op ção pelo Ministério Diaconal, tendo sido ordenado em 2005.

Ao aceitar o chamado de Deus, sabia que não seria fácil e jamais pode ria me acomodar frente às injustiças. Sou grato pela oportunidade de servir. Em abril de 1999, fui para o Agreste Pernambucano, no município de Grava tá, para a Ação Diaconal do Projeto “O Caminho”. Passei por experiências pe las quais tive vontade de desistir, mas o meu ministério sempre falou mais alto. Presenciei assassinatos, consumo e tráfico de drogas entre crianças e adolescentes, jovens sendo baleados e morrendo no colo das próprias mães, esposa esfaqueando o próprio companheiro, nascimento de bebê no carro a caminho do hospital, sepultamentos de recém-nascidos, prostituição e vio lência. Enfim, situações que me fizeram mais forte para lutar pela justiça.

O trabalho foi se estruturando no intuito de mudar o drama da reali dade local. Em 2002, com o interesse de adolescentes e jovens, iniciou-se a formação da Comunidade Luterana Nordestina. Em janeiro de 2005, o proje to “O Caminho” transformou-se na Associação Luterana Pro Desenvolvimen to e Universalização dos Direitos Sociais – Pro Ludus o Caminho, que hoje é coordenada por mim.

DAVI HAESE

Ministro da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Gravatá (PE), integrante do Grupo Coordenador da Região Missionária Luterana Nordeste e Belém, membro dos Conselhos Municipais da Criança e Adolescente, Assistência Social e da Paz de Gravatá

Ela atua junto à comunidade luterana na mobilização comunitária e formulação de políticas públicas e atendimento de crianças e adolescentes. Vários estudantes da ADL já foram voluntários no local, bem como jovens da Alemanha e da Suécia. Essa interação desperta os jovens da comunida de a estudarem também na ADL, um processo iniciado com dois adolescen tes em 2015.

Acredito que o desafio da Igreja é ser diaconal e missionária em to das as dimensões de sua atuação, o que me faz impulsionar a divulgação do Evangelho e da ação diaconal como alicerces de edificação da vontade de Deus por meio da sua Igreja em todos os lugares e na transformação do mundo. Nesta dimensão, acredito que a ADL é o espaço para despertar vo cações para servir.

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HISTÓRIA

60 anos de história e compromisso com os valores cristãos

Corria o ano de 1956, quando, no dia 22 de fevereiro, foi inaugurada uma das mais impor tantes instituições de formação da Igreja Evan gélica de Confissão Luterana no Brasil – IECLB: a Escola Bíblica Evangélica Luterana do Espírito Santo ou Bibelschule, cravada no bucólico dis trito de Serra Pelada ou também chamado de Lagoa, área rural do município de Afonso Cláu dio (ES) habitada por descendentes dos imi grantes alemães e pomeranos.

Atualmente denominada Associação Diacô nica Luterana – ADL, a instituição completou 60 anos no início de 2016 com uma trajetória mar cada pela contribuição à qualificação diaconal

da Igreja, ao desenvolvimento comunitário e ao acesso a uma educação diferenciada para vá rias gerações de jovens do meio rural do Espíri to Santo e de outros estados.

Funcionando no contraturno escolar dos seus alunos, ela oferece um conteúdo comple mentar voltado para a formação humana e re ligiosa, criando bases para um futuro profissio nal sustentado pela ética, pelo respeito e pelos valores cristãos. Calcula-se que nestas seis dé cadas, cerca de 1.400 alunos tenham passado pela ADL. Muitos deles, hoje, são pastores, diá conos, líderes comunitários, empresários e pro fissionais de diversas áreas.

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Idealizadores

A escola foi fundada pelo pastor Artur Schmidt e sua esposa e catequista Käthe Schmidt, que empreenderam os esforços com o apoio dos membros da Igreja Lutera na e das comunidades para tornar realidade o seu proje to. O casal veio da Alemanha para as atividades pastorais no Brasil, mas ao chegar no Estado esbarrou na carência de pessoas capacitadas para atuar na Igreja por causa da precariedade das escolas no interior, onde ainda hoje se concentra boa parte dos luteranos.

A então Escola Bíblica Evangélica Luterana surgiu com a missão de preencher esta lacuna, de formar lide ranças comunitárias com espírito diaconal e também ele var o nível de conhecimento dos membros das Igrejas e colonos da zona rural. A primeira turma foi composta por 12 jovens do interior capixaba.

Começavam ali os passos iniciais do que se tornou um importante centro de formação diaconal para homens na IECLB, mas sem excluir as mulheres que, até então, já contavam com a Casa Matriz de Diaconisa, localizada em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, e destinada especifi camente para o público feminino.

Os jovens, a maioria filhos de agricultores, recebiam orientação bíblico-teológica e eram preparados para o aten dimento das paróquias e comunidades. Inicialmente, foi ofe recido um curso de dois anos para a capacitação pré-dia conal. Aos alunos que se destacavam era apresentada a possibilidade de continuar os estudos de formação diaco nal. Numa época de poucos recursos, a escola teve como sede a velha casa pastoral da paróquia de Serra Pelada. A antiga paróquia da comunidade era utilizada como salas de aula, enquanto o paiol foi adaptado para servir de dormitório

rapazes e o sótão da escola para abrigar as mulheres.

PRIMEIRA TURMA

HISTÓRIA
dos Alunos da primeira turma da ADL Alfredo Böhning (Santa Maria de Jetibá); Arnaldo Bautz, Ervino Schuwanz, Helmute Töpfer, Valder mar Holz e Franz Uhlig (Lagoa Serra Pelada, Afon so Cláudio); Lourival Jastrow (filial Barra de Lagoa, Afonso Cláudio); Cristiano Küster (filial de Ribeirão da Costa, Afonso Cláudio); Teodoro Garbrecht (filial de Alto Lagoa, Afonso Cláudio), Siegfried Seibel, Bruno Seibel e Norberto Berger (Laranja da Terra). Em 6 de julho de 1958: na sede da Escola Bíblico Evangélica Luterana, alunos e comunidade luterana de Serra Pelada Em 1956: o paiol da antiga paróquia da comunidade luterana foi adaptado para funcionar como dormitório
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Em 1962: Käthe Schmidt dando aula de catequese na Escola Bíblica

Educação básica e diferenciada

Apesar da finalidade de formar colaboradores dia conais para as comunidades e de visar a uma formação específica para o diaconato, a Escola Bíblica Evangélica Lu terana do Espírito Santo também já ofereceu uma educa ção básica. O currículo escolar era abrangente, incluindo disciplinas como Português, Matemática, História e Geo grafia, Alemão, Inglês, Música, Teatro, Esporte; matérias específicas da Igreja – estudo da Bíblia, Catecismo, Histó ria Eclesiástica, entre outras; e estágio em comunidades e instituições diaconais e sociais.

Com o passar do tempo, foi crescendo a procura pela instituição, que ampliou o número de alunos, cons truiu nova sede, adaptou os seus objetivos e conteúdos programáticos aos desafios surgidos e trocou de nome até chegar à atual ADL. Mesmo distante da sede da Igre ja Luterana no país, em São Leopoldo (RS), a ADL tornou -se uma instituição diferenciada e respeitada dentro da IECLB, despertando o interesse dos jovens para as ativi dades da Igreja. De 1956 a 1998, a entidade preparou uma legião de homens e mulheres para o diaconato na IECLB.

A partir de 1999, a Escola Superior de Teologia, hoje denominada Faculdades EST, em São Leopoldo, as sumiu a responsabilidade de formação para o diaconato, cabendo à ADL redefinir a sua missão para o preparo de lideranças comunitárias com enfoque diaconal. A entida de continuou sendo um centro importante de incentivo a vocações para a Faculdades EST e também para os tra balhos comunitários. Muitos dos ex-alunos da ADL estão engajados como voluntários em suas comunidades ao mesmo tempo em que exercem suas profissões. Outras assumiram um ministério na Igreja ou em instituições e projetos apoiados por ela.

A ADL também, ao longo dos anos, tornou-se um polo de promoção e disse minação cultural e artística, criando possibilidades para que jovens da área rural ti vessem acesso a atividades musicais, de teatro, de audio visual, de dança alemã e po merana, entre outros, tendo como critérios a qualidade e as reflexões sobre fé, huma nismo e responsabilidade so cial e religiosa.

Lançamento da fundação da Casa de Irmãos em Serra Pelada, no dia 2 de junho de 1963 Professores e alunos da Escola Bíblica Obras de construção da atual sede da ADL Visita do governador Carlos Lindenberg à Escola Bíblica, em 23 de outubro de 1960
Revista da ADL | 60 ANOS 15

Artur Gustav Schmidt: um homem e o seu ideal

Em 1951, o pastor nascido na Alemanha, Artur Gustav Schmidt, veio para o Brasil com o objetivo de assumir um pastorado no Espírito Santo. Ele estudou Teologia na cidade de Neuendettelsau, onde se formou em 1951. Nes se mesmo ano, também casou-se com a alemã e catequista Käthe Scheuchl (Käthe Schmidt), que o acompanhou em suas missões pastorais.

Ao chegar no Brasil, o casal passou um curto período de adaptação na Paróquia de Jequitibá, em Santa Maria de Jetibá (ES). Depois, foi para a Paró quia de Santo Antônio, em Minas Gerais, e em 1955 transferiu-se para a Pa róquia de Serra Pelada, em Afonso Cláudio (ES). Em suas atividades, o pastor Schmidt sentiu a necessidade de promover a Diaconia no país, o que levou-o a fundar uma Escola Bíblica em 1956, em Serra Pelada, tendo o apoio de Kä the, que atuou como professora da instituição.

Se dividindo entre as funções de pastor da paróquia e diretor-pre sidente e professor da ADL, Artur Schmidt ficou em Serra Pelada por 19 anos, até que em 1970 pediu seu desligamento definitivo, alegando can saço e problemas de saúde. Junto com sua esposa, retornou à Alemanha, onde continuou a atividade de pastor e o apoio à ADL, contribuindo para a construção do seu novo prédio e para o pagamento das despesas da esco la. Artur Schmidt faleceu em 25 de junho de 2012, na cidade de Augsbur go, aos 87 anos.

O casal Artur e Käthe Schmidt atuou em Serra Pelada por 19 anos. Ele se dividia entre as funções de pastor da paróquia e presidente e professor da ADL. Ela atuou como catequista e professora

HISTÓRIA
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Memórias e muita dedicação

Vizinha à sede da ADL, em Serra Pelada, uma mulher de 80 anos costuma receber visitas de alunos para ouvir as histórias da institui ção. Maria Kalk trabalhou como cozinheira da ADL entre 1960 e 1998. Ao longo de quase 40 anos, viu de perto as transformações da entida de, como a construção da sua nova sede, o período de crise na déca da de 80 que quase levou ao fechamento da ADL e o restabelecimen to de sua força educadora mantida até hoje.

Maria Kalk foi para a ADL a convite do pastor Artur Schmidt, tendo atuado como cozinheira da instituição por 40 anos.

