Aerovisão 280 - Out/Nov/Dez de 2024

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Edição n° 280 - Ano 51
Outubro / Novembro / Dezembro - 2024

ENTREVISTA

O Comandante de Preparo (COMPREP) da Força Aérea Brasileira (FAB), Tenente-Brigadeiro do Ar Pedro Luís Farcic, discute as principais ações do COMPREP, fundamentais para manter a prontidão e a eficiência da Força.

RESGATE NO LÍBANO

A Operação “Raízes do Cedro” foi uma missão humanitária de resgate de cidadãos brasileiros no Líbano, destacando o compromisso da FAB com a solidariedade internacional e a segurança de seus compatriotas.

COMBATE A INCÊNDIOS

A FAB atuou intensamente no combate aos incêndios no Pantanal, Amazônia e São Paulo, com destaque para o KC-390 Millennium, demonstrando excelência logística e compromisso com a proteção ambiental.

34 EXERCÍCIO MULTINACIONAL

O Exercício Cruzeiro do Sul (CRUZEX), realizado em Natal (RN), reuniu 16 países, 3.600 militares e 100 aeronaves, promovendo a cooperação internacional e a prontidão estratégica das Forças Armadas.

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GUARDIÕES DO ESPAÇO

As operações de interceptação aérea são vitais para a segurança do espaço aéreo brasileiro. A FAB planeja cada missão para neutralizar rapidamente ameaças à soberania nacional, utilizando, por exemplo, aeronaves de caça e de inteligência, vigilância e reconhecimento, além de protocolos precisos.

50 LEGADO A-1M AMX

A aeronave A-1M, com 35 anos de operação, continua essencial nas missões de reconhecimento e ataque, refletindo o compromisso da FAB com a inovação tecnológica e excelência operacional.

Acesse a versão digital!

PONTES PARA A VIDA

Publicação oficial da Força Aérea Brasileira, a revista Aerovisão é produzida pela Agência Força Aérea, do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER).

Esplanada dos Ministérios, Bloco M, 7º Andar

CEP: 70045-900 - Brasília - DF Tiragem: 5 mil exemplares.

Contato: redacao@fab.mil.br

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FORÇA NO SOLO

A Infantaria da FAB é essencial em defesa nacional e missões humanitárias. Em 2024, se destacou em operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), utilizando tecnologias como drones para garantir segurança e controle. 54

As missões de Transporte de Órgãos, Tecidos e Equipes (TOTEQ) da FAB garantem apoio aéreo rápido de elementos essenciais em situações de emergência, conectando doadores e receptores com precisão e agilidade.

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Chefe do CECOMSAER: Brigadeiro do Ar Daniel Cavalcanti de Mendonça

Vice-Chefe do CECOMSAER: Coronel Aviador Fabiano Pinheiro da Rosa

Chefe da Divisão de Comunicação Integrada: Coronel Aviador Bruno Perrut Gomes Garcez dos Reis

Chefe da Subdivisão de Produção e Divulgação: Tenente-Coronel Aviador Michelson Abrahão Assis

Chefe da Seção de Produção: Capitão Jornalista Emília Cristina Maria (MTB - 14234/RS)

Editor-Chefe:

Tenente Jornalista Johny Lucas Vasconcelos dos Santos (MTB - 1484/AM)

Editores:

Tenente Jornalista Eunice Myrea Amorim Calazans

Tenente Jornalista Leandro Vieira Ribeiro (MTB - 011792/DF)

Diagramação:

Soldado SNE Arthur Augusto Aranha

Soldado SNE Gustavo Guilherme Nunes Leitão

Arte de Capa: Sargento Técnico em Desenho

Bruno dos Santos Curcino

VOO MENTAL

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No Exercício CRUZEX 2024, o F-39 Gripen mostrou suas capacidades avançadas de combate. O artigo assinado por Mikael Olsson, Líder de Campanha da Saab, ressalta as impressionantes qualidades da aeronave, como sua agilidade e integração tecnológica.

Estão autorizadas transcrições integrais ou parciais das matérias, desde que mencionada a fonte.

Impressão: Teixeira Digital

MISSÕES CUMPRIDAS E LAÇOS FORTALECIDOS

Quando o céu se transforma em ponte para a esperança, a Força Aérea Brasileira (FAB) torna-se símbolo de transformação, conectando cidadãos brasileiros onde quer que estejam. Nesta edição, destacamos a Operação “Raízes do Cedro”, que marca uma das mais importantes missões de repatriação conduzidas pela FAB no resgate de compatriotas no Líbano, e o trabalho incansável no combate aos incêndios no Pantanal, onde o KC-390 Millennium foi essencial para superar os desafios de um dos maiores ecossistemas do planeta.

O maior treinamento multinacional conjunto da América Latina, o Exercício CRUZEX, também ganha destaque. Realizado nos céus de Natal (RN), o evento reuniu 16 países e aproximadamente 100 aeronaves, promovendo o fortalecimento de laços entre nações e o aprimoramento de estratégias em uma simulação de guerra regular. Nas páginas desta edição, mergulhe nos bastidores desse treinamento.

Outro destaque é o trabalho da FAB na proteção do espaço aéreo brasileiro. Operações de interceptação aérea são detalhadas como um verdadeiro jogo de xadrez, no qual cada movimento é uma decisão estratégica para neutralizar ameaças, demonstrando a precisão e inteligência que marcam essas missões.

Celebrando 35 anos de história, a aeronave A-1M é exaltada como um marco na aviação militar brasileira. Reconhecida por sua força e versatilidade, essa aeronave foi fundamental em diversas missões, representando o compromisso da FAB com inovação tecnológica e expansão de suas capacidades operacionais. Além disso, exploramos a complexidade das missões de Transporte de Órgãos, Tecidos e Equipes (TOTEQ), fundamentais em corridas contra o tempo que salvam vidas.

A atuação da FAB também se faz presente no solo, com a Infantaria. De missões de salvamento e transporte de donativos na Operação Taquari 2, em apoio ao Rio Grande do Sul, às ações de Garantia da Lei e da Ordem no Rio de Janeiro e São Paulo, essa força terrestre reforça o compromisso de proteção e segurança nacional.

“Semprepronta.Semprepresente.SempreFAB!”

Brigadeiro do Ar

Daniel Cavalcanti de Mendonça

Chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica

PalavrasdoComandante

2024: UM ANO DE CONQUISTAS PARA A FORÇA AÉREA BRASILEIRA

É importante destacar que 2024 foi um ano marcante para a Força Aérea Brasileira. Enfrentamos grandes desafios em nossa missão de integrar, controlar e defender, e alcançamos resultados que reafirmam a excelência da nossa missão de sempre apoiar a sociedade brasileira.

No âmbito do Controlar, o desempenho do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DCEA) foi extraordinário, atingindo cem por cento de conformidade com os padrões da Civil Aviation Organization (ICAO), um feito raro no cenário mundial. Com a divulgação das médias, em breve, deveremos figurar entre os três melhores países em segurança do espaço aéreo, demonstrando o compromisso e a competência da nossa Força Aérea.

No campo do Integrar, a FAB desempenhou um papel importante em ações humanitárias e de apoio à integração nacional. Entre essas missões, destaca-se a operação em Beirute, no Líbano, onde nossos esquadrões pousaram em uma área conflagrada pela primeira vez. Nessa missão, participaram médicos, psicólogos, mecânicos, controladores de voo, pilotos e outros profissionais, demonstrando a força e a dedicação da Força Aérea Brasileira em cenários desafiadores e adversos.

Quanto ao Defender, destacamos o desempenho da aeronave Gripen, símbolo de um trabalho construído ao longo dos anos, e do KC-390 Millennium, que reforça a nossa capacidade de defesa aérea. Esses avanços mostram que seguimos fortalecendo nossos meios operacionais, com vistas a novos desafios.

Seguimos firmes na defesa da soberania nacional e na valorização do nosso trabalho, conscientes de que a resiliência é essencial, mas sempre com a assertividade necessária para garantir os direitos e conquistas que nos foram legados. Que 2025 seja um ano de novas realizações, guiados pela nossa missão e pelo compromisso com o Brasil, sempre atuando em prol da sociedade.

Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno

Comandante da Aeronáutica

PRONTIDÃO E EFICIÊNCIA

Desde a sua criação, em 1969, com a missão de preparar os meios da Força Aérea Brasileira, sob sua responsabilidade, a fim de manter a soberaniadoEspaçoAéreoeintegraroterritórionacional,oComandode Preparo(COMPREP)vematuandodeformaintensaemdiversosprojetos estratégicosdaFAB,querefletemaprontidãoeaeficiênciadaForça.Nesta entrevista, o Comandante de Preparo, Tenente-Brigadeiro do Ar Pedro Luís Farcic, discute as principais ações da Organização Militar em 2024.

TENENTE JORNALISTA MYREA CALAZANS

Em janeiro de 2024, o senhor assumiu o Comando de Preparo. Quais as principais prioridades que o senhor teve à frente da Organização Militar?

Priorizamos, desde o início do ano de 2024, as atividades necessárias para a organização e planejamento do Exercício Cruzeiro Do Sul (CRUZEX-2024), selecionando um time de militares dedicados exclusivamente a esta atividade. Esse seria o grande desafio do ano.

Uma das primeiras diretrizes que implementei neste Comando foi determinar que cada Unidade Aérea e de Segurança realizasse o mapeamento dos processos, visando ao aumento da eficiência de suas missões. Considero que esse tipo de revisão deve ser uma constância nas organizações. Temos que fazer questionamentos periódicos sobre o que pode ser otimizado no dia-a-dia das Organizações, com o propósito de realizar o melhor aproveitamento possível das capacidades dos recursos humanos e materiais. Neste sentido, visando a sistematizar essa revisão, implementamos um Programa chamado de PRISMA 5 S, onde definimos metas e formas de acompanhamento do desempenho de cada Unidade. Com isso, foi possível envolver todos os efetivos na busca pelo aprimoramento e realizar várias melhorias dos processos, alcançando resultados significativos. Além disso, foram revisadas inúmeras legislações de cunho operacional, com o propósito de atualizar as técnicas, táticas e procedimentos utilizados em todas as aviações.

Outra importantíssima orientação foi com relação à segurança de voo. Realizamos inúmeros eventos ligados às atividades de prevenção de incidentes e acidentes aeronáuticos, em todas as localidades do país, tanto ligados à instrução propriamente dita, como também vistorias específicas de segurança de voo.

Em seus 55 anos, o Comando de Preparo vem atuando em diversos projetos estratégicos da FAB, que incluem, por exemplo, a implantação da aeronave de caça de multiemprego F-39 Gripen e a desativação do C-130. Diante desse cenário, discorra sobre a importância da atuação do COMPREP frente aos projetos estratégicos da Força Aérea?

