Revista do Meio Ambiente 57

Page 1

revista do meio Acesse: www.revistadomeioambiente.org.br

Ao menos 70% das espécies da Terra

57 ano VII • março 2013

9772236101004

ISSN 2236-1014

AMBiente Rebia Rede Brasileira de Informação Ambiental

são desconhecidas Alimentação feminina contribui com o meio ambiente ONU prevê ‘catástrofe ambiental’ em 2050 O ano da água Um ruralista no comando da Comissão de Meio Ambiente



nesta edição 3

capa 24 Ao menos 70% das espécies da Terra

Conselho Consultivo e Editorial Adalberto Marcondes, Ademar Leal Soares, Aristides Arthur Soffiati, Bernardo Niskier, Carlos A. Muniz, David Man Wai Zee, Flávio L. de Souza, Keylah Tavares, Luiz A. Prado, Maurício Cabral, Paulo Braga, Raul Mazzei, Ricardo Harduim, Rogério Álvaro S. de Castro, Rogério Ruschel Diretoria Executiva Presidente: Vilmar Sidnei Demamam Berna, escritor e jornalista Moderadores dos Fóruns Rebia Rebia Nacional (Rebia-subscribe@ yahoogrupos.com.br): Ivan Ruela – gestor ambiental (Aimorés, MG) Rebia Norte (Rebianorte-subscribe@ yahoogrupos.com.br) – Rebia Acre: Evandro J. L. Ferreira, pesquisador do INPA/UFAC • Rebia Manaus: Demis Lima, gestor ambiental • Rebia Pará: José Varella, escritor Rebia Nordeste (Rebianordeste-subscribe@ yahoogrupos.com.br) – Coordenador: Efraim Neto, jornalista ambiental • Rebia Bahia: Liliana Peixinho, jornalista ambiental e educadora ambiental • Rebia Alagoas: Carlos Roberto, jornalista ambiental • Rebia Ceará: Zacharias B. de Oliveira, jornalista, mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente • Rebia Piauí: Dionísio Carvalho, jornalista ambiental • Rebia Paraíba: Ronilson José da Paz, mestre em Biologia • Rebia Natal: Luciana Maia Xavier, jornalista ambiental Rebia Centro-Oeste (Rebiacentrooestesubscribe@yahoogrupos.com.br): Eric Fischer Rempe, consultor técnico (Brasília) e Fabrício Fonseca Ângelo, jornalista ambiental Rebia Sudeste (Rebiasudeste-subscribe@ yahoogrupos.com.br) - Rebia Espírito Santo: Sebastião Francisco Alves, biólogo Rebia Sul (Rebiasul-subscribe@yahoogrupos. com.br) - Coordenador regional: Paulo Pizzi, biólogo • Rebia Paraná: Juliano Raramilho, biólogo • Rebia Santa Catarina: Germano Woehl Junior, mestre e doutor em Física. Rio Grande do Sul: Julio Wandam - Os Verdes de Tapes/RS e GT de Comunicação da Rede Bioma Pampa, filiada a APEDeMA/RS Pessoa Jurídica A Rebia mantém parceria com uma rede solidária de OSCIPs (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) que respondem juridicamente pela finanças dos veículos de comunicação e projetos da Rebia: • Associação Ecológica Piratingaúna CNPJ: 03.744.280/0001-30 • Sede: R. Maria Luiza Gonzaga, nº 217, Ano Bom - Barra Mansa, RJ • CEP: 27323-300 • Utilidade Pública Municipal e isenta das inscrições estadual e municipal • Prima – Mata Atlântica e Sustentabilidade (Ministério da Justiça - registro nº 08015.011781/2003-61) – CNPJ: 06.034.803/0001-43 • Sede: R. Fagundes Varela, nº 305/1032, Ingá, Niterói, RJ CEP: 24210-520 • Inscrição estadual: Isenta e inscrição Municipal: 131974-0 www.prima.org.br

por Karina Toledo

24

saúde e meio ambiente 5 Hábitos alimentares femininos contribuem para preservação ambiental

ecologia humana 6 Relatório da ONU prevê ‘catástrofe ambiental’ no mundo em 2050

Dia Mundial da Água 12 O ano da água

5

por Mário Pino

política ambiental 14 No Senado, ruralista assume presidência

Rilasata (Fotolia)

por Terra Ciência

da Comissão de Meio Ambiente

por Deborah Trevizan 4 • Ecologia interior

8 • Cianobactérias na produção de biodiesel

8 • Táxis elétricos começam a circular no Rio de Janeiro

10 • Aquecedor solar caseiro feito com garrafas PET 13 • Dilma quer tornar a água universal

6

13 • Judiciário e as interpretações do novo Código Florestal

18 • A compra do roto ambiental pelo esfarrapado climático

12

19 • Práticas sustentáveis no cotidiano do governo

20 • Tecnologias verdes

21 • UE proíbe venda de cosméticos testados em animais

22 • “Mais rápidos e baratos do que testes em cobaias”

26 • Qual é a cara do seu consumo?

28 • Felicidade mais associada a bem-estar do que a posse de bens

Tânia Rêgo/ABr

Rebia – Rede Brasileira de Informação Ambiental: organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, com a missão de contribuir para a formação e mobilização da Cidadania Ambiental planetária através da democratização da informação ambiental e da educação ambiental com atuação em todo o território nacional, editando e distribuindo gratuitamente a Revista do Meio Ambiente e o Portal do Meio Ambiente. CNPJ: 05.291.019/0001-58. Sede: Trav. Gonçalo Ferreira, 777 - casarão da Ponta da Ilha, Jurujuba - Niterói, RJ 24370-290 – Site: www.rebia.org.br

são desconhecidas

29 • Agenda de eventos socioambientais 2013 32 • Guia do Meio Ambiente

Os artigos, ensaios, análises e reportagens assinadas expressam a opinião de seus autores, não representando, necessariamente, o ponto de vista das organizações parceiras e da Rebia.

Revista ‘Neutra em Carbono’

14

www.prima.org.br

Redação: Tv. Gonçalo Ferreira, 777 - casarão da Ponta da Ilha, Jurujuba - Niterói, RJ - 24370-290 • Tel.: (21) 2610-2272

Editor e Redator-chefe (voluntário): Vilmar Sidnei Demamam Berna, escritor e jornalista. Em 1999 recebeu o Prêmio Global 500 da Onu para o Meio Ambiente e, em 2003, o Prêmio Verde das Américas • escritorvilmarberna.com.br • escritorvilmarberna.blogspot.com • vilmar@rebia.org.br • Cel (21) 9994-7634 Diretor Técnico (voluntário): Gustavo Berna, biólogo marinho, pós-graduado em gestão ambiental • (21) 8751-9301 • gustavo@rebia.org.br Repórter-fotográfico (voluntário): Leonardo da Silva Demamam Berna • (21) 7857-1573 ID 55*8*3824 • leonardo@rebia.org.br Diretora de Atendimento (voluntária): Inês de Oliveira Berna, professora e bióloga Pós-graduada em Meio Ambiente • (21) 8711-3122 • ines@rebia.org.br Editor Científico (voluntário): Fabrício Fonseca Ângelo, jornalista, mestre em Ciência Ambiental, especialista em Informação Científica e Tecnológica em Saúde Pública • (21) 2710-5798 / 9509-3960 • MSN: fabricioangelo@ hotmail.com • Skype: fabricioangelo •midiaemeioambiente.blogspot.com Webmaster da Rebia: Marcellus B. Cardoso • marcellus@dot-smart.com.br Produção gráfica: Projeto gráfico e diagramação: Estúdio Mutum • (11) 3852-5489 Skype: estudio.mutum • www.estudiomutum.com.br Impressão: Flama Ramos Acab. e Man. Gráfico Ltda. • (21) 3977-2666 Comercial: Representação em Brasília: Minas de Ideias Comunicação Integrada (Emília Rabello e Agatha Carnielli • Brasília (61) 3408-4361 / 9556-4242 Rio de Janeiro: (21) 2558-3751 / 9114-7707 • brasilia@minasdeideias.com.br Skype: agatha.cn •minasdeideias.com.br Equipe de voluntários ambientais “Amigos do Planeta” da Rebia: Lucas Freire Berna, Iris Freire Berna, Daniel Santos de Oliveira ‘Berna’

Capa: Michiel Verhaege (sxc.hu)

• Saiba mais sobre a Rebia: www.portaldomeioambiente.org.br/pma/ rebia-OSC/o-que-e-a-rebia.html • Participe do Fórum dos leitores e voluntários da Rebia: http://br.groups.yahoo.com/group/rebia/ • Acompanhe a Rebia no Twitter: https://twitter.com/#!/pmeioambiente • Participe da Rebia no Facebook: www.facebook.com/grou ps/311542508874299/378356505526232/ • Participe da Rebia no Orkut: www.orkut. com.br/Main#Community?cmm=800116 • Blog dos moderadores da Rebia: http://blog-rebia.blogspot.com/

revista do meio ambiente mar 2013


Tom Fullum (iStockphoto)

texto Vilmar Sidnei Demamam Berna* (www.escritorvilmarberna.com.br)

4 editorial

Ecologia

interior As escolhas que fazemos é que definem a pessoa que iremos nos tornar. E escolhemos a partir das informações e dos valores que recebemos. Se forem mentirosos ou manipulados, poderão influenciar em nossas escolhas. A paz, a amizade, a harmonia com a natureza, assim como a violência, a inimizade, a desarmonia com a natureza, podem resultar de nossas escolhas e não, necessariamente, de nossa natureza humana ou das circunstâncias em que vivemos! A sustentabilidade passa pela revisão de nossas ideias sobre felicidade. O mercado estimula uma felicidade baseada na posse ou exibição de bens materiais, mas é uma felicidade ilusória e mesmo falsa, além de exercer enorme pressão sobre os recursos naturais e gerar montanhas de lixo e materiais desperdiçados, injustiças e exclusão social. A verdadeira felicidade é interior e não depende de condições externas, trata-se de um sentimento possível, mas que precisa ser construído e reconstruído, independente das circunstâncias à nossa volta. Não é o Planeta ou a natureza que estão em risco e precisam ser salvos, mas é a própria espécie humana. Devido às escolhas que fizemos, ao longo da história humana, avançamos nos limites de sustentabilidade e já consumimos mais de trinta por cento da capacidade da natureza de se regenerar. Perdemos a noção de que somos parte do Planeta. A sustentabilidade irá requerer de nós um novo pacto civilizatório, um novo olhar sobre a natureza e uma nova relação com o sagrado. Se o Criador nos deu a responsabilidade de dominar sob a sua Criação, não nos autorizou a destruí-la. Entre as palavras e as ações para a sustentabilidade existe ainda um enorme vazio a ser preenchido com cidadania e capacitação, envolvendo desde a escola, o lar, a comunidade, as empresas, as relações de consumo. A boa notícia é que a mudança para a sustentabilidade já começou e pode ser percebida por muitos lados. Entre os desafios estão traduzir o ecologês para chegar ao grande público e aumentar a velocidade da mudança, desafios possíveis de serem enfrentados com educação para a cidadania socioambiental, democratização da informação ambiental e capacitação para a gestão sustentável. A sociedade cada vez mais irá recusar um tipo de progresso que não respeite as pessoas ou o meio ambiente e quanto mais cedo o setor produtivo e a sociedade se der conta disso, menores serão os riscos e os danos.

mar 2013 revista do meio ambiente

Compartilhamos a natureza com outras espécies. Na convivência com elas podemos nos embrutecer ou nos humanizar, dependendo das escolhas que fizermos. O selvagem não é o animal que está dentro da jaula. Uma relação mais ética e cuidadosa para com os animais pode resgatar em nós nossa humanidade. Todos nós dese­jamos viver num mundo melhor, mais pací­fico, fraterno e ecológico. O problema é que as pes­soas sempre esperam que esse mundo melhor comece no outro. É comum ouvirmos pessoas falando que têm boa vontade para ajudar, mas como ninguém as convida para nada, nem se organizam, então não podem contribuir como gostariam para um mu­tirão de limpeza da rua, por exemplo, ou para plantio de árvores. Pessoas assim acabam achando mais fácil reclamar que nin­guém faz nada, ou que a culpa é do “sistema”, dos governantes ou empresas, mas não se perguntam se estão fazendo a parte que lhes cabe. Por outro lado, é importante não ficar es­perando a perfeição individual – pois isso é inatingível. O fato de adquirirmos consciência ambiental, não nos faz perfeitos. O importante é que tenhamos o compromisso de ser melhor todo dia, procurando sempre nos superarmos. Também não podemos cometer o erro de subordinar a luta em de­fesa da natureza às mudanças nas estruturas injustas de nossa sociedade, pois devem ser lutas interligadas e simultâ­neas, já que de nada adianta alcançarmos toda a riqueza do mundo, ou toda a justiça social que sonhamos, se o planeta tor­nar-se incapaz de sustentar a vida hu­mana com qualidade.