Por ter acompanhado toda esta trajetória, Maria Kalk é uma fonte de pesquisa. Nascida em Itarana, ela foi para a ADL a convite do pastor Artur Schmidt, que ia a cavalo realizar cultos naquele município e in sistiu para que seus pais a deixassem trabalhar na entidade. “Cheguei aqui quando a instituição funcionava numa pequena casa com paiol, tinha somente duas camas e muito pouco espaço”, lembra. No início, ela fazia de tudo um pouco, limpava, lavava e passava roupa, cozinha va e até tirava leite da vaca, aproveitando a sua experiência na roça.

Maria tinha 25 anos quando ingressou na ADL e, até então, não sabia ler e nem escrever. Foi alfabetizada na instituição e passou a ler a Bíblia. Ali, também aprendeu sobre o cuidado com a água para não desperdiçá-la e a importância dos alimentos para a saúde. “Isto sem pre foi ensinado para os alunos e funcionários”, reforça. Na cozinha, Maria Kalk tinha uma ajudante surda e muda, chamada Renilda Bor cadt. Esta, não pôde ser alfabetizada porque, na época, não havia pro fessores capacitados na linguagem Libras. Renilda trabalhou na ADL por 31 anos, até se aposentar.

Hoje, Maria Kalk diz ser muito grata por tudo o que aprendeu e pela forma como foi tratada pela instituição. Por causa da idade avançada, ela só vai à ADL em dias de evento. Com emoção, fala da homenagem que recebeu nas comemorações dos 50 anos da en tidade: “Fui homenageada pelo apoio e dedicação à ADL”, observa.

Vizinha da ADL, Maria Kalk é saudosista ao contar suas histórias

Maria Kalk (próxima à janela) e a enfermeira da Escola Bíblica, Adelia Krause de Santo Antônio
Revista da ADL | 60 ANOS 17

DEPOIMENTOS

Inácio Felberg, um

dos fundadores

O meu marido, Inácio Felberg, ajudou na fundação da ADL e atuou como voluntá rio. Trabalhou como professor e foi responsável pelo internato da instituição já na primeira turma de 12 alunos. O Inácio era como um filho para o pastor Schmidt. Os dois se conheceram em Minas Gerais, na comunidade de Santo Antônio, onde o pastor atuou ao chegar no Brasil. Quando mudou -se para Afonso Cláudio e decidiu construir a ADL, Schmidt chamou o Inácio para vir junto. Ele veio servir a comunidade e, aos poucos, assumiu ou tras tarefas paralelas.

Eu o conheci nesta época, quando ele trabalha va na paróquia de Serra Pelada. Ficamos casados de 1972 a 1999, quando ele faleceu, e tivemos quatro fi lhos. Três passaram pela ADL. Trabalhamos com muito suor, mas com muito amor. Em 1959, ele também foi para Alemanha, onde estudou dois anos aperfeiçoan do-se em Diaconia. Inácio também foi juiz de paz por 18 anos no cartório de Serra Pelada, ajudando a fazer casamentos e resolvendo muitas encrencas na comu nidade. Ele faleceu em 1999, quando tinha 74 anos” . Joana Felberg, 68 anos de idade, esposa de Inácio Felberg

HISTÓRIA
O diácono Inácio Felberg, na década de 1960, realizava a cavalo o atendimento nas comunidades luteranas da região
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Joana Felberg Inácio Felberg lecionando

Humanização da sociedade

Conheço a ADL há cerca de 45 anos. Já exer ci os cargos de vogal, presidente e vice-pre sidente da instituição, que é de grande importância para a sociedade. Além de uma formação diferen ciada, ela resgata e ensina valores essenciais para uma convivência respeitosa em família e socieda de. A formação busca um olhar diferenciado, onde o critério não é o econômico, mas a humanização e a busca de práticas que refletem uma sociedade mais sensível para consigo mesma.

A ADL visa à promoção da vida de forma ple na e tem avançado a passos largos nos últimos dez anos, incentivando um olhar criterioso para uma pro dução sustentável com respeito à natureza e qua lidade de vida. O próximo passo será a construção de um lar para o acolhimento de pessoas idosas. É marcante estar junto, não apenas como Diretoria, mas ajudando com tempo, ideias, e, sobretudo, in centivando e divulgando o trabalho realizado pela ADL, o que não deixa de ser um complemento do exercício do meu Ministério Pastoral”

Espiritualidade e solidariedade

Além de pastor na região, fui professor e di retor da ADL de 1993 a 1996. Nasci no mu nicípio de Itueta, em Minas Gerais, e cheguei à ADL aos 14 anos para cursar o ginásio. Na sequência, fiz o segundo grau em Ituiti e Teologia em São Leo poldo (RS).

A convite do pastor Helmar, retornei à ADL em 1993. Neste retorno, ficou combinado que eu atuaria como pastor nas paróquias de Alto Jabu ticabas, em Itarana, e São João do Garrafão, em Santa Maria de Jetibá (ES), além de dar aula de Bí blia e Diaconia na ADL e assumir a diretoria, res pondendo por tudo: currículo, ingresso de alunos, eventos e finanças.

Foi uma experiência muito marcante na mi nha vida. Percebi a importância da instituição para as pessoas, abrindo oportunidades para que jovens tivessem acesso ao estudo. Hoje, tudo é infinita mente mais fácil, mas, naquela época, os jovens do interior tinham na ADL a única possibilidade de estudar. A instituição acolhia esses adolescentes e providenciava tudo o que eles precisavam no in ternato para poderem estudar.

Uma prova da competência da ADL está no fato de que muitos estudantes prosseguiram os es tudos, tornando-se pastores ou profissionais, empre sários ou lideranças consideradas referências em

Revista da ADL | 60 ANOS 19

várias áreas. A vida comunitária que a ADL propor ciona me marcou muito. Ali, os estudantes, profes sores, funcionários e diretores fazem as refeições juntos e realizam reuniões para definir atividades e aparar as arestas naturais da convivência em grupo. É também uma vida voltada para a espiritualidade, num clima de Diaconia e solidariedade entre todos.

Hoje, passados 20 anos desde em que atuei como diretor, fico feliz em verificar que a ADL, que passou por momentos de dificuldades, encontra -se estruturada e continua prestando educação

e formação de qualidade aos jovens. Aproveito para elogiar o pastor Siegmund Berger, que com habilidade, coragem e determinação tomou deci sões importantes para manter a ADL funcionan do de acordo com a filosofia e o propósito para os quais foi criada ”

Pastor, ex-diretor da ADL, mestre e doutor em Teologia, professor da Faculdades EST para mestrado e doutorado em Teologia e coordenador do Bacharelado em Teologia

Criação da COD, um fato histórico

Um momento importante na ADL foi a criação, em 31 de outubro de 1976, da Comunhão de Obreiros Diaconais (COD), hoje cha mada de Comunhão Diaconal. Fundada por um grupo de Serra Pelada e de São Leopoldo (RS), ela visa fortalecer a comunhão entre os integran tes, estimular a formação constante e o vínculo com a Igreja. Eu fui res ponsável pela elaboração da ata, que considero histórica.

Ao longo dos anos e até hoje, muitos ex-estudantes da ADL foram e vão estudar Teologia em São Leopoldo e, agora, também Musicoterapia. Isto deve-se ao diferencial na formação educacional na ADL. A instituição possibilita uma convivência muito rica entre os jovens. Até hoje, tenho uma ligação forte com famílias que conheci e fiz amizade na ADL, sendo padri nho de vários filhos de ex-alunos.

A instituição também dá oportunidades aos jovens, em grande par te filhos de pomeranos do interior, de viverem e conviverem no interna to, recebendo um estudo diferenciado. Outro destaque é a formação dia conal. A ADL sempre se empenhou nesta formação, revelando lideranças para diferentes ministérios da Igreja Luterana. Por onde se vá Brasil afo ra, encontram-se lideranças diaconais formadas na ADL.

A instituição marcou muito a minha vida. Nela, tive a minha pri meira atividade profissional. Nasci e formei-me catequista no Rio Grande do Sul. Com 23 anos, fui para Afonso Cláudio, para atuar na então Fundação Diacônica Luterana (FDL) e dar aula em Ser ra Pelada”

Ex-professor da ADL e atualmente professor de graduação, mestrado e doutorado de Teologia e pró-reitor de Ensino e Extensão na Faculdades EST, em São Leopoldo (RS)

DEPOIMENTOS
Remi Klein
20

DIRETORIA ATUAL

A atual Diretoria da ADL foi eleita no dia 7 de março de 2015, em Assembleia Extraordinária, para um mandato de quatro anos:

PRESIDENTE:

Emerson Lauvrs

Pastor da Paróquia Evangélica de Confissão Luterana em Afonso Cláudio (ES).

VICE-PRESIDENTE:

Lourival Ernesto Felhberg

Pastor da Paróquia Evangélica de Confissão Luterana em Palmeira de Santa Joana, Itaguaçu (ES).

TESOUREIRO

Jonathan Felberg

Taxista em Afonso Cláudio (ES).

VICE-TESOUREIRO

Vanildo Ott

Agricultor em Afonso Cláudio (ES).

SECRETÁRIO Sidney Retz

Pastor da Paróquia Evangélica de Confissão Luterana em São Sebastião, Santa Maria de Jetibá (ES).

VICE-SECRETÁRIO

Valdeci Foester

Pastor da Paróquia Evangélica de Confissão Luterana de Santa Maria de Jetibá (ES).

VOGAL A

Lorivaldo Kunn

Empresário em Domingos Martins (ES).

VOGAL B

Genira Kuhn Pothin

Agricultora em Domingos Martins (ES).

Conselho Fiscal

TITULARES

Nelson Nass, agricultor em Laranja da Terra (ES); Jeremias Piontkowsky, agricultor de Itaguaçu (ES); e Nivaldo Geick Völz, pastor da Paróquia Evangélica de Confissão Luterana em Santa Teresa (ES).

SUPLENTES

Ademilson Lemke, empresário de M. Floriano (ES); Omar Hollunder, agricultor em Afonso Cláudio (ES); e Ervino Reetz, de Serra Pelada, Afonso Cláudio (ES).

DIRETORES EM 60 ANOS
Pastor Artur Schmidt Março/1970 a Setembro/1975 Pastor Ervino Schmidt 1993-1996 Pastor Rodolfo Gaade Neto 1997- 2003 Vera Nunes Outubro/1975 a maio/1979 Pastor
2° Semestre de 1979 a 1983 Pastor
1986-1992 Pastor
1983-1985 Pastor
Fevereiro
setembro/2004 Marcélia Klitzke (Interina) Desde outubro/2004 –Atualmente Pastor Siegmund Berger
1956-1970
Joachim Dürkop
Orlando Stelter
Helmar Rölke
Henrique Seick
a
Revista da ADL | 60 ANOS 21

Linha do tempo

FEVEREIRO

Inaugurada a Escola Bíblica Evangélica Luterana do Es pírito Santo, em Serra Pe lada, no município de Afonso Cláu dio (ES). O evento teve a presença do Cônsul da Alemanha na época, Dr. La bastille Meyer, 14 pastores e um con junto de trombonistas de São Leo poldo (RS), além de apresentações de filme, teatro e música.

