AEROVISÃO nº 245 jul/ago/set - 2015

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As negociações com a Saab, empresa sueca desenvolvedora das versões iniciais do Gripen, incluíram as qualificações prévias necessárias aos profissionais que participarão do projeto.

SGT JOHNSON / Agência Força Aérea

Nova versão A participação brasileira no projeto do Gripen NG, sigla de New Generation, não será apenas aprender aquilo que Suecos já fabricam. Na realidade, o modelo ainda está em desenvolvimento, e o primeiro protótipo deve voar somente no próximo ano. A Suécia já opera sua frota de Gripen desde 1997, mas são aeronaves das versões A, B, C e D. “Embora possam ser similares ao olhar, podem ser consideradas aeronaves completamente diferentes”, explica o Capitão Gustavo Pascoto, piloto da Força Aérea Brasileira que acaba de voltar de treinamento com a força aérea da Suécia. A fuselagem é semelhante, mas nem ela é igual: o Gripen NG é maior, tem uma asa aprimorada, e possui um novo design de trem de pouso

para suportar duas toneladas a mais de peso máximo de decolagem e ter mais dois cabides para armamentos. Os tanques de combustível terão 40% a mais de volume, o suficiente para levar o alcance de traslado para a marca de quatro mil quilômetros, sem contar com a possibilidade de ser reabastecido em voo. A partir da Base Aérea de Anápolis (BAAN), no interior de Goiás, as aeronaves poderão viajar para qualquer região do País. O motor também é novo. O F414G tem potência de até 22 mil libras, o suficiente para proporcionar a capacidade de realizar o chamado “supercruzeiro”. Isso significa poder manter a velocidade supersônica não apenas durante curtos combates aéreos, com uso do “pós-combustor” e gasto excessivo de combustível, mas durante voos de maior duração. Na prática, aviões de caça só voam acima da velocidade do som quando estão em combate. Com o Gripen NG será diferente e o Brasil será o único país do Hemisfério Sul a ter aeronaves com essa possibilidade.

Entre os armamentos que devem ser integrados à aeronave estão os mísseis ar-ar A-Darter, desenvolvidos pelo Brasil e África do Sul, e, futuramente, o MAR1, uma arma 100% nacional para atingir radares e antenas. Estão acertadas ainda as compras de radares AESA (Active Electronically Scanned Array), capazes de monitorar alvos no ar, no solo e no mar ao mesmo tempo, e do IRST (Infra-Red Search and Track), um sistema de busca de alvos pelo espectro infravermelho. Essa será a primeira vez que a FAB receberá uma aeronave de defesa aérea que também será novidade em seu país de origem. Por exemplo, quando o primeiro Mirage foi recebido, em 1973, a França já operava o modelo havia nove anos. As entregas de 60 unidades para o país nórdico começam em 2018, um ano antes da primeira para o Brasil. Das 36 aeronaves encomendadas para a FAB, treze serão fabricadas por suecos, oito por brasileiros na Suécia e quinze no Brasil. A última deverá sair da fábrica da Embraer em 2024.

Ouça a entrevista completa do Capitão Gustavo no Portal da FAB Acesse www.fab.mil.br/audios

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