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Você sabia?

Cap Av Leopoldo

...que o Grupo de Transporte Especial, além de “conduzir os que conduzem a Nação” tem como atribuição executar missões de Evacuação Aeromédica por meio da instalação de Unidade de Terapia Intensiva – UTI Aérea – adequando as aeronaves VC99 para o transporte de até dois enfermos no mesmo voo?

Para o cumprimento desse tipo de missão, após ser acionado, o GTE é capaz de preparar uma aeronave em até 4 horas antes da decolagem. Além da tripulação padrão, passam a integrar a equipe, no mínimo, dois enfermeiros e um médico responsável pelo acompanhamento do paciente.

Como exemplo de operacionalidade e capacidade de prontidão, pode-se mencionar o envolvimento do GTE em 2019 quando, após uma explosão ocorrida numa embarcação em Cruzeiro do Sul-AC, o Grupo foi acionado para auxiliar no transporte de vítimas com queimaduras graves. Para conseguirem atendimento especializado e efi caz, algumas vítimas precisaram ser transportadas para Rio Branco-AC e, em seguida, Belo Horizonte-MG. A operação durou 3 dias e contou com médicos, enfermeiros, fi sioterapeuta e técnicos de enfermagem do Hospital de Força Aérea de Brasília (HFAB). O episódio também ajuda a ilustrar um dos lemas fomentados na cultura organizacional do GTE, “Eu não, nós...”

Os sentimentos de patriotismo e dever cumprido também surgem no GTE quando o Grupo é acionado para cumprir missões de perfi l diferenciado, como por exemplo, a Operação Acolhida, iniciada em 2018. Na ocasião, o Governo Federal mobilizou diferentes órgãos para o cumprimento das tarefas desse processo de apoio humanitário aos migrantes e refugiados da Venezuela. Durante mais de 2 anos a pequena parcela de contribuição que coube ao Grupo de Transporte Especial foi auxiliar no transporte de militares e de equipamentos entre Brasília-DF e Boa Vista-RR, além do apoio aéreo aos migrantes venezuelanos. Nessa etapa, os voos partiam de Boa Vista e conduziam os assistidos para as demais regiões do país a fi m de concluírem o processo de interiorização.

VOCÊ SABIA?

Cap Av Silva

...que o GTE já conseguiu contribuir com as autoridades além do apoio aéreo? Durante uma viagem em apoio ao Presidente da República para Londrina-PR, a bordo da aeronave VC-96 FAB 2116, o presidente derramou refrigerante em sua calça. Para cumprir os compromissos de sua agenda, ele trocou de calça com um comissário de bordo do voo.

“Esse fato ocorreu devido a uma inesperada turbulência. Logo depois, o Ajudante de Ordens da Presidência me procurou e avisou que eu precisaria emprestar minha roupa para que o evento pudesse ocorrer normalmente”, comentou o 1º Sargento QTA Sabino Galdino Neto.

Essa calça se encontra atualmente em posição de destaque no salão histórico do Grupo, conhecida como a “Calça do Sabino”. Por essa atitude e por meio desse símbolo, podem ser observados os valores de Comprometimento e Profi ssionalismo, que são inerentes aos militares do GTE e da FAB.

VOCÊ SABIA?

Cap Av Silva e Cap Av Leopoldo

...que o Grupo de Transporte Especial transportou 3 pontífi ces em visitas ofi ciais no Brasil?

O primeiro deles foi o Papa João Paulo II, que em julho de 1980 percorreu 11 estados brasileiros durante sua visita ao país, estando a bordo do VC-96 FAB 2116. O avião, atualmente fora de atividade, prestou serviço de 1976 a 2010.

Já o pontífi ce Bento XVI embarcou no helicóptero VH-34 8735 em maio de 2007. O voo ocorreu no estado de São Paulo e a agenda principal de Sua Santidade era inaugurar a Quinta Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e Caribenho. “Participar da missão de transportar o Papa foi uma oportunidade ímpar na minha carreira e a atmosfera era muito especial”, comentou o SO BMA João Batista Crispim de Souza, tripulante da aeronave.

O terceiro a voar nas asas do GTE foi o Papa Francisco. Em agosto de 2013, o Chefe do Vaticano contou com o apoio aéreo no deslocamento para o interior de São Paulo e, em seguida, para o Rio de Janeiro. A visita ofi cial teve como motivação a XXVIII Jornada Mundial da Juventude de 2013.

VOCÊ SABIA?

Maj Av Beal

...que o GTE já enfrentou condições extremas em missões pelo mundo?

No início dos anos 2000, os VC-96, aviões mais longevos no transporte de nossos Presidentes, mostravam-se pouco adequados aos avanços da diplomacia, que demandavam maior presença no exterior. Soluções alternativas eram buscadas nos KC-137 ou no fretamento de aeronaves.

Em 2002, o transporte dos Escalões Avançados da Presidência da República à Ucrânia e Rússia seria feito pelo KC-137. Porém, na tarde do dia 4 janeiro, o GTE-1 foi informado de que deveria cumprir as missões, pois os B707 estavam em pane. Era uma sexta-feira e os voos estavam previstos para o domingo. Mesmo com todas as difi culdades de planejamento, ambos os VC-96 decolaram na hora marcada.

Chegando em Moscou, tabelas nos auxiliavam a converter níveis e velocidades: o controle usava metros e Km/h, mas nossos instrumentos trabalhavam apenas com pés (ft) e nós (kt). A operação era em QFE. O ATIS indicava boa visibilidade, vento de 8 m/s e temperatura de -20°C...