Realizada a Conferência Pastoral que elegeu Sieg mund Wanke como o novo Pastor Regional, durante a inaugu ração da Escola Bíblica.

1970

MARÇO

MARÇO

MARÇO

A FDL passa a denominar-se Associação Diacônica Lutera na – ADL. Como curso regu lar profissionalizante, o Cur so Diaconal passa a formar obreiros diaconais. Os estu dantes fazem, paralelamente, dois cur sos: Diaconal na ADL e 1° ou 2° graus nas escolas Elvira Barros (até a 8ª série) e Joaquim José Vieira (2º grau).

1956 1979 1995

A ADL passa a oferecer apenas o Cur so Diaconal e 2º grau, elevando a ida de de seus alunos e sintonizando com os objetivos da casa: o aluno já esta va mais maduro para fazer a opção pelo serviço diaconal.

O pastor Artur Schmidt e sua esposa Käthe Schmidt pe dem desligamento da FDL, alegando problemas de saúde, e re tornam para a Alemanha.

DIA 31

1999

A ADL deixa de formar obreiros e obreiras diaconais para o Ministé rio Ordenado, mas continua forman do líderes diaconais em nível médio.

Iniciada a aula com 12 alu nos. Quatro meninas tam bém foram admitidas como alunas. A Assembleia Geral da pa róquia aprova a construção de um prédio de dois anda res para a moradia do pastor, acomo dação dos diretores e uma parte da Escola Bíblica.

1968

SETEMBRO

FEVEREIRO

Inauguração do prédio pró prio da FDL em Serra Pelada. DIA 25

A ADL inicia o Curso de Agropecuária com enfoque em Agroecologia. Porém, percebeu-se que a maioria dos jovens preferia o curso Diaconal, fechando as sim o curso técnico por falta de alunos.

2005 2007

O Curso Diaconal passou a ser cha mado Curso de Lideranças, com duas ênfases – Diaconal e Catequética.

HISTÓRIA
DIA 24 DIA
25
22
DIA 22 DIA 1º DIA 30 DIA 23

DEZEMBRO

A construção é concluída e inaugurada pelo presiden te da IECLB na época, pas tor Friedrich Wüstner.

1960

DIA 6

Com a fundação da Ordem Caritati va dos Diáconos Evangélico-Lutera nos no Brasil, a instituição de Ser ra Pelada torna-se a primeira casa de formação de diáconos na IECLB.

1961

É adquirida a propriedade em Serra Pelada com recursos da Comunida de Evangélica de Augsburg am Nor drand (Alemanha).

1967

1958 1963

MARÇO

Aquisição de três lotes na Praia de Ita parica (Vila Velha).

1965

MARÇO

JUNHO

DIA 14

DIA 1º

Foi fundado o Ginásio Diacô nico Luterano, ampliando a oferta dos cursos: Magisté rio, Técnico com Contabilidade; Enfer magem, Diácono-aspirante; Cateque se; e Sub-diácono.

A Escola Bíblica é registrada oficialmente como Fundação Diacônica Luterana – FDL. Inácio Felberg é ordenado como pri meiro diácono da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil.

Realizado o lançamento da pedra fundamental para a construção da nova sede da Escola Bíblica.

DIA 2

2008 2012 2015

A ADL redefine a formação de lide ranças com ênfases em Diaconia e acrescenta as formações de lideran ças com ênfases em Música e Ca tequese.

O Curso de Liderança Comunitária ocorre em quatro anos, sendo os três primeiros de formação comum e o quarto com opções de ênfase especí fica: Diacionia, Catequese ou Música.

É oferecida nova proposta de forma ção: nos três primeiros anos, o Cur so de Liderança Comunitária tem en foque para a Diaconia, Catequese e Música e outras práticas artísticas e sociais. No quarto ano, três capaci tações: Educação Social; Cuidador da Pessoa Idosa; e Liderança Musical.

Revista da ADL | 60 ANOS 23

Formação cristã para a cidadania

Preparar os jovens para atitudes transformadoras baseadas na fé cristã, na ética e na cidadania é a razão da existência da ADL, que atua sintonizada com os anseios do seu público. Dos 70 alunos de 14 a 18 anos que estu dam na instituição, cerca de 90% são do meio rural, filhos de pequeno agricultores descendentes de alemães e po meranos de comunidades de luteranos do interior capi xaba e também dos estados de Mato Grosso do Sul, Per nambuco, Rio de Janeiro e Pará.

De acordo com o superintendente da ADL, pastor Siegmund Berger, o objetivo da instituição está alinhado com aqueles que buscam a formação humana, os valo res, o acompanhamento e o desenvolvimento de lideran ças nas comunidades e o compromisso com a sociedade.

“Vivemos numa sociedade que impõe um individualismo muito grande. A gente trabalha na contramão do sistema para ter um olhar diferenciado para a sociedade de uma forma coletiva”, frisa.

A ADL oferece cursos de formação em Lideran ça Comunitária, Liderança em Música, Educação Social e Cuidador de Idosos, todos tendo como pilares a valori zação humana, comunitária e artística. Entre aulas práti cas e teóricas com conteúdos transversais, os estudantes aprendem a história da Igreja, a leitura e interpretação da Bíblia, os cuidados com a saúde e com o meio ambiente, a comunhão de mesas e a divisão do alimento, os direitos humanos, e, sobretudo, a ter respeito e ser solidário com o próximo de acordo com os princípios do cristianismo.

OBJETIVOS, PROGRAMAS E PROJETOS
ESPIRITUALIDADE
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Alunos e professores em procissão religiosa no cruzeiro de Serra Pelada

Para isto, as atividades curriculares incluem ações voluntárias em instituições filantrópicas como Lar dos Idosos, Casa do Menino, Apae, creches e hospitais. Sem pre orientados por um educador social, eles contam his tórias, fazem brincadeiras e trabalhos manuais, cantam e tocam instrumentos, leem a Bíblia, apresentam peças teatrais e dão suporte a campanhas realizadas pelas en tidades visitadas.

Segundo a educadora social e catequista da ADL, Al zira Ratunde, estas ações contribuem para o contato com a realidade e o exercício do voluntariado, que é muito va lorizado pela instituição e base para uma educação cris tã. Chamadas de inserções voluntárias, estas visitas tam bém contribuem para a integração e a espiritualidade do público atendido pelas entidades filantrópicas.

Para garantir efetividade nas ações, os alunos apre sentam um projeto prático na conclusão de cada curso, podendo ser de voluntariado, liderança, música ou ou tros trabalhos onde exercitam o que aprenderam. Desta forma, eles são estimulados a praticar os conhecimentos adquiridos, seja através da continuidade dos estudos ou se transformando em lideranças em suas comunidades.

ALOJAMENTO E CONTRATURNO

Funcionando em regime de internato, onde os alu nos estudam e têm alojamento e refeições, a ADL ofere ce educação não-formal em sistema de contraturno. Por meio de uma parceria com a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Elvira Barros, no distrito de Ser ra Pelada, em Afonso Cláudio, os estudantes fazem as matérias obrigatórias do Ministério da Educação, à noi te: Português, Matemática, História, Geografia e outras disciplinas oficiais.

CURSOS OFERECIDOS PELA ADL

Curso de Liderança Comunitária (1.600 horas)

Com três anos de duração, promo ve vivências e práticas da lideran ça comunitária e do voluntariado.

Formação em Música (400 horas)

Com um ano de duração, proporcio na conhecimentos teóricos e práti cos da música sacra e popular, ins

trumentos melódicos, harmônicos e rítmicos (flauta, violão, teclado, per cussão, piano e outros), além do con tato com a regência e canto coral.

Formação em Cuidador de Idosos (360 horas)

Com seis meses de duração, capa cita para a prestação dos cuidados integrais ao idoso.

Formação em Educação Social (360 horas)

Com seis meses de duração, ins trumentaliza jovens para atuar como Educadores Sociais em projetos sociais com crianças, jovens e adultos, e utilizar ins trumentos pedagógicos e artís ticos para atuação com públicos vulneráveis.

Espiritualidade e meditações na capela da ADL
Revista da ADL | 60 ANOS 25
Nas inserções voluntárias, os alunos visitam doentes em hospitais Aluno no coral da ADL

TRADIÇÃO

Identidade com a música

Quem mora ou transita no entorno da sede da ADL, em Serra Pelada, ouve de longe o ecoar dos sons emitidos pelas flautas, trombones e grupos musicais e coral, num repertório que vai de hinos religiosos da Igreja Luterana às músicas clássicas e sacras. Ali, adolescentes, que raramen te teriam acesso ao ensino da música, aprendem a cantar e tocar instrumentos, despertando os seus dons com os sons.

A música é uma tradição inerente à ADL e um dos principais motivos para despertar o interesse dos jovens a estudarem na instituição. Assim como a grade curricular dispõe de aulas de Bíblia, boas maneiras, história da Igre ja, Diaconia e educação cristã, também oferece aulas de música, canto, coral, regência e prática em pelo menos um dos três instrumentos musicais – flauta, violão ou teclado.

A música exerce uma grande influência no ser hu mano, atingindo o emocional sem passar pelo senso crí tico ou pelo critério do certo ou errado. Por esta razão, a instituição aproveita a música como apoio na formação dos jovens como seres humanos com boa personalidade, utilizando um repertório selecionado e focado no coletivo, na responsabilidade humana e na religiosidade.

Nos três primeiros anos, os alunos aprendem a lei tura das notas musicais e a tocar flauta. Depois, eles preci sam dominar pelo menos um instrumento. Como resultado, a ADL tornou-se uma referência na cultura musical, obtendo grande visibilidade. A instituição conta com grupos de trom bonistas, flautistas e regentes de coro, formados por estu dantes e constantemente convidados para eventos no Esta do. Das aulas da ADL, também já saíram músicos famosos

como Jameica Mansur, ex-Dallas Company, e Rafael Belling, que tornou-se um expoente da música em São Paulo com mestrado na Unicamp.

Atualmente, a responsabilidade de ensinar música aos alunos da instituição cabe ao professor e coordenador do Departamento de Música, Douglas Kalke, licenciado em Educação Musical. Falando do ambiente interno da ADL, ele diz que “a música move tudo aqui. A todo momento, tem um sopro. Ela é tão importante que os jovens veem outros colegas tocando e também se motivam a fazer o mesmo”.

OBJETIVOS, PROGRAMAS E PROJETOS
Estudantes que integram o Grupo de Metais Nos três primeiros anos na ADL, jovens aprendem notas musicais e a tocar instrumentos
26

Douglas Kalke explica que a música na ADL não visa à profissio nalização, embora desperte muitos talentos ou sirva de ferramenta para os que vão trabalhar na Igreja. O ob jetivo é mesmo uma educação dife renciada. Segundo o professor, é fei ta uma reflexão com alunos sobre a mensagem passada pela música. Por isto, há a preocupação com um re pertório de qualidade e que permi ta uma formação mais humanista e cidadã dos alunos.

