Notaer Abril 2012

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Do aço à embarcação: a tarefa de construir a infraestrutura de apoio O soldador Rômulo Souza do Espírito Santo é um exemplo do esforço que a FAB faz para empreender na Amazônia. Com uma roupa que pesa 4,8 kg, se diz orgulhoso de seu trabalho: “sei que minha solda é fundamental para que a balsa fique bem feita e possa navegar com segurança, pois sem ela, o material não chega, a pista não é feita e o avião não pode operar. Sinto-me muito útil e orgulhoso por ajudar o meu país”, declara.

“ O empurrador e as balsas foram arrastados por tratores de esteiras e pás mecânicas por um trecho de 4 km de estrada de chão, para serem postas novamente na água, na parte navegável do rio. ”

COMARA

Navegabilidade - Outro desafio dos “marinheiros da FAB” é adaptar-se à navegação nos rios amazônicos.

Adaptação: características dos rios tornam as cartas náuticas sempre desatualizadas

REASMOCEC / sepoL avliS BC

onde 60 colaboradores dividem-se nas funções de montadores, soldadores, lixadores, meio-oficiais, caldeireiros, carpinteiros, marceneiros, operadores de máquinas, auxiliares, ajudantes, encarregados e jateadores. Para erguer um empurrador são necessárias 45 toneladas de aço. Uma balsa consome 150 toneladas. Todo esse material é fornecido em chapas que são riscadas, cortadas e soldadas em peças que se somam até dar forma à embarcação. Do projeto básico até os testes hidrostáticos de vazamento, em média, são 10 meses. O encarregado do Porto, Sargento Roosevelt Casanova de Oliveira Soeiro, explica que o trabalho no estaleiro é duro. “No caso da soldagem, se for feita de modo irregular, a água pode infiltrar causando naufrágio, com risco para a carga e para própria tripulação”, explica. Segundo o sargento, para realizar o trabalho com eficiência, os soldadores atuam muitas vezes embaixo das chapas de aço e dentro dos tanques, onde a temperatura pode chegar a 60º C, devido ao clima amazônico e aos equipamentos de proteção.

Com uma roupa que pesa quase 5kg, soldador trabalha na construção das embarcações

Com mais de 17 anos de experiência, o Coordenador do Serviço de Praticagem da Bacia Amazônica, Linésio Gomes Barbosa Júnior, explica que o sistema de cheias e vazantes e a característica sedimentar dos rios da região despejam grande quantidade de material nas calhas, tornando as cartas náuticas desatualizadas. As ilhas e os bancos de areia também estão sempre em movimento. “A correnteza intensa e a fragilidade do leito, que é facilmente erodido, não permitem nem mesmo um balizamento seguro, já que em pouco tempo os faróis e sinalizadores são arrastados pelas águas”, conta o profissional. Segundo ele, “navegar na Amazônia não é fácil. Você pode viajar por um mesmo trecho a vida toda, mas, a cada viagem, encontra-se sempre um novo rio”. As dificuldades não são restritas aos rios. O Chefe da Divisão de Logística da COMARA, Capitão Elesbão do Nascimento Júnior, relata aqui que as novas embarcações passaram por situações inusitadas para chegarem aos rios. Pela dificuldade de navegação do rio Uaupés, entre as localidades de Ipanoré e Urubuquara/ AM, o empurrador e as balsas foram arrastados por tratores de esteiras e

pás mecânicas por um trecho de 4 km de estrada de chão, para serem postas novamente na água, na parte navegável do rio. “Foi necessário acoplar uma estrutura metálica no fundo das embarcações para que pudessem ser arrastadas sem danificar o casco”, explica. O chefe da Divisão de Planejamento e Controle, Major Aviador Alexandre Daniel Pinheiro da Silva, ressalta que as balsas empregadas pela Força Aérea possuem sinalização via satélite chamada AUTOTRAC. O sistema permite o acompanhamento e a troca de mensagens de texto entre as balsas em qualquer parte do país, em tempo real.

História Em 55 anos, a COMARA realizou 262 obras aeroportuárias, sendo 174 de infraestrutura e 88 de edificações em praticamente todas as regiões do país. Atualmente, estão em execução obras e projetos nas localidades de Santa Rosa dos Purus (AC); Eirunepé, Estirão do Equador, Moura, Palmeira do Javari, Tunuí Cachoeira e Yauaretê (AM); Salvador (BA); Porto Velho (RO); Surucucu (RR).


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