Implantar uma aeronave de tamanha complexidade como o Gripen tem exigido um grande esforço por parte de toda a Força Aérea. Demos continuidade à formação de pilotos e mecânicos do Primeiro GDA, com um crescente aumento das horas voadas pela Unidade, à medida que fomos recebendo novas aeronaves. A experiência adquirida neste período foi extremamente satisfatória, o que nos provou que a seleção dos pilotos foi muito bem realizada pela FAB, bem como todo o planejamento dessa instrução foi idealizado de maneira brilhante. Prova disso, foi o excelente desempenho do

Foto: Sargento Vanessa Sonaly / CECOMSAER

Primeiro Grupo de Defesa Aérea - GDA na CRUZEX-2024, ainda na fase de adaptação à nova aeronave.

A desativação do C-130 foi uma atividade planejada e natural, à medida que adquirimos a experiência adequada nas novas aeronaves KC-390 Milleniun, que chegaram à configuração FOC (Final Operational Capability). Fizemos uma cadenciada substituição das missões que eram realizadas pelo C-130, sempre com a preocupação do COMPREP em manter um alto padrão das capacidades da Aviação de Transporte. O KC-390 não é apenas o substituto do C-130, mas um vetor muito superior às expectativas, com uma disponibilidade excelente e desempenho operacional inigualável. É um sucesso absoluto.

O COMPREP tem uma grande responsabilidade nestas substituições, principalmente por conta da contribuição dos gerentes operacionais desses projetos. Em todas essas atividades, foram criados pelo EMAER Grupos de Acompanhamento de Implantação e de Desativação de cada Projeto. Tudo é minuciosamente planejado e acompanhado por profissionais de distintas áreas, operacionais e logísticas, com reuniões de coordenação de alto nível. Isso permite correções de conduta eficazes e oportunas, à medida que os desafios surgem.

No que tange à diretriz Concepção Estratégica Força Aérea 100 (DCA 11-45), quanto ao adestramento das equipagens de combate, considerando a possibilidade de operações militares nas Bases Aéreas subordinadas, nas Bases Aéreas de desdobramento, bem como o emprego em cenários específicos, como o senhor avalia a atuação do COMPREP durante todas as fases da Cruzex 2024?

O Exercício CRUZEX vinha sendo planejado pela FAB há pelo menos dois anos, principalmente devido às obras de infraestrutura necessárias à adequação da Base Aérea de Natal. Neste ano, concentramos os esforços na conclusão dessas obras e nas reuniões

preparatórias com os diversos países envolvidos na operação. Fruto dessas reuniões, cada detalhe foi tratado com muito profissionalismo pela equipe organizadora, buscando atender às necessidades dos participantes, respeitando a doutrina de cada um, sempre visando à segurança da operação e ao aproveitamento máximo da experiência e capacidade de cada Força Aérea.

Foram inúmeras horas de trabalho concentrado no planejamento minucioso de cada voo a ser realizado, envolvendo uma grande gama de vários tipos de aeronaves ao mesmo tempo, com diversas missões diferentes. Realizamos muitos voos anteriores ao início do exercício, no decorrer do ano, na preparação de alvos para os objetivos de cada missão, bem como na seleção das áreas de lançamento de paraquedistas e cargas. Foi realizado um enorme trabalho de logística, no transporte de materiais aeronáuticos e itens de suporte. Envolvemos todos os Órgãos de Direção Setorial da FAB nessa importantíssima mobilização de mais de 3000 pessoas, focadas em montar estruturas de apoio de alimentação, suporte médico, estruturas de manutenção das aeronaves, transporte das tripulações, fornecimento de combustível em grande escala, adaptações das estruturas de controle do espaço aéreo, bem como treinamentos específicos dos controladores.

Um exercício desta magnitude, que envolve mais de cem aeronaves voando em um espaço aéreo restrito e controlado exige uma atenção redobrada a cada detalhe. Nada pode falhar. Montamos um sistema de verificação dupla da qualidade de cada seguimento da operação, garantindo que tudo era checado mais de uma vez por pessoas distintas. Tudo isso garantiu que fossem voadas mais de 1300 horas de combate simulado, envolvendo aeronaves de diferentes performances, com doutrinas específicas, na mais perfeita segurança. Conseguimos atingir plenamente o objetivo da missão, pois foi alcançado

um significativo ganho operacional para todos os países participantes. Todos saíram vitoriosos!

Nossa Força Aérea Brasileira encerrou a CRUZEX 2024 mais forte e preparada, demonstrando sua crescente capacidade de organizar um Exercício internacional no mesmo padrão dos países mais desenvolvidos do mundo. No âmbito estratégico, concerne ao COMPREP o aprimoramento da doutrina aeroespacial, cuja finalidade é garantir que os princípios que regem as operações

aeroespaciais sejam reavaliados frente às constantes mudanças tecnológicas que interferem nessa área. Nesse contexto, como tem sido a atuação do COMPREP frente a doutrina aeroespacial?

Desde a sua criação, a Força Aérea Brasileira sempre esteve atenta à necessidade de atualização doutrinária para manter sua eficiência. Com o passar dos anos, a velocidade com que as mudanças tecnológicas tem se apresentado, exige um esforço ainda maior de nossa Força na busca dessa

atualização doutrinária e de novos equipamentos.

Nosso foco é completar a aquisição dos principais projetos estratégicos. O F-39 Gripen e o KC-390 Millenium fazem parte desse processo. Com eles, naturalmente novas táticas e técnicas tiveram que ser aperfeiçoadas para operar as tecnologias e armamentos adquiridos. Mais importante do que isso, é o acompanhamento atento do COMPREP ao que está acontecendo no cenário mundial, nos atuais conflitos, onde drones, inteligência artificial,

cyber ataques e outras ameaças assumem papel relevante nos combates. Buscamos atualizar nossas equipagens com estudos constantes dos variados assuntos, estimulando a reflexão de todos, com o propósito de adaptar o que é possível, no menor tempo possível. No tocante a sua maior competência de preparar os meios da Força Aérea Brasileira (FAB) para o emprego, de modo a manter a soberania do espaço aéreo e integrar o território nacional, como o COMPREP esteve preparado,

Foto: Sargento Vanessa
Sonaly / CECOMSAER

especialmente de forma operacional, para atuar, por exemplo, em tantas operações neste ano, muitas sendo executadas até no mesmo período, em diferentes locais do Brasil?

A Força Aérea precisa estar em prontidão constante nas missões de Defender e Integrar o território nacional. Neste ano, fomos muito envolvidos nas missões de apoio à sociedade, inicialmente no apoio às enchentes no Rio Grande do Sul, nos vários incêndios que assolaram o país e, ao mesmo tempo socorrendo os brasileiros que precisavam ser repatriados do Oriente Médio.

Tivemos que utilizar todos os meios de helicópteros e aviões que tínhamos disponíveis, coordenando as tripulações de várias Unidades Aéreas de todo o país para cumprir tantas missões ao mesmo tempo. Nossa preocupação com a segurança foi sempre uma prioridade. Para cumprir um esforço aéreo tão concentrado e em condições meteorológicas desfavoráveis, houve um acréscimo na atenção às normas doutrinárias. O COMPREP coordenou e orientou minuciosamente as Unidades a estabelecerem protocolos rígidos de segurança das operações. Todos tinham plena consciência situacional de que estávamos num regime de operação superior ao normal e, portanto, a atenção tinha que ser redobrada, tanto na preparação e manutenção dos equipamentos, mas principalmente na rígida execução dos procedimentos operacionais já estabelecidos. Essas situações emergenciais nos traz a possibilidade de mostrar à sociedade brasileira que precisamos estar prontos, em constante regime de alerta. Não há um tempo para preparação. A única maneira de cumprir imediatamente missões tão diversas é perseverar nos treinamentos e atualizações doutrinárias, durante todos os anos, todos os dias. Essa é a missão do COMPREP.

De acordo com o Programa de Trabalho Anual do COMPREP, a Organização Militar, em coordenação com a SEFA e o COMGAP, deverá se planejar e se preparar para, a partir de 2025, migrar um de seus EXCON ou EXOP de grande porte para a região amazônica (BAMN, BAPV e BABV), a fim de propiciar um adestramento conjunto das atividades operacional, logística e de apoio no ambiente amazônico, além de levantar as demandas para o emprego real naquela região. Desse modo, o senhor poderia nos explicar melhor como vai funcionar essa migração?

Nós cumprimos inúmeras missões na Amazônia, durante toda a nossa história. Sempre foi um foco

importante da FAB, tanto nas missões de integração daquela região do país, quanto na proteção do seu espaço aéreo e nossa soberania. Sabemos que as características da Amazônia exigem cuidados especiais no que tange ao apoio logístico das aeronaves e também de cunho operacional. Temos concentrado grandes esforços em planejamentos cada vez mais apurados neste aspecto, buscando detalhar cada necessidade de todos os seguimentos envolvidos nesse apoio. Nada melhor para verificar e testar nossos planejamentos, do que intensificar

nossos treinamentos naquela região. Por isso, em 2025, pretendemos concentrar Exercícios operacionais na Amazônia, onde utilizaremos vários modais de transporte na mobilização dos meios necessários, testando todas as áreas de atuação da FAB, quer sejam operacionais e principalmente de apoio. Dessa maneira, provocamos uma maior atenção das Unidades que não são sediadas naquela região para as necessidades especiais que devemos ter quando lá operamos.

Considerando que o COMPREP é o órgão central do Sistema de

Segurança e Defesa da Aeronáutica (SISDE), quais medidas foram implementadas para o fortalecimento da mentalidade de segurança no efetivo e nas OMs subordinadas? 2024 foi um ano muito importante para o COMPREP neste tema. Realizamos muitas reuniões e estudos com todas as unidades de segurança da FAB, com o propósito de revisar e atualizar nossas normas e procedimentos de segurança. A própria evolução tecnológica, como drones e novos equipamentos de vigilância exigiram essa revisão, além das ameaças impostas pela violência

e aumento do crime organizado. Implementamos novos equipamentos e softwares de controle. Participamos de inúmeros fóruns de discussão sobre drones e sistemas anti-drones pelo país, inclusive já participando das preparatórias para a COP 30, Cúpula de Líderes que ocorrerá em Belém, onde atuaremos em vários aspectos da organização do evento, inclusive em ações de segurança. É necessário que estejamos atualizados neste tema, sempre!

Sendo uma Organização Militar diretamente ligada ao Comando

da Aeronáutica, o senhor poderia delinear um panorama quanto às possíveis ações a serem executadas pelo COMPREP em 2025?