CALENDÁRIO MUSICAL

A ADL tem um calendário de eventos musicais que já são conhecidos em todo o Estado.

Cantatas natalinas – Apresentadas em dezembro pelo coral Vozes da Esperança, em Igrejas Luteranas, pre feituras e centros culturais em todo o Estado.

Semana de Canto – Acontece sempre no feriado de Corpus Christi.

Recital É realizado em dezembro, em diferentes lo cais, para mostrar o resultado do trabalho com os alu nos: grupos de flauta e trombones, além do piano, vio lão, teclado e coral.

Cursos nas comunidades – Uma vez por mês, profes sores e alunos de música da ADL ajudam no traba lho musical e participam de encontros e cultos da Igreja em todo o Estado.

GRUPOS E ATIVIDADES ARTISTICAS E CULTURAIS DA ADL

Coral Vozes da Esperança – Existe há mais de 20 anos. Formado por 40 participantes, entre alunos, pro fessores e colaboradores da ADL, tem como regente Douglas Kalke. O coral participa de eventos em todo o país e tem cinco CDs gravados, com músicas sacras e populares.

Grupo de Dança Alemã “Land Der Wasserfälle” (Terra de Cachoeiras)

– Surgiu em 1987 e, hoje, é formado por filhos dos fundadores do grupo. São alunos e jovens de Serra Pelada.

Núcleo Audiovisual Lagoa – Criado em 2010, a partir do envolvimento da ADL com a Mostra Capixaba de Audiovisual – MCA. O Núcleo criou e coordena o Cineclube Lagoa, que

exibe curtas e longas metragem na ADL e região.

Coro de Metais “PommerBlosas” – Criado em 2011, é formado por alunos da ADL com aptidão para trombone, trompete, tuba e seme lhantes. O objetivo é manter a tra dição musical da cultura pomerana.

Teatro do Oprimido Fazendo Arte –

A partir de 2009, com o apoio do ex -aluno William Berger, foi adotada a metodologia do Teatro do Oprimido.

Artes plásticas – As artes plásticas sempre foram um importante ins trumento para a instituição. O ensino do artesanato, da produção de velas, das pinturas, dos bordados, das cola

gens e de outras artes incentivam a criatividade, o aprendizado e o sen so artístico. Em 2015, recebeu R$ 20 mil por meio do edital 002/2015, da Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo, com a finalidade de enriquecer as atividades do grupo.

Grupo de flautistas – Reúne 12 alu nos na execução de flautas doces, sopranos, contralto, tenor e baixo.

Grupo da Saúde Popular – Reali za oficinas de curta duração com os alunos sobre produção de chás, massoterapia, relaxamento, plan tio e cuidados de horta medicinal. Também realiza caminhadas eco lógicas para observação e intera ção com o meio natural.

O Coral Vozes da Esperança existe há mais de 20 anos e já gravou cinco CDs
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Formação em Bíblia e música com Pastor Erich Ruff, em 1960. Este é o primeiro registro de atividade de canto na instituição

de Canto: palco para a música e a diversidade

Semana

Anualmente, sempre no feriado de Corpus Christi, o am biente musical da ADL chega ao seu ápice. Cerca de 150 pes soas de todas as idades e religiões se deslocam de vários mu nicípios capixabas e de outros estados para participar de um dos mais tradicionais eventos realizados pela instituição, a Se mana de Canto, que acontece desde 1966. Consagrada como uma grande oficina e um espaço aber to a todas as idades e credos, o evento tem por objetivo formar lideranças musicais da Igreja Luterana e demais religiões. A pro gramação é vasta, incluindo palestras e oficinas de canto, reper tório, interpretação, composição, técnica vocal, musical, flauta doce, educação musical para crianças e saúde do músico, entre outros. Além da formação de um coral durante o evento, também são realizadas apresentações diversas, transformando a sema na num grande palco de performances musicais para iniciantes ou talentos já consagrados.

“A Semana de Canto é uma rede de troca de conhecimen tos, promovendo diálogos entre diferentes áreas como a Teo logia, a Diaconia, a arte plástica, a dança, o teatro, o canto, a composição, a música popular e a música erudita, além da saúde como a musicoterapia, a fonoaudiologia e a fisioterapia”, define Vinícius Ponath, que foi coordena dor do Conselho de Música do Sínodo para represen tar a União Paroquial Grande Vitória e teve participa ção ativa na organização da Semana por vários anos.

OBJETIVOS, PROGRAMAS E PROJETOS
Participantes em apresentação na Semana de Canto
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No mundo das artes

A ADL tornou-se uma marca em acesso à cultura e ao desenvolvimento artístico para os seus alunos. Na ins tituição, eles também desenvolvem atividades de teatro, dança, folclore e produção audiovisual, contribuindo para uma formação humanista e complementar ao que as es colas oficiais não proporcionam.

Somando-se à sua tradição musical, a ADL vem se destacando no audiovisual, acumulando prêmios em níveis estadual e nacional. Os trabalhos dos alunos realizados pelo Núcleo Audiovisual Lagoa já faturaram seis prê mios em concursos, mostras e festivais, sen do o de maior destaque o curta “A Sétima Arte sobe o Morro”, vencedor de um prê mio do Ministério da Cultura.

Conforme o educador social, Alex Reblim , responsável pelo pro jeto premiado, foram produzidos dois curtas-metragens em duas co munidades tradicionais localizadas em áreas mais elevadas de Afon so Cláudio: os pomeranos residen tes na comunidade rural da Mata Fria

(Francisco Corrêa) e um grupo de capoeira no bairro São Vicente, na zona urbana. Os próprios participantes do Núcleo coordenaram e executaram parcialmente o projeto, desde roteiro, gravação até a montagem e edi ção final, mostrando suas percepções sobre os mora dores desses locais.

Por meio do Núcleo, a ADL oferece a formação em produção de roteiros audiovisuais, fotografia, filmagens e montagem. Como resultado, em 2010, foi criado o Cineclu be, que também vem dinamizando o cinema em Ser ra Pelada, envolvendo a comunidade no entor no da instituição. Alex Reblim explicou que a intensão é utilizar o audiovisual como linguagem de divulgação, reflexão e la zer, extrapolando os limites da ADL. A cada dois meses, o Cineclu be exibe um longa ou curta-metra gem para moradores da região, assim como já promoveu festival de filmes de curtíssima duração feitos por no vos meios de comunicação digital, como os celulares.

CULTURA
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Estudantes em atividade de aulas de audiovisual

Transformação com o Teatro do Oprimido

Desde 2009, a prática de exer cícios, jogos e técnicas do Teatro do Oprimido faz parte das atividades educativas da ADL, contribuindo para alinhar ainda mais os objeti vos da entidade ao evangelho liber tador de Jesus Cristo e à formação de jovens conscientes e críticos do seu papel na transformação social. A adoção desta metodologia da dra maturgia, que tem cunho político e li bertário, resultou na criação do Gru po de Teatro do Oprimido Fazendo Arte. Formado por alunos e profes sores da ADL, ele tornou-se fa moso e, hoje, realiza apresen tações até fora do Estado.

A ligação da institui ção com o Teatro do Opri mido, criado pelo teatrólo go brasileiro Augusto Boal e mundialmente conheci do, começou por uma ofi cina realizada pelo ator, ex -aluno e ex-professor da ADL, William Berger , hoje doutorando em Serviço Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

Na época, o resultado imediato foi a introdução de uma nova disciplina nos três anos do curso de for mação de Lideranças Comunitárias oferecido pela ADL. Chamada Corpo em Expressão, a matéria passou a ser ministrada ao lado de uma outra disciplina, denominada Contação de Histórias. As duas usam técnicas teatrais para a instrumentalização dos alunos e também para o trabalho com grupos, instituições e comunidades da IE CLB e parceiros.

Após a oficina, William Berger também foi contra tado pela ADL como professor e diretor do Grupo de Tea tro do Oprimido Fazendo Arte, que ele mesmo ajudou a fundar na entidade. Desde esta época, as atividades in

tensificaram-se, multiplicando as apresentações do Tea tro Oprimido em eventos, instituições e espaços públicos de vários municípios.

Supervisionados por William Berger, os alunos co meçaram a replicar as oficinas para comunidades pome ranas tradicionais, jovens descendentes de negros e ita lianos. Os temas são variados, como direito à educação, violência juvenil e contra a mulher, autoritarismo, me mória e ancestralidade pomerana, a mulher na comuni dade, as drogas, o racismo e o preconceito, entre outros.

OBJETIVOS, PROGRAMAS E PROJETOS
DRAMATURGIA
Alunos ensaiando teatro nos primeiros anos de funcionamento da instituição
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Aula de teatro na ADL nos dias atuais

AGRICULTURA E SAÚDE

Mudando a relação de produção com a terra

Ao entrar nas instalações da ADL, é comum ver alunos trabalhando em hortas medicinal e agroecológica nas áreas exter nas da entidade. São aulas práticas sob a orientação do professor Gilmar Hollunder, filho de pequeno agricultor, ex-aluno da instituição e hoje responsável pelo setor de Saúde Popular e Agroecologia do De partamento de Desenvolvimento Comuni tário da instituição.

Gilmar estudou na ADL de 1994 a 1996, quando existia o curso de Agricul tura Alternativa e Saúde Popular. Retor nou em agosto de 2010, com o objetivo de resgatar o trabalho da agricultura alter nativa que havia se perdido.

Desde então, ele vem se dedicando a ensinar aos alunos da ADL a mudar a relação de pro dução com a terra, por meio de práticas alternativas que combinam saúde, qualidade dos alimentos e preservação ambiental. Já em 2010, Hollunder iniciou o trabalho da Horta Medicinal na entidade e, em 2013, começou o pro jeto Horta Agroecologia por meio de um convênio da ADL com a Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimen to, Aquicultura e Pesca – SEAG/ES e FLD.

As aulas ganharam novo impulso. Hoje, os alunos têm uma hora por dia de atividades práticas, em especial com o manejo de hortas e os cuidados com a terra, seguindo os prin cípios da agricultura orgânica. O objetivo é incentivar a pro dução e o consumo de verduras saudáveis. Para isto, os estu dantes aprendem o preparo de compostos orgânicos, a partir do aproveitamento de sobras de alimentos, para adubos nas hortas e outros plantios, dispensando os aditivos químicos.

Já a disciplina Saúde Popular aborda a relação en tre alimentos orgânicos e saúde, assim como os cuidados com a prevenção de doenças e a necessidade do consu mo da água, incentivando os alunos a ingerirem líquido.

Durante as aulas, que sempre interligam o conteúdo das disciplinas ao meio ambiente, é abordado o problema dos recursos hídricos, frisando que muitas pessoas não

O manuseio da horta reforça o incentivo à produção e consumo saudáveis

têm acesso à água. Como atividade prática, os alunos fa zem visitas a propriedades rurais onde existem nascen tes preservadas, para que eles possam entender esta re lação entre natureza e água, o que pode vir a ser inclusive um potencial turístico da região.

