Revista do Meio Ambiente 47

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Resistências locais É reconhecido, inclusive pelos nossos interlocutores junto ao atual governo, que há forças poderosas, solidamente representadas no Congresso,que se empenham em obstaculizar o acesso das nossas entidades aos recursos públicos, tendo sido essa a motivação das duas CPIs das ONGs, que, apesar do aparente fiasco, conseguiram bloquear qualquer iniciativa do governo Lula de apoio às organizações. Além do agronegócio e das oligarquias econômicas, as ONGs são vistas como inimigas do desenvolvimento por todos os defensores incondicionais do atual modelo, que não reconhecem a legitimidade de uma atuação autônoma da sociedade civil, fundada na crítica a um padrão insustentável de produção e de consumo. Há que reconhecer que no aparelho de Estado e na base política do atual governo, há um componente estatista autoritário, para o qual as ONGs já cumpriram o seu papel (se é que alguma vez tiveram algum), ao contribuir com a eleição de Lula e do PT. A atuação desses agentes políticos é visível, às vezes nos altos escalões dos ministérios, quando, por exemplo,elaboram editais para participação em programas governamentais com exigências que visam a excluir as ONGs. Diante disso, o cumprimento ou não do compromisso da então candidata e atual presidenta Dilma Rousseff de atender, no prazo de um ano, às demandas apresentadas pela Plataforma de Organizações da Sociedade Civil,especialmente no tocante ao marco regulatório e às negociações em curso para viabilizar um fundo autônomo para apoio institucional às ONGs, representa um teste decisivo para avaliarmos as possibilidades de superarmos os bloqueios políticos à sustentabilidade das nossas organizações no futuro próximo. Fonte: pt.scribd.com/ibase_rede/d/62030341-DemocraciaViva-47

i ecsa em foco

Fotos: Viviam Gama (Ascom/Seind)

ticos que não podemos subestimar. A simples leitura cotidiana dos jornais evidencia a centralidade da disputados recursos públicos na vida política e econômica da sociedade brasileira. Os escândalos que marcam o presidencialismo de coalizão não são a única expressão dessa disputa. Os mecanismos de controle do uso de fundos públicos são ineficazes quando se trata de coibir práticas arraigadas no nosso sistema político. No entanto, as ONGs são objeto, de forma negativa, de um tratamento diferenciado cuja explicação não pode ser reduzida à constatação de que não conseguimos demarcar a nossa identidade do universo do chamado Terceiro Setor, incluídas aí as organizações que Betinho chamava de “pilantrópicas”.

texto Nívia Rodrigues [MTb/AM 207 - (92) 9983-6147]

evento ambiental 27

Governador Omar Aziz, a secretária da SDS, Nádia Ferreira e o cacique Almir Suruí falaram no encontro. Na foto abaixo à direita, o assessor da Seind Amarildo Machado e a chefe de Gabinete, Ozenete Mozzi

O I Encontro de Comunicação Socioambiental do Amazonas (I ECSA), realizado no dia 21 de março, deixou como um dos produtos a ideia de se criar uma Rede Amazônica de Comunicação Socioambiental (RACSA) – nome ainda indefinido –, aos moldes da Rede Brasileira de Informação Ambiental (Rebia), que tem por missão democratizar a informação ambiental no país. O evento foi uma iniciativa do Governo do Amazonas por meio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS), em parceria com outros orgãos como Suframa, Ipaam, ADS e FAS. A RACSA pretende seguir o modelo da Rebia uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, com a missão de democratizar a informação ambiental. Poderiam participar profissionais e estudantes ligados à área de comunicação social em toda a Amazônia Legal. A partir desta semana, as contribuições da sociedade para a criação da RACSA estão sendo aceitas pelo endereço comunicacaodaamazonia@gmail.com O I Ecsa reuniu personalidades locais e nacionais para debater temas da Rio + 20, no Hotel Caesar Business, e contou com o apoio da Rebia, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Amazonas (SJPAM), da Associação das Mídias Ambientais (Ecomídias) e do Instituto Envolverde. No total, 17 palestrantes discutiram junto ao público presente os temas da Rio + 20, a ser realizada no mês de junho, no Rio de Janeiro. Com o tema O Amazonas na Rio +20: Economia Verde, Combate à Pobreza e Governança, o I ECSA contribuiu como um foro preparatório para as questões que estarão em debate durante a conferência e, para isso, reuniu profissionais de segmentos variados e envolvidos diretamente, principalmente com o tema “ Economia Verde”. O I ECSA recebeu mais de 300 solicitações para inscrição, dentre profissionais, acadêmicos e sociedade em geral. Palestrantes: jornalistas Daniela Assayag Gioia (TV Amazonas/Globo), Marcela Rosa Marcon (TV em Tempo/SBT), Gerson Severo Dantas (A Crítica), Edemar Gregorio (Revista Novo Ambiente), Dener Giovanini (Estadão), Claudio Angelo (Folha de SP), Amelia Gonzalez (O Globo), Vilmar Berna (moderador) e Dal Marcondes (moderador).

revista do meio ambiente abr 2012


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