A Diretriz de nosso Comandante da Aeronáutica dá enfoque à necessidade do constante aprimoramento das atividades que já realizamos. Temos um compromisso com o incremento de nossa eficiência operacional. Continuaremos na importante implantação das capacidades do GRIPEN, com o acúmulo cada vez mais rápido de experiência das tripulações, por meio de exercícios

em sede e também fora de sua Base. Nossa constante meta é aproveitar cada minuto de voo dos treinamentos de todas as aeronaves da Força Aérea Brasileira, com o intuito de crescermos operacionalmente. Todo voo é um aprendizado, mas com uma gerência operacional concentrada no seu Órgão Central, que é a missão do COMPREP, pretendemos aumentar ainda mais nossas capacidades. A meta para 2025 é aprimorar o desempenho de todas as nossas Unidades Aéreas, valorizando a importância do treinamento e do preparo de cada tripulante.

Foto:
Sargento
Vanessa Sonaly / CECOMSAER

OPERAÇÃO “RAÍZES DO CEDRO”

EVIDENCIA ALTA CAPACIDADE

OPERACIONAL DA FAB

A FAB tem papel imprescindível para o sucesso da missão de repatriação e ajuda humanitária aos brasileiros vítimas dos conflitos no Oriente Médio.

TENENTE JORNALISTA LEANDRO VIEIRA

Alívio, gratidão e esperança são alguns dos sentimentos que refletem o impacto da atuação da Força Aérea Brasileira (FAB) nas vidas das famílias e daqueles que foram repatriados durante a Operação “Raízes do Cedro”. Criada pelo Governo Federal para repatriar brasileiros da zona de conflito no Oriente Médio, no total, a Operação repatriou 2.663 pessoas e 34 animais domésticos desde o início, em 2 de outubro, nos 13 voos realizados.

A iniciativa do Governo Federal superou as expectativas iniciais, ultrapassando a marca de 500 repatriados por semana. Tudo isso é fruto do minucioso planejamento realizado entre o Ministério da Defesa (MD), o Ministério das Relações Exteriores (MRE) e a FAB, o qual é cumprido à risca por todos os envolvidos, a despeito da complexidade que a operação requer.

No dia 5 de novembro, a Operação

superou mais de 2.000 nacionais repatriados do Líbano. A marca foi atingida com a chegada a São Paulo do décimo voo da missão. A aeronave KC-30, da FAB, pousou dia 5 de novembro, em Guarulhos, com 213 passageiros e 4 animais de estimação a bordo, graças ao envolvimento incansável de todos os que participam e gerenciam as operações, tanto no que se refere aos planejamentos logísticos e operacionais, no âmbito do MD e da FAB, como também na busca pela celeridade das liberações e coordenações, conduzidas pelo MRE. Há inúmeros fatores que ratificam o sucesso da missão, dentre os quais destacam-se: a prontidão das tripulações, que operam diuturnamente para permitir que não haja interrupção da operação; o meticuloso planejamento logístico e operacional, com multifacetadas tarefas extremamente complexas que sofrem influência de

um cenário volátil e imprevisível; além das coordenações fundamentais do Itamaraty para viabilizar todas as missões, no menor espaço de tempo possível, com contatos diários com os que necessitam de apoio.

No que se refere às missões propriamente ditas, atuam, sob coordenação do Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), o Segundo Esquadrão do Segundo Grupo de Transporte (2º/2º GT) – Esquadrão Corsário – sediado na Base Aérea do Galeão (BAGL), no Rio de Janeiro, com a aeronave KC-30; o Primeiro Grupo de Transporte de Tropa (1º GTT) –Esquadrão Zeus – da Base Aérea de Anápolis (BAAN), com o KC-390 Millennium. Juntos, os esquadrões superaram a marca de mais de 300 horas voadas.

O Comandante do Esquadrão Corsário, Tenente-Coronel Aviador Marcos Fassarella Olivieri, destacou

Fotos:
Arquivo CECOMSAER / Força Aeréa Brasileira

que a “Operação Raízes do Cedro” é a maior operação de repatriação da história da Força Aérea Brasileira, superando a “Voltando em Paz”, que repatriou 1555 brasileiros no Oriente Médio. Ele ainda expressou seu sentimento por fazer parte de um momento tão significativo. “Eu tenho orgulho redobrado por ter participado da Voltando em Paz e agora da Raízes do Cedro. É um sentimento de puro altruísmo. Porque a gente se expõe a um local hostil, que apresenta risco

de vida à tripulação, à aeronave, aos passageiros, mas a gente se sente completamente realizado em poder repatriar essas pessoas”, disse.

O Tenente-Coronel Olivieri ainda ressaltou os esforços empregados pelos envolvidos para superar as metas estabelecidas. “Foi um esforço imenso das nossas tripulações, da nossa parte logística, para manter o KC-30 no ar. Utilizamos duas tripulações em revezamentos estratégicos. Também foi um esforço

muito grande da equipe de solo, desse trabalho de base do pessoal do material, para deixar essas aeronaves em condições de voar durante tanto tempo num período tão curto”, salientou.

Um marco importante foi atingido durante a missão realizada pelo oitavo voo, no dia 25 de outubro, quando a Força Aérea superou o número de repatriados na Operação Voltando em Paz.

Fotos: Arquivo CECOMSAER / Força Aeréa Brasileira

AJUDA HUMANITÁRIA

Coordenada pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE), por meio da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), e com apoio dos Ministérios da Saúde e da Defesa, a iniciativa “Raízes do Cedro” realizou até agora seis envios de ajuda ao Líbano, totalizando mais de 85 toneladas de medicamentos e cestas básicas. As doações foram feitas sem comprometer o abastecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil, em resposta a um pedido oficial da Embaixada do Líbano.

Durante cada voo de repatriação, a FAB tem enviado profissionais de saúde para apoiar as vítimas resgatadas da área de conflito. Entre as áreas de apoio médico, atuam profissionais especializados em clínica geral, medicina de família, pediatria e psicologia, além de enfermagem.

A Capitão Médica Kelly Rafael Gomes Pinto, do Esquadrão Corsário, participou de cinco voos de repatriação. Ela expressou sua satisfação em contribuir para a efetivação da nobre missão. “Quando nos tornamos médicos das Forças Armadas, dobramos o Juramento de Hipócrates, comprometendo-nos com o bem-estar do ser humano. Entendo que é algo que fazemos de mais bonito em nossa profissão. Pois juramos à Pátria com o sacrifício da própria vida”, disse.

O Governo Federal tem reforçado sua cooperação humanitária com o Líbano ao enviar, por meio da FAB, insumos estratégicos e donativos ao país. Entre os itens enviados estão ampolas do medicamento midazolam, essencial para sedação pré-cirúrgica e intubação orotraqueal, doado pelo MS. Além dos medicamentos, foram transportadas cestas básicas e outros remédios arrecadados pela Embaixada do Líbano em Brasília, em parceria com os consulados-gerais de São Paulo (SP) e do Rio de Janeiro (RJ), por meio da Associação Unidos pelo Líbano (UpL).

Fotos: Arquivo
CECOMSAER
/ Força Aeréa Brasileira

UM RELATO DE INSPIRAÇÃO

Em um relato comovente, a Capitão Kelly Gomes descreve uma situação emocionante, vivida durante uma das participações na Operação Raízes do Cedro. A militar conta que, durante a travessia de um finger, no aeroporto de Beirute, para embarcar na aeronave da FAB, deparouse com uma senhora, a ser repatriada, bastante abalada por estar deixando tudo para trás. Então, ao notar a angústia da senhora, em uma ação de solidariedade e encorajamento, a Capitão Médica resolveu caminhar ao lado, de mãos dadas com a mulher vítima da guerra, proferindo palavras de conforto e força.

“A pessoa, a uma dada altura da vida, olhar e deixar tudo para trás é muito complicado. Daí, quando você está ali, com a sua mão e seu olhar firmes, você diz: ‘Calma, vai dar tudo certo’, e a pessoa respira fundo e segue em frente… Isso é muito marcante”, expressou a Capitão Kelly Gomes.

Além do apoio logístico, a Operação destaca a dimensão humanitária do trabalho realizado. Relatos emocionantes, como o da Capitão Kelly Gomes, mostram que, em meio a voos e números, há histórias de vidas tocadas, esperanças renovadas e uma verdadeira demonstração de empatia e solidariedade. Cada resgate é um testemunho do empenho coletivo de militares, autoridades governamentais e profissionais de saúde, que colocam suas vidas em risco para oferecer um novo começo aos repatriados.

Esse esforço, que uniu diversas frentes do Governo, reforça a importância da cooperação em momentos de crise, mostrando que, mesmo diante de desafios logísticos e operacionais, o Brasil é capaz de estender a mão aos seus cidadãos, oferecendo um porto seguro em meio às tempestades.

A “Raízes do Cedro” ficará marcada na história da aviação militar e nos corações de quem foi resgatado, demonstrando que, além das asas que cruzam o céu, a Força Aérea Brasileira carrega em seu trabalho a promessa de não deixar ninguém para trás.

O PODER DO KC-390 MILLENNIUM

NO COMBATE AOS INCÊNDIOS FLORESTAIS

Em razão, principalmente, da sua capacidade e versatilidade, a aeronave foi crucial para preservar a biodiversidade em dois grandes biomas brasileiros, o Pantanal e a Amazônia, além de ajudar a controlar os focos de incêndio na região de Ribeirão Preto (SP).

TENENTE JORNALISTA MÔNICA LOPES

O Brasil enfrenta desafios recorrentes com incêndios florestais em áreas como o Pantanal e a Amazônia. Para proteger a biodiversidade, as comunidades locais e mitigar os impactos ambientais, a Força Aérea Brasileira (FAB) conta com um aliado poderoso: a aeronave KC-390 Millennium, operada pelo Primeiro Grupo de Transporte de Tropa (1º GTT) – Esquadrão Zeus. Este moderno vetor, equipado com o Sistema Modular Aerotransportável de Combate a

Incêndios (MAFFS, do inglês Modular Airborne Fire Fighting System), tem demonstrado grande eficiência em missões complexas, contribuindo para a preservação do meio ambiente com alto nível de precisão e capacidade operacional.

O KC-390 Millennium é um marco da aviação militar brasileira e internacional. Desenvolvido pela Embraer em parceria com a FAB, é uma aeronave de transporte multimissão projetada para operar em diversos

cenários e ambientes adversos. Com capacidade de carga de até 26 toneladas, pode realizar desde missões de transporte aéreo logístico e reabastecimento em voo até operações de evacuação aeromédica e combate a incêndios florestais. Seu projeto inovador combina alta performance, robustez e flexibilidade, permitindo que atue em pistas não pavimentadas e de difícil acesso, características essenciais em regiões remotas como a Amazônia.