Na parte de alimentação, há o incentivo de se co mer menos carboidratos e produtos industrializados para evitar diabetes, colesterol alto e outros problemas. Nas aulas, Hollunder fala dos alimentos mais destrutivos para vida e destaca a culinária alternativa.

Estudantes em aula de saúde popularw
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DEPOIMENTO

Difusão de conhecimentos e geração de oportunidades

Há muitos anos conheço a importância so cial e educacional da ADL, com formação para jovens e oferta de oportunidades para as pes soas que vivem no campo. Nosso envolvimento es treitou-se mais a partir de 2007, quando ingressei como servidora pública na Secretaria de Esta do da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca – Seag, com a tarefa de propor uma políti ca pública estadual para com a juventude do cam po. Entre tantas instituições com este foco, encon trava-se a ADL.

Formamos coletivos de jovens para, juntos, elaborar um programa visando a um novo concei to que busca descobrir as fontes e as oportunidades de diversificação do tecido social, econômico e cultu ral do mundo rural. Nesta concepção, o imóvel rural passa a ser uma unidade produtiva, pluriativa, multi dimensional e multifuncional, e os jovens rurais, su jeitos de direitos.

Assim, criamos novas oportunidades e resga tamos a identidade cultural da juventude do campo, com garantia de seus direitos sociais como parte da conquista do desenvolvimento histórico da cidada nia universal. A ADL é protagonista desde a forma ção cristã até o fortalecimento comunitário, potencia lizando o repensar e o refazer de vidas.

No Programa Valorização da Juventude Rural, o qual atuei desde a concepção, em 2007, até mar ço de 2015, a ADL foi parceira em cinco ações: For talecimento dos Núcleos de Jovens Rurais; Qualifi cação Social e Profissional; Arte do Saber; Unidade Demonstrativa, Produtiva e Sustentável; e Cultura e Juventude Rural.

A aposta consistia em discutir a atualidade, um novo contexto da ruralidade e os desafios frente às transformações em cada região. Realizamos eventos de mobilização, organiza ção social e produtiva, de bates técnicos, viagens de estudo, cursos, atividades de lazer, esportivas e cul turais. Houve intercâmbios com ações de cinema, mú

sica, teatro e poesia, nas quais a ADL foi multiplica dora com os demais grupos coletivos.

Os jovens também foram qualificados para o espírito empreendedor, o associativismo, a gestão de organizações familiares e pequenos negócios, além das novas técnicas de produção de alimentos segu ros e saudáveis. Foi oferecido acesso às novas tecno logias e informações. A ADL recebeu um laboratório digital e de multimídia para ações locais de fomento a novas técnicas e tecnologias da produção, dissemi nação de informações sobre mercado, custo, produti vidade e valor, por meio de cursos, seminários e en contros. Também foram realizadas ações de cultura, esporte e lazer nas localidades rurais com o uso de equipamentos e a instalação de salas de cinema, rá dios comunitárias, blogs e sites, entre outros.

Outra abordagem consistiu no estímulo à ini ciação científica, visando despertar no jovem a cons trução do raciocínio lógico, a explicação racional dos fenômenos naturais, sociais e econômicos, a capaci dade de propor novas incursões nas práticas agríco las e zootécnicas, além de envolvê-lo na recuperação e conservação do meio ambiente. A ADL foi contem plada com equipamentos.

Podemos afirmar com total convicção de que os equipamentos cedidos e as formações realizadas foram incorporadas ao cotidiano da ADL com serie dade e competência, associando conhecimentos teó ricos-científicos à prática da produção, especialmente agroecológica, impulsionando o desenvolvimento sus tentável do meio rural e potencializando a difusão de conhecimentos entre os jovens com reflexo na família e na comunidade. Estamos coletivamen te, Seag e ADL, junto com outras im portantes entidades, permitindo a elevação da nossa juventu de para um tempo de reco nhecimento e respeito”

Kiefer Coordenadora Estadual de Relações Institucionais da Vice-governadoria do Espírito Santo

OBJETIVOS, PROGRAMAS E PROJETOS
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Abrindo novos caminhos para a vida

A ADL tem sido um campo de oportunidades para o desenvolvimento de jovens da área rural. São múltiplos os exemplos de pessoas que saíram da roça para estudar na ADL e, depois, seguiram outros rumos na vida profissional, mas sem perderem a sua história e seus vínculos com a ruralidade e a sua cultura.

É o caso de Levi Tesch, ex-aluno da instituição que se transformou num empresário, dono do supermercado e far mácia Schwambach e da fábrica de pães Lekker, em Afon so Cláudio (ES). Ele é taxativo quando diz que “se não fos se a ADL, estaria trabalhando na roça até hoje e não teria passado da quarta série primária”. Filho de pequenos agricultores da zona rural de La ranja da Terra, Levi soube da ADL em 1976, através de um vizinho, e viu ali a única possibilidade de continuar estudan do. “Eu havia terminado a quarta série primária, que era o ní vel máximo que se conseguia chegar na escola da zona rural onde eu morava. Meus pais não tinham recursos para me man dar estudar fora, mas eu queria continuar. Foi quando soube que um vizinho iria para a ADL, e insisti para ir junto”, relembra.

Ele passou na prova de seleção e conseguiu bolsa de estudo para man tê-lo na ADL de 1977 a 1983. “Durante a entrevista, eles viram que eu precisa va de ajuda e uma senhora da Alemanha pagou os meus estudos em regime de internato. Roupas, alimentos, livros, cadernos, hospedagem, era tudo pago por esta mulher”, explica.

Desta forma, Levi realizou o seu sonho. À noite, estudava na Escola Es tadual Joaquim José Vieira, em Serra Pelada, e durante o dia tinha aulas na ADL, de onde saiu como assistente diaconal. “Estes sete anos foram a base da minha vida. Aprendi música e sobretudo a ter formação religiosa, ética, respei to pelas pessoas e leis. Dificilmente, alguém que passou pela ADL se envolve com corrupção”, explica.

O empresário também lembra, com orgulho, de ter trabalhado voluntaria mente nas obras de expansão da ADL: “Fui auxiliar de pedreiro, fazia e carrega va massa, lajotas e outros materiais”. Após concluídos os cursos, por indicação de Leonardo Back, um dos diretores da ADL na época, Levi Tesch estagiou na Cai xa Econômica Federal, de onde saiu para ser funcionário no Bradesco. Foi quan do casou-se aos 19 anos, desligou-se do banco e ingressou no ramo dos negó cios, transformando-se em empresário. Atualmente emprega 220 pessoas em suas empresas.

Ele mantém os vínculos com a ADL, ajudando financeiramente e partici pando das atividades da Igreja Luterana no município. Depois de casado, che gou a formar um coral de dez pessoas, chamado Grupo Espaço, regido pela

EXEMPLOS DE OPORTUNIDADES
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professora Matilde Ludcke. Além de percorrer o Espírito Santo e o Brasil para representar a instituição em eventos, o coral gravou o CD Diaconia, uma cole tânea de hinos da Igreja Luterana. O grupo encerrou suas atividades em 2004, vários anos após a saída de Levi.

Professora

Outro exemplo veio da professora Ketrim Dafiny Enghert Bor charddt , que até o final de 2015 foi responsável pelos internatos da ADL e ensinou boas maneiras e flauta doce aos alunos do pri meiro ano da instituição. Filha de agricultor e conhecedora das dificuldades de quem vive e sobrevive do campo, ela nasceu em Itaguaçu (ES) e estudou na ADL de 2007 a 2009.

Em 2009, por meio de um projeto de intercâmbio, foi es colhida, junto com outros três alunos e três funcionários da Igre ja Luterana no Brasil, para uma viagem de um mês à Holanda, visando conhecer como funcionava a Igreja e o trabalho agríco la naquele país.

Em 2010, Ketrim foi trabalhar numa serraria da família, onde ficou por quatro anos, até reingressar na ADL como professora em 2013. Atual mente, aos 24 anos, ela também é taxativa quando diz que, se não tivesse es tudado na instituição, dificilmente teria boas oportunidades. “Na ADL, se cuida da formação do ser humano como um todo”, afirmou.

DEPOIMENTOS DE ALUNOS

CUIDADO COM O PRÓXIMO

Estou na ADL desde 2012, porque te nho o sonho de estudar Teologia e ser pastor. Aqui, tive contato com um mundo novo. Além das atividades bíblicas e musicais, gos to da importância que a instituição dá aos cui dados com as pessoas e à preocupação com o próximo. Aqui se faz com e para as pessoas. Não vivemos sozinhos e ajudamos uns aos ou ros. Aprendi a viver melhor”

Paulo Henrique Nass Aluno da ADL – Laranja da Terra (ES)

APOIO E DIREÇÃO

Sou da Igreja Luterana. Vim para a ADL atraído pela música, pela educação so cial e pelas experiências com outras culturas, pessoas e opiniões. Valorizo muito o trabalho social da instituição, que não fica presa apenas ao ensinamento da Bíblia. Gosto das inserções voluntárias. Já participei de uma inserção no Abrigo Rainha Sílvia (RJ) e Lar Ebenezer (PR) e também realizei uma formação musical no Festival Internacional de Música Erudita e Po pular. Em 2011, minha mãe faleceu. A ADL foi o apoio para mostrar a direção que eu deve ria tomar na vida” .

EXEMPLOS DE OPORTUNIDADES
Carlos Eduardo Holz Aluno da ADL – Itarana (ES)
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Resgate de um menino da roça

Com a voz calma, jeito fraternal e beiran do os 70 anos de idade, o advogado Valdemar Holz tem uma história de vida que sintetiza o potencial transformador da ADL para a realidade das pessoas da zona rural. Ele é filho de pequenos agricultores descendentes de pomeranos e alemães instalados na Barra do Empoçadinho, próximo à Serra Pelada, em Afonso Cláudio (ES).

Até os 10 anos, Valdemar só falava o po merano e o alemão, idiomas praticados pelos pais dentro de casa e predominantes em sua comu nidade. Foi nesta idade que o então menino tími do da roça ingressou na ADL, depois que o pastor Artur Schmidt convenceu os seus pais a deixá -lo estudar. Valdemar foi aluno da primeira tur ma de internos formada pela Escola Bíblica, que mais tarde viria a ser ADL. Ali, ele aprendeu a fa lar e escrever em português. “Aprendi muita coisa. Era como um segundo grau, com aulas de Histó ria, Geografia e outras. Os professores eram pas tores”, lembra.

Depois da ADL, enquanto os demais colegas foram para o Rio Grande do Sul estudar Diaconia ou Teologia, Valdemar Holz optou por trabalhar no car tório de Serra Pelada. “Meus pais não tinham condi ções de me mandar para fora”, conta. Ele firmou-se na nova atividade e transformou-se no primeiro ta belião que falava pomerano e alemão, conquistando a confiança de pessoas destas descendências: “Vinha gente até de outros municípios. Alguns chegavam a cavalo. Muitos também não falavam português. Eu atendia no cartório, conversava com eles, dava orien tação. Foi uma forma de retribuir o que aprendi na Escola Bíblica”, relata, acrescentando que também se transformou no juiz de paz da comunidade e pre sidente da paróquia.

