Jornal Evangélico - Edição Especial - Agosto 1988

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Agosto de 1988

Jornal Evangélico

________________ (~_I_ N_ íC_IO__ DA__ IM_P_ RE_N_~__)________________ Nas páginas 4 e 6, cinco matérias extraídas do capítulo "Die Zeitung,, do livro "Dr. Rotermund - Ein Kampf um Recht und Richtung des

evangelischen Deutschtums in Südbrasilieu,,, do Dr. Erich Pausei. Tradução de l.nís Marcos Sander.

1875: um ano memorável Em Rotermund luteranos para imprensa de língua encontraram defensor alemã no Rio G. do ·Sul dos seus direitos O dia 1° de julho de 1875 é uma data memorável para a imprensa de língua alemã no Rio Grande do Sul. No mesmo dia, o até então redator do "Volksblatt" (Folha Popular) católico, Dillenburg, passou seu jornal para os jesuítas, e na mesma . cidade de São Leopoldo, a apenas algumas quadas de distância, o pastor evangélico Dr. Wilhelm Rotermund assumiu a redação do jornal "Bote" (Mensageiro}, em lugar do até então redator Curtius. Por ocasião deste acontecimento, o "Volksblatt" observou: "Na imprensa alemã local estarão representadas fundamentalmente três tendências diferentes: a jesuítica-ultramontana através do 'Volksblatt', a ortodoxo-evangélica através do 'Bote', a aconfessional dos livrespensadores através do 'Deutsche Zeitung.... Nisto consistia toda a imprensa teutobrasileira de então. Antes de 1852, nem sequer se publicavam jornais alemães independentes. Um certo desenvolvimento teve início quando,em 1864, Koseritz assumiu o "Deutsche Zeitung" (Jornal Alemão) em Porto Alegre. Mas, também em 1875, nenhum dos três jornais tinha uma tiragem superior a 500 exemplares. No entanto, como os jornais eram lidos por várias famílias em conjunto, sua influência era maior do que se poderia esperar a partir da baixa tiragem. ATAQUE PÚBLICO Desde que Koseritz havia se afastado dos evangélicos, estes tinham que aturar todo e qualquer ataque público dirigido contra eles. Mesmo que pudessem se manifestar a toda hora nas cartas de leitores estampadas no "Deutsche Zeitung", tais protestos partidos de uma cantinho tinham pouco êxito. "O 'Bote', porém", escreveu o Dr. Rotermund nos primeiros meses em São Leopoldo, "quase não precisa ser mencionado; leva uma vidinha miserável, restringindo-se, por causa da limitação do redator, a crimes e mexericos!' Antes de o Dr. Rotermund ser enviado ao Brasil, o pastor Wegel havia expresso, repetidas vezes, o desejo de que se criasse um semanário cristão no Rio Grande. O Comitê de Barmen considerava muito oportuna a fundação de tal publicação,

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e o Dr. Rotermund foi exortado a assumir a redação de tal revista assim que chagasse ao Brasil. Aqui, porém, ele reconheceu que a realidade colocava outras exigências. Era mais importante e mais promissor conseguir um jornal geral e já implantado e, com ele, conquistar a posição perdida. Este raciocínio estava perfeitamente correto. A folha dominical teria que se desenvolver a partir do jornal, e não este a partir daquela. Só se podia obter influência junto à opinião pública através do jornal, que se dirigia também aos indiferentes e aos inimigos, não apenas aos amigos da Igreja. - Portanto, também a atividade jornalística do Dr. Rotermund resultou de uma missão imediata, que ele apenas modificou de um modo sensato e correspondente à situação brasileira.

Quando publicou o primeiro número do "Bote'', o Dr. Rotermund escreveu seu programa bem no início, com uma frase: "Thdo o que apresentaremos aos leitores estará escrito no espírito da formação teuto-evangélica". O vizinho colega de ministério, o pastor Collrnann, de Porto Alegre, o ajudava a redigir o jornal. Após duas semanas, estava em andamento uma batalha total. O Dr. Rotermund tinha realizado o inesperado, e defendia seu pro-