Durante a Operação Pantanal II, entre os meses de julho e setembro, a aeronave lançou mais de 1,18 milhão de litros de água e retardante, desempenhando papel fundamental na contenção de incêndios e na proteção de áreas críticas do Pantanal. Sob a coordenação do Comando Conjunto da operação, o Esquadrão Zeus demonstrou sua capacidade de resposta rápida e precisa, minimizando danos ao ecossistema local. Na Amazônia, durante a Operação Tucumã, em outubro, foram lançados 264.000 litros em

áreas de difícil acesso, evidenciando a importância do KC-390 em regiões onde a geografia desafia a chegada de recursos convencionais.

Em outro cenário, na região de Ribeirão Preto (SP), em agosto, a aeronave foi mobilizada para ajudar a controlar focos críticos de incêndio, lançando 60.000 litros de água. Essa missão reforça a versatilidade do KC-390 em diferentes cenários, desde operações em áreas remotas até missões urbanas ou rurais, onde a precisão no combate às chamas é crucial.

O sucesso das operações se deve ao treinamento específico das equipes do Esquadrão Zeus e ao trabalho conjunto com órgãos ambientais, bombeiros e outras instituições. A parceria fortalece as operações, garantindo maior segurança e eficiência nas missões. “O KC-390 com o MAFFS trouxe uma nova dimensão às operações de combate a incêndios, com precisão, segurança e rapidez. Cada missão representa um compromisso com a vida e com a preservação do meio ambiente”, declarou o Comandante do Esquadrão Zeus, Tenente-Coronel Aviador Bruno Américo Pereira.

1. Preparação do Sistema MAFFS: O sistema é instalado no compartimento de carga do KC-390 e tem capacidade para lançar até 12.000 litros de água ou líquido retardante em uma única descarga de 7 segundos. Sua instalação leva entre seis e oito horas, e o sistema requer uma equipe técnica composta por sete militares especializados em elétrica e mecânica de aeronaves.

2. Abastecimento de Água: O abastecimento é realizado por caminhões que enchem reservatórios com capacidade para 24.000 litros cada. Utilizando motobombas, a água é transferida para o tanque do MAFFS, que comporta até 12.000 litros. O processo de pressurização ocorre com compressores internos e externos, permitindo descargas em alta pressão, fundamentais para garantir eficiência no combate ao fogo. Todo o procedimento de abastecimento e preparação para a decolagem leva cerca de 30 minutos.

3. Coordenação de Voo e Decolagem: Após a decolagem, é realizada a coordenação com o Controle de Tráfego Aéreo para garantir segurança e eficiência durante o voo. A equipe de solo do KC-390 participa ativamente do processo, colaborando com outras aeronaves e equipes em terra para identificar o ponto de combate mais crítico e definir as rotas de acesso.

4. Execução da Missão: Com a identificação do alvo, os mestres de carga ajustam o sistema MAFFS para o lançamento. A aeronave reduz sua velocidade e altitude para realizar as descargas de forma precisa. Em até sete segundos, o KC-390 pode lançar os 12.000 litros de água em uma única descarga ou fracioná-los em até três lançamentos, maximizando a cobertura e a eficácia no combate às chamas.

O KC-390 Millennium incorpora tecnologias avançadas que permitem voos de longa duração, maior autonomia e flexibilidade nas operações. Seu sistema de controle eletrônico de voo (fly-by-wire) oferece maior segurança e precisão em manobras, características essenciais em missões que demandam voos de baixa altitude, como no combate a incêndios. A aeronave também é equipada com modernos sistemas de comunicação e navegação, garantindo integração com outras forças e instituições.

Assista ao vídeo sobre o funcionamento do equipamento de combate a incêndios do KC-390.

CRUZEX 2024

CONSOLIDA ESTRATÉGIAS DE DEFESA

E FORTALECE LAÇOS INTERNACIONAIS

Combinando habilidade operacional e coordenação entre diversas unidades militares,otreinamento,encerradoem15denovembro,reuniu16países,mais de 3.500 militares e cerca de 100 aeronaves. O objetivo foi aprimorar as táticas conjuntaseoadestramentotécnicodasForçasArmadas.

TENENTE JORNALISTA ENIELE SANTOS

A Base Aérea de Natal (BANT) sediou a CRUZEX 2024, o maior exercício de guerra simulada da América Latina, realizado entre os dias 3 e 15 de novembro. Em sua nona edição, a CRUZEX reuniu forças aéreas de 16 países, que participaram de intensos treinamentos e troca de experiências em operações de alta complexidade. O exercício promoveu a integração entre nações aliadas, que compartilharam conhecimentos para fortalecer suas capacidades de defesa.

Para o Diretor da CRUZEX 2024, Brigadeiro do Ar Ricardo Guerra Rezende, os resultados alcançados superaram todas as expectativas iniciais. “Com todo planejamento iniciado em 2022, nosso objetivo foi criar um ambiente de simulação de alta complexidade e, ao mesmo tempo, promover uma integração que fosse além dos aviões no céu. Estamos falando de uma rede de defesa internacional, onde a confiança e a coordenação são a chave”, afirmou.

Ao longo do Exercício, foram registradas cerca de 1.500 horas de voo, mais de 450 paraquedistas lançados, 160 alvos atacados e mais de 800 missões cumpridas. A eficiência operacional alcançou os 98%, refletindo o alto nível de preparo das equipes participantes.

“Além dos números, a CRUZEX 2024 foi um marco na troca de conhecimentos sobre técnicas, táticas e procedimentos que podem salvar vidas e melhorar a resposta das forças aéreas em situações reais”, acrescentou o Brigadeiro Rezende.

Foto:
Suboficial Johnson / CECOMSAER

Um dos maiores triunfos da CRUZEX 2024 foi a sinergia entre os militares de diversas nacionalidades, como Canadá, Equador e África do Sul, que participaram como observadores das sessões de planejamento e debriefing, analisando cada etapa do treinamento e compartilhando suas perspectivas, visando a uma participação com meios aéreos na

próxima edição do Exercício. Essa troca de experiência foi crucial para que as equipes aprimorassem suas operações e construíssem uma rede sólida de cooperação internacional. Para o Coordenador Operacional da CRUZEX, Coronel Aviador Ricardo Bevilaqua Mendes, a edição de 2024 demonstrou como a colaboração internacional eleva o

nível de prontidão. “As melhorias no planejamento das missões aéreas, com briefings mais detalhados e um processo mais dinâmico de análise dos resultados, garantiram um ambiente de treinamento que reflete as demandas modernas”, explicou o Oficial, destacando ainda a inclusão de cenários cibernéticos e espaciais como diferenciais nesta edição.

A FORÇA DA AVIAÇÃO BRASILEIRA

A CRUZEX também foi um grande palco para o desenvolvimento das capacidades aéreas da Força Aérea Brasileira (FAB), que contou com um variado e competente conjunto de aeronaves. Na Aviação de Caça, o Comandante do Grupo de Defesa Aérea (GDA), Tenente-Coronel Aviador Ramon Lincoln Santos Forneas, destacou o desempenho do caça F-39 Gripen. “Tivemos a oportunidade de praticar missões complexas de combate aéreo, nas quais nossos pilotos puderam desenvolver táticas avançadas e aprimorar a coordenação

com esquadrões estrangeiros, o que nos trouxe um importante ganho operacional”, afirmou.

Na Aviação de Transporte, o Comandante do Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Transporte (1º/1º GT) – Esquadrão Gordo, Tenente-Coronel Umile Coelho Rende, elogiou o desempenho do KC-390 Millennium, essencial nas missões de reabastecimento em voo. “O KC-390 provou ser uma aeronave versátil e eficiente, operando em diversos cenários simulados e reforçando seu papel estratégico na Força Aérea

Brasileira,” disse.

Já na Aviação de Reconhecimento, o Comandante do Segundo Esquadrão do Sexto Grupo de Aviação (2º/6º GAV)Esquadrão Guardião, Tenente-Coronel David Dantas da Silva, ressaltou o valor das missões com o R-99 e o E-99, essenciais para a coleta de dados em tempo real. “O reconhecimento estratégico foi fundamental para o sucesso das operações. Pudemos fornecer informações detalhadas do cenário de combate, permitindo uma tomada de decisão ágil e precisa”, destacou.

DEFESA INTEGRADA E CENÁRIOS DE FUTURO

Um dos pontos altos desta edição foi a integração de operações cibernéticas, que permitiu às forças participantes enfrentarem, em tempo real, ameaças digitais em paralelo com os desafios físicos. “O treinamento cibernético aplicado à simulação de combate aéreo foi um divisor de águas. Avaliamos como nossas forças podem reagir a cenários modernos e, mais do que isso, como podemos nos apoiar mutuamente em tais situações”, afirmou o Tenente-Coronel Aviador Tiago Josué Diedrich, Chefe da Célula de Operações Cibernéticas, apontando para um futuro em que a defesa cibernética ocupará um papel cada vez mais relevante.

Para o Comandante do Grupo Operacional (GOP) da BANT e Chefe da célula Exercise Support (EXSUP), Coronel Aviador Paulo Cezar Fischer da Silva, a CRUZEX foi também um compromisso com a segurança global, uma vez que o Exercício representa um esforço coletivo para criar um espaço aéreo mais seguro e bem coordenado. “É gratificante ver o trabalho de dois anos de planejamento se concretizar nessa importante edição da CRUZEX. Graças ao esforço conjunto de todos os Órgãos de Direção Setorial do Comando da Aeronáutica, a Base Aérea de Natal pôde proporcionar a melhor estrutura de suporte aos participantes, criando um ambiente propício para a troca de experiências entre as diversas nações. O empenho de todo o time de suporte ao Exercício viabilizou a consecução plena dos objetivos da CRUZEX 2024”, relatou.

Foto: Suboficial Johnson / CECOMSAER

Com a CRUZEX 2024 encerrada, fica a certeza de um exercício bemsucedido que deixou um legado de aprendizado e cooperação internacional. “Este cenário multinacional e complexo permitiu que nossos pilotos passassem por um treinamento operacional muito próximo de situações reais, contribuindo para o aperfeiçoamento da prontidão e da capacidade de resposta da Força Aérea Brasileira”, concluiu o Brigadeiro Rezende. O Exercício deixa seu marco como um exemplo de integração e aprimoramento contínuos, pavimentando o caminho para futuras edições. A próxima CRUZEX já desperta expectativas, prometendo unir novamente as forças aéreas de diversas nações para um objetivo comum: a construção de uma defesa global forte e solidária.

Assista ao vídeo de encerramento da CRUZEX 2024.

