Aerovisão nº 250 OUT/NOV/DEZ

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O hangar do Zeppelin é uma referência arquitetônica da década de 30.

Arquivo Incaer

de grande relevo”, explica a Tenente Historiadora Rachel Cardoso Motta. Dois Zeppelins faziam a linha para a América do Sul, por serem os melhores e os maiores: Graff Zeppelin e o Hindenburg. Partiam de Frankfurt, na Alemanha, e atracavam em Recife, no Pernambuco, para, posteriormente, descer no Rio de Janeiro, onde eram recolhidos dentro do hangar para manutenção, reabastecimento e embarque de passageiros. Em 1937, o senhor José dos Santos tinha 10 anos de idade quando foi levado pelo pai para visitar o Graff Zeppelin que estava em manutenção no hangar em Santa Cruz. “O Zeppelin cabia direitinho dentro do hangar; ele era amarrado dos lados para ficar bem seguro e a parte de cima também ficava próxima ao teto; embaixo era a cabine, que ficava quase ao chão. Tinha uma escadinha que a gente subia para ver por dentro, dava para visitar a cabine e um salão grande. Na época, muita gente vinha para Santa Cruz visitar o Zeppelin”, recorda ele.

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Out/Nov/Dez 2016 Aerovisão

O hangar foi, entretanto, pouco utilizado pelos dirigíveis: quatro vezes pelo Hindemburg e cinco vezes pelo Graf Zeppelin, pois o projeto dos Zeppelins foi cancelado após o acidente que ocorreu em Nova Jersey, nos Estados Unidos, com o Hindenburg, em maio de 1937. Posteriormente, durante a Segunda Guerra Mundial, em 1942, o Governo Brasileiro expropriou o Aeroporto Bartolomeu de Gusmão dos alemães e implantou lá a Base Aérea de Santa Cruz (BASC), da Força Aérea Brasileira (FAB). E o hangar encontra-se preservado até hoje. Patrimônio histórico Assentado sobre 560 estacas de sustentação, o hangar é uma edificação de grandes dimensões: são 274m de comprimento, 58m de altura e 58m de largura. Tem quatro plataformas rolantes sob o teto, que facilitava a manutenção no topo dos Zeppelins, além de três vigas especiais, caso fosse

necessário erguer o dirigível. As i nstalações elét ricas eram revestidas por uma blindagem para evitar o surgimento de qualquer fagulha, que poderia causar um incêndio catastrófico nos dirigíveis. No interior do hangar há duas escadas com patamares, uma de cada lado, e um elevador elétrico que transporta 450kg ou seis pessoas, alem de 23 janelas envidraçadas de cada lado. As telhas são originais de fibrocimento. No topo, a 61 metros, fica a torre de comando. A construção está orientada no sentido norte/sul. O portão sul, o principal, pode ser aberto em toda a extensão de altura e largura do hangar, por motores elétricos ou manualmente, por um sistema de contrapesos; cada lado pesa 80 toneladas. Já o portão norte, com 28m de largura por 26m de altura, servia apenas como passagem de ventilação e saída da torre de atracação e só é aberto manualmente. O hangar serviu de base para o 1º Grupo de Aviação de Caça da FAB,


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