Hábitos alimentares femininos contribuem para

preservação ambiental

Como a pesquisa foi realizada Os efeitos de diferentes padrões de alimentação foram comparados com o último levantamento de consumo na Alemanha, realizado em 2006. A análise nutricional baseou-se em entrevistas com 20 mil pessoas. Avaliaramse taxas relacionadas ao aquecimento global, incluindo as emissões procedentes do uso direto do solo. Entre os alimentos típicos alemães analisados estavam tanto os de origem animal, carne, laticínios, ovos e peixe, como vegetais, grãos, frutas, batata, margarina, óleos e derivados do açúcar. Com relação ao impacto causado pelo efeito estufa, as emissões de amoníaco, produto uti-

Pesquisadores alemães constatam que mulheres consomem em geral menos carne e produtos lácteos, ajudando a reduzir a emissão de CO2. Se homens fizessem o mesmo, 15 milhões de toneladas do gás seriam economizados por ano

wavebreakmedia (Shutterstock)

As mulheres se alimentam melhor do que os homens e, com isso, preservam o meio ambiente. É o que constata um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Halle-Wittenberg, na Alemanha. Dados confirmam que se homens comessem como mulheres, 15 milhões de toneladas do gás carbônico seriam economizados. Os resultados mostram também que, além da grande diferença entre os padrões de consumo dos dois sexos, os hábitos masculinos ocasionam um impacto de maior proporção para o aquecimento global. O estudo teve como objetivo principal quantificar as emissões relacionadas a alimentos de origem vegetal, tendo como base o fator sócio-demográfico da população avaliada. “Por serem produzidos com maior intensidade, d iferentes alimentos de origem animal ou vegetal desempenham um papel relevante na avaliação dos impactos ambientais da nutrição humana”, revela Toni Meier, chefe de pesquisas do Departamento de Agronomia Geral e Agricultura Orgânica da Universidade Martin Luther, em entrevista à Deutsche Welle. Segundo Meier, estas diferenças são causadas principalmente pela maior participação de produtos de carne na dieta habitual dos homens, enquanto quase a metade da dieta feminina é composta de frutas e legumes. Se os homens mudassem sua alimentação nesse sentido, haveria uma redução de 12% do CO2, 60 mil toneladas de amônia seriam emitidos a menos, e 94 milhões de metros cúbicos a mais de “água azul” (da torneira) ficariam disponíveis.

texto Terra Ciência

saúde e meio ambiente 5

lizado na fabricação de fertilizantes, são encontradas em quantidade bem mais baixa nos produtos geralmente consumidos pela população feminina. O especialista enfatiza que, dentro de uma sociedade com distintos perfis de dieta, já estão estabelecidos impactos ambientais notáveis. “Essas diferenças podem ser vistas como ponto positivo para o fortalecimento de perfis de dieta sustentáveis no país. Dados relacionados a grupos potencialmente subnutridos como os idosos, enfermos e grávidas também são de grande relevância, por fazerem uma considerável diferença nas pesquisas referentes ao impacto ambiental na saúde popular.” Diferenças no Brasil Um estudo realizado pela Universidade de São Paulo, publicado em dezembro de 2012, mostra que o consumo de carne aumentou em cerca de 20%, entre os entrevistados. A ingestão excessiva do alimento foi observada em quase 75% das pessoas e o tipo de carne mais consumido foi a bovina, seguida de aves, porco e peixe. Foi constatado, ainda, que vem crescendo o consumo de carne processada, como presunto, toucinho e linguiça, principalmente entre os adolescentes. A qualidade da dieta foi inversamente relacionada com o consumo excessivo de carne vermelha e processada pelos homens, o que revela uma baixa na qualidade da dieta masculina. O comportamento causou grande impacto ambiental em 2012, estimado em 18 milhões de toneladas de equivalentes de CO2. Tal representa cerca de 5% do total de CO2 emitido pela agropecuária brasileira em 2003. Especialistas da universidade brasileira alertam que as carnes são boas fontes nutricionais, porém devem ser consumidas com moderação. O consumo excessivo de carne vermelha pode aumentar o risco de câncer de cólon e reto, doenças cardiovasculares, diabetes e excesso de peso. Fonte: Deutsche Welle

revista do meio ambiente mar 2013


6 ecologia humana

Relatório da ONU prevê ‘catástrofe ambiental’ no mundo

em 2050 Apesar dos investimentos de vários países em energias renováveis e sustentabilidade, o mundo pode viver uma “catástrofe ambiental” em 2050, segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano 2013, apresentado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Ao fim dos próximos 37 anos, são estimadas mais de 3 bilhões de pessoas vivendo em situação de extrema pobreza, das quais pelo menos 155 milhões estariam na América Latina e no Caribe. E essa condição demográfica e social seria motivada também pela degradação do meio ambiente e pela redução dos meios de subsistência, como a agricultura e o acesso à água potável. De acordo com a previsão de desastre apresentada pelo relatório, cerca de 2,7 bilhões de pessoas a mais viveriam em extrema pobreza em 2050 como consequência do problema ambiental. Desse total, 1,9 bilhão seria composto por indivíduos que entraram na miséria, e os outros 800 milhões seriam aqueles impedidos de sair dessa situação por causa das calamidades do meio ambiente. No cenário mais grave, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) global diminuiria 15% em 2050, chegando a uma redução de 22% no Sul da Ásia (Índia, Paquistão, Sri Lanka, Nepal, Bangladesh, Butão e Maldivas) e de 24% na África Subsaariana (todos os países ao sul do Deserto do Saara) Mudanças climáticas e pressões As mudanças climáticas e as pressões sobre os recursos naturais e ecossistemas têm aumentado muito, independentemente do estágio de desenvolvimento dos países, segundo o relatório. E o texto também destaca que, a menos que sejam tomadas medidas urgentes, o progresso do desenvolvimento humano no futuro estará ameaçado. O Pnud aponta, ainda, que os protestos em massa contra a poluição ambiental têm crescido em todo o mundo. Por exemplo, manifestantes em Xangai, na China, lutaram por um duto de águas residuais (provenientes de banhos, cozinhas e uso doméstico em geral) prometido, enquanto na Malásia moradores mar 2013 revista do meio ambiente

Pobreza extrema deve ser motivada também por degradação do planeta

de um bairro se opuseram à instalação de uma refinaria de metais de terras raras – 17 metais conhecidos como “ouro do século 21”, por serem raros, valiosos e de grande utilidade. O relatório reforça também que as principais vítimas do desmatamento, das mudanças climáticas, dos desastres naturais e da poluição da água e do ar são os países e as comunidades pobres. E, para o Pnud, viver em um ambiente limpo e seguro deve ser um direito, não um privilégio. Além disso, sustentabilidade e igualdade entre os povos estão intimamente ligadas. Desastres naturais em alta Além disso, de acordo com o texto divulgado nesta quinta-feira, os desastres naturais estão se intensificando em todo o mundo, tanto em frequência quanto em intensidade, causando grandes danos econômicos e perdas humanas. Apenas em 2011, terremotos seguidos de tsunamis e deslizamentos de terra causaram mais de 20 mil mortes e prejuízos aos EUA, somando US$ 365 bilhões (R$ 730 bilhões) e 1 milhão de pessoas sem casas. O impacto mais severo foi para os pequenos países insulares em desenvolvimento, alguns dos quais sofreram perdas de até 8% do PIB. Em 1988, Santa Lucía – localizado nas Pequenas Antilhas, no Caribe – perdeu quase quatro vezes seu Produto Interno Bruto (PIB) por causa do furacão Gilbert, enquanto Granada – outro país caribenho – perdeu duas vezes o PIB em decorrência do furacão Iván, em 2004. Desafios mundiais O relatório do Pnud ressalta, ainda, que os governos precisam estabelecer acordos multilaterais e formular políticas públicas para melhorar o equilíbrio das condições de vida, permitir a livre expressão e participação das pessoas, administrar as mudanças demográficas e fazer frente às pressões ambientais. Um dos grandes desafios para o mundo, segundo o texto, é reduzir as emissões de gases que provocam o efeito estufa. Apesar de os lançamentos de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera parecerem aumentar com o desenvolvimento humano, essa relação é muito fraca, destaca o Pnud. Isso porque, em todos os níveis de IDH, alguns países equivalentes têm uma maior emissão de CO2 que outros. Além disso, pode haver diferenças grandes entre as províncias ou estados de um mesmo país, como é o caso da China. Esses resultados, de acordo com o relatório, reforçam o argumento de que o progresso humano não demanda um aumento no uso de CO2, e que políticas ambientais melhores poderiam acompanhar esse desenvolvimento. Segundo o Pnud, alguns países já têm se aproximado desse nível de desenvolvimento, sem exercer uma pressão insustentável sobre os recursos ecológicos do planeta. Mas responder globalmente a esse desafio exige que todas as nações adaptem suas trajetórias. Os países desenvolvidos, por exemplo, precisam reduzir a chamada “pegada ambiental”, ou seja, quanto cada habitante polui o planeta (como se fosse um PIB do meio ambiente). Já as nações em desenvolvimento devem aumentar o IDH, mas sem elevar essa pegada. Na visão do Pnud, tecnologias limpas e inovadoras podem desempenhar um papel importante nesse processo.


7

Mas, para reduzir a quantidade necessária de emissões de gases de efeito estufa, os países dos hemisférios Norte e Sul têm que chegar a um acordo justo e aceitável para todos, como compartilhar as responsabilidades, informa o relatório. Acordos e investimentos Na Rio+20, Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada no Rio de Janeiro em junho de 2012, foi negociado entre os governos da região da Ásia e do Pacífico um acordo para proteção do maior recife de corais do mundo, o chamado Triângulo de Coral, que se estende desde a Malásia e a Indonésia até as Ilhas Salomão. A área é responsável por fornecer o sustento para mais de 100 milhões de pessoas. Além disso, alguns países estão trabalhando juntos na bacia do Rio Congo para combater o comércio ilegal de madeira e preservar o segundo maior território florestal do mundo. Bancos regionais de desenvolvimento também apresentaram uma iniciativa que conta com US$ 175 bilhões (R$ 350 bilhões) para promover o transporte público e ciclovias em algumas das principais cidades do mundo. Outra parceria envolve a China e o Reino Unido, que vão testar tecnologias avançadas de combustão de carvão. Já os EUA e a Índia firmaram um acordo para o desenvolvimento de energia nuclear na Índia. Alguns países também estão desenvolvendo e compartilhando novas tecnologias verdes. A China, o quarto maior produtor de energia eólica do mundo em 2008, é também a maior fabricante global de painéis solares e turbinas para geração de energia pelo vento. E, na Índia, os investimentos em energia solar aumentaram 62% em 2011, chegando a US$ 12 bilhões (R$ 24 bilhões) – os maiores do planeta. Já o Brasil elevou seus investimentos tecnológicos para energias renováveis em 8%, chegando a US$ 7 milhões (R$ 14 milhões).

Tânia Rêgo/ABr

Bombeiros trabalham em áreas afetadas pelas fortes chuvas que atingiram Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro

Promessas Até 2020, a China também prometeu cortar suas emissões de dióxido de carbono por unidade de PIB em 40% a 45%. E, em 2010, a Índia anunciou reduções voluntárias de 20% a 25%. Além disso, no ano passado, políticos coreanos aprovaram um programa para reduzir as emissões de fábricas e usinas de energia. Na Rio+20, Moçambique anunciou ainda uma nova rota de economia verde. E o México promulgou recentemente uma lei para reduzir as emissões de CO2 e apostar em energias renováveis. No Fórum de Bens de Consumo da Rio+20, as empresas Unilever, Coca-Cola e Wal-Mart – classificadas entre as 20 melhores multinacionais do mundo – também prometeram eliminar o desmatamento de suas cadeias de abastecimento. Além disso, a Microsoft prometeu que em 2012 se tornaria nula em emissões de carbono. E a companhia Femsa, que engarrafa bebidas – como a Coca-Cola – na América Latina, manifestou que obteria 85% de suas necessidades energéticas no México a partir de recursos renováveis. Mas, apesar de muitas iniciativas promissoras, ainda existe ainda uma grande diferença entre as reduções de emissões necessárias e essas modestas promessas, destaca o Pnud. Fonte: midianews.com.br

revista do meio ambiente mar 2013


Cianobactérias na produção de

LinksmanJD's (Flickr)

texto Alessandra Morgado, do Uol

8 energia

biodiesel

As cianobactérias – organismos unicelulares fotossintetizantes – são uma opção econômica e viável para a produção de biodiesel, segundo pesquisa da USP. Um hectare de milho produz 168 l. de biodiesel, o equivalente ao mesmo hectare de cianobactérias produziria 140 mil l. do cianodiesel. Além disso, em seu cultivo, podem ser utilizadas águas residuais e marinhas, por isso não há necessidade de terra cultivável, o que não interfere na produção de alimentos. O cianodiesel é produzido com o lipídeo extraído desses organismos, que se multiplicam facilmente em meio aquoso em colônias, além de serem tolerantes a variações salinidade, temperatura e até mesmo poluição. Existem muitas linhagens de cianobactérias, inclusive algumas tóxicas, como as algas azuis que comprometem a qualidade da água de vários reservatórios. Na pesquisa não foram utilizadas espécies toxicas. A pós-doutoranda Caroline Pamplona da Silva, que participou do projeto, disse que foram avaliadas várias linhagens e duas apresentaram resultados bastante promissores. “Os óleos dessas duas linhagens com características químicas adequadas foram testados na síntese de biodiesel comercialmente aceito. No entanto, a produção de biomassa em larga escala ainda é um desafio”, afirmou ela. A utilização de cianobactérias na produção de biodiesel tem várias vantagens, como diminuir a pressão sobre matériasprimas, como o milho, sorgo, soja, mamona e girassol, que são fontes de alimentação mundial. Caroline disse ainda que a necessidade nutricional das células de cianobactérias é simples; o período de produção de biomassa é curto e a concentração de óleo pode chegar a 50% da biomassa seca; menos emissões e contaminantes do que o combustível derivado do petróleo; o gás carbônico emitido pelas indústrias pode ser usado como fonte de carbono para seu cultivo e, quando cultivadas em sistemas contínuos, podem ser colhidas diariamente. A professora Heizir Ferreira de Castro disse que as cianobactérias são mais uma opção para a produção do biodiesel, mas não são “a salvação da lavoura”, ou seja, não podem substituir totalmente as outras matrizes. “Seriam uma opção porque têm maior produtividade. Nós retiramos o óleo vegetal delas e transformamos como se fosse qualquer outro óleo”, disse ela.