INTERCEPTAÇÃO AÉREA: UM VERDADEIRO JOGO DE XADREZ

Nas operações de interceptação aérea, as aeronaves da FAB atuam como verdadeirospeõesrápidosecalculistas,prontosparacercareneutralizar qualquerameaçaqueinvadaclandestinamenteoespaçoaéreobrasileiro.

TENENTE JORNALISTA SUSANNA SCARLET

Imagine o céu como um enorme tabuleiro de xadrez, onde cada movimento é uma decisão crucial. Nesse cenário, quando uma aeronave desconhecida invade o espaço aéreo, a Força Aérea Brasileira, por meio do Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE) entra em ação. Cada missão se torna uma jogada decisiva, com aviões da FAB atuando como peões rápidos e calculistas, prontos para cercar e neutralizar qualquer ameaça.

A troca de informações entre áreas de inteligência da FAB e da Polícia Federal, por exemplo, é fundamental

para o sucesso das operações. Essa cooperação permite que as aeronaves de alerta antecipado, como o E-99 e os caças A-29 sejam posicionados nos pontos mais estratégicos, aumentando significativamente as chances de interceptação de aeronaves ilegais.

O Chefe do Estado-Maior Conjunto, Major-Brigadeiro do Ar João Campos Ferreira Filho, destaca a importância do trabalho coordenado entre os órgãos de segurança. “A nossa fronteira terrestre é extensa, então o trabalho conjunto de inteligência é crucial para que possamos localizar e interceptar voos suspeitos.

Assim, conseguimos otimizar o uso dos nossos recursos e alcançar um alto índice de sucesso”, explica o Major-Brigadeiro. Ele acrescenta que todas as aeronaves interceptadas e abordadas pela FAB foram encontradas transportando drogas, resultando em um índice de acerto de 100% nas operações.

O trabalho da FAB e da Polícia Federal, que reforça as ações do COMAE no combate ao tráfegos aéreos ilícitos, mostra a importância da integração entre as forças de segurança para garantir a soberania e a segurança das fronteiras do país.

Em uma ação coordenada com diversas forças de segurança, a Força Aérea Brasileira, por meio do C OMAE , fortalece sua atuação dentro do Programa de Proteção Integrada de Fronteiras (PPIF), ação que promove uma ampla integração entre órgãos federais e estaduais e

que reúne esforços da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Receita Federal, polícias militares e Forças Armadas. “Essa sinergia é essencial para uma resposta eficaz contra o tráfico. Se a ação de interceptação fosse apenas aérea, os criminosos migrariam para rotas fluviais, o que só podemos

DECRETO FOI PUBLICADO PARA GARANTIR SEGURANÇA

AÉREA DURANTE A CÚPULA DO G20

Para garantir a segurança do espaço aéreo brasileiro durante a Cúpula de Líderes do G20, realizada no mês de novembro, o Governo Federal publicou o Decreto nº 12.243/2024. Um dos objetivos do Decreto foi detalhar procedimentos de interceptação de aeronaves, com a possibilidade de aplicação da “Medida de Destruição”. A medida é amparada pelo § 2º do art. 303

do Código Brasileiro de Aeronáutica, que prevê a possibilidade de destruição de aeronaves classificadas como hostis.

A exemplo do que ocorreu em grandes eventos no país, como os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, esse Decreto temporário estabelece as diretrizes de segurança para o Comando da Aeronáutica, incluindo a classificação de uma aeronave como hostil e o emprego

impedir com a atuação conjunta de todos os setores”, afirma o OficialGeneral.

O Major-Brigadeiro Campos acrescenta que as ações coordenadas refletem uma tendência sazonal, onde o uso de determinados modais depende do impacto das operações em curso.

de meios antiaéreos, se necessário. Essas ações visam assegurar a soberania e a segurança do espaço aéreo brasileiro durante o evento. O decreto teve validade até 21 de novembro de 2024. Além disso, o Decreto fornece um arcabouço legal, conferindo segurança jurídica para as ações das Forças Armadas no cumprimento de sua missão de proteção e defesa nacional.

Em qualquer operação de interceptação, o cumprimento de protocolos jurídicos rigorosos é essencial. A FAB atua dentro dos limites da legislação brasileira e dos acordos internacionais, especialmente no que se refere à interceptação de aeronaves. Durante a operação, a primeira etapa envolve a identificação e comunicação com a aeronave suspeita, que é feita com o máximo de discrição. Caso a aeronave não colabore, são adotadas medidas para forçar o cumprimento das instruções, sempre com o devido respeito à soberania e aos direitos internacionais.

A Defesa Aérea no Brasil é uma operação estratégica vital para a segurança nacional. No comando dessa tarefa, os pilotos da Força Aérea Brasileira desempenham um papel essencial em situações de interceptação, que podem ser desafiadoras e exigem precisão, rapidez e habilidades avançadas de tomada de decisão.

A missão de interceptar uma aeronave não autorizada ou suspeita que invade o espaço aéreo controlado começa com uma fase crucial: a detecção, que é feita pelo Sistema de Defesa Aeroespacial

Brasileiro (SISDABRA), o qual monitora o espaço aéreo nacional em tempo real, identificando qualquer aeronave que possa representar uma ameaça. Quando uma aeronave não autorizada é detectada, as fases seguintes entram em ação rapidamente.

O Major Aviador Sérgio Augusto Puhle Júnior, que atua na Divisão de Operações Correntes do COMAE, explica como funciona uma missão de Intercepção.

A detecção inicial é seguida por um alerta que aciona o sistema de pronta-resposta da FAB. Quando a ameaça é confirmada, os pilotos de prontidão são acionados. “A sirene toca e, em segundos, os pilotos estão correndo para os caças já posicionados, abastecidos e armados, prontos para decolar”, disse o Major Puhle, piloto de caça da FAB.

Atualmente, a Força Aérea utiliza o F-5M Tiger e o A-29 Super Tucano para missões de interceptação. A escolha do caça depende da missão e da natureza da ameaça. O F-5M é ideal para interceptações de maior complexidade, enquanto o A-29 Super Tucano é utilizado em cenários de risco mais baixo.

Durante a interceptação, diversos fatores podem tornar a missão mais difícil, o tempo de resposta é crucial, especialmente em regiões como a Selva Amazônica, onde a comunicação é mais difícil e o voo é desafiador.

As condições meteorológicas também são um fator importante. “Mesmo em condições adver-sas, as missões de defesa aérea não podem ser adiadas. Isso exige que os pilotos estejam prontos para operar em qualquer situação climática”, afirma o Major Puhle. Além disso, o comportamento imprevisível das aeronaves interceptadas é outro

desafio. “Quando o alvo tenta fugir ou realiza manobras evasivas, a interceptação se torna mais complexa.

A habilidade de avaliação rápida da situação é essencial”, acrescenta.

Em uma missão de interceptação, a comunicação entre os pilotos e os controladores aéreos é vital. Os controladores fornecem informações cruciais sobre a posição, altitude e trajetória do alvo antes mesmo de chegarmos ao local. Isso permite uma consciência situacional e ajuda o piloto a planejar a abordagem.

A equipe de solo também tem um papel fundamental, garantindo que os

caças estejam prontos para decolar em tempo hábil e dando suporte logístico essencial para o sucesso da missão.

Embora as situações de interceptação sejam críticas, os pilotos da FAB são constantemente treinados para lidar com o estresse e a pressão. “Não existe uma preparação mental específica para cada missão, mas o preparo psicológico é contínuo. A concentração, a capacidade de tomar decisões rápidas e a gestão do estresse são habilidades que são treinadas desde o início da carreira”, afirma o Major Puhle.

Recentemente, a tecnologia tem melhorado a precisão e a eficiência das interceptações. O uso de ferramentas de comunicação e controle, como o data link - que se refere à conexão de uma área a outra - e as comunicações criptografadas, tem permitido uma melhor coordenação em tempo real entre os caças e os centros de comando, aumentando a eficácia das operações de defesa aérea.

Nos últimos anos, a FAB tem intensificado seus esforços de inteligência e monitoramento do espaço aéreo brasileiro, especialmente, com o uso de aeronaves E-99 de controle e alarme em voo em diversas operações. Esse trabalho incessante tem sido crucial para coibir tráfegos aéreos ilícitos, resultando em uma diminuição do número de aeronaves interceptadas. A redução no número de interceptações reflete a eficiência das ações de inteligência e dissuasão.

A Força Aérea Brasileira tem utilizado uma ampla gama de meios e informações provenientes de diversos órgãos de segurança pública e fiscalização para identificar e agir contra tráfegos aéreos desconhecidos de maneira preventiva.

Ao focar em pontos estratégicos e utilizar dados de inteligência, a FAB vem conseguindo reduzir a necessidade de interceptações, mostrando que o trabalho preventivo está sendo efetivo.

A Força Aérea Brasileira demonstrou mais uma vez sua capacidade operacional e o trabalho integrado com outras agências de segurança durante duas interceptações simultâneas realizadas recentemente em território nacional. O sucesso da operação, que envolveu a cooperação entre a FAB, a Polícia Federal (PF), Polícia local e serviços de inteligência, reforça o papel da Força Aérea na defesa do espaço aéreo brasileiro e na proteção da segurança nacional. O trabalho conjunto entre a FAB, a Polícia Federal e os serviços de inteligência é fundamental para o sucesso da operação.

A segurança durante uma interceptação não se restringe apenas à ação aérea. As equipes de controle de solo desempenham papel fundamental, não só monitorando o progresso da missão, mas também coordenando a segurança no solo, garantindo que qualquer risco potencial à população ou a

áreas sensíveis seja minimizado. Durante a operação, a comunicação entre os caças e os controladores de solo é constante, permitindo ajustes táticos rápidos e comunicação direta com as autoridades locais.

As recentes interceptações realizadas pela Força Aérea Brasileira, com apoio da Polícia Federal e outros serviços de inteligência, demonstraram mais uma vez a competência das instituições em proteger o espaço aéreo nacional. A coordenação interagências, o respeito aos protocolos jurídicos e a integração das medidas de controle de solo e ar asseguraram o sucesso da missão, garantindo a segurança e a integridade do Brasil frente a ameaças externas.

A colaboração estreita entre os diversos setores de segurança pública do Brasil reafirma o compromisso da Força Aérea com a defesa da soberania nacional e a proteção de nossos cidadãos. Em um cenário cada vez mais complexo, a capacidade de resposta da FAB é uma garantia de que estamos preparados para enfrentar os desafios de segurança aérea que possam surgir.

35 ANOS DA AERONAVE A-1 AMX

DA FORÇA AÉREA BRASILEIRA:

UMA JORNADA DE SUCESSO E MODERNIZAÇÃO

AForçaAéreaBrasileiracelebra35anosdeoperaçãodaaeronave decaçaA-1,umdosprincipaisvetoresdecombatedopaís.