Dali, Valdemar Holz foi para a Alemanha estu dar Administração Hospitalar por indicação da Igreja Luterana em parceria com o governo alemão, visan do à administração dos recursos daquele país que fo

ram aplicados na construção do Hospital Evangélico de Domingos Martins. “Uma das exigências era que um brasileiro fizesse este acompanhamento, e eu fui indicado”, conta.

Quando retornou, Valdemar mudou-se para Domingos Martins, assumiu a construção e, de pois, a administração do hospital, quando também decidiu cursar a faculdade de Direito. Ele foi ainda secretário municipal da Prefeitura por duas vezes, uma na pasta de Saúde e a outra na de Adminis tração. Para Valdemar, a ADL abriu-lhe o campo de visão e as portas do mundo. Hoje, ele está aposen tado e continua morando em Domingos Martins, onde tem por hábito registrar fatos que resgatam a história da ADL.

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Aos 10 anos, na ADL, aprendi a falar português”

Chance para uma vida diferente

O casal Armando Saick e Maria Pa gung, médico e farmacêutica respec tivamente, também estudou na ADL entre 1972 e 1976. Descendentes de pomeranos, filhos de agricul tores e originários da zona ru ral do município de Vila Pavão, os dois viram na instituição a oportunidade de continuar os estudos, já que as escolas de sua região ofereciam no máxi mo até a quarta série.

“A ADL era a chance de uma vida diferente. Era a chance de estudar e de crescer”, afirma Ar mando Saick, que conheceu Maria Pa gung quando eram alunos da entidade. Depois, os dois casaram-se e foram morar no Rio Grande do Sul para continuar estudando e trabalhando, entre 1976 e 1994.

Armando Saick cursou Medicina na Universida de Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS e fez residên

cia médica em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital Materno-Infantil Presiden te Vargas, em Porto Alegre. Maria, por sua vez, estudou Licenciatura em Letras e Farmácia também na UFRGS. Em janeiro de 1994, o casal mudou-se para Santa Teresa (ES), onde hoje exerce suas atividades profissionais, na clínica Saúde Plena.

“A ADL abriu portas para um mundo até então desconhe cido. Quando fomos para lá, não sabíamos o que era um internato. Aprendemos a conviver com colegas, a fazer atividades do dia a dia, como a lim peza das salas de aula, plantio de hortaliças e serviços de cozinha. Enfim, aprendemos a ser quem so mos hoje”, relata Maria Pagung. “Este começo foi fundamen tal para nos dar o impulso inicial para seguir estudando e focado em um grande objetivo”, finaliza Armando Saick.

DEPOIMENTO DE EX-ALUNO

A PRÁTICA DA DIACONIA

Estudei na ADL de 1999 a 2001. Foi um divisor de águas em minha vida. O meu mundo limitado passou a ter horizontes que apontavam para além das minhas ex pectativas. A convivência com os colegas e professores, o estudo das disciplinas e a inser ção prática foram impactantes no meu desenvolvimento. Muito do que exerço hoje na atividade ministerial, a forma como concebo o mundo e a postura frente à vida, a ADL foi relevante nesse processo. Além do aprendizado, do exercício da espiritualidade e do desenvolvimento, a ADL me deu a oportu nidade de uma viagem com um grupo de alunos, acompanhados da Diretora, a comunidades na Alemanha. Depois de ordenado Diácono da IECLB e atuar em dois campos de atividade ministerial, tive outra experiên cia maravilhosa com a ADL: atuei como educador social de 2011 a 2013. Foi gratificante fazer parte da mis são da ADL na formação de jovens. A ADL tem como fundamento a ética cristã que é o amor e o cuidado ao próximo baseado nos ensinamentos de Jesus. Isto é a essência da Diaconia.

Desde a sua fundação, a ADL busca exercer seu testemunho e a prática da Diaconia em meio à so ciedade. Portanto, a sociedade é beneficiada quando uma instituição visa capacitar seres humanos mais conscientes e potencializa a sua participação na construção de uma sociedade melhor”

Vanderlei Boldt Bacharel em Teologia, Pós-graduado em Pedagogia Social e Ensino Religioso e Diácono da IECLB. Atua como Capelão no Hospital Estatual Dr. Jayme dos Santos Neves – HEJSN na Serra (ES)

EXEMPLOS DE OPORTUNIDADES
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Equipe, democracia e respeito

O trabalho em equipe, o exercício da democracia e um projeto com mulheres da roça são algumas das experiên cias inesquecíveis para a ex-aluna, ex-professora e ex-coordenado ra de projetos da ADL, Valdete Berger, que carrega consigo a maior lição aprendida no pe ríodo em que esteve na enti dade: o trabalho com amor e dedicação, valorizando e respei tando o ser humano e a natureza.

Atualmente professora em Vila Pavão (ES), onde também atua como diácona ordenada na comunida de religiosa e realiza atividades voluntárias com adolescentes, ela diz que tornou-se uma profis sional crítica, criativa e comprometida com o que faz. “Este diferencial, eu devo à ADL”, ressalta Valdete, que é descen dente de alemães e pomeranos da região de Vila Pavão. Ela foi estudar Diaconia na ADL em 1987 e, para lelamente, cursar Habilitação ao Magistério na escola pú blica Joaquim José, em Serra Pelada. Depois, atuou como professora e coordenadora na instituição entre 1990 e 1996. Das recordações daquele período, fala com emoção do projeto “Mulheres ajudam mulheres a se ajudar”, rea lizado pela ADL em parceria com a Alemanha. “Comecei neste projeto quando era aluna do terceiro ano e continuei por mais seis anos. O foco eram as mulheres trabalhado

ras da roça e da vila de Serra Pelada, pro movendo encontros, oficinas e pales tras”, explica a professora.

Para ela, foram momentos marcantes com a troca de expe riências, reflexões, desabafos e tomada de consciência em re lação à violência doméstica e ao machismo. Além de abrir caminhos profissionais, Valdete Berger diz que a ADL também é responsável pela sua partici pação na Comunhão de Obreiros Diaconais – COD, que integra pessoas que passaram pela ADL (ES) e pelo Se minário Bíblico Diaconal (RS).

Enquanto aluna da ADL, ela diz que experi mentou o que é viver numa grande família, onde as regras devem ser de fato respeitadas para que a casa funcione. “Lembro das assembleias do Grêmio Estudantil, onde os problemas eram resolvidos coletivamente com alunos e professores. Isso me marcou muito e me ensinou o que é democracia. Aprendi a gostar de política”, destaca. Enquanto professora, o que mais recorda é o traba lho em equipe: “Nossa equipe semanalmente sentava na sala dos professores, onde falávamos abertamente das nossas alegrias e dificuldades. O tempo nunca foi impedi mento para que diretor e professores estivessem juntos planejando, executando e avaliando as ações”.

DEPOIMENTO DE EX-ALUNO

VIDA EM COMUNHÃO

Estudei na ADL de 2010 a 2013, onde tive embasamento para ingressar na faculdade de Teologia em São Leopoldo (RS). A ADL foi o primeiro passo para realizar o meu sonho de ser pastor. Nela, conhe ci mais sobre a história da Igreja Luterana e convivi com pessoas de outros estados e culturas diferentes. Aprendi a viver em comunhão e a respeitar a diversidade. Vejo-a no futuro como uma casa que vai formar cada vez mais lideranças para a Igreja Luterana. Ela a ajuda a refletir sobre a vida, a ser uma pessoa crítica enquanto cidadão e como lidar com os erros e acertos nossos e dos outros. A ADL incentiva a viver em sociedade, fazendo a diferença na comunidade e na vida das pessoas” Jeferson Buss Ex-aluno da ADL e atualmente estudante de Teologia em São Leopoldo (RS)

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Acolhida além das fronteiras

A oportunidade de formação oferecida pela ADL já extrapolou as fronteiras capixabas. A cada ano, cresce o interesse de alunos de outros estados. Atualmente, a entidade abriga estudantes do Mato Grosso, Rio de Janeiro e Pernambuco, entre outros.

Um exemplo é Vanessa Zanella Batschke, 17 anos, do Mato Grosso. Ela descobriu a instituição por intermédio de uma pastora de Santa Catarina, que ha via estudado na ADL. “Aqui, eu gosto de conviver com as pessoas e do aprendizado nas áreas de educação, saúde e música”, ob serva Vanessa, que pretende futuramente fazer a Faculdade de Teologia. Para ela, o curso da ADL dá uma base para atingir o seu objetivo de ser pastora, realizando in clusive o sonho de seus pais. A estudante fez o primeiro ano na ADL em 2015 e dese ja optar pela música no quarto ano.

Já Michele Pereira de Oliveira, 16 anos, veio do Rio de Janeiro e chegou à instituição num mo mento difícil em sua vida. Ela conheceu o Abrigo Rainha Silva, que abriga mulheres em situação de risco social, e lá ficou sabendo da ADL. “Che guei à ADL por meio de um pastor, que fez a su gestão à minha mãe”, conta. Michele diz que era muito tímida e que foi muito bem acolhida na ADL, conseguindo, aos poucos, deixar a timidez para trás.

Ela enfatiza que, se não fosse a instituição, não teria a oportunidade de estudar música, uma desco berta em sua vida. “A ADL faz as pessoas crescerem e tem um papel importante para mim”, ressalta, dizen do que, agora, está mais preparada para superar as adversidades devido à vivência na instituição. A estudante já sonha com uma faculdade de dan ça e artes cênicas. “Na ADL, conheci e me apaixo nei pelo teatro”, afirma, frisando que no futuro vai olhar para trás, ver que foi bem enca minhada na vida e que tudo isto se deve à instituição.

O estudante José Felipe Fabiano da Silva, 20 anos, é de Pernambu co e em 2015 cursou o primeiro ano da ADL. O seu objetivo é adquirir base para cursar Teologia. “A ADL é uma referência nacional”, frisa, informando que veio para a entidade por orientação de um pastor que co nhecia a instituição capixaba.

“Adiei a entrada na faculdade para ter esta base”, observa, adiantando que tam bém pretende cursar Psicologia e Serviço Social. “Gosto de ajudar as pessoas”, frisa. Na ADL, para ele, tem sido importante a vivên cia com as pessoas com suas diferentes histó rias de vida. “Aqui, os jovens aprendem a viver e são orientados para os desafios”, ressalta.

EXEMPLOS DE OPORTUNIDADES
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Alunos e professores (2014): estudantes capixabas e de outros estados

DE PARCEIRO

Instituição modelo com valores essenciais

A ADL escolheu trabalhar com nossos ado lescentes e jovens, períodos muito vulnerá veis na vida das pessoas, pois são as fases de es colhas decisivas para o futuro (profissão, formação, namoro) e para a vida cristã. Isto nos leva a pensar na instrução dos nossos jovens, o que a ADL vem fazendo muito bem ao longo dos seus 60 anos, aco lhendo e integrando os futuros pastores, diáconos e catequistas com muito amor.