mar 2013 revista do meio ambiente

tÁXis elÉtricos começam a circular no Rio de Janeiro O projeto piloto, uma parceria da prefeitura do Rio e a montadora Nissan, deverá levar 15 táxis desse tipo às ruas até o fim do ano. A partir de 2014, a ideia é expandir o serviço. Os carros não emitem poluentes nem ruídos texto Vinícius Lisboa Os veículos foram entregues pelo prefeito Eduardo Paes aos taxistas Breno de Souza Olveira, de 47 anos, e Arthur Marfir, de 51 anos, que integram cooperativa que atua no Aeroporto Santos Dumont. Os motoristas não terão que arcar com os custos de abastecimento nem repassar um percentual da corrida à montadora Nissan, fabricante dos carros. Os táxis ficarão emprestados por cerca de três anos. Todos os dias, os dois motoristas deverão buscá-los em um prédio da prefeitura, em Botafogo, e levá-los ao aeroporto. Com carga que possibilita rodar até 160 quilômetros sem abastecer, os taxistas poderão recarregar em postos da Petrobras na Barra da Tijuca e na Lagoa. Para receberem os veículos, os profissionais passaram por treinamento de dois meses. O prefeito destacou o caráter experimental da iniciativa: “É uma fase experimental mesmo. O ideal é que a gente consiga desenvolver subsídios para que as pessoas possam adquirir esse tipo de carro. São experiências que vão criando uma cultura”. O secretário municipal de Transportes, Carlos Roberto Osório, explicou que os dois taxistas foram escolhidos por terem experiência e boa conduta no trânsito. “Eles têm muitos anos de carreira, não têm multas nem infrações como taxistas no Rio. São comunicativos e têm noção de língua estrangeira. São motoristas referência e vão servir de espelho e exemplo para a categoria”. Para Osório, a iniciativa desmistifica o transporte movido a eletricidade. “Quanto mais energia limpa estiver circulando na praça do Rio de Janeiro, é melhor. Com isso, a gente qualifica o serviço de táxi agregando o componente da sustentabilidade. É uma possibilidade de o carioca ver nas ruas que esse negócio de energia elétrica movendo automóvel não é ficção científica, é realidade. E acho que o táxi vai fazer essa apresentação”. Além de investir na modernização dos veículos, o secretário informou que, este ano, será revista a regulamentação dos táxis da cidade, que é a mesma desde 1970. Um dos principais pontos da nova legislação será padronizar a frota, reduzindo as disparidades entre carros populares de baixa potência e carros de luxo, que prestam o mesmo serviço. Osório garantiu, no entanto, que a ideia não é onerar o passageiro com taxas diferenciadas.

Fonte: Agência Brasil


CANAIS DE COMUNICAÇÃO DA REBIA: PARTICIPE, COMPARTILHE, DIVULGUE. PORTAL DO MEIO AMBIENTE portaldomeioambiente.org.br

REVISTA DO MEIO AMBIENTE revistadomeioambiente.org.br

REBIA rebia.org.br Página da REBIA no Facebook: facebook.com/pages/Rede-Brasileira-deInforma%C3%A7%C3%A3o-AmbientalREBIA/252347801446671?ref=hl)


10 energia

Aquecedor solar caseiro feito com

Divulgação

Projeto criado em Santa Catarina ganha visibilidade nacional e ainda rende frutos

Você lembra de um projeto de aquecimento solar caseiro feito com garrafas PET, criado em Santa Catarina e que ganhou as páginas dos noticiários nacionais em 2004? O projeto tinha três princípios básicos: simples, funcional e barato. Para quem não lembra, o projeto ganhou visibilidade nacional em 2004 quando ganhou o “Prêmio Superecologia” promovido pela revista Superinteressante. “Para nossa surpresa, o projeto não só obteve aceitação como interesse de vários setores. Esse fato vem beneficiando um grande número de pessoas”, comemora José Alcino Alano, morador da cidade de Tubarão e inventor do aquecedor solar caseiro. Mas depois de tanto tempo o que foi feito com a brilhante ideia? Para entender melhor, vamos ao início. O projeto do aquecedor solar caseiro Foi quase por acaso que, em 2002, o catarinense José Alcino Alano criou um mecadinismo que retém o calor do sol e transforma em energia feito com garrafas PET, embalagens de leite e conexões de PVC. “Ao guardar as embalagens do nosso próprio consumo em casa, o acúmulo foi inevitável. Como eu e minha mulher tínhamos um conhecimento básico sobre aquecimento por energia solar, em 2002 resolvemos construir um coletor solar com 100 garrafas”, explica José. Ele diz que o projeto se mostrou eficiente, dentro das limitações de um aquecedor solar alternativo, dando um destino responsável ao lixo acumulado. O aposentado patenteou o invento para garantir que nenhuma empresa se apropriasse indevidamente da criação e explorasse a invenção comercialmente. Na época, o custo total do promar 2013 revista do meio ambiente

garrafas pet jeto não passou de R$ 83,00. Mas os frutos da experiência foram além dos 30% de economia na conta de energia. E José Alcino foi além. Criou um manual que ensina como montar o aquecedor passo à passo. O manual foi importante referência para difundir o projeto e ajudar as pessoas interessadas em montar o seu aquecedor solar caseiro. Até mesmo o governo do estado do Paraná promoveu em 2008 oficinas práticas no estado para difundir a ideia de Alcino. E não parou aí, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul também usaram a técnica. O esquema para construção dos aquecedores solares caseiros é mesmo dos aquecedores solares produzidos industrialmente, conhecido tecnicamente de sistema termo-sifão. A diferença está justamente do material utilizado. O melhor da ideia do casal é que qualquer um pode construir seu próprio aquecedor. Basta seguir as instruções do “Manual Sobre a Construção e Instalação do Aquecedor Solar Composto de Embalagens Descartáveis”, disponível na Internet com um passo-a-passo para a produção e instalação. O aquecedor solar O aquecedor solar caseiro tem os mesmos princípios de funcionamento dos convencionais e pode esquentar a água a partir da luz do sol, sem a utilização de energia elétrica. “No início, ele foi dimensionado para atender o nosso consumo de água quente. Usamos então 200 garrafas para atender quatro pessoas”, conta o catarinense. Um dos objetivos da invenção é conscientizar as pessoas sobre essa possibilidade de gerar energia solar – e de maneira alternativa. “Em um país ensolarado como o Brasil, esse tipo de recurso precisa ser bem utilizado”, diz Alcino. Outra meta estipulada por José é retirar dos lixões uma grande quantidade de embalagens descartáveis, como as caixas de leite ‘Tetra pak’. A invenção dele tornou-se projeto de governo. A Celesc (Companhia Catarinense de Energia Elétrica) firmou um convênio de cooperação técnica para difusão dos aquecedores solares compostos por materiais descartáveis. Com o nome “Energia do Futuro”, o projeto de José já beneficiou mais de 8 mil pessoas em Santa Catarina. A Celesc promove até hoje, oficinas em várias comunidades de Santa Catarina, ensinando a replicar e criar o aquecedor solar de baixo custo. O projeto do aquecedor solar caseiro pode ter diferentes usos em uma residência, mas mostrou-se valioso quando o assunto é uso do chuveiro elétrico. O chuveiro é um dos itens que mais consome energia na maioria das residências. Ele é responsável por quase 50% do consumo de energia. Esses 50% de gasto com o chuveiro pode ser racionado apenas com o aquecedor solar, representando uma ótima diferença nas contas do final do mês. Simples assim No sistema desenvolvido por Alcino e a esposa, os canos de PVC são instalados dentro das garrafas PET, que têm a base cortada e levam recortes das embalagens longa vida. Ao passar pelos canos, a água chega aos 38°C no inverno. No verão, pode passar dos 50°C. O equipamento não exige muita manutenção. O ideal é que as garrafas sejam trocadas a cada cinco anos e que as peças sejam bem lavadas antes da montagem. Fonte: procaveblog.com.br

O manual passo a passo para fazer o seu aquecedor solar está disponível sem nenhum custo em: www.myebook.com/ebook_viewer.php?ebookId=51338



Criança toma banho em poço público na vila de Keelakaraikadu, em Tamil Nadu, Índia

Waterdotorg (Flickr)

texto Mário Pino*

12 Dia Mundial da Água

O ano da

água

A previsão é de que o número de pessoas que vivem em áreas de grande stress hídrico passe de 2,4 bilhões (2002) para cerca de 3,5 bilhões (2032)

Em dezembro de 2010, a Assembleia das Nações Unidas declarou o ano de 2013 como o Ano Internacional das Nações Unidas para a Cooperação pela Água, com base na proposta de um grupo de países liderado pelo Tajiquistão. A Unesco, responsável pelas atividades do ano, promoverá maior integração entre os países e debates sobre os desafios do manejo da água. É um importante momento e uma oportunidade para que nações e pessoas repensem suas atitudes em relação aos recursos hídricos. Cerca de 70% do nosso planeta é constituída por água. Deste total, 97,5% é salgada e apenas 2,5% é doce, sendo que 77,2% encontra-se nas geleiras e calotas polares, 22,4% em aquíferos subterrâneos, 0,36% em rios e lagos e 0,04% na atmosfera. Sendo assim, resta-se somente uma pequena parcela de água doce em estado líquido e diversos tipos de uso. Segundo a ONU – Organização das Nações Unidas, a quantidade seria suficiente para que a população mundial vivesse de forma digna, se não fosse o desperdício e poluição deste recurso. Puxado pelo crescimento populacional e econômico, o consumo de água triplicou nos últimos 50 anos, agravando as desigualdades na disponibilidade desse recurso natural. De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o cenário de escassez de água é o único aspecto que não apresenta evolução positiva no futuro. A previsão é de que o número de pessoas que vivem em áreas de grande stress hídrico passe de 2,4 bilhões (2002) para cerca de 3,5 bilhões (2032).

mar 2013 revista do meio ambiente

Além disso, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que anualmente 5 milhões de pessoas sucumbem às doenças transmitidas pela água e 6 mil crianças morrem diariamente por consumir água contaminada. Projeta-se um aumento do consumo da água de até 2025 de 50% nos países em desenvolvimento e 18% nos países desenvolvidos. Apesar do panorama desolador, o Brasil tem posição privilegiada no mundo em relação à disponibilidade de recursos hídricos, possuindo 12% da água doce superficial do mundo e parte do maior reservatório de água subterrânea do planeta. Apesar disso, a distribuição da água é irregular. Várias bacias hidrográficas apresentam uma combinação de baixa disponibilidade e grande utilização. Este é um diferencial importante em tempos de escassez planetária de água e traz consigo a responsabilidade de gestão estratégica desse patrimônio. Diante deste cenário, as empresas têm papel fundamental no cuidado com este bem precioso. As indústrias devem cumprir compulsoriamente os requisitos legais relativos ao uso consciente dos recursos hídricos, melhorar a eficiência de seus processos reduzindo a captação de água do meio ambiente e aumentando o reuso de águas e reciclagem de efluentes. Além de atuar preventivamente para evitar os passivos ambientais poluidores dos mananciais subterrâneos e recuperar os existentes, incentivar a participação de fornecedores e clientes na definição de práticas de gestão dos recursos hídricos. Desta forma, as empesas estão contribuindo para construir um diferencial competitivo, baseado na redução dos índices de consumo de água e da geração de efluentes líquidos, além de garantir a preservação dos mananciais e aquíferos subterrâneos onde capta seus recursos. Optar pelo desenvolvimento sustentável é reflexo do entendimento que o crescimento econômico pode acontecer em sinergia com o bem-estar dos povos. As soluções para os problemas ambientais e sociais estão sendo discutidas pelas nações do mundo todo, mas naturalmente não existem saídas simples. No entanto, não há dúvidas de que as empresas têm um papel de destaque e que o crescimento pode ser feito de forma ambientalmente responsável. As organizações que assim o fizerem, serão parte da solução. *Mário Pino é mestre em tecnologias ambientais limpas e gestor corporativo em desenvolvimento sustentável na Braskem Fonte: correio24horas.com.br