A curta estada nos deu o necessário descanso para nos preparar para o retorno. A temperatura continuava caindo e alguns colegas não suportaram mais do que uns poucos minutos ao ar livre.

Na saída de Vnukovo, ao lado do “Boeinguinho” montanhas de neve escondiam velhos Tu-154, reconhecidos pela empenagem. Sopradores de ar quente foram usados para derreter o gelo que impedia a abertura das portas. Dentro, o frio fez descolar todo o revestimento do teto. Na cabine, a resina do painel de instrumentos fi cou destruída, despedaçando-se como um vidro quebrado. Tentávamos agilizar a saída, pois fazia -31ºC e um piloto e um comissário haviam sido isolados por sinais de hipotermia. O maior problema era o Plano de Voo, que foi recusado, porque estávamos no BRS2115, mas a autorização era para o BRS2116. Com muita conversa, permitiram novo Plano com o call sign BRS 2116.

Iniciamos o voo de regresso com cobertores sobre as pernas. Com cerca de trinta minutos de voo, já no nível de cruzeiro de 10.600 metros, a tranquilidade era maior - não só pela temperatura, que fi nalmente alcançava níveis “normais”, mas principalmente pela recuperação dos nossos companheiros que haviam se sentido mal por causa da hipotermia. O último obstáculo surgiu na FIR Varsóvia: o Eurocontrol questionou se fazíamos um voo em formação, “pois já existia um BRS 2116 em seu espaço aéreo”. Logo notamos que o problema havia sido causado pela única solução que permitiu a saída de Moscou: usávamos o mesmo código do VC-96 que, pouco antes, havia decolado de Kiev. Mudamos para BRS 2115 e o restante da viagem transcorreu sem problemas. Mesmo com todas as difi culdades, o GTE cumpriu (e continua cumprindo), com segurança e profi ssionalismo, desafi antes missões. Essa é a característica que marca a Unidade que ora completa 80 anos; uma cultura organizacional que, nos anos 2000, um de seus pilotos carinhosamente apelidou de “a monótona efi ciência do GTE”.

VOCÊ SABIA?

Maj Av Capuchinho

...que, mesmo submetidos a um processo de seleção bastante criterioso para ingresso no GTE, os tripulantes também passam por um rigoroso programa de formação?

O senso de profi ssionalismo e responsabilidade, embora sejam naturais à Força Aérea Brasileira, são levados ao extremo no cotidiano do GTE. Estes valores institucionais são transmitidos aos novos integrantes logo nos primeiros meses, nas instruções teóricas e práticas acerca da aeronave para qual foi designado para compor o Quadro de Tripulantes. Não apenas conhecimentos técnicos são transmitidos, mas, principalmente, uma forma de trabalhar buscando a plenitude da excelência no cumprimento da missão. Assim, praticamente todo efetivo se envolve com as diversas etapas da formação dos novos tripulantes, a qual inicia-se em sala de aula, passa por treinamentos práticos no solo e termina com a instrução em voos reais. Pilotos, mecânicos, comissários de bordo e operadores de comunicações passam por programas de treinamentos específi cos, de acordo com cada projeto operado pelo Grupo. O leitor mais atento já deve ter percebido o tamanho do desafi o. Guardadas algumas peculiaridades descritas adiante, tratam-se de quatro especialidades distintas, para serem capacitadas em cinco diferentes tipos de aeronaves, em dois tipos de aviação, asas fi xas e asas rotativas!

Após a formação teórica, os pilotos iniciam o treinamento em simuladores de voo. Tecnologias modernas garantem a estes enormes “video-games” a imersão em um voo simulado muito próximo ao real, sendo possível treinar situações críticas de serem realizadas em um avião em voo, como emergências graves, porém com total segurança. Além disso, o treinamento é mais econômico que a formação na própria aeronave. Aprovados no voo simulado, os pilotos prosseguem para a formação prática na própria aeronave.

Os mecânicos de voo, atuantes em todos os projetos do GTE, precisam também ser adestrados em como manutenir as aeronaves que passarão a tripular. Para isso, a instrução teórica engloba tanto conhecimentos relativos às principais

ações de manutenção a serem realizadas nas aeronaves, como os procedimentos a serem realizados para os mecânicos, seja na preparação, seja no próprio voo.

Comissários de voo tripulam somente as aeronaves de asas fi xas, ou seja, os VC-1 e VC-2 do GTE-1 e os VC-99 do GTE-2. Sua formação prática envolve não apenas o serviço de bordo, mas ainda toda condução dos passageiros em situações de emergência. Essa tarefa, cuja prontidão exige muito de nossos comissários se mostra importantíssima para garantir a integridade das autoridades e passageiros em situações adversas, como pousos forçados e evacuações de emergência.

Os operadores de comunicações tripulam somente as aeronaves do GTE-1. Sua formação prática envolve a operação dos complexos sistemas aviônicos, planejamento de voo, transmissão de planos de voo e comunicação com estações táticas. São, portanto, responsáveis por aumentar a segurança dos voos presidenciais, garantindo maior confi abilidade a estas missões.

O GTE tem plena consciência da relevância de sua missão e a capacitação de seus tripulantes é peça chave nesta complexa engrenagem. Essa é a principal razão por termos voado com os mais altos índices de segurança operacional ao longo dos últimos 80 anos.