Esses estudantes chegam de toda parte, fi cando fora de casa e sentindo falta da família e dos amigos. Porém, a instituição tem profissionais ca pacitados para momentos de integração e de compartilhamento de um ombro amigo, de palavras de carinho e de incenti vo. A ADL tem na sua essência a educação e, em virtude disto, a vejo como escola-modelo, com altos valores que precisam ser mantidos.

É aí que entra o traba lho de parceria com a Oase do Sínodo Espírito Santo a Belém, madrinha com muita honra dessa instituição. Por meio de campanhas

de alimentos não perecíveis, materiais de higiene e limpeza, toalhas de mesa e roupas de cama, cola boramos para a manutenção da ADL, além de ora ções em seu favor, na certeza de que estamos au xiliando na formação de cada estudante que trará retorno para as nossas comunidades e sociedade. Na parceria ADL–Oase, muitos projetos já foram concretizados e muitos ainda poderão ser realizados. São duas instituições a serviço da IE CLB, com muito orgulho. A Oase, por meio do seu lema, ‘Comunhão, testemunho e serviço’, sente -se responsável por esta instituição que o criador nos confiou e, em troca, dela recebemos apoio para alegrar nossos encontros com cantos, oficinas, palestras e apresentações teatrais. Como mulheres da Oase, que Deus nos ajude a sermos jardinei ras deste imenso jardim que é a ADL”

DEPOIMENTO DE EX-ALUNA

PELO BEM DE TODOS E TODAS

Minha história na ADL começou quando eu tinha 14 anos. Sempre gostei de música, participava de muitos grupos em minha comunidade e buscava algo a mais para minha vida pessoal. Isto me mo tivou a ir para lá. Foram três anos no curso de Liderança Comunitária com ênfase em Diaconia.

Na ADL, a convivência é o que mais nos ensina, desde lavar pratos até ajudar no jardim. Nas inserções e assessorias em comunidades, conhecemos pessoas, lugares e compartilhamos saberes. Foi um tempo de mudança e crescimento em minha vida. Passei a dar valor às pessoas e não aos bens, a me preocupar e res peitar, a cuidar e lutar pelo bem de todos. Além disso, tive a oportunidade de trabalhar como professora de flauta e de boas maneiras e na organização da casa. O momento mais marcante na ADL foi o inter câmbio na Holanda. Se hoje sou o que sou, devo muito a esta casa, que me acolheu e me ensinou a viver. A ADL tem papel fundamental em minha vida. Muito obrigada!”

Clara Gums Ex-aluna e estudante de Teologia na Faculdades EST, em São Leopoldo (RS)

Evanir Burzelaff Borchardt Presidente Sinodal da Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangé licas – Oase
DEPOIMENTO
Roana
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DEPOIMENTO DE PARCEIROS

Juntas em favor da formação dos jovens

A Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangé licas – Oase e a ADL mantêm uma relação de parceria, pois sempre que possível os jovens da ADL participam dos nossos encontros com sua música. A Oase também participa e realiza cam panhas para a instituição nas comunidades, visando angariar doações e acolhen do os jovens enviados para estágio nestes locais.

A ADL é uma importan te referência na formação de jovens e cativa-os com a mú sica, além de incentivar uma melhor qualidade de vida de les e das comunidades capi xabas. Vejo um merecido re conhecimento da ADL quanto à formação musical dos jovens que

por ela passam. Isto acrescenta muito na forma ção dessas pessoas, que se sentem vocaciona das a procurar uma formação teológica e profis sional mais específica. Que ela continue atuando com esse olhar diferenciado para a formação dos jovens, principalmente na área da música. E que como a Oase, que procura ser e espalhar o bom perfume de Cristo pelas comunidades, a ADL também continue a ser o bom perfume de Cristo para todos os jovens que por ela passam”

Marco educacional e em lideranças

A ADL é um marco educacional no muni cípio de Afonso Cláudio, formando lideranças através da educação. Diver sas pessoas que passaram pela ADL, hoje, ocupam posições de desta que na sociedade. Isto é fruto de uma educação mais ampla, que envolve caráter e responsabilida de social. A instituição tem tam bém uma interação muito grande com a comunidade. Os trabalhos desenvolvidos pela ADL com a cul tura, a agricultura orgânica e a saú de são extremamente importantes para o nosso município. A ligação com a música é expres sada nos corais e nos trombonistas. A instituição con tribui para o resgate e a preservação das culturas po merana e alemã.

No campo da saúde, tem o trabalho de pre venção ao câncer de pele. No meio rural, exerce uma

influência muito grande, especialmente na agri cultura familiar e orgânica. A maioria dos alunos da instituição são jovens da área rural, que são preparados para exercer a liderança e ter uma nova relação com o cam po. Eles aprendem a adminis trar propriedades, a produzir alimentos mais saudáveis e a buscar novas alternativas de renda, reforçando os seus vín culos com o meio rural e buscan do qualidade de vida. Muitos alunos retornam para suas comunidades, onde são multiplicadores dos novos conhecimentos, tor nam-se líderes e contribuem para o desenvolvimen to e fortalecimento das atividades rurais”

EXEMPLOS DE OPORTUNIDADES
Wilson
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DEPOIMENTO DE PARCEIRO

Fé e ecumenismo

A ADL é um orgulho para a Paróquia Evan gélica de Confissão Luterana de Serra Pe lada, onde a presença da instituição faz toda a di ferença. É movimento! Como comunidade luterana, conseguimos ser uma Igreja mais jovem e viva. A espiritualidade perpassa os trabalhos da ADL jun to com a comunidade local. Sempre quando a ADL ‘aparece’, o momento é para fortalecer a fé. Uma das contribuições para a Igreja Luterana é a capa citação de lideranças musicais para atuar nas comunidades.

Também fortalecemos o ecu menismo. A abertura ecumênica, com diversas celebrações ao pé da cruz no Morro do Cruzeiro, em Serra Pelada, e a Semana de Oração pela Unidade Cristã acontecem com as igrejas Ca tólica e Luterana.

Na educação, com a ADL em Serra Pelada, os adolescentes conseguem cursar o ensino médio. Se

não tivéssemos os alunos da ADL, com toda certeza, não haveria aulas de ensino médio na Escola Elvira Barros, por existirem poucos estudantes na região. No município, também temos muitos ou tros impactos da ADL, com o trabalho dos alunos no Centro de Convivência dos Idosos e no hospital local, os projetos para o desenvolvimento susten tável, o resgate à cidadania e a valorização huma na. A contribuição na cultura local é significativa. Além das apresentações musicais e do Teatro do Oprimido, anualmente, a ADL realiza a Wurst Fest (Festa da Linguiça), tendo a parceria da Associação dos Agriculto res, do Grupo de Dança e da Escola Elvira Barros, visan do manter viva a cultura po merana”

Paulo Marcos Jahnke

Pastor da Paróquia Evangélica de Confissão Luterana em Serra Pelada, em Afonso Cláudio

DEPOIMENTO DE EX-ALUNO

MINHA SEGUNDA E ETERNA CASA

O bem mais precioso que aprendi em quatro anos de ADL: oferecer o que temos de melhor é estar em consonância com o próprio Evangelho de Jesus Cristo vivo em nossos dias. Na ADL, se constrói uma família. E quando falo em família me refiro a seres dispostos a servir.

A ADL me deu a oportunidade de fazer uma inserção voluntária em Rondônia, na Escola para a Vida, onde atuei como professor de música para crianças humildes. Outro ponto marcante foram os es tágios no Centro de Convivência em Laranja da Terra (ES), em nossa mais humilde forma de lidar com idosos. Agora estou em São Leopoldo (RS), cursando Teologia, para num futuro próximo ter o privilé gio de anunciar esse Menino Jesus, que deve nascer todos os dias dentro de nossos corações”

Gustavo Mundt Klug

Ex-aluno da ADL e atualmente estudante de Teologia na Faculdades EST (RS) – Laranja da Terra (ES)

Revista da ADL | 60 ANOS 41

Mãos estendidas à família Lüdtke

Fui professora de música da ADL durante 20 anos. Cheguei na instituição quando tinha 11 anos. Eu morava na roça, meu pai faleceu e minha mãe, na época com 30 anos, ficou em dificuldade com os quatro filhos. Foi quando um pastor da localidade de Crisciú ma, no município de Laranja da Terra (ES), aconselhou minha mãe a ir para a ADL com os filhos.

Fomos acolhidos e residi mos nas dependências da institui ção. Minha mãe trabalhou na cozinha. Eu e meus três irmãos estudamos lá. Um dos meus irmãos, o Josias, depois foi secretário da ins tituição e trabalhou nela até falecer, em 1988.

Eu cursei três anos na Faculdade de Música do Espírito Santo – Fames. Neste período, eu dava

aulas de música na ADL e ia a Vitória uma vez por semana para estudar. Deixei a ADL em 2009 e me ca sei em 2010, indo morar em Iúna (ES), onde hoje continuo como professora de música.

Todos estes fatos mostram a importância da ADL em minha vida. É como a minha segunda fa mília. Ali aprendi tudo sobre a vida. A instituição estendeu as mãos para toda a minha famí lia, numa ocasião vital para a sobre vivência de todos. Além disto, os alunos da ADL saem de lá com uma educação incrível”

Ex-aluna e ex-professora da ADL

ESPERANÇA NOS JOVENS DA ADL

Minha filha, Veronica Kunn, 16 anos, está há um ano na ADL. Se eu soubesse que se ria tão bom, já teria enviado-a antes. Ela já era educada, mas tornou-se ainda mais. Conversa com as pessoas em voz baixa e com respeito, tem um jeito especial de tratar a mim e à mãe. Minha filha está no segundo ano do Curso de Liderança Comunitária. No quarto ano, ela de verá fazer Cuidador de Idosos. Também está aprendendo música. Eu e minha esposa atuamos em mutirões e organização de festas para ajudar a manter a ADL. Para mim, é uma grande alegria ver jovens juntos e fazendo este trabalho num mundo que a gente pensa que está perdido. Ficamos esperançosos com estes jovens”

EXEMPLOS DE OPORTUNIDADES
Lorivaldo Kunn Pai de aluna e empresário de Santa Isabel, Domingos Martins (ES)
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DEPOIMENTO DE PAI

Espaço confortável abriga até 80 alunos em alojamento

A ADL não cobra mensalidades dos alunos, mas pede uma contribuição para auxiliar nas despesas com alimen tação e energia. Se a família não tiver condições, é conce dida a isenção e também buscado apoio financeiro de par ceiros e doadores, a maioria das comunidades luteranas. A Associação tem uma infraestrutura confortá vel para abrigar até 80 alunos em alojamentos. Num espaço de mais de 36 mil metros quadrados, dos quais 3.361 são de área construída, a sede da entidade é um complexo com 38 quartos, oito salas de aulas, um salão (capela e auditório), uma sala de informática, uma sala de orientação social e diálogo, uma biblio teca com mais de 11 mil livros e um refeitório para até 90 pessoas.