Dilma quer tornar a água

Judiciário e as interpretações do novo

Wilson Dias/ABr

universal código florestal

A presidente Dilma Rousseff confirmou que durante o seu governo pretende “universalizar o acesso à água” e concretizar os planos de investimento de 11,6 milhões de euros em obras contra a seca no Nordeste brasileiro Cerca de 80% deste investimento, anunciado há dois anos e previsto até ao final de 2014, será dirigido a obras estruturais, que englobam represas e canais até estações de tratamento de água, explicou a presidente no seu programa de rádio semanal. Os outros 20% servirão para reforçar o programa social conhecido como ‘Água para Todos’, que desde 2012 levou água potável a cerca de 240 mil pessoas, que anteriormente não tinham acesso a este serviço. A maior parte dos investimentos será realizado no Nordeste do país, onde todos os anos registam-se enormes secas, afetando o desenvolvimento das populações, que em grande parte dedicam-se à atividade agrícola. Dilma Rousseff assegurou que o seu governo está fazendo “todo o esforço possível para enfrentar esse desafio importantíssimo para o país, que é o de universalizar o acesso à água”, tanto para o consumo como para a irrigação nas regiões agrícolas. As secas severas, que anualmente se registram no Nordeste, têm atingido durante a região nos últimos meses, como em Pernambuco, que desde o fim de fevereiro está racionando o serviço de água em Recife. Fonte: noticiasaominuto.com

No Direito Ambiental, não há a aplicabilidade do princípio da retroatividade da lei mais benéfica ao réu

Assim que o Novo Código Florestal entrou em vigência por meio da criação da polêmica Lei Federal n. 12.651/12, subsequente a tensos embates travados entre ambientalistas e ruralistas dos quais certos assuntos perduram até hoje, certas questões decorrentes de interpretações distorcidas do texto legal passaram a ser suscitadas, inclusive no Poder Judiciário. O objetivo é o de se buscar a isenção/revogação de sanções impostas por órgãos ambientais oriundas de infrações apuradas quando da vigência do Código anterior. Exemplo disso é o recente ajuizamento, por proprietário rural, de “ação de anulação de ato cumulada com pretensão indenizatória” que gerou decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça (Ministro Relator Herman Benjamin) a qual, expressamente, consignou a necessidade de manutenção das penalidades nos casos decorrentes de infrações ambientais cometidas em período anterior a 2008 e, consequentemente, época de vigência do antigo Código Florestal (instituído em 1965). Segundo o autor da ação, a nova legislação federal lhe concedeu isenção da punição sofrida, de modo que aquela infração cometida (exploração de Área de Proteção Permanente – APP sem licença ambiental) antes do ano de 2008 deveria se tornar isenta de sanção (multa pecuniária), enquanto que, em verdade, o Novo Código Florestal mantém a penalidade imposta anteriormente, com a possibilidade, porém, de que seja suspensa desde que o infrator cumpra uma série de requisitos (determinações do Ibama) para a devida recuperação da área degradada. Ou seja, para alcançar a suspensão da penalidade imposta, deverá o infrator passar por um Programa de Regularização Ambiental (PRA), conforme artigos 59 e seguintes do Novo Código Florestal, que se trata de procedimento realizado no âmbito administrativo com o acompanhamento do Ibama, para que recupere a área degradada. Vale reiterar e deixar esclarecido, mesmo com a entrada do Novo Código Florestal, os autos de infração lavrados antes de 2008, ou seja, com base no antigo Codex, continuam em vigor e, consequentemente, as obrigações e penalidades impostas deverão ser cumpridas, suspendendo-se sanções tão somente se atendido o programa (PRA) e seus respectivos requisitos. Cumpre informar, ademais, que para se fazer jus ao PRA, necessário inscrever o imóvel (rural) no Cadastro Ambiental Rural (CAR) e o proprietário, por sua vez, deverá assinar Termo de Compromisso (TC) e, com isso, ficará condicionado a realizar todos os procedimentos exigidos pelo Ibama para se isentar do pagamento da sanção pecuniária, lembrando que este termo possui validade de título executivo extrajudicial e, por isso, poderá ser executado em caso de descumprimento do programa. Assim, importante destacar que, em casos de natureza ambiental, não há a aplicabilidade do princípio da retroatividade da lei mais benéfica ao réu, uma vez que não pode ocorrer retrocesso legal de modo que atinja ato jurídico perfeito, direitos ambientais adquiridos e de abrangência difusa/coletiva, bem como a própria coisa julgada, sendo que não se pode reduzir, também, parâmetros de proteção do meio ambiente (leia-se fauna e flora) sem que sejam implementadas as necessárias compensações/reparações ambientais.

texto Fabio Martins Di Jorge e Victor Penitente Trevizan*

legislação ambiental 13

*Fabio Martins Di Jorge e Victor Penitente Trevizan, especialistas, respectivamente, nas áreas de Direito Administrativo e Direito Ambiental, e integrantes da área de Infraestrutura do Peixoto e Cury Advogados – fabio.martins@peixotoecury.com.br victor.trevizan@peixotoecury.com.br

revista do meio ambiente mar 2013


No Senado, ruralista assume presidência da

comissão de meio ambiente

Antonio Cruz/ABr

texto Deborah Trevizan

14 política ambiental

O senador e ex-governador do Mato Grosso Blairo Maggi (PR-MT) assumiu a presidência da CMA (Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor, Fiscalização e Controle) do Senado. Ele é da bancada ruralista e é considerado um dos maiores produtores de soja do Brasil, o que gerou insatisfação por parte de ambientalistas e políticos ligados ao setor ambiental. O político, por meio do grupo familiar do qual faz parte, Ammagi, é responsável por 5% da produção anual de soja no país. A empresa é uma das maiores produtoras individuais de soja no mundo. Por ano, são colhidas mais de 400 mil toneladas. Juntando as culturas de milho, algodão e sementes, plantadas na mesma área, a média de produção anual dos últimos anos é de cerca de 700 mil toneladas. O grupo ainda atua na pecuária e extração da borracha. A empresa produz a metade das 170 mil toneladas de soja exportadas no mundo. Além desses dados, que o colocam muito mais próximo de um dos lados do conflito tradiciomar 2013 revista do meio ambiente

Blairo Maggi é considerado um dos maiores produtores de soja do Brasil

nal entre produtores e ambientalistas, o senador não tem histórico de atuação na área ambiental. Entre os projetos de lei propostos por Maggi, poucos abordam questões do setor, como o PLS 750/2011, sobre a política de gestão e proteção do bioma Pantanal; o PLS 435/2011, sobre a perda de gás natural decorrente do processo de exploração de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos sólidos, e a PEC 76/2011, que altera artigos da Constituição para assegurar aos índios participação nos resultados do aproveitamento de recursos hídricos em terras indígenas. Opiniões diversas Para o deputado federal Walter Feldman (PSDB-SP), o melhor seria que o Senado tivesse escolhido alguém com mais condições de lidar com os conflitos relacionados ao meio ambiente, isto é, que não estivesse muito ligado a nenhum dos dois lados: nem dos ruralistas e nem dos ambientalistas.


15 “O ideal seria ter alguém que pudesse equilibrar as relações. O presidente da comissão poderia, até, originar um papel de protagonista”, diz Feldman, acrescentando que o problema seria o mesmo caso fosse colocado na presidência da CMA, por exemplo, um ambientalista radical. Para o presidente do Instituto Democracia e Sustentabilidade, João Paulo Capobianco, o fato de o senador estar na presidência da CMA não representa, necessariamente, um problema. Ele considera que a ligação dele com o setor ruralista é longe do ideal e o melhor seria ter alguém com uma visão mais contemporânea. “Não é o nome que esperávamos, não é uma pessoa que tem uma ligação com o setor, no sentido de tornar a própria atividade responsável, não é um nome identificado com a questão mais complexa da agenda ligada à sustentabilidade.” Blairo Maggi afirma que as críticas não o preocupam e que não se acha representante de apenas um dos lados. “Essas questões aqui do meio ambiente têm que ter os dois lados, o lado da preservação e o lado da produção, isso é sustentabilidade.” Ele se acha a pessoa certa para isso, pois garante que entende os dois setores. A mediação de conflitos será possível, na visão do senador, pois ele conhece bem tanto o que os produtores, quanto as ONG’s ligadas ao meio ambiente, querem. E completa: “a gente não pode ser guiado nem pelos muito de esquerda e nem pelos muito de direita, o caminho sempre melhor é o centro. E se eu consegui fazer essa equação dar certo como governador, como produtor, posso muito bem conciliar e fazer o mesmo na CMA”, afirma Blairo Maggi. Histórico ambíguo Em 2004, Maggi chegou a ser líder de uma ocupação predatória. Nesta época, o Greenpeace chegou a tentar presentear Maggi com um prêmio intitulado “Motosserra de Ouro” pela devastação excessiva. Depois fez uma reconversão com uma série de modificações nas próprias ações das empresas que administra. Foi quando o então governador do Mato Grosso colocou em prática uma política de repressão ao desmatamento e, paralelamente, incentivou a regularização ambiental de áreas já abertas. Na mesma época criou o MT Legal, que promoveu a regularização ambiental dos imóveis rurais, permitindo maior controle do uso dos recursos ambientais e assinou, ainda, a moratória da carne, concordando com o veto internacional à carne mato-grossense que fosse produzida em áreas de desmate ilegal. Mas, lembra Capobianco, em 2008 voltou a ter uma atitude contrária ao meio ambiente, quando liderou o veto a um decreto presidencial que

vinculava o crédito rural à inadimplência ambiental, um fato controverso e negativo, de acordo com o consultor ambiental. E, logo depois, várias ações que caminharam a favor da preservação do meio ambiente e da sustentabilidade. “Ele tem feito aproximações e eu espero que ele queira aproveitar a oportunidade para fazer história dentro da comissão”, completa o presidente do Instituto Democracia e Sustentabilidade. Outro motivo para que os ambientalistas não tenham muita confiança na nova presidência da CMA vem da posição dele em relação ao Código Florestal. À época da votação, Maggi disse que o texto estava “muito bom para os produtores de Mato Grosso” e que não deveria passar por nenhum reparo, enquanto choviam pedidos de mudança por parte da bancada mais ligada ao meio ambiente. Ele avaliou de forma positiva o fato das áreas que têm no máximo 100 hectares ganharem uma legislação bastante flexível. E a opinião dele tinha uma visão voltada a sua região, Mato Grosso. Partiu dele, também, o pedido para a alteração de um artigo da medida provisória que poderia prejudicar os proprietários de terras do bioma amazônico, incluindo produtores das regiões norte e médio norte de Mato Grosso. Outro ponto controverso foi quando reiterou a posição de que as propriedades de até quatro módulos fiscais ficassem dispensadas de recomposição de reserva legal, defendendo, apenas, que não aumentassem a área devastada. Ele também teve uma vitória numa queda de braço com o então presidente da CMA, Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), em torno da permissão para a exploração de 20% das áreas de florestas em propriedade da Amazônia. Fonte: Uol

Penna é eleito presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara

Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS) elegeu por unanimidade o deputado Penna (PV/ SP) presidente do colegiado para este ano. Também foram eleitos na mesma chapa os deputados Sarney Filho (PV-MA) como 1º vice-presidente, Arnaldo Jordy (PPS-PA) como 2º vice, e Antônio Roberto (PV-MG) como 3º vice. A decisão mantém o Partido Verde à frente da Comissão por mais um ano. Penna sucede Sarney Filho, que comandou os trabalhos em 2012. De acordo com o parlamentar, os desafios continuam. “Manterei o espírito de negociação, buscando o conforto para debates, às vezes tão acirrados, mas buscando o melhor para o futuro do Brasil”, afirmou. Para o ex-presidente da comissão, deputado Sarney Filho, a permanência do PV é uma vitória na luta pelas questões ambientais. “Isso reforça nosso compromisso na defesa dos temas ligados a sustentabilidade e pela qualidade de vida da população”, ressaltou. Entre os temas apontados como prioridade por Penna, para seu mandato na Comissão de Meio Ambiente para este ano, estão a questão energética, a questão hídrica e a questão indígena. Fonte : Liderança do PV

revista do meio ambiente mar 2013




texto Alfredo Sirkis

18 política ambiental

A compra do roto ambiental pelo esfarrapado climático

com nosso dindim

A imprensa noticia que o BNDES vai financiar a compra da CSA pela CSN. O passivo ambiental de ambas, somado, dá R$ 500 milhões. O da CSA responsável por pelo menos dois graves episódios de poluição atmosférica de efeito local, em Santa Cruz, responde por um quinto disso e a CSN, tradicional poluidora do Rio Paraíba do Sul e do ar em Volta Redonda pelo restante. A explicação é que o BNDES – leia-se governo Dilma – quer “nacionalizar” a siderurgia. A CSN é uma empresa privada, foi desestatizada há duas décadas. Ela substituiria a Thyssen Krupp na sua sociedade com a Vale que forma a CSA. Qual a vantagem desse “abrasileiramento” privado, nos tempos atuais, carece de uma demonstração convincente que pretendo exigir do BNDES assim que se reiniciarem os trabalhos legislativos na Câmara, via Comissão de Meio Ambiente. Pode ser que haja alguma vantagem para o Brasil que eu não esteja percebendo, a primeira vista, e talvez desse processo possam advir melhorias ambientais na performance de ambas grandes poluidoras e emissoras de gases de efeito estufa (GEE). Mas falta o BNDES demostrar isso clara e convincentemente pois, até agora, os indícios vão em sentido contrário. A CSA aparece hoje como produto de uma grande picaretagem internacional. Estou convencido que fez parte de uma megaoperação de burla ao Protocolo de Kioto utilizando suas brechas (avenidas, melhor dizendo...) Foi parte mar 2013 revista do meio ambiente