POLÍTICA CULTURAL Em pouco tempo foi obrigado a reconhecer que um jornal não podia dirigirse unicamente aos membros da Igreja: ele tinha que lutar e fazer propaganda; tinha que ser utilizado na luta pela igualdade de direitos religiosos e, caso necessário, étnicos. Além de sua tarefa religiosa e de sua atitude evangélica fundamental - de que o Dr. Rotermund jamais se desviou -, o jornal tinha um incalculável significado étnico e de política cultural. O elemento germânico e o evangélico juntaram-se e formaram para ele, em grau crescente, uma unidade vital, por cuja existência era preciso lutar justamente no jornal. Deve ter sido muito doloroso para o Dr. Rotermund o insistente desejo que lhe foi expresso em 1904, por ocasião da filiação de sua comunidade ao Conselho Superior Eclesiástico, por parte de sua mais alta autoridade, no sentido de entregar a redação, "tendo em vista o caráter do mencionado jornal, que, ao que nos cons- · ta, é mais político do que religioso". É trágico quando um homem é incompreendido dessa maneira em todo o seu trabalho justamente pelas pessoas que mais deveriam tê-lo compreendido. Ele teve que perseverar, e só em 1912 pôde passar o jornal para um de seus fllhos.

Rotermund exibia uma fogosa combatividade em sua atividade jornalística

grama com agudo rigor. Os evangélicos não estavam mais encerrados em seu cantinho; em pouco tempo estavam envolvidos em tamanha luta por seus direitos adormecidos ou desprezados, que de modo geral se considerava o Dr. Rotermund o perturbador da paz, embora ele apenas tivesse posto subitamente fim à falsa paz. Colocou os católicos e os adeptos de Koseritz em seus devidos lugares e abordou em seus artigos quase todas as questões decisivas de sua época. Não obstante sua chamejante ira, porém, em geral o Dr. Rotermund se expressava de modo mais moderado do que seus dois adversários. O redator iniciante certamente estava à altura de seus adversá-

rios em termos de quantidade e qualidade dos artigos. De repente, Roterrnund setornara um dos homens mais conhecidos e controvertidos. Os evangélicos tinham encontrado um defensor de seus direitos tão brioso e inflexível que eles próprios ficaram com medo dos resultados de tudo aquilo, pois não haviam sido educados para lutar. FOGOSA COMBATIVIDADE O maior incômodo sentia o senhor Julius Curtius, proprietário do "Bote'', que já começou a temer por seu jornal. Por isso, contrariando o contrato, que previa um aviso prévio de três meses, Curtius demitiu seu redator "por razões que talvez esclarecesse mais tarde''. "Agora", escreve mais tarde o redator demitido, "nós, alemães e cristãos, não tínhamos nenhum órgão de defesa em meio ao grande público, e os pastores tiveram que continuar a se deixar tachar de idiotas, vigaristas e esfoladores!' · · Isto significou inicialmente um revés em relação ao qual Rotermund, com sua fogosa combatividade, não estava de todo isento de culpa. Mas os novos ventos por ele trazidos valiam mais do que excessiva cautela. Os evangélicos não deveriam ficar intimidados e medrosos, senão as sombrias profecias sobre seu naufrágio acabariam se cumprindo. Agora as frentes estavam mais claras do que nunca, embora por enquanto o Dr. Rotermund estivesse se condenado ao silêncio. O "Bote'' voltou aos velhos trilhos, foi fortemente mobilizado éontra Rotermund na briga da comunidade, mas acabou indo a pique em 1878 devido à sua insipidez e à falta de dinheiro. A gráfica foi deixada com o credor, que a colocou à disposição para imprimir a " Neue Zeit" (Tempo Novo), a folha sensacionalista do senhor Von Frankenberg. Essa " Neue Zeit" deixou de existir, apenas dois anos depois, e a gráfica rapidamente foi comprada por Rotermund, que, desta maneira, acabou voltando mais uma vez para o "Bote'', com cujos tipos começou a imprimir seu jornal independente, o "Deutsche Post" (Correio Alemão).

·INDÚSTRIA DE ENGRENAGENS E COMPONENTES MECÂNICOS

"NÃO TENHAJJI MEDO DE OLHAR PARA A FRENTE, DE CAMINHAR PARA O ANO 20001" (Papa João Paulo 11)

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Estas palavras devem ser repetidas para que calem fundo no coração das pessoas, enchendo-as de esperança e fé num mundo melhor. PARABÉNS, JORNAL EVANGÉLICO, PELOS 100 ANOS DE JORNALISMO CRISTÃO.


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