TENENTE RELAÇÕES PÚBLICAS

WANESSA LIZ E JOÃO PAULO MORALEZ

Em 2024, a Força Aérea Brasileira (FAB) comemora 35 anos da operação de um de seus principais vetores de combate: a aeronave A-1, conhecida internacionalmente como AMX. Desde sua introdução, o A-1 se tornou um pilar estratégico, evoluindo com modernizações e adequações que reforçaram seu papel na defesa nacional. Esta é a trajetória de um caçabombardeiro que combina inovação, parceria internacional e eficiência operacional.

No final da década de 1970, a FAB buscava substituir os já obsoletos AT-26 Xavante por aeronaves mais modernas e capazes. Após análises e negociações, em julho de 1981 foi firmado um acordo entre os governos do Brasil e da Itália, criando um consórcio binacional responsável pela produção do AMX. A

parceria contou com a Aeritalia (46,7%), a Aermacchi (23,6%) e a Embraer (29,7%), marcando um importante passo para o desenvolvimento da indústria aeronáutica brasileira.

Como resultado, a FAB adquiriu 45 aeronaves, distribuídas entre as versões monoplace (A-1) e biplace (A-1B). Equipados com grande raio de ação, capacidade para transportar maior carga bélica e compatibilidade com reabastecimento em voo, os caças trouxeram à FAB um novo patamar de atuação em missões estratégicas e táticas.

A chegada do A-1 demandou a criação de uma unidade aérea específica. Assim, em 1989, foi inaugurado o Primeiro Esquadrão do Décimo Sexto Grupo de Aviação (1º/16º GAV) - Esquadrão Adelphi, sediado na Base Aérea de Santa Cruz (BASC). A unidade foi uma

homenagem aos veteranos do Primeiro Grupo de Aviação de Caça (1º GAV) que combateram na Segunda Guerra Mundial. Em 13 de outubro de 1989, o primeiro A-1 pousou em solo brasileiro, mas as operações iniciaram oficialmente em julho de 1990. No ano seguinte, o esquadrão foi declarado operacional. Outros marcos importantes incluíram a introdução do A-1 em novas unidades. Em 1998, o Terceiro Esquadrão do Décimo Grupo de Aviação (3º/10º GAV) - Esquadrão Centauro, na Base Aérea de Santa Maria (BASM), recebeu as primeiras aeronaves, tornando-se operacional em 2000. Já em 1999, o Primeiro Esquadrão do Décimo Grupo de Aviação (1º/10º GAv) - Esquadrão Poker, também sediado em Santa Maria, passou a operar o A-1, com sua frota completada em 2004.

Foto: João Paulo Moralez

O A-1 é uma aeronave projetada para desempenhar múltiplas funções em uma ampla gama de cenários operacionais. Com a capacidade de operar em altas velocidades subsônicas e em baixas altitudes, o modelo é altamente eficiente em missões de ataque ao solo, reconhecimento e escolta, sendo uma peça chave para a aviação de combate do Brasil.

Uma das características distintivas do A-1 é sua versatilidade: a aeronave pode ser empregada tanto de dia quanto de noite, garantindo capacidade operacional contínua, independentemente das condições de luminosidade. Essa flexibilidade é uma vantagem significativa em cenários de combate onde a visibilidade e a precisão são essenciais para o sucesso da missão.

Equipado com mísseis ar-ar, o A-1 pode se defender de ameaças aéreas,

complementando sua função de caça com a capacidade de combate aéreo. Além disso, a aeronave conta com canhões integrados, que proporcionam eficácia em ataques de curto alcance e precisão durante operações de ataque ao solo. Esses recursos tornam o A-1 uma plataforma multifuncional, capaz de cumprir uma variedade de missões, desde a interdição de alvos aéreos até a destruição de alvos terrestres com alta precisão.

A história do A-1 reflete o poder das colaborações internacionais. Desenvolvido pelo consórcio AMX International, liderado pela italiana Aermacchi, o projeto tinha como objetivo criar uma aeronave de combate eficiente e econômica. O Brasil se uniu ao programa em 1980, garantindo não apenas o acesso a uma tecnologia moderna, mas também o fortalecimento

de sua indústria aeronáutica. A Embraer desempenhou um papel central no projeto, ao assumir a montagem final e o desenvolvimento de sistemas específicos.

Desde sua chegada à FAB, em 1989, o A-1 provou sua versatilidade, sendo utilizado em missões de ataque ao solo, reconhecimento e apoio aéreo. Suas versões monoplace (A-1A) e biplace (A-1B) foram projetadas para atender a diferentes necessidades operacionais, como missões solo ou treinamentos e operações conjuntas.

Desde sua entrada em operação em 1989, o A-1 tem sido uma peçachave na aviação de combate da FAB, destacando-se pela versatilidade e pelo desempenho em missões de ataque ao solo, reconhecimento e apoio aéreo. Com o passar dos anos, o modelo passou por processos de modernização,

garantindo que a aeronave se mantivesse atualizada e eficiente frente às novas exigências operacionais e ao avanço das tecnologias militares.

No início dos anos 2000, a FAB iniciou o programa de modernização da frota de A-1, resultando na versão A-1M. Com novos radares, sistemas de navegação e equipamentos de contramedidas eletrônicas, o A-1M trouxe avanços significativos, aumentando sua eficácia em missões complexas.

O programa de modernização visava atualizar os sistemas eletrônicos, os radares e os dispositivos de defesa da aeronave, além de melhorar sua capacidade operacional. A versão modernizada, chamada A-1M, trouxe significativas melhorias, como a instalação de um radar multimodo, novos sistemas de navegação e

mira, além de recursos avançados de contramedidas eletrônicas para autodefesa. Com esses aprimoramentos, o A-1M passou a ser capaz de realizar missões ainda mais complexas, tanto de ataque ar-solo quanto de escolta e apoio aéreo.

O primeiro A-1 modernizado foi entregue à FAB em 2012, marcando o início de uma nova fase para a aeronave. A partir de então, a versão A-1M começou a ser incorporada à frota da FAB, com a entrega de diversas unidades nos anos seguintes, a maioria delas para o Esquadrão Adelphi. Este esquadrão, que foi o primeiro a operar o A-1, desempenhou um papel central na adaptação e integração da versão modernizada no dia a dia das operações de combate.

A FAB opera atualmente uma frota de xx aviões de ataque AMX

A-1, aeronaves multifuncionais que desempenham papel fundamental nas missões de combate e defesa nacional.

O A-1 destacou-se em diversas missões e exercícios internacionais. Em 1998, foi a aeronave escolhida para a estreia da FAB na Operação Red Flag, o maior exercício de guerra aérea do mundo, realizado na Nellis Air Force Base, nos Estados Unidos (EUA). Essa participação marcou o reconhecimento internacional da capacidade operacional da FAB e do A-1 como uma plataforma estratégica. Além disso, a versatilidade do A-1, com sua assinatura de radar reduzida e alta eficiência em missões subsônicas a baixa altitude, garantiu proteção e precisão em operações noturnas e de ataque estratégico ao longo de sua história.

O objetivo central da introdução do A-1 foi a necessidade de uma aeronave de ataque que fosse ao mesmo tempo capaz e econômica. A aeronave foi projetada para operar em uma variedade de funções:

Sua principal missão é realizar ataques a alvos terrestres, utilizando uma vasta gama de armamentos, como bombas, mísseis e foguetes.

O A-1 também desempenha funções de reconhecimento, equipada com sensores modernos que permitem a coleta de informações vitais sobre o campo de batalha.

A aeronave tem um papel crucial em missões de apoio direto às forças terrestres, sendo capaz de fornecer cobertura aérea a tropas em combate.

Em missões de escolta, o A-1 é capaz de proteger outras aeronaves, garantindo sua segurança ao transitar por espaços hostis.

Além disso, a aeronave possui uma grande versatilidade para missões em uma ampla gama de condições, desde cenários de combate convencionais até ambientes mais exigentes, como operações em áreas de alta montanha ou de difícil acesso.

O que a família de jatos ERJ-140/145, E-170/190, E-170/190E2, o A-29 Super Tucano, o KC-390 Millennium e a linha de jatos executivos da Embraer têm em comum? O caça-bombardeiro AMX. Do ponto de vista operacional, esse avião, fruto de um programa binacional entre Brasil e Itália iniciado nos anos 1980, introduziu tecnologias e conceitos inéditos para a Força Aérea Brasileira (FAB). Porém, esse caça foi além: projetou a indústria aeronáutica brasileira ao protagonismo mundial, experimentado a partir de meados dos anos 1990.

Foi por meio do AMX que técnicos e engenheiros brasileiros aprenderam a desenvolver um radar multimodo embarcado; a atuar com programação de softwares; a fazer a integração de sistemas; a produzir um canhão aeronáutico de 30 mm sob licença; a desenvolver e fabricar sondas de reabastecimento em voo; a trabalhar com sistemas fly-by-wire; a projetar rigs de testes; e a desenvolver e produzir trens de pouso.

Superando as barreiras impostas na época, incluindo embargos das nações do chamado Primeiro Mundo, o Brasil

adquiriu conhecimentos determinantes para todos os programas aeronáuticos desenvolvidos desde então. Os benefícios do AMX reverberam até hoje, inclusive por meio das instalações e maquinários adquiridos para atender às suas linhas de produção, atualmente utilizados na fabricação de outros aviões.

Sem o AMX, o Brasil não teria dado o salto quântico que colocou a Embraer como a terceira maior fabricante aeronáutica do mundo. Tampouco teria permitido que a AEL Sistemas se tornasse uma gigante mundialmente

reconhecida no desenvolvimento de sistemas aviônicos, ou que o país ingressasse no seleto grupo de menos de dez nações capazes de desenvolver e produzir trens de pouso.

Graças ao AMX, a Embraer atua hoje como uma verdadeira integradora de tecnologias e sistemas, com experiência em gestão de projetos que transcende a aviação, como no programa da Fragata Tamandaré e no setor espacial.

Sem o programa AMX, o Brasil não ocuparia a posição de destaque e o reconhecimento mundial de que desfruta sua Base Industrial de Defesa.

HERÓIS NO AR: COMO A FORÇA AÉREA BRASILEIRA TRANSPORTA ÓRGÃOS E TECIDOS PARA SALVAR VIDAS

Operações logísticas rápidas e precisas garantem a chegada de órgãos vitais em questão de horas, salvando vidas em todo o Brasil.

TENENTE JORNALISTA ENIELE SANTOS

No Brasil, o transporte de órgãos é uma operação que envolve diferentes setores do governo, Organizações não Governamentais (ONGs) e instituições de saúde. A FAB entra em ação quando é necessário um deslocamento rápido, principalmente em casos em que o órgão precisa ser transportado por longas distâncias. Esse processo é realizado com precisão pelo COMAE, que é acionado assim que há uma solicitação urgente de transporte.