SocjosenPG (sxc.hu)

A CSA, em carga plena, emitirá 12 vezes mais GEE que todas as outras industrias do município do Rio de Janeiro juntas

de um grande processo de “deslocalização” de siderúrgicas, cimenteiras e outras indústrias altamente emissoras de GEE de países do Anexo I do Protocolo de Kioto, basicamente Europa e Japão, que cumpriram uma parte de sua meta de redução de GEE simplesmente transferindo essas indústrias para países “em desenvolvimento” como a China ou o Brasil. Foi uma burla do espírito de Kioto porque, na verdade, essas emissões de efeito global – há um estudo chinês que calcula que correspondem a 25% das reduções dos países do Anexo I – continuaram acontecendo. Nesse caso pouco importa se do CO2 ou o metano são emitidos no Rhur, em Santa Cruz ou na periferia de Xangai. Dá no mesmo para o clima no planeta. A CSA, em carga plena, emitirá 12 vezes mais GEE que todas as outras industrias do município do Rio de Janeiro juntas. Isso é estatisticamente expurgado do inventário de emissões da cidade que vai sediar os Jogos Olímpicos senão seriam risíveis nossas metas de redução publicamente assumidas. Como se não bastasse a CSA protagonizou pelo menos dois grandes “incidentes” com a chamada “chuva de prata” por deficiências do seu planejamento para situações emergenciais (mas perfeitamente previsíveis) que o processo de licenciamento não detectou, previamente. O licenciamento da CSA ignorou completamente a questão das emissões de GEE – resultado do paradigma de Kioto que permitia aos países “em desenvolvimento” emitirem livremente. Aliás, a empresa só realiza inventários de emissões porque uma emenda de minha autoria obrigou-a para tanto, quando da votação de uma lei prorrogando um incentivo fiscal questionável mas para o qual a Câmara Municipal tinha ampla maioria sob pressão dos governos do Estado e municipal. Resta saber – ainda não consegui que me informassem – se esse inventário está de fato sendo apresentado a contento. As multas em função das “chuvas de prata” ainda não foram pagas. Nesse contexto, o BNDES vai ter muito que explicar antes de financiar essa compra do roto ambiental pelo esfarrapado climático com nosso dindim. Em tempo: com todos os problemas da CSA, em termos de emissões de GEE a CSN é muito pior. Fonte: alfredosirkis.blogspot.com.br


Práticas sustentáveis no cotidiano do Imprimir nos dois lados da folha, utilizar um copo retornável para beber água, realizar compras públicas sustentáveis que priorizem critérios ambientais são exemplos de atitudes incentivadas pelo programa Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P). Desenvolvida pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), a iniciativa tem como objetivo estimular a reflexão sobre a responsabilidade socioambiental e a mudança de atitude no ambiente de trabalho. “Pequenos gestos podem trazer grandes resultados, no que diz respeito à consciência ambiental”, afirma a gerente de Projeto da A3P do MMA, Ana Carla de Almeida. Das 178 instituições que participam do programa, 78 correspondem à esfera federal, 60 da estadual e 40 da municipal. O Ministério do Meio Ambiente apoia, tecnicamente, os órgãos interessados em implementar o programa e promove o Prêmio Melhores Práticas da A3P como incentivo e reconhecimento do esforço das instituições. O prêmio existe desde 2009 e sua quarta edição aconteceu ano passado, com um número recorde de projetos inscritos (74). Responsabilidade “As instituições públicas devem dar o exemplo de ações conscientes”, explica Ana Carla Almeida. A agenda pode ser desenvolvida em toda a administração pública, nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, nas esferas federal, estadual e municipal. A adesão tem duração de cinco anos. O programa, criado em 2005, também prevê a sensibilização e capacitação dos servidores, a gestão adequada dos recursos naturais utilizados e dos resíduos gerados, além da promoção da melhoria da qualidade de vida no ambiente de trabalho. Obrigatoriedade A Agenda Ambiental na Administração Pública é parte integrante do Projeto Esplanada Sustentável, iniciativa para incentivar os órgãos e instituições públicas federais a adotarem um modelo de gestão organizacional focado na sustentabilidade ambiental e socioeconômica. A Agenda também é um referencial para a elaboração dos Planos de Gestão de Logística Sustentável (PLS), instituídos pela Instrução Normativa nº 10, de 12 de novembro de 2012. Os PLS são ferramentas de planejamento para que as entidades possam estabelecer práticas de sustentabilidade e racionalização de gastos e processos na administração pública. Com isso, as instituições da administração pública federal direta, autárquica, fundacional e empresas estatais dependentes estão elaborando seus planos de logística sustentável, que devem ser apresentados até maio deste ano, quando se encerra o prazo estipulado na Instrução Normativa. Sendo assim, a A3P vai se tornar obrigatória para esses órgãos. A meta é alcançar cerca de 30 mil prédios públicos e 600 mil servidores. Saiba mais Na prática, o Programa A3P ensina a usar os recursos naturais e bens públicos de forma econômica e racional, evitando o desperdício. Isso inclui o uso racional de energia, água e madeira, além do consumo de papel, copos plásticos e outros materiais de expediente. Outro ponto é a gestão adequada de resíduos, que passa pela adoção da política de 5Rs: repensar, reduzir, reutilizar, reciclar e recusar consumir produtos

governo Copos retornáveis: exemplo de sustentabilidade

Martim Garcia/MMA

178 órgãos públicos participam do programa do governo federal que incentiva mudanças de hábitos no trabalho

texto Tinna Oliveira

19

que gerem impactos socioambientais significativos. A proposta é pensar, primeiramente, em reduzir o consumo e combater o desperdício, para, só então, destinar o lixo corretamente. A reciclagem é uma das alternativas vantajosas de tratamento de resíduos sólidos, tanto do ponto de vista ambiental, pois reduz o consumo de recursos naturais, poupa energia e diminui o volume de lixo e poluição; quanto dos pontos de vista social e econômico, pois, quando há um sistema de coleta seletiva bem estruturado, a reciclagem pode ser uma atividade econômica rentável e socialmente inclusiva. A qualidade de vida no trabalho também é um dos destaques da A3P. A administração pública deve promover ações para o desenvolvimento pessoal e profissional dos seus servidores. Um exemplo de ação para promover a saúde no trabalho é a ginástica laboral. Entre os benefícios da atividade está a prevenção de doenças características da atividade exercida, maior disposição e integração entre colegas de trabalho. Outro eixo do Programa consiste em conscientizar os gestores e servidores públicos quanto à responsabilidade socioambiental. Para que isso aconteça, podem ser realizadas campanhas e eventos como palestras, cursos e fóruns que busquem chamar a atenção para temas socioambientais relevantes. A administração pública também deve promover a responsabilidade socioambiental nas suas compras. Esse processo deve priorizar critérios ambientais e não somente os econômicos e de menor preço. Por exemplo, a aquisição de impressoras que imprimam frente e verso e a compra de papel reciclado. Fonte: Ministério do Meio Ambiente

revista do meio ambiente mar 2013


Tecnologias

verdes

Você já pode adotar uma série de práticas e tecnologias para tornar a sua casa mais sustentável. Saiba quais são elas

Há tempos a sustentabilidade virou palavra de ordem. Virou moda separar o lixo, optar por alimentos orgânicos, trocar o carro pela bicicleta, mas algumas práticas e hábitos continuam lá, estabelecidos dentro de casa. É justamente no ambiente doméstico que boa parte da energia e dos recursos são desperdiçados – seja num banho quente mais longo, seja no abuso do ar condicionado ou em iluminações lindíssimas, conseguidas mediante o uso de lâmpadas nada econômicas. Olhe para a sua própria casa: que práticas e equipamentos você poderia modificar para torná-la ecologicamente correta? Além de escolher aparelhos domésticos contemplados com o selo Procel (o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica), por sua eficiência, uma série de medidas podem ser adotadas desde já para preservar o planeta – e o seu bolso. A seleção foi elaborada com a colaboração do professor Felipe Guanaes, do Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente (Nima) da PUC-Rio, e da arquiteta Alexandra Lichtenberg, criadora do premiado Projeto Eco House – em que ela implementou uma série de medidas e tecnologias para transformar seu próprio lar numa casa sustentável. Uma inspiração e tanto. Confira a lista abaixo. Aquecimento solar de água Sabe-se que o chuveiro elétrico é um dos principais vilões da conta de luz, responsável por um elevado gasto de energia. Os sistemas a gás são menos custosos mas, ainda assim, trata-se de um recurso não renovável da natureza, sujeito a variação de preços. Para substituí-los sem abrir mão dos banhos quentes e poupar energia do planeta, a melhor opção hoje é optar pelo aquecimento solar de água. No site do Departamento Nacional de Aquecimento Solar (www.dasolabrava.org.br). Ali constam as principais informações para aderir à tecnologia, como indicações dos equipamentos etiquetados com o selo Procel de eficiência e a lista de profissionais qualificados para a instalação. “É importante contratar um instalador competente porque a engenharia do aquecedor é básica, dominada aqui no Brasil, mas não é qualquer um que saiba executá-la da maneira correta”, alerta a arquiteta Alexandra Lichtenberg. Reaproveitamento da água da chuva É possível coletar e armazenar a água da chuva para usos em que não seja necessária a água potável – regar o jardim, lavar o quintal ou mesmo nas descargas dos vasos sanitários, por exemplo. “Se estiver construindo sua casa ou pensando em reformar a tubulação, considere um projeto que contemple essa funcionalidade”, sugere o professor Felipe Guanaes, da PUC-Rio. A natureza e o seu bolso agradecem. Aproveitar a luz do sol Dica preciosa para quem está construindo: ainda na fase da planta, no momento de definir onde ficarão as janelas da casa, dê preferência às fachadas leste e sul, que recebem menos radiação e, portanto, sofrem menos com o aquecimento. Você conseguirá deixá-las abertas e utilizar a iluminação natural nestes ambientes por mais tempo. “A luz do dia torna o espaço muito mais confortável e produtivo”, garante Alexandra. mar 2013 revista do meio ambiente

Matthew Trow (sxc.hu)

texto Louise Peres

20 consumo

Equipamentos economizadores de água Existem ainda opções para evitar o desperdício de água em outros dispositivos. Digamos que você more no 2º andar de um prédio de dez andares. A água chegará ao chuveiro e às torneiras com uma pressão muito maior, saindo com muito mais força – logo, em maior quantidade. Para interferir nessa dinâmica, basta instalar uma válvula de retenção na tubulação do chuveiro. “É um procedimento simples que vai reduzir bastante o fluxo de água”, afirma Alexandra. No bico das torneiras, instale um aerador, uma pecinha que mistura a água com o ar e, com menor quantidade de água, dará a sensação de que o jato é maior. Sombra nas janelas Uma medida simples pode evitar que a radiação solar direta atinja e superaqueça a casa: a instalação de toldos e brises, que protegem as janelas e são um recurso funcional para melhorar a climatização dos ambientes. Descarga com caixa acoplada A descarga também é uma das principais responsáveis pelo desperdício de água nos domicílios. Uma maneira de minimizar as perdas é trocar o modelo tradicional pelas descargas de caixa acoplada. Com opção de 3 e 6 litros, ela apresenta dois botões diferentes que limitam a quantidade de água usada a cada descarga. Se optar pelo botão menor, menos água será despejada; se precisar de um fluxo maior, aperte o botão grande. A descarga comum, cujo encanamento é instalado na parede, vai despejar o fluxo enquanto o botão estiver sendo pressionado – um desperdício enorme de um recurso tão valioso.