As instalações ainda contam com lavanderia, al moxarifado, padaria e cozinha industriais, estufa com sis tema hidropônico para produção de alface e outras ver duras e uma moderna sala para cursos e degustação de cafés especiais. Já a área externa é formada por um am plo pátio, jardim e campo de futebol para prática esportiva. Além da formação complementar e da hospedagem, a instituição oferece aos alunos roupa lavada e seis refeições diárias. Divididos em masculinos e femininos, os quartos são compartilhados entre dois ou três estudantes e monitorados por um educador social. A ADL ainda possui uma proprieda de rural de 13 hectares, em Serra Pelada. Além do cultivo de café e de frutas, o sítio possui maquinário para beneficiamen to do café, realizando secagem, despolpamento e pilagem.

ADL: Orgulho para o Espírito Santo

Há 60 anos nascia um sonho e com ele uma proposta transformadora que marcaria para sempre a vida de centenas de jovens e famílias. Parabéns, ADL, motivo de orgulho para todos os capixabas.

INFRAESTRUTURA E EQUIPE
Alunos da turma de 2015

Equipe pronta para ensinar, ajudar e compartilhar experiências

Muito mais do que um espa ço físico, a ADL é formada por pes soas. São elas que dão vida à insti tuição e contribuem com a formação dos adolescentes. São 16 profissio nais que atuam nas áreas de Supe rintendência, Educação Social, Ad ministrativo e Secretaria, atividades de manutenção, cozinha, padaria e lavanderia.

EQUIPE

ADMINISTRATIVO: Siegmund Berger (Superintendente e ministro pastor da IECLB), Cristiano Riam Berger (Se cretário) e Everton Kalke (Coordena dor administrativo).

EDUCADORES SOCIAIS: Alex Reblim Braun, Alzira Ratunde, Douglas Kal ke, Emikellen Lauvrs, Gilmar Hol

lunder, Rafael Pagung, Wendel Po naht Blanck, Willa Buecker e Jeferson Buss (voluntário).

APOIADORES: Elzira Bragança Ham mer (cozinheira chefe), Tereza Bes serte Zibell (cozinha e lavanderia), Rosângela Manske Bragança (padaria e cozinha) e Rodrigo Bull e Zenil Po tratz (manutenção e serviços gerais).

ADL prepara-se para obter titulação de Oscip

A ADL está se preparando para obter a titula ção de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – Oscip, o que facilitará a captação de recur sos e parcerias com instituições públicas e privadas em níveis municipal, estadual e federal.

Hoje, a instituição é reconhecida como de Utilidade Pública Municipal e Estadual pelas leis nº 853, de 16/06/1980, e nº 3.517, de 29/12/1982, respectivamente. Também está inscrita no Conse lho Municipal de Assistência Social de Afonso Cláu dio sob o número 010/1999 e no Conselho de Di reito da Criança e do Adolescente do município de Afonso Cláudio sob o número 08/2013, além de ter o Título Municipal de Entidade Benemérita, conce

dida pela Câmara Municipal de Afonso Cláudio no dia 31 de outubro de 2005.

A formação oferecida pela ADL é certificada ao aluno e está na categoria de “Curso Livre”, em conformidade com a lei nº 9394/96 e o Decreto nº 5.154/04. Já a manutenção da instituição acontece por meio de doações espontâneas, captação de re cursos com a IECLB e organizações patrocinadoras. Os familiares e apoiadores dos estudantes também contribuem para o pagamento de despesas. As re ceitas patrimoniais e coletas da IECLB são as prin cipais responsáveis pela manutenção da ADL, que ainda realiza festas e tem a produção do seu sítio como reforço no caixa.

INFRAESTRUTURA E EQUIPE
A equipe trabalha de forma apaixonada e integrada com os valores da ADL
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Mudanças e alimento

Trabalho há 28 anos como cozinheira na ADL. Ela foi muito importante em minha vida, pois me deu emprego num momento de grande necessi dade. Eu e meu marido trabalhávamos na roça, quan do ele ficou doente. Consegui este trabalho para sus tentar a família. Depois de dois anos, a ADL me cedeu uma casa até eu ter condições de adquirir uma. Gra ças a este trabalho, criei meus três filhos. Um é en fermeiro em Vitória, o outro trabalha como pedreiro e minha filha é merendeira escolar em Afonso Cláudio. Atuando na cozinha, vi muita mudança na ADL. Antigamente, os alunos eram mais tímidos. Hoje, são mais alegres. O alimento tornou-se mais farto e me

lhor. A escola passou por crises, mas depois que o pastor Siegmund Berger assumiu, muita coisa mudou e melhorou. Hoje, a ADL é bem movimentada, com muito evento. Na Festa da Linguiça, realizada pelos mo radores de Serra Pelada, produzimos cerca de 800 quilos de linguiça típica dos pomeranos e usamos o defumador da cozinha. Tenho mais amor pela ADL do que pela minha própria casa”

Elzira Bragança Hammer

Cozinheira da ADL, ex-trabalhadora rural e moradora de Serra Pelada

Um caminho diferente

Estudei na ADL entre 1989 e 1991 e, nela, tam bém trabalhei como professora entre 1999 e 2000. Lecionei Catequese, Ética, Artes e Teatro. Coorde nei o grupo de teatro, a oficina de artes e o Grupo Espa ço, participando da gravação do CD ‘Um Caminho Dife rente’, cujo nome foi para lembrar a proposta da ADL.

Não foi fácil ser professora da ADL e também estudante de nível superior. Durante os dois anos em que lecionei, eu fazia faculdade de Pedagogia em Co latina com aulas presenciais e percorria diariamente 180 quilômetros, além de ser mãe e esposa. Mas te nho muito orgulho de fazer parte desta história e ter incentivando os jovens a estudarem nesta instituição.

Minha filha Isabela Abel Gumz, 21 anos, es tudou na ADL e, atualmente, o meu filho, Luiz Pau

lo Abel Gumz, é aluno. A ADL prepara os jovens com projetos de vida. Esta formação faz todo o diferencial na minha personalidade, no meu tra balho como pedagoga, mãe e mu lher. As pessoas que passam pela ADL têm um diferencial que é funda mental para a vida: olhar a pessoa na sua totalidade. Eu sou o que sou por cau sa da ADL”

Nilza Abel Gumz

Diácona da IECB, ex-aluna e ex-professora da ADL. Atualmente é pedagoga da EEEFM “Luiz Jouffroy”, em Laranja da Terra (ES)

DEPOIMENTOS
DE QUEM COLABORA E COLABOROU
ADL: 60 ANOS DE COMPROMISSO COM A FORMAÇÃO DOS JOVENS PARA VIVER E SERVIR A SOCIEDADE Parabéns!

TRADUÇÃO DA CARTA ENVIADA EM 2012

PELO PASTOR ARTUR SCHMIDT

Augsburgo, 14 de fevereiro de 2012.

Prezado Valdemar e família,

Está passando do tempo para responder a sua carta de 6 de novembro de 2011. Motivo desse atraso foi além de tudo, a turbulenta época de Natal com passagem do ano, pro blemas de saúde para uma pessoa de quase 87 anos de idade, como também a dificul dade para leitura das escritas, que mesmo com uma lupa se torna difícil para mim. Caso ainda não tenha feito, quero agradecer pelo lindo calendário que mandou. Você dedicou tão apreciáveis saudações, que me alegram e me fazem bem.

Estou tão bem quanto é possível para uma pessoa da minha idade. Todos os dias ain da posso levantar e cuidar de mim sozinho. Almoço recebo da casa, o café da manhã e lanche da noite eu mesmo faço. Para a residência, eu disponho de um serviço de limpe za. No mais, me valem os medicamentos para dominar o dia a dia.

Em 2011, tive quatro visitas do Espírito Santo, entre elas a Teresa SchwanzBurzlaff e Anselmo Felberg. A próxima visita já está marcada, é a irmã de Madalena Kempin de Califórnia, que se encontra a passeio na Alemanha. Além disso, mantenho bom contato com o Pastor Siegmund Berger, que prezo muito como competente suces sor porque realiza o seu trabalho muito bem. Na próxima semana, dia 22 de fevereiro 2012, pode-se festejar em Lagoa o 56º aniversário da Escola Bíblica, respectivamen te FDL/ADL. Entrementes, os primeiros alunos das classes iniciais ainda vivos tam bém estão se aposentando. O que se deu daquele modesto e primitivo começo? Uma Obra Educacional para utilidade da juventude do Espírito Santo e um auxílio para as comunidades espiritosantenses. Deus derramou as suas Bênçãos sobre ela porque por nosso empenho somente, éramos incapazes de realizá-la. Com isso, penso tam bém na minha querida esposa, que se empenhou cem por cento, como também no Inácio Felberg e no casal Lourenço e Alvina Seibel. Não é de se esquecer da Dª Ma ria Kalk, a fiel colaboradora durante muitos anos.

Os 12 alunos da classe inicial vejo vivos na minha frente, eles são inesquecíveis! Mui tos de nossos alunos se tornaram multiplicadores quando transmitiram tudo aquilo que aprenderam em Lagoa com sucesso para as suas famílias, como também para os seus concidadãos e, com isto, se transformaram em depositários de Bençãos em favor de muitos. Um deles se chama Valdemar Holz, que pode servir de Benção para muitos. Isto fica especialmente claro através de seu filho Estevão, que se tornou um exemplar empresário, proporcionando emprego e subsistência para muita gente, o que é motivo de muita alegria para mim. Cordiais Bençãos com votos de boa saúde e bem -estar para você e sua família. Saudações. Vosso Pai da Escola Bíblica Artur Schmidt.

A Associação Diacônica Luterana agradece pelo apoio recebido da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, do Sínodo Espirito Santo a Belém e das Uniões Paroquiais Guandu, Santa Maria e Jucu para a confecção desta revista. DOAÇÕES NO EXTERIOR Doações/Donations/Geldspenden PARA DEPÓSITOS EM EURO Nome: Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil Conta-corrente – Konto>: 2 318 121 026 Banco: UBS Deutschland – Conta-corrente Ballindamm 33 – 20095 Hamburg – Germany AGÊNCIA: Hamburg – Alemanha Código da Agência Bankleitzahl (BLZ): 502 200 85 SWIFT: SMHBDEFF Iban: DE10 5022 0085 2318 1210 26 DOAÇÕES NO BRASIL BANCO DO BRASIL Agência: 0761-7 Conta-corrente: 3005-8 Informar o depósito no e-mail: financeiro@adl.org.br Como ajudar a ADL A ADL é uma entidade sem fins lucrativos e depende de doações materiais (alimentos, material de limpeza, material pedagógico, livros e outros) e ajuda financeira de qualquer valor. Os materiais podem ser entregues na própria sede da instituição. Já as doações financeiras podem ser feitas nas seguintes contas bancárias:
Av. Valdemiro Nitz, 285 - Serra Pelada Afonso Cláudio – Espírito Santo – Cep: 20.603-000 (27) 3735-7060 | www.adl.org.br

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