O COMAE recebe pedidos de transporte de órgãos do Ministério

da Saúde, que é responsável pela centralização e gestão da fila única de transplantes no país. Quando um órgão é disponibilizado para doação, o sistema realiza um cruzamento de dados para identificar o receptor ideal, levando em consideração fatores como compatibilidade sanguínea, estado de saúde do receptor e proximidade geográfica. Caso o órgão precise ser transportado para uma região distante, o COMAE é acionado e inicia a logística para o transporte aéreo.

É neste sentido que a Diretora da

Central de Transplantes da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, Gabriela Christmann destaca a importância do transporte por meios aéreos pela rapidez e facilidade de chegar a lugares distantes e, muitas vezes, de difícil acesso por meio terrestre. “É fundamental contar com o apoio das aeronaves da Força Aérea Brasileira no transporte de órgãos, pois o tempo é um fator crucial nesses casos. Cada minuto importa para a preservação do órgão e, consequentemente, para a chance de vida do receptor. Graças

à agilidade e ao comprometimento das equipes da Força Aérea, podemos reduzir significativamente o tempo de deslocamento entre a captação e o transplante, salvando vidas que dependem dessa rapidez”, diz ela, acrescentando que a parceria entre a Central de Transplantes e a FAB é um exemplo de como a união entre diferentes setores pode fazer a diferença, garantindo que mais pessoas tenham acesso ao tratamento de que tanto precisam.

Assim que o COMAE é acionado, o pedido é transmitido para uma das bases aéreas da FAB mais próximas do local onde o órgão precisa ser retirado.

Os pilotos e equipes técnicas da FAB são preparados para atuar rapidamente em situações de emergência. Os profissionais são acionados e, muitas vezes, entram em prontidão em questão de minutos, preparando a aeronave e checando os detalhes da operação para garantir a segurança e rapidez no transporte do órgão.

Entre as aeronaves usadas para essas operações estão os modelos de transporte como o C-95 Bandeirante, C-97 Brasília e o U-100 Phenom. Essas aeronaves possuem capacidade de decolagem rápida e podem cruzar grandes distâncias em tempo recorde, o que é essencial quando

o tempo é um fator crítico. “É uma grande honra para mim, como piloto da Força Aérea Brasileira, realizar missões de transporte de órgãos. Saber que cada decolagem e cada pouso podem significar a diferença entre a vida e a morte para alguém torna o nosso trabalho ainda mais significativo. Em situações como essas, a rapidez é essencial e o acionamento das equipes responsáveis pelo transporte é feito de maneira extremamente ágil e coordenada. Todos sabem a importância de cada minuto para a preservação do órgão e para o sucesso do transplante. Essas operações exigem dedicação e precisão e é gratificante fazer

parte de uma equipe que se empenha tanto para beneficiar a sociedade e salvar vidas”, relata o piloto do Sexto Esquadrão de Transporte Aéreo (6° ETA - Esquadrão Guará), Tenente Aviador Gustavo Vidigal.

O transporte de órgãos é uma questão de logística e eficiência. Muitos órgãos, como o coração e os pulmões, têm uma janela curta para serem implantados após a retirada do doador – geralmente de 4 a 6 horas, como nos casos de doação de coração. Órgãos como rins e fígado possuem um tempo de preservação maior, mas ainda assim, precisam de transporte rápido para que o transplante tenha uma chance de sucesso.

De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil possui um dos maiores sistemas públicos de transplantes de órgãos do mundo e a FAB é parte essencial deste sistema. Sem o apoio das aeronaves da FAB, a distribuição de órgãos ficaria restrita a regiões mais próximas dos centros de doação, reduzindo significativamente as chances de encontrar um receptor adequado e prejudicando pacientes que esperam por um transplante em locais mais distantes.

As operações de transporte de órgãos pela FAB são verdadeiros exemplos de coordenação e dedicação. Desde 2016, mais de 2.175 órgãos foram transportados em mais de 1.900 missões. Somente em 2024,

foram mais de 260 órgãos transportados, com destaque para Fígado e Coração. O trabalho da FAB no transporte de órgãos é um exemplo do potencial das forças armadas para salvar vidas, indo muito além de suas funções de defesa nacional. A logística de transporte rápido e eficiente realizada pela FAB mostra o poder da integração entre tecnologia, comprometimento humano e infraestrutura para fazer a diferença na vida de milhares de brasileiros. Com cada missão bemsucedida, a FAB não apenas transporta um órgão – ela carrega esperança para aqueles que aguardam ansiosamente por uma segunda chance de viver.

INFANTARIA DA FAB: PROTEÇÃO E INOVAÇÃO

Estratégica e multifacetada, essa força de combate terrestre é sinônimo de prontidão em prol da garantia da segurança e da soberania do país.

TENENTE-CORONEL DE INFANTARIA ALEX MENDES

A Infantaria da Força Aérea Brasileira (FAB) desempenha um papel estratégico e multifacetado, atuando em áreas essenciais como Operações Especiais, Busca e Salvamento (SAR) e Defesa Antiaérea, com destaque crescente para Segurança e Defesa em 2024. Entre suas ações mais relevantes estão as operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no Rio de Janeiro e São Paulo, a participação na Operação Taquari 2 e o uso de tecnologias avançadas, como drones para segurança de instalações e sistemas antidrones para controle de acesso.

As medidas de segurança das instalações dividem-se em ativas e

passivas, sendo ambas essenciais para mitigar riscos e assegurar a continuidade das operações. As medidas ativas incluem patrulhas, sistemas de vigilância eletrônica e interceptação de ameaças por equipes de reação. Já as medidas passivas envolvem estratégias como o fortalecimento da mentalidade de segurança no efetivo e as melhorias nas infraestruturas de segurança para reduzir a vulnerabilidade a ataques. Além disso, controles de acesso rigorosos, combinados com sistemas de detecção e monitoramento, garantem que apenas pessoal autorizado acesse áreas sensíveis. Essas abordagens integradas tornam-se ainda mais cruciais em cenários

onde ameaças de alta intensidade exigem resiliência operacional e capacidade de resposta imediata.

Dentro desse cenário, e para proteger os ativos, as instalações e o pessoal, a Força Aérea Brasileira tem o Sistema de Segurança e Defesa (SISDE), composto por uma metodologia de levantamento dos riscos e priorização da defesa, utilizando material, equipamento e pessoal especializado. Essa metodologia começa com o Planejamento de Segurança das Instalações, seguido do Suporte Integrado de Segurança das Instalações.

A ICA 205-45 - Planejamento de Segurança das Instalações apresenta uma

metodologia sistemática para o gerenciamento de riscos de segurança nas organizações militares do COMAER, com o objetivo de priorizar as infraestruturas críticas a serem defendidas e manter a capacidade operacional da Força. O processo é estruturado em etapas que incluem o estudo detalhado do cenário, considerando variáveis internas e externas, a identificação de ameaças e vulnerabilidades, a avaliação de riscos e a implementação de medidas mitigadoras. As variáveis internas englobam fatores relacionados às características das instalações, como localização, layout, pessoal, controle de acesso e sistema de monitoramento. Já as variáveis externas consideram aspectos ambientais, políticos, econômicos e psicossociais que podem influenciar a segurança das instalações. Essas informações embasam a elaboração do Plano de Segurança das Instalações (PSI) e do Plano de Segurança Orgânica e Defesa (PSOD), que detalham as soluções e recursos necessários para mitigar os riscos identificados.

Uma das ferramentas centrais da metodologia é a Matriz de Gerenciamento de Riscos, que organiza a análise de conceitos inter-relacionados para avaliar e hierarquizar os riscos. Os conceitos inter-relacionados são: o ator capaz, definido como um indivíduo ou grupo, interno ou externo, com a capacidade de executar ações que comprometam a segurança das instalações; a motivação, seja intrínseca (como ideologia ou ego) ou extrínseca (como interesses financeiros ou vingança), que impulsiona o ator capaz a adotar um comportamento específico. Essas motivações levam à ação antagônica, o ato concreto pelo qual o ator tenta materializar uma ameaça, como sabotagem, furto ou invasão. A ameaça surge da combinação de um ator capaz motivado com uma ação antagônica potencial. Já a vulnerabilidade refere-se às condições existentes que facilitam ou permitem a concretização dessa ameaça, como falhas no controle de acesso ou fragilidades na infraestrutura de segurança. Por fim, o risco é o resultado da interação entre a ameaça identificada, a vulnerabilidade existente e o dano potencial, sendo avaliado na Matriz de Gerenciamento de Riscos com base em sua probabilidade de ocorrência e gravidade do dano, para então priorizar as medidas mitigadoras adequadas em cada caso. A ICA também enfatiza a importância de uma abordagem contínua, com revisões

Fotos: Sgt Müller Marin / CECOMSAER Fotos: Sgt Müller Marin / CECOMSAER

regulares e ajustes nas medidas implementadas, assegurando que as soluções permaneçam eficazes diante de mudanças no cenário ou novas ameaças emergentes.

Com foco na modernização e eficiência, o Comando da Aeronáutica determinou ao Comando de Preparo (COMPREP) o gerenciamento da implementação do Suporte Integrado de Segurança das Instalações (SISI) em todas as Organizações Militares (OM). Essa iniciativa estratégica visa fortalecer a proteção de instalações críticas ao integrar conceitos avançados de infraestrutura de segurança, sistemas eletrônicos e equipes de reação especializadas. A abordagem combina recursos modernos, como vigilância e controle de acesso eletrônicos, com a atuação de equipes treinadas, com adequado poder de fogo, equipadas com proteção balística e preparadas para o uso progressivo e proporcional da força, assegurando maior eficácia na resposta a possíveis ameaças.

Em suma, o SISI visa promover a integração e reestruturação da infraestrutura de segurança das OM, otimizando sistemas e processos por meio de um projeto abrangente. A iniciativa engloba a implantação de sistemas avançados de vigilância eletrônica, controle de acesso inteligente e o emprego coordenado de equipes de reação, tudo gerido por uma robusta estrutura de comando, controle e inteligência. Isso garante o compromisso do COMAER com a segurança e prontidão operacional, assegurando que suas instalações estejam alinhadas aos desafios contemporâneos e preparadas para mitigar riscos de forma eficiente e integrada.