Telhado mais fresco Se você mora embaixo da laje de cobertura, pode pintá-la com tinta branca, que ajuda a diminuir a transmissão de carga térmica para o ambiente interno. O branco reflete a luz, reduzindo o potencial do concreto para absorver calor. Uma outra alternativa verde – no sentido literal – tem sido cada vez mais adotada por cidadãos em busca de uma residência ecologicamente correta: o telhado verde, que consiste na plantação de espécies na laje/cobertura de uma construção. “É uma boa opção para reduzir calor, mas precisa ser projetado por especialistas. A impermeabilização deve ser muito bem feita, assim como o caimento do telhado e a escolha das plantas”, avisa o professor Felipe Guanaes. A arquiteta Alexandra Lichtenberg destaca a necessidade de opção por plantas adaptadas ao clima local. “Em geral, elas devem ter resistência ao calor e raízes curtas”, resume. Iluminação de LED “Assim como as fluorescentes, as lâmpadas de LED são bem mais econômicas e ecologicamente corretas do que as incandescentes”, diz a Alexandra. Deste último tipo, as dicroicas, por exemplo, utilizadas na iluminação de quadros, paredes e pontos de luz em interiores, emitem 80% de calor contra 20% de luz. O resultado? Dá-lhe ar condicionado para aliviar o aquecimento produzido por ela. Hoje existem lâmpadas led com o mesmo efeito e que não emitem quase nada de calor. Aposte nelas. Esquadrias de alumínio ou madeira Apesar de práticas, as de PVC, que estão na moda, passam por um processo de fabricação tóxico para os operários. Quando queimado, o PVC não solta labaredas: ele derrete e solta uma fumaça preta, altamente tóxica e causadora de câncer. “Na Europa o material já está sendo erradicado e na Escandinávia é proibido. Na Inglaterra já está em curso um estudo para buscar uma nova formulação do PVC pra eliminar esse efeito colateral”, conta Alexandra arquiteta Alexandra Lichtenberg. Madeira Optou pela madeira? Na hora de escolher a matéria prima, utilize apenas aquela certificada. Isso garante que ela não seja fruto da exploração ilegal na Amazônia. Qualquer pessoa que compre madeira ilegal está contribuindo para o desmatamento da maior floresta do mundo.

Kostas Jariomenko (sxc.hu)

animais 21

Ativistas dos animais comemoram última fase da interdição da venda na União Europeia de cosméticos testados em cobaias. Comissário: substituição por métodos alternativos não é possível. Decisão do Parlamento Europeu data de 2003

UE proíbe venda de cosméticos

testados em animais

Desde o dia 11/03 não é mais permitida a comercialização na União Europeia de cosméticos que tenham sido testados em animais. A regra se aplica não apenas aos produtos fabricados no continente, mas também aos importados, e marca a última etapa da proibição gradual dos testes de ingredientes cosméticos em animais. As restrições foram aprovadas pelo Parlamento Europeu em 2003 e começaram a entrar em efeito no ano seguinte, com a proibição de testes de cosméticos prontos em cobaias. Desde 2009 a comercialização de produtos assim testados está proibida, mas ainda era possível importá-los de outras partes do mundo. Agora a interdição vale também para cosméticos vindos de países não-europeus. A Associação Alemã de Proteção aos Animais comemorou a medida. “A indústria teve tempo suficiente para buscar métodos alternativos de testar seus produtos, antes de comercializá-los”, afirmou a vicepresidente da associação, Brigitte Rusche. Assim sendo, “era apenas lógico que a comercialização desses produtos chegasse ao fim”. Sua organização vem lutando desde os anos 70 para erradicar os testes em animais da produção de cosméticos. Exemplo europeu para o mundo O diretor do grupo europeu de defesa dos animais Eurogroup for Animals, Reineke Hameleers, descreveu a proibição como “um sucesso”. Ele considera, no entanto, que o trabalho não está ainda terminado, e conclama outros países como os Estados Unidos e a China a seguirem o exemplo da UE. Além disso, a Comissão Europeia e a indústria devem continuar a investir na busca por alternativas aos testes de animais, ressalta Hameleers. Tonio Borg, comissário europeu para Saúde e Defesa do Consumidor, explica que a comissão “se compromete a seguir apoiando o desenvolvimento de métodos de teste alternativos, e insta os demais países a adotar o nosso modelo europeu”. Borg afirma que a UE continuará a buscar alternativas, “pois até o momento ainda não é possível a total substituição dos testes em animais por métodos alternativos”. Fonte: Deutsche Welle

Fonte: Veja Rio

revista do meio ambiente mar 2013


22 animais

“Mais rápidos e baratos do que

testes em cobaias”

DW-World: Consta que os experimentos em animais são, até o momento, insubstituíveis, sobretudo na pesquisa de medicamentos, já que não se pode provar se são inofensivos para os seres humanos sem o emprego de cobaias. Como o senhor vê esta afirmativa? Heinz Brandstetter: Existe uma série de determinações legais, segundo as quais toda nova substância liberada no meio ambiente tem que ser testada quanto a seu grau de segurança e nocividade potencial. Em muitos casos, a única opção no momento são os experimentos com cobaias, quer uma empresa ou cientista ache bom ou não. Por outro lado, temos aqui também um grande potencial para a busca de métodos complementares. Como esses testes em geral são sempre realizados da mesma forma, vale a pena ir atrás de um método alternativo. Esses métodos alternativos podem substituir inteiramente as experiências envolvendo animais? HB: Completamente, não é possível. No fim das contas, o desenvolvimento de métodos complementares também se baseia em experimentos com cobaias. A partir destes, desenvolvemos novos testes, comparando se são tão conclusivos quanto os que envolvem animais. Mesmo neste caso, não é tão simples assim convencer as autoridades competentes de que um novo teste seja tão eficiente quanto um experimento comprovado, com que se trabalha há muitos anos.

Judith Weber, da DW-World, entrevistou Heinz Brandstetter, do Instituto Max Planck de Bioquímica Qual o maior obstáculo para que os métodos alternativos se imponham? HB: O maior obstáculo é o reconhecimento. Pois quando se tem um teste alternativo, muitas coisas correm mais rápido e barato, pode-se desenvolver e liberar medicamentos mais depressa. Existe um grande interesse na pesquisa em si, tanto nas universidades como por parte das firmas produtoras de remédios. Experimentos em animais estão entre os procedimentos mais trabalhosos e caros, ninguém está seriamente interessado neles. Porém, a proteção do consumidor tem grande peso em nossa sociedade. É preciso provar que um teste de proveta realmente pode substituir um empregando organismos completos, que são muito mais próximos de seres humanos. Pois uma coisa não pode acontecer: que após cinco anos se constate que algo escapou ao exame. Aqui a responsabilidade dos políticos e da instituições é muito grande. Desde novembro de 2004, vigora na União Europeia a proibição da experimentação com cobaias para produtos de higiene e beleza. Com isso, o uso de cobaias no ramo da cosmética tornou-se coisa do passado? HB: Segundo a legislação europeia e alemã, nenhum animal pode ser utilizado no desenvolvimento de cosméticos. No entanto, estes se compõem de substâncias que precisam ser testadas. A UE está tentando forçar a indústria cosmética a adotar somente testes não-animais, dentro do possível. Paralelamente, corre o chamado Programa Reach, da UE. Segundo este, todos os antigos produtos químicos, já há décadas no mercado, têm que voltar a ser testados. Porque há 30, 40 anos não havia testes tão eficientes quanto hoje em dia. Isso constitui um problema, do ponto de vista da proteção ao consumidor da UE, pois significaria uma enorme elevação do número de experiências com cobaias, obrigatórias por lei. Assim, é do grande interesse de todos – também da indústria – que se possa evitar isso, ou pelo menos encontrar métodos que não obriguem o emprego de animais. Fonte: Deutsche Welle

Pit bull é agredido e enterrado vivo no interior de São Paulo

Um cão da raça pit bull conseguiu sobreviver após ser espancado por um grupo de jovens e enterrado vivo no bairro São Conrado, em Sorocaba, interior de São Paulo. O caso aconteceu no dia 9 de março. De acordo com testemunhas, os agressores enterraram o animal acreditando que ele estava morto.. Mas o cão conseguiu escapar cerca de quatro horas depois e foi encontrado por uma mulher que mora próximo ao local. Ela pediu ajuda à veterinária Carolina Guitierres Pellizzer, que o levou a uma clínica. Segundo ela, o fato da terra estar molhada em função da chuva pode ter contribuído para que ele escapasse. “Ele deve ter sentido a água da chuva, quando começou a tentar sair da cova. A forma como ele conseguiu é um mistério, já que ele estava gravemente ferido na cabeça”, explicou em entrevista ao G1. Na clínica, o cão foi batizado “Highlander”. Até o momento, os suspeitos não foram encontrados. Fonte: Yahoo

mar 2013 revista do meio ambiente



Ao menos 70% das espécies da Terra são A boa notícia é que as paisagens também se regeneram naturalmente e além do débito de extinção existe o crédito de recuperação Embora o conhecimento sobre a biodiversidade do planeta ainda esteja muito fragmentado, estima-se que já tenham sido descritos aproximadamente 1,75 milhão de espécies diferentes de seres vivos – incluindo microrganismos, plantas e animais. O número pode impressionar os mais desavisados, mas representa, nas hipóteses mais otimistas, apenas 30% das formas de vida existentes na Terra. “Estima-se que existam outros 12 milhões de espécies ainda por serem descobertas”, disse Thomas Lewinsohn, professor do Departamento de Biologia Animal da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), durante a apresentação que deu início ao Ciclo de Conferências 2013 organizado pelo programa Biota-Fapesp com o intuito de contribuir para o aperfeiçoamento do ensino de ciência. Mas como avaliar o tamanho do desconhecimento sobre a biodiversidade? “Para isso, fazemos extrapolações, tomando como base os grupos de organismos mais bem estudados para avaliar os menos estudados. Regiões ou países em que a Biota é bem conhecida para avaliar onde é menos conhecida. Por regra de três chegamos a essas estimativas”, explicou. Técnicas mais recentes, segundo Lewinsohn, usam fórmulas estatísticas sofisticadas e se baseiam nas taxas de descobertas e de descrição de novas espécies. Os valores são ajustados de acordo com a força de trabalho existente, ou seja, o número de taxonomistas em atividade. “No entanto, o mais importante a dizer é: não há consenso. As estimativas podem chegar a mais de 100 milhões de espécies desconhecidas. Não sabemos nem a ordem de grandeza e isso é espantoso”, disse. Lewinsohn avalia que, para descrever todas as espécies que se estima haver no Brasil, seriam necessários cerca de 2 mil anos. “Para descrever todas as espécies do mundo o número seria parecido. Mas não temos esse tempo”, disse. Algumas técnicas recentes de taxonomia molecular, como código de barras de DNA, podem ajudar a acelerar o trabalho, pois permitem identificar organismos por meio da aná-

mar 2013 revista do meio ambiente

desconhecidas www.lynxexsitu.es

texto Karina Toledo

24 capa

O Lince-ibérico (Lynx pardinus) é o único grande felino em perigo de extinção atualmente

Estima-se que ao perder 90% do habitat, deveríamos perder 50% das espécies endêmicas. Na Mata Atlântica, há cerca de 16% de floresta remanescente. O esperado seria uma extinção em massa, mas nosso registro tem poucos casos. Ou nossa teoria está errada, ou não estamos detectando as extinções, pois as espécies nem sequer eram conhecidas. (Jean Paul Metzger, professor do Instituto de Biociências da USP)


25 lise de seu material genético. Por esse método, cadeias diferentes de DNA diferenciam as espécies, enquanto na taxonomia clássica a classificação é baseada na morfologia dos seres vivos, o que é bem mais trabalhoso. “Dá para fazer? Sim, mas qual é o custo?”, questionou Lewinsohn. Um artigo publicado recentemente na revista Science apontou que seriam necessários de US$ 500 milhões a US$ 1 bilhão por ano, durante 50 anos, para descrever a maioria das espécies do planeta. Novamente, o número pode assustar os desavisados, mas, de acordo com Lewinsohn, o montante corresponde ao que se gasta no mundo com armamento em apenas cinco dias. “Somente em 2011 foram gastos US$ 1,7 trilhão com a compra de armas. É preciso colocar as coisas em perspectiva”, defendeu. Definindo prioridades Muitas dessas espécies desconhecidas, porém, podem desaparecer do planeta antes mesmo que o homem tenha tempo e dinheiro suficiente para estudá-las. Segundo dados apresentados por Jean Paul Metzger, professor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), mais de 50% da superfície terrestre já foi transformada pelo homem. Essa alteração na paisagem tem muitas consequências e Metzger abordou duas delas na segunda apresentação do dia: a perda de habitat e a fragmentação. “São conceitos diferentes, que muitas vezes se confundem. Fragmentação é a subdivisão de um habitat e pode não ocorrer quando o processo de degradação ocorre nas bordas da mata. Já a construção de uma estrada, por exemplo, cria fragmentos isolados dentro do habitat”, explicou. Para Metzger, a fragmentação é a principal ameaça à biodiversidade, pois altera o equilíbrio entre os processos naturais de extinção de espécies e de colonização. Quanto menor e mais isolado é o fragmento, maior é a taxa de extinção e menor é a de colonização. “Cada espécie tem uma quantidade mínima de habitat que precisa para sobreviver e se reproduzir. Não conhecemos bem esses limiares de extinção”, alertou. Metzger acredita que esse limiar pode variar de acordo com a configuração da paisagem, ou seja, quanto mais fragmentado estiver o habitat, maior o risco de extinção de espécies. Como exemplo, ele citou as áreas remanescentes de Mata Atlântica do Estado de São Paulo, onde 95% dos fragmentos têm menos de 100 hectares. “Estima-se que ao perder 90% do habitat, deveríamos perder 50% das espécies endêmicas. Na Mata Atlântica, há cerca de 16% de floresta remanescente. O esperado seria uma extinção em massa, mas nosso registro tem poucos casos. Ou nossa teoria está errada, ou não estamos detectando as extinções, pois as espécies nem sequer eram conhecidas”, afirmou Metzger. Há, no entanto, um fator complicador: o período de latência entre a mudança na estrutura paisagem e mudança na estrutura da comunidade. Enquanto as espécies com ciclo curto de vida podem desaparecer rapidamente, aquelas com ciclo de vida longo podem responder à perda de habitat em escala centenária. “Cria-se um débito de extinção e, mesmo que a alteração na paisagem seja interrompida, algumas espécies ficam fadadas a desaparecer com o tempo”, disse Metzger. Mas a boa notícia é que as paisagens também se regeneram naturalmente e além do débito de extinção existe o crédito de recuperação. O período de latência representa, portanto, uma oportunidade de conservação. “Hoje, temos evidências de que não adianta restaurar em qualquer lugar. É preciso definir áreas prioritárias para restauração que otimizem a conectividade e facilitem o fluxo biológico entre os fragmentos”, defendeu Metzger.

