PRÉDICA: ROMANOS 7.15-25a ZACARIAS 9.9-12 MATEUS 11.16-19,25-30
5º DOMINGO APÓS PENTECOSTES
05 JUL 2020
Paulo Roberto Garcia
A fragilidade que derruba muros
1 Introdução A fé deveria promover a vida, a comunhão e a esperança. Porém em nosso mundo assistimos a religiões promovendo divisões, conflitos e guerras. No texto de Zacarias 9, encontramos o convite à alegria porque o Rei virá como um rei justo, humilde e salvador. Um rei que destruirá os instrumentos de guerra e de morte para promover a paz. Esse é o papel da fé: anunciar a esperança. Quando a prática da fé constrói muros, segrega pessoas e pratica violências, reproduzem-se as condições que levaram as palavras de Jesus a serem relembradas pelo Evangelho de Mateus como uma palavra de juízo: Mas a que compararei esta geração? É semelhante a meninos que, sentados nas praças, gritam aos companheiros: “Nós tocamos flauta, mas vocês não dançaram; entoamos lamentações, mas vocês não prantearam” (Mt 11.16-17). As pessoas de fé passam a ser como crianças mal-humoradas que não querem brincar de nada! Porém o texto de Mateus conclui essa palavra de juízo afirmando que Deus revela aos pequeninos a sua sabedoria (Mt 11.25-30), ou seja, não há espaço para a violência e a arrogância. Se o papel da fé é o de gerar esperança e vida e não o de construir muros e praticar violências entre os seres humanos, por que, então a arrogância de se julgar “melhor” do que os outros e de segregar? Nossa perícope – Romanos 7.15-25a – contesta essa arrogância humana e apresenta uma visão diferenciada do ser humano, em que a partir da culpa encontramos a possibilidade da restauração pela graça. Nela, somos desafiados e desafiadas a assumir nossos limites, reconhecer nossa falibilidade e a dependência de Deus. Ao fazermos isso, nos tornamos aptos e aptas a anunciar a esperança que derruba muros e promove a vida. Isso é o que abordaremos a seguir.
2 Exegese Nosso texto é um divisor de águas na Carta aos Romanos. Ele encerra uma primeira sessão, e a encerra de uma forma pessimista. Esse pessimismo faz parte da estratégia literária da carta. Por isso precisamos ver, em primeiro lugar, a estrutura da carta e a localização do texto nessa estrutura.
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