No contexto do Suporte Integrado de Segurança das Instalações (SISI), o Sistema de Controle de Acesso e Identificação (SCAI) representa um avanço estratégico no controle de acesso às Organizações Militares (OM) da Força Aérea Brasileira (FAB). Desenvolvido internamente por militares da FAB e inicialmente implantado na Guarnição de Aeronáutica de Pirassununga (GUARNAE-YS), o SCAI consolidou-se como uma solução inovadora que integra tecnologia de QR Code com sistemas de comando, controle e inteligência. Atualmente, o software está implantado em 26 OM, sendo que a coordenação das futuras instalações está sob gerência do CCA-BR, acompanhado pelo COMPREP.

A CRUZEX 2024, realizada de 3 a 15 de novembro na Base Aérea de Natal (BANT), reuniu 16 países, mais de 3.500 militares e cerca de 100 aeronaves, consolidando-se como o maior exercício multinacional de guerra simulada da América Latina. A segurança do exercício ficou a cargo da Infantaria da Aeronáutica, por meio da Force Protection (FP), que desempenhou um papel crucial na proteção dos meios aéreos, materiais, equipamentos e pessoal, tanto brasileiros quanto estrangeiros, assegurando um ambiente seguro para a execução das operações. Composta por 537 militares dos Grupos de Segurança e Defesa de Natal, Brasília, Manaus, Recife, Canoas e Curitiba, a FP demonstrou elevado nível de preparo e eficiência. Entre

suas principais missões, destacou-se o credenciamento de mais de 3.500 participantes e a utilização de tecnologia de controle de acesso eletrônico, por meio do SCAI, para áreas restritas da BANT, registrando uma média de 9.300 acessos diários entre entradas e saídas de militares da missão e visitantes. Além disso, a FP realizou, diariamente, o patrulhamento e controle das vias de acesso e estacionamentos, bem como a vigilância do Quartel-General da CRUZEX e das linhas de voo, empregando sistemas modernos de vigilância eletrônica com sensores e câmeras de última geração, além de equipes de reação motorizadas.

A utilização de Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP), popularmente conhecidas como drones,

ampliou a consciência situacional da FP em toda a área da BANT. A equipe de Autodefesa de Superfície, responsável por proteger meios em ambiente externo às OM da FAB, foi encarregada da autodefesa dos radares e meios de telecomunicação do 4º/1º Grupo de Comunicações e Controle (GCC), desdobrados em cidades do interior do Rio Grande do Norte, Pernambuco e Paraíba.

A atuação da Force Protection na CRUZEX 2024 não apenas garantiu a segurança das instalações e dos participantes, mas também serviu como um exercício prático de capacidades, comprovando a eficiência e o alto nível de preparo da tropa de Infantaria da Aeronáutica em cenários complexos e multinacionais.

A Defesa Aeroespacial (DAAe) da Força Aérea Brasileira (FAB) é um dos pilares fundamentais da segurança nacional, desempenhando um papel crucial na proteção do espaço aéreo do país. Com um histórico de operações bem-sucedidas, destacou-se em missões como os Jogos Olímpicos, a Copa do Mundo e a Cúpula dos BRICS, entre outras.

Entre os exercícios em que a DAAe participou, destaca-se o operacional de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento (IVR), no qual o 1º Grupo de Defesa Antiaérea, sediado em Canoas (RS), desdobrou uma bateria de sistema antiaéreo nas localidades de Rosário do Sul e Saicã, com foco no treinamento e suporte às unidades aéreas. Durante o exercício, foram realizados 46 disparos simulados, com um aproveitamento geral de 76% nos engajamentos. A presença da Equipe de Ligação Antiaérea (ELAAe), responsável pelo fluxo de comando e controle (C²), proporcionou ganhos operacionais significativos ao Centro de Operações Antiaéreas (COAAe).

A atuação da DAAe também foi fundamental durante o G20, um dos eventos internacionais mais importantes de 2024. As equipes dos Grupos de Defesa Antiaérea (GDAAe) operaram em regime ininterrupto, entre 17 e 20 de novembro, garantindo a segurança do espaço aéreo. O planejamento foi realizado de forma integrada com as demais Forças Armadas, mobilizando unidades de tiro e militares de diferentes áreas.

O emprego dos grupos de defesa antiaérea da FAB, em coordenação com os meios da Marinha e do Exército, incluiu a atuação no CINDACTA II, em Curitiba, e no COAAe, com funções como operação de radares, comunicações e apoio logístico. A operação também contou com a ativação da Célula de Operações Locais (COL), com redundância operacional em Curitiba e no Galeão.

Os Sistemas de Defesa Antiaérea, integrados ao Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (SISDABRA), colaboram de forma sinérgica com os meios aéreos para proteger as estruturas críticas da FAB. A Infantaria da Aeronáutica opera subsistemas que garantem a segurança de ativos estratégicos, como bases aéreas, radares, centros de controle e aeronaves no solo.

Além de fortalecer a segurança operacional, a defesa antiaérea atua em cenários de ameaças híbridas e assimétricas, em conjunto com outras Forças Armadas e órgãos de segurança. Esse preparo contínuo é exercitado em treinamentos como TAPIO, TÍNIA e CRUZEX, promovendo uma integração operacional eficiente.

As Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP), ou Unmanned Aircraft Systems (UAS), são ferramentas estratégicas em operações de inteligência, vigilância e reconhecimento. Na FAB, essas aeronaves ampliam a capacidade de monitoramento, oferecendo segurança e precisão em cenários críticos.

Em 2024, foi realizado o 1º Curso de Operador Militar de Aeronave

Remotamente Pilotada (COMARP), capacitando militares para operar ARP em missões diversas, incluindo segurança de instalações, autodefesa de superfície e operações especiais.

Durante as cheias no Rio Grande do Sul, no âmbito da Operação Taquari 2, os ARP foram usados para monitorar áreas de risco, mapear danos e planejar rotas de apoio, auxiliando a Defesa Civil e otimizando as ações de resgate.

Com o aumento do uso de drones para fins civis e militares, cresce a preocupação com o uso indevido dessas aeronaves em áreas sensíveis.

A Subchefia de Preparo de Operações Terrestres (SPOT) tem se dedicado a desenvolver doutrinas e requisitos para sistemas capazes de detectar, identificar e neutralizar drones não autorizados.

Além disso, a FAB promove

capacitações e seminários sobre o tema, buscando garantir a segurança de suas instalações e operações contra ameaças aéreas emergentes.

A tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul, em 2024, mobilizou a FAB por meio da Operação Taquari 2. A Infantaria da Aeronáutica teve papel fundamental, realizando missões de resgate, segurança e apoio logístico, mesmo com militares locais afetados pela catástrofe.

O Aeroporto Salgado Filho, interditado durante o evento, teve suas operações transferidas para a Base Aérea de Canoas, exigindo reforço na segurança e na coordenação logística. A atuação da FAB foi crucial para mitigar os impactos da tragédia e auxiliar a população em um momento de extrema necessidade.

VOO MENTAL

O dia 4 de novembro de 2024 entrou para a história da Saab. Esta foi a data de estreia do caça F-39E Gripen na CRUZEX, o maior exercício operacional multinacional promovido pela Força Aérea Brasileira. Este momento, tão aguardado, marca a primeira participação do caça em um exercício militar multinacional.

Foi ainda mais significativo que esse marco inaugural tenha sido realizado pela Força Aérea Brasileira, com quem a Saab se orgulha de compartilhar tantas conquistas.

O caça mais avançado em serviço na América Latina realizou uma ampla gama de tarefas com o dinamismo característico da CRUZEX, ora atuando como Força Aliada, ora como Força Oponente. Sete aeronaves do modelo, operadas pelo 1º Grupo de Defesa Aérea, estiveram disponíveis em Natal, no Rio Grande do Norte, onde o exercício aconteceu. Após cinco semanas na cidade e mais de 150 horas de voo, muita coisa mudou para a unidade brasileira. Eles demonstraram, para si mesmos e para o mundo, que suas capacidades com o F-39E Gripen são uma força a ser reconhecida.

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O F-39E GRIPEN NA CRUZEX

Mikael Olsson, líder de campanha da Saab na Cruzex, iniciou sua carreira como piloto de caça no JA37 Viggen em 1995, na base F21 Luleå, na Suécia. Em 2002, passou a pilotar o Gripen e mudou-se para Linköping, onde integrou a unidade de OT&E (Operação e Avaliação) do Gripen. Durante sua trajetória, teve a oportunidade de introduzir o Gripen C/D em quatro países e participou de renomados exercícios internacionais, como Red Flag, Frisian Flag e Arctic Challenge Exercise. Após uma década como comandante da unidade, ingressou na Saab como piloto de testes e, desde 2018, desempenha a função que ocupa atualmente.

Sabíamos da importância desse exercício para a FAB. Portanto, para a Saab, era fundamental que o evento fosse bem-sucedido e ocorresse conforme o planejado.

Como parte de nossa missão de colaborar com a implantação do caça, dedicamos-nos intensamente antes e durante a CRUZEX. Nossos esforços concentraram-se para, juntamente com a FAB, garantir a disponibilidade das aeronaves em todos os dias do exercício, atuamos com nossa equipe de mecânicos junto aos profissionais da FAB in loco e estivemos, por semanas, em Natal, antes mesmo do início do exercício, para acompanhar e atender às necessidades dessa missão.

Observar o F-39E Gripen em ação em diversas situações, enfrentando aeronaves de diferentes nacionalidades, cada uma com tecnologias e doutrinas próprias, foi também enriquecedor para nós, como empresa e desenvolvedora do produto.

A aeronave provou sua qualidade, e encerramos a CRUZEX com o sentimento de orgulho por mais essa etapa do programa Gripen Brasileiro, conduzido em parceria com o Brasil, a Força Aérea Brasileira e as empresas da base industrial de defesa nacional. É também motivo de orgulho, mais

uma vez, ver que a alta tecnologia do caça Gripen fez a diferença neste treinamento. Os sistemas de guerra eletrônica, detecção de ameaças, o radar de varredura eletrônica ativa (Active Electronically Scanned Array, AESA) e o sensor passivo de busca por infravermelho (Infra-Red Search and Track , IRST) foram postos à prova e desempenharam com maestria suas funções, atingindo excelentes resultados.

Dependendo da missão e de sua complexidade, o envolvimento poderia incluir até quatro caças F-39E Gripen. A interação do caça com outras aeronaves da mesma formação ocorreu sem problemas, garantindo superioridade aérea à FAB e proteção às formações em missões aéreas compostas.

Após a conclusão do exercício, a equipe de suporte da Saab retornou gradualmente às suas rotinas diárias em algumas de nossas instalações, como Linköping, Anápolis e Araraquara. Agora, o foco passa a ser a disseminação de informações e a avaliação da campanha para aprender com o que foi realizado.

Sem dúvida, na Saab, falaremos por muito tempo sobre essa missão e o desempenho do F-39E Gripen em sua primeira CRUZEX.

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