Somente em 2011 foram gastos US$ 1,7 trilhão com a compra de armas. É preciso colocar as coisas em perspectiva. (Thomas Lewinsohn, professor do Departamento de Biologia Animal da Unicamp) Colhendo frutos Ao longo dos 13 anos de existência do Biota-Fapesp, a definição de áreas prioritárias de conservação e de recuperação no Estado de São Paulo foi uma das principais preocupações dos pesquisadores. Os resultados desses estudos foram usados pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente para embasar políticas públicas, como lembrou o coordenador do programa e professor do Instituto de Biologia da Unicamp, Carlos Alfredo Joly, na terceira e última apresentação do dia. “Atualmente, pelo menos 20 instrumentos legais, entre leis, decretos e resoluções, citam nominalmente os resultados do Biota-Fapesp”, disse Joly. Entre 1999 e 2009, disse o coordenador, houve um investimento anual de R$ 8 milhões no programa. Isso ajudou a financiar 94 projetos de pesquisa e resultou em mais de 700 artigos publicados em 181 periódicos, entre eles Nature e Science. A equipe do programa também publicou 16 livros e dois atlas, descreveu mais de 2 mil novas espécies, produziu e armazenou informações sobre 12 mil espécies, disponibilizou e conectou digitalmente 35 coleções biológicas paulistas. “Desde que foi renovado o apoio da Fapesp ao programa, em 2009, a questão da educação se tornou prioridade em nosso plano estratégico. O objetivo deste ciclo de conferências é justamente ampliar a comunicação com públicos além do meio científico, especialmente professores e estudantes”, disse Joly. A segunda etapa do ciclo de palestras está marcada para 21 de março e terá como tema o “Bioma Pampa”. No dia 18 de abril, será a vez do “Bioma Pantanal”. Em 16 de maio, o tema será “Bioma Cerrado”. Em 20 de junho, será abordado o “Bioma Caatinga”. Em 22 de agosto, será o “Bioma Mata Atlântica”. Em 19 de setembro, é a vez do “Bioma Amazônia”. Em 24 de outubro, o tema será “Ambientes Marinhos e Costeiros”. Finalizando o ciclo, em 21 de novembro, o tema será “Biodiversidade em Ambientes Antrópicos – Urbanos e Rurais”. Fonte: Agência Fapesp

revista do meio ambiente mar 2013


texto Giuliana Capello

26 consumo

Geoff Lane (wikimedia commons)

O que compramos financia e apoia todo um sistema industrial e agroindustrial, seja bacana ou não

Quando você vai ao supermercado e escolhe um produto, o dinheiro que você paga vai para uma marca impessoal ou para algumas famílias? Quero dizer: vai para um lugar desconhecido, uma megacorporação transnacional, ou fica na sua região, com famílias de donos e trabalhadores de pequenas e médias empresas? Nunca parou para pensar nisso? Pois consumo tem tudo a ver com a maneira como lidamos com o mundo, se gostamos da coisa como está ou se temos vontade e intenções efetivas de mudar um pouquinho o rumo da história, promover uma economia mais solidária e menos “grandiosa” no quesito crises atuais (já reparou no quanto a tal crise econômica/financeira parece ser, aos olhos do senso comum, muito maior do que a crise ambiental, por exemplo?). Hoje, no café da manhã, comentei com meu marido sobre alguns produtos que estavam à mesa: iogurte artesanal produzido na minha cidade, manteiga e pão integral da cidade vizinha (15 km daqui), frutas da ecovila e de produtores locais. E isso me fez pensar sobre como a relação entre fabricantes e consumidores pode ser menos impessoal e menos anônima, especialmente nas cidades de menor porte. Explico: consumo sustentável precisa de “cara”, de um rosto, sabe? Precisa vir de empresas e produtores que você conhece e nos quais confia. Melhor ainda se eles forem da sua região, pois isso ajuda a economia local, deixa o dinheiro circulando no seu pedaço – e não a milhas e milhas da sua cidade. Outro dia, meu marido foi ao mercado e, distraído, trouxe um mamão formosa que, embora parecesse saborosíssimo, jamais poderia ter entrado aqui em casa. Sabe qual era a origem da fruta? Difícil dizer, mas o mamão era do Ceará! Do Ceará!! Pode uma coisa dessas? Isso significa que ele viajou milhares de quilômetros, consumiu petróleo adoidado, teve de ser mar 2013 revista do meio ambiente

Qual é a cara do seu

consumo?

embalado para não ser danificado e, provavelmente, veio de alguma grande monocultura convencional (afinal, pequenos produtores têm mais dificuldade em comercializar para mercados distantes, certo?). Pode parecer bobagem, exagero, mas não é. Precisamos nos conscientizar de que aquilo que compramos financia e apoia, de alguma maneira, todo um sistema industrial e agroindustrial, bacana ou nem tanto. Por isso, sou do tipo que investe tempo lendo rótulos, buscando a origem do produto. Para mim, mais importante do que saber a quantidade de calorias ou de vitaminas introduzidas artificialmente é checar a origem do produto: cidade e fabricante. Quando compro um queijo branco no mercado local, posso escolher entre o queijo “Da Dona Dita”, do “Seu Zé”, da “Dona Helena”, e de outros tantos moradores que produzem queijo para ajudar na renda da família. Ou, se for do meu agrado, posso comprar de uma grande empresa do Sul do país, para quem nunca vou poder dizer “obrigada” diretamente – e que faz parte de um modelo de produção desacreditado por mim, muito aquém dos meus anseios, e que financia uma cadeia involutiva, um jeito torto (tanto quanto o PIB, talvez) de medir nossas riquezas ou nosso desenvolvimento. Comprar dos pequenos e próximos é o mesmo que dizer: “continuem produzindo e melhorando seus produtos”. Da mesma forma, se eu entro numa grande rede de sanduíches e compro um hambúrguer, também estou dizendo a mesma coisa e mais um pouco: “obrigada, deuses do fast food, por disseminarem uma alimentação ruim nos quatro cantos do planeta, por colaborarem com as epidemias de diabetes, os índices de obesidade e as monoculturas transgênicas de soja e milho, além dos horríveis CAFOs* (Concentrated Animal Feeding Operations), gigantescos matadouros de animais”. É por isso que jamais entro numa loja dessas. Quanto mais próximo estiverem produtores e clientes, mais sustentável será seu ciclo econômico, porque menos energia será perdida no caminho (na forma de combustível, embalagens, atravessadores, revendedores etc.) e mais condições teremos, como consumidores, de conhecer nosso fornecedor, seu jeito de produzir, seus valores, enfim, em última instância, teremos mais condições de influenciar o que é produzido e como. Aí, cabe ao consumidor uma função importantíssima: a de valorizar as boas iniciativas e os bons produtores locais. Muita gente ainda entoa o mantra de que grandes marcas são sinônimos de mais qualidade. Isso não é verdade sempre. É preciso prestar atenção e se abrir para novos conceitos. De que adianta uma fruta com a casca uniforme, sem manchas, se ela veio de outro estado, longe, muito longe de você? Não seria melhor comprar uma fruta mais “feinha” (porque, é bom lembrar, a natureza das coisas – e o bonito delas – está também na imperfeição), mas de um pomar pertinho de você? Quando optamos pelos distantes, estamos reduzindo a força de nossa cidade ser mais autônoma e dinâmica, de termos mais contato com as famílias que sustentam suas empresas, acreditando no mercado consumidor local. Dinheiro voador não é muito sustentável. Lembre-se disso. Ele viaja demais, roda demais e perdemos a noção de onde ele pousa e do que ele gera lá na frente. Dinheiro que passa de mão em mão, ao contrário, tem escala humana, é mais sustentável. Cabe a você escolher que modelo mais reflete o mundo em que você quer viver. Fonte: planetasustentavel.abril.com.br

Para quem tiver estômago, recomendo: www.cafothebook.org



texto Akatu

28 ecologia interior

No Brasil, felicidade está mais associada a bem-estar do que a “Para você, o que é felicidade?” Essa foi uma das perguntas que o Instituto Akatu fez a 800 brasileiros de todas as regiões do país no final de 2012. O resultado da pesquisa revela que os entrevistados – independentemente de fatores como classe social ou faixa etária – associam sua felicidade muito mais ao bem-estar físico e emocional e à convivência social do que aos aspectos financeiros e à posse de bens. A divulgação desses dados nesta semana marca o Dia Mundial do Consumidor e o aniversário de 12 anos do Akatu, ambos celebrados em 15 de março. Quando questionados sobre o que consideram ser felicidade, dois terços dos entrevistados indicaram que estar saudável e/ou ter sua família saudável é um fator essencial. Para 60% do público que respondeu à pesquisa, conviver bem com a família e os amigos também os aproxima mais da felicidade. Apenas três em cada 10 brasileiros indicaram a tranquilidade financeira em suas respostas. “Segundo a nossa pesquisa, para os brasileiros, ir ao encontro da felicidade hoje não é aumentar o consumo, mas trabalhar pela saúde e prover condições para o verdadeiro bem-viver, com suficiência material e tempo para desfrutar a vida em companhia dos amigos e familiares, num ambiente seguro e acolhedor”, analisa Helio Mattar, diretor-presidente do Akatu. A tendência de valorizar o bem-estar se confirmou quando os entrevistados foram convidados a priorizar seus desejos. O resultado mostra que, coerentemente com sua visão sobre felicidade, os brasileiros são fortemente atraídos pelo caminho da sustentabilidade. Em cinco dos oito temas propostos (afetividade, alimentos, água, mobilidade, durabilidade, energia, resíduos e saúde), os entrevistados preferiram as alternativas mais ligadas ao caminho da sustentabilidade do que as ligadas ao do consumismo. O tema afetividade destaca-se como o que possui maior diferença entre os que preferem o cenário mais sustentável (passar tempo com as pessoas – com índice de prioridade de 8,3 em uma escala de 0 a 10) ao invés do consumista (comprar presentes – índice de 2,6), o que leva a uma reflexão sobre os hábitos relacionados às compras de presentes de qualquer natureza. Em seguida, outros três temas (alimento, água e mobilidade) são os que contam com uma preferência bem maior para os cenários do caminho sustentável, com a qualidade de vida (expressa por alimentos saudáveis, uso racional da água e boa mobilidade) sendo

mar 2013 revista do meio ambiente

posse de bens Pesquisa do Akatu aponta também que entrevistados preferem as alternativas mais ligadas ao caminho da sustentabilidade do que ao do consumismo

bem mais valorizada do que o modo consumista tradicional (expresso por alimentos práticos, uso irresponsável da água e ter carro próprio). Merecem destaque as escolhas relacionadas à mobilidade: se deslocar pela cidade com rapidez, segurança, conforto e flexibilidade alcançou um índice de 7,9, enquanto ter carro próprio obteve apenas 4,9 em um escala de 0 a 10. Até mesmo para quem não usa um carro próprio em seu cotidiano (82% dos entrevistados), a preferência é fortemente em favor da mobilidade (7,7). O aspecto específico da durabilidade também mostra uma tendência favorável ao caminho da sustentabilidade, na contramão da obsolescência planejada e da descartabilidade: os respondentes demonstraram um interesse proporcionalmente bem maior por produtos que durem bastante e que possam ser atualizados do que por produtos baratos e substituíveis. Nos temas energia e resíduos, há um virtual empate entre respostas associadas ao modelo consumista em vigor e as propostas sustentáveis para o mesmo tema. Apenas na questão relacionada à saúde, em que as opções eram ter um bom plano de saúde ou ter um estilo de vida mais saudável, houve prevalência da alternativa mais relacionada ao consumo. “A resposta parece revelar não uma preferência pelo modelo consumista, mas sim uma preocupação com a precariedade do sistema de saúde. E, mais ainda, uma atitude que prioriza a segurança, pois a garantia de assistência médica em caso de necessidade vai ao encontro da primeira prioridade dos brasileiros quando pensam em sua felicidade: ter saúde”, explica Mattar. Em todas as classes sociais se verifica maior aspiração pelo caminho sustentável do que pelo caminho atual, da sociedade de consumo. Nesta tendência, um exemplo de destaque: quando solicitados para priorizar entre “ter tempo para estar com quem gosta” e “comprar presentes”, os entrevistados de todas as classes sociais mostram preferência bem maior pela primeira opção, a mais sustentável. “Possivelmente pela carência de acesso a bens e serviços básicos, as classes mais baixas mostram aspiração pelas soluções oferecidas pela sociedade de consumo em alguns tópicos, mas, ainda assim, as opções sustentáveis prevalecem em suas escolhas de longo prazo”, comenta Aron Belinky, coordenador técnico da pesquisa. Saber que o potencial de adesão ao consumo consciente já se expressa nos desejos dos consumidores indica um descompasso entre o que a sociedade quer e o que se oferece a ela. “Quanto tempo mais será necessário para que as empresas e o Poder Público reconheçam essa situação e busquem atender a essas demandas da sociedade, em vez de incentivar um modelo insustentável e esgotado do consumo pelo consumo em si e não como instrumento de bem-estar?”, questiona Mattar. A resposta a essa pergunta determinará o nosso futuro. Sobre a pesquisa Os dados sobre felicidade e desejos dos brasileiros fazem parte de uma pesquisa realizada periodicamente pelo Instituto Akatu sobre a percepção do brasileiro em relação ao seu consumo, à sustentabilidade e à responsabilidade social das empresas. O relatório completo da pesquisa será divulgado em maio. Fonte: CDN Comunicação Corporativa


AgendA

Este é mais um serviço gratuito da Rebia para estimular o encontro e os debates em torno das questões socioambientais e da sustentabilidade

de eventos socioambientais 2013 MarÇo Data

Local

Evento

Site

Contatos

Todo o mês

Memorial da América Latina São Paulo (SP)

Exposição: Exemplos a seguir! Expedições em estética e sustentabilidade

www.memorial.org.br/2013/01/sustentabilidade-etema-de-mostra-gratuita-no-memorial/

20 a 25

Universidade de Brasília Brasília (DF)

I Encontro Nacional de Estudantes de Ciências Ambientais – I ENECAmb

http://ienecamb2013.blogspot.com.br/ www.facebook.com/groups/373431829340235/

23

Brasil

Hora do Planeta 2013 – das 20h30 às 21h30

www.wwf.org.br/participe/horadoplaneta/

27

Campus Experimental do Litoral Paulista – Unesp – São Vicente (SP)

Seminários de Gerenciamento Costeiro Integrado

www.clp.Unesp.br/#286,286

abriL Data

Local

Evento

Site

Contatos

Memorial da América Latina São Paulo (SP)

Exposição: Exemplos a seguir! Expedições em estética e sustentabilidade

www.memorial.org.br/2013/01/sustentabilidade-etema-de-mostra-gratuita-no-memorial/

17 a 19

Sheraton Vitória (ES)

XIII Congresso Brasileiro do Ministério Público de Meio Ambiente

www.abrampa.org.br/congresso_vitoria/

21 a 26

Foz do Iguaçu (PR)

Protected Areas and Place Making – International Union of Forest Research Organizations - IUFRO

http://canjerana.esalq.usp.br/PAPM2013/doku. php?id=home

25

Anfiteatro E1 - Universidade Sagrado Coração - USC – Bauru (SP)

Seminário: Nitrato nas Águas Subterrâneas no Estado de São Paulo: Desafios Frente Ao Panorama Atual

http://igeologicosp.blogspot.com.br/p/blogpage_14.html

25 e 26

Centro de Eventos da Universidade Federal de Goiás - UFG – Goiânia (GO)

II Congresso Internacional Transdisciplinar de Proteção à Fauna

www.congressofauna.com.br/secao. php?categoria=Inscricao

Univille – Joinville (SC)

Encontro de Trabalho: Ambientalização, Sustentabilidade, Educação Ambiental, Meio Ambiente e Universidade em Santa Catarina – Integração, Análise, Levantamento de Estratégias e Busca de Novos Rumos

1a7

26

elaborado por Adriano Wild (famwild@uol.com.br) colaboração enviada por A. Pedrini através do fórum Rebia Nacional

agenda 29

(47) 3461-9209 nelma@univille.br

XIII Encontro Verde das Américas

* GREENMEETING 2013 *

21 e 22/05/2013

Brasília DF - Brasil

Participação gratuita com inscrição prévia via site:

www.greenmeeting.org Os participantes receberão certificado com carga horária

revista do meio ambiente mar 2013


elaborado por Adriano Wild (famwild@uol.com.br) colaboração enviada por A. Pedrini através do fórum Rebia Nacional

30 agenda Maio Data

Local

Evento

5e6

Universidade Federal de Goiás (UFG) – Campus II Samambaia Goiânia (GO)

1° CTurTI - 1° Colóquio “Turismo em Terras Indígenas”: Turismo, Territórios Identitários e Conflitos Interétnicos em Debate

http://laboter.iesa.ufg.br/pages/41971

Florianópolis (SC)

4º Congresso Brasileiro de Biologia Marinha

www.abbm.net.br/congressos-da-abbm/cbbm

São Paulo (SP)

4º Workshop Internacional sobre Avanços em Produção Mais Limpa

www.advancesincleanerproduction.net/fourth/ptbr/ site/home.html

Parque Ibirapuera – São Paulo (SP)

9ª Edição do Viva Mata

www.sosma.org.br/eventos/viva-a-mata-2013reserve-a-data/

Campus de São Cristóvão Universidade Federal de Sergipe Aracaju (SE)

2º Encontro Interdisciplinar de Comunicação Ambiental

www.licaufs.blogspot.com.br/

19 a 25 22 a 24 24 a 26 27 a 29

Site

Contatos

junho Data

Local

Evento

Site

Porto Alegre (RS)

Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (FBSSAN) Tema: Que alimento (não) estamos comendo

www.fase.org.br/v2/pagina.php?id=3785

4a6

Auditório Ibirapuera – São Paulo (SP)

New Cities Summit 2013 – Tema: Cidade Humana (Humanizada)

www.newcitiessummit2013.org/

4a6

Universidade Federal de São Carlos UFSCar – São Carlos (SP)

2º Seminário Internacional Ruralidades, Trabalho e Meio Ambiente

www.ufscar.br/ruras

17 a 21

Faculdade Frassinetti - Fafire – Recife (PE)

I Congresso Internacional de Ecotoxicologia Marinha – Ecomar

http://ecotoxmar.com.br/index.html

27 a 30

Pavilhão da Bienal – Parque Ibirapuera – São Paulo (SP)

9ª Feira Internacional de Produtos Orgânicos e Agroecologia Bio Brazil Fair 2013

www.biobrazilfair.com.br

A definir

Contatos

julho Data

Local

Evento

Site

7 a 10

Instituto de Biociências – Unesp – Rio Claro (SP)

VII Encontro de Pesquisa em Educação Ambiental: Problematizando a temática ambiental na sociedade contemporânea

www.epea.tmp.br/circular1epea7.pdf www.viiepea2013.net/

11 a 14

Barreiras (BA)

32º CBE - Congresso Brasileiro de Espeleologia

www.sbe.com.br/noticias.asp

Contatos

agosto Data 26 e 27

Local Cuiabá (MT)

Evento

Site

Congresso Internacional: A Constituição e o Meio Ambiente

www.abrampa.org.br/eventos_listar.php?idEvento=195

Contatos (65) 3336-2214

setembro Data 23 a 26

Local PUCPR – Campus Curitiba Curitba (PR)

Evento XI Congresso Nacional de Educação (Educere), II Seminário Internacional de Representações Sociais – Educação (Sirsse) e VI Seminário Internacional sobre Profissionalidade Docente (SIPD/ Cátedra Unesco – Tema: Formação docente e sustentabilidade: um olhar transdisciplinar

Site

Contatos

Site

Contatos

www.pucpr.br/educere

outubro Data

Local

Evento

Diamantina (MG)

XIV Congresso Brasileiro de Geoquímica / Simpósio LatinoAmericano de Mapeamento Geoquímico

www.sbgq.org.br/14cbgq/

16 a 18

Campus Maracanã da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ Rio de Janeiro (RJ)

II Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas

http://llcnpmt.wordpress.com/

24 a 27

Brasília (DF)

IV Conferência Nacional do Meio Ambiente

www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/ conferencia-nacional-do-meio-ambiente/iv-conferência

13 a 18

novembro Data

Local

Evento

Site

Rio Branco (AC)

IX Congresso Nacional de Ecoturismo / V Encontro Interdisciplinar de Ecoturismo em Unidades de Conservação

www.sbecotur.org.br/conecotur-ecouc

13 a 18

Brasília (DF)

IV Conferência Nacional Infanto-juvenil pelo Meio Ambiente

http://ws.mp.mg.gov.br/biblio/informa/060717513.htm

20 a 24

Brasília (DF)

5ª Conferência Nacional das Cidades

www.cidades.gov.br/5conferencia/

11 a 15

mar 2013 revista do meio ambiente

Contatos


PROGRAMA RECLAMAR ADIANTA

RÁDIO BANDEIRANTES AM 1360 (RJ)

COM ÁTILA NUNES FILHO

Permitir que dezenas de ouvintes diariamente entrem no ar para reclamar, protestar, denunciar, sem censura. Essa é a fórmula do sucesso de audiência do Programa Reclamar Adianta que vai ao ar de segunda à sexta feira pela Rádio Bandeirantes AM 1360 (RJ). Na verdade, esse sucesso é um resultado, e não o objetivo. O objetivo sempre foi - e é - de dar voz aos cidadãos que não tem acesso aos veículos de comunicação para externar seus pontos de vista.

Dezenas de profissionais trabalham hoje inteiramente dedicados à milhares de ouvintes que acompanham o programa ao vivo pela Rádio Bandeirantes ou pela internet, com o fundamental apoio do serviço de interesse público Em Defesa do Consumidor (www.emdefesadoconsumidor.com.br).

Todas as reclamações dirigidas à empresas ou às autoridades, recebem nossa atenção – de forma personalizada – que não se encerra quando acaba o programa ao meio dia. A partir desse instante começa o atendimento fora do ar. O monitoramento dessas reclamações pela nossa equipe continua no restante do dia, às vezes, do resto da semana, até a se alcançar a solução.

As três dezenas de profissionais que atuam no Programa Reclamar Adianta preparam-se para ampliar o atendimento nacionalmente.

O alcance dos assuntos foi ampliado, estendo-se às reclamações dos ouvintes em relação aos órgãos do governo federal, governos estaduais e prefeituras.

PROGRAMA RECLAMAR ADIANTA RÁDIO BANDEIRANTES AM 1360 (RJ)

De 2ª à 6ª feira, entre 10h e meio dia, Acesse pela internet: www.reclamaradianta.com.br Central telefônica 24h: (021) 3282-5588 twitter: @defesaconsumo www.emdefesadoconsumidor.com.br

A central telefônica, criada para atender durante as duas horas de programa, hoje funciona 24 horas por dia.

Tudo isso se deve, contudo, aos milhares de ouvintes que sintonizam a Rádio Bandeirantes AM 1360 do Rio de Janeiro, de segunda à sexta-feira, das 10h ao meio dia. Obrigado a todos. E guarde o número de telefone de nossa Central de Atendimento: (021) 3282-5588. Se preferir, nos mande um e-mail. O atendimento é 100% gratuito e personalizado. A equipe do Programa Reclamar Adianta

PROGRAMA PAPO MADURO

RÁDIO BANDEIRANTES AM 1360 (RJ) De 2ª à 6ª feira, ao meio dia, Acesse pela internet: www.papomaduro.com.br Central telefônica 24h: (021) 3282-5144


ÃO

IMPRESSO

A TID

DR RJ

AN

A Revista do Meio Ambiente (revistadomeioambiente.org.br) é elaborada a partir das colaborações da Rede Rebia de Colaboradores e Jornalistas Ambientais Voluntários (RebiaJA – rebia.org.br/ rebiaja) e é distribuída de forma dirigida e gratuita, em âmbito nacional, em duas versões: 1) versão impressa – distribuída em locais estratégicos e durante eventos ambientais importantes que reúnam formadores e multiplicadores de opinião em meio ambiente e demais públicos interessados na área socioambiental (stakeholders) diretamente em stands, durante palestras, ou através de nossas organizações parceiras, empresas patrocinadoras, etc.; 2) versão digital – disponível para download gratuito no site da Revista bastando ao interessado: a) estar cadastrado na Rede Brasileira de Informação Ambiental (Rebia) – rebia.org.br (cadastro e associação gratuitas); b) estar logado no momento do download; c) preencher o campo do formulário com o comentário sobre o porque precisa da Revista do Meio Ambiente. Quem patrocina a gratuidade? A gratuidade deste trabalho só é possível graças às empresas patrocinadoras e anunciantes, às organizações parceiras e à equipe de voluntários que doam seu esforço, talento, recursos materiais e financeiros para contribuir com a formação e o fortalecimento da cidadania ambiental planetária, no rumo de uma sociedade sustentável.

R GA

ano VII • ed 57 • março 2013

Aqui o seu anúncio é visto por quem se importa com o meio ambiente

DE VO LU Ç

Guia do Meio Ambiente

Revista do Meio Ambiente Redação: Trav. Gonçalo Ferreira, 777 Casarão da Ponta da Ilha, Jurujuba, Niterói, RJ CEP 24370-290 Telefax: (21) 2610-2272


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.