Revista do Meio Ambiente 56

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revista do meio Acesse: www.revistadomeioambiente.org.br

2013: Ano Internacional ano VII • fevereiro 2013

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ISSN 2236-1014

AMBIENTE Rebia Rede Brasileira de Informação Ambiental

de Cooperação pela Água

Dez alimentos transgênicos presentes na cadeia alimentar Cachorro dorme ao lado do túmulo do dono Brasil ameaçado pelas mudanças climáticas Prêmio Honra e Mérito Socioambiental Lagoa Viva 2012



nesta edição 3

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capa 16 2013: Ano Internacional de Cooperação

Rebia – Rede Brasileira de Informação Ambiental: organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, com a missão de contribuir para a formação e mobilização da Cidadania Ambiental planetária através da democratização da informação ambiental e da educação ambiental com atuação em todo o território nacional, editando e distribuindo gratuitamente a Revista do Meio Ambiente e o Portal do Meio Ambiente. CNPJ: 05.291.019/0001-58. Sede: Trav. Gonçalo Ferreira, 777 - casarão da Ponta da Ilha, Jurujuba - Niterói, RJ 24370-290 – Site: www.rebia.org.br Conselho Consultivo e Editorial Adalberto Marcondes, Ademar Leal Soares, Aristides Arthur Soffiati, Bernardo Niskier, Carlos A. Muniz, David Man Wai Zee, Flávio L. de Souza, Keylah Tavares, Luiz A. Prado, Maurício Cabral, Paulo Braga, Raul Mazzei, Ricardo Harduim, Rogério Álvaro S. de Castro, Rogério Ruschel Diretoria Executiva Presidente: Vilmar Sidnei Demamam Berna, escritor e jornalista Moderadores dos Fóruns Rebia Rebia Nacional (Rebia-subscribe@ yahoogrupos.com.br): Ivan Ruela – gestor ambiental (Aimorés, MG) Rebia Norte (Rebianorte-subscribe@ yahoogrupos.com.br) – Rebia Acre: Evandro J. L. Ferreira, pesquisador do INPA/UFAC • Rebia Manaus: Demis Lima, gestor ambiental • Rebia Pará: José Varella, escritor Rebia Nordeste (Rebianordeste-subscribe@ yahoogrupos.com.br) – Coordenador: Efraim Neto, jornalista ambiental • Rebia Bahia: Liliana Peixinho, jornalista ambiental e educadora ambiental • Rebia Alagoas: Carlos Roberto, jornalista ambiental • Rebia Ceará: Zacharias B. de Oliveira, jornalista, mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente • Rebia Piauí: Dionísio Carvalho, jornalista ambiental • Rebia Paraíba: Ronilson José da Paz, mestre em Biologia • Rebia Natal: Luciana Maia Xavier, jornalista ambiental Rebia Centro-Oeste (Rebiacentrooestesubscribe@yahoogrupos.com.br): Eric Fischer Rempe, consultor técnico (Brasília) e Fabrício Fonseca Ângelo, jornalista ambiental Rebia Sudeste (Rebiasudeste-subscribe@ yahoogrupos.com.br) - Rebia Espírito Santo: Sebastião Francisco Alves, biólogo Rebia Sul (Rebiasul-subscribe@yahoogrupos. com.br) - Coordenador regional: Paulo Pizzi, biólogo • Rebia Paraná: Juliano Raramilho, biólogo • Rebia Santa Catarina: Germano Woehl Junior, mestre e doutor em Física. Rio Grande do Sul: Julio Wandam - Os Verdes de Tapes/RS e GT de Comunicação da Rede Bioma Pampa, filiada a APEDeMA/RS Pessoa Jurídica A Rebia mantém parceria com uma rede solidária de OSCIPs (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) que respondem juridicamente pela finanças dos veículos de comunicação e projetos da Rebia: • Associação Ecológica Piratingaúna CNPJ: 03.744.280/0001-30 • Sede: R. Maria Luiza Gonzaga, nº 217, Ano Bom - Barra Mansa, RJ • CEP: 27323-300 • Utilidade Pública Municipal e isenta das inscrições estadual e municipal • Prima – Mata Atlântica e Sustentabilidade (Ministério da Justiça - registro nº 08015.011781/2003-61) – CNPJ: 06.034.803/0001-43 • Sede: R. Fagundes Varela, nº 305/1032, Ingá, Niterói, RJ CEP: 24210-520 • Inscrição estadual: Isenta e inscrição Municipal: 131974-0 www.prima.org.br

pela Água

por Escritório Brasileiro da Unesco

meio ambiente e saúde 8 Conheça dez alimentos transgênicos que já estão na cadeia alimentar

por Alberto Alerigi Jr, com reportagem de Rodrigo Viga Gaier

destaque ambiental 17 Prêmio Honra e Mérito Socioambiental Lagoa Viva 2012

animais 18 Cachorro dorme ao lado do túmulo do dono mudanças climáticas 24 Brasil ameaçado pelas mudanças climáticas

8

colaboração SGeral

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• Democratização da informação com a Rebia JA • Parceria Rebia/Sindicato RJ • Interação no facebook • O absurdo da água de garrafinha • Meios de comunicação, consumismo e alienação • Dez coisas que você precisa saber sobre a fome em 2013 • Vila vence carnaval, mas “essa agricultura não nos representa” • Cabral não vai mais demolir Museu do Índio • Falta de incentivo e carga tributária inviabilizam carro elétrico • Liminar da Justiça Federal embarga obras da OSX no Rio • Feriado triste pra cachorro • Cavalo visita túmulo de dono no Mato Grosso • E quando os animais morrem? • Frases bíblicas • Perigo: animais na pista • Banco dos Brics: oportunidade histórica para a sociedade civil • Floresta Amazônica: nem tão vulnerável • Que calor! • Quanto vale a sustentabilidade? • Metade das áreas úmidas do planeta foram perdidas no século XX • A biodiversidade torna o ambiente mais resistente • Definida eleição de ambientalistas Revista • Guia do Meio Ambiente ‘Neutra em Carbono’

Os artigos, ensaios, análises e reportagens assinadas expressam a opinião de seus autores, não representando, necessariamente, o ponto de vista das organizações parceiras e da Rebia.

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www.prima.org.br

Redação: Tv. Gonçalo Ferreira, 777 - casarão da Ponta da Ilha, Jurujuba - Niterói, RJ - 24370-290 • Tel.: (21) 2610-2272

Editor e Redator-chefe (voluntário): Vilmar Sidnei Demamam Berna, escritor e jornalista. Em 1999 recebeu o Prêmio Global 500 da Onu para o Meio Ambiente e, em 2003, o Prêmio Verde das Américas • escritorvilmarberna.com.br • escritorvilmarberna.blogspot.com • vilmar@rebia.org.br • Cel (21) 9994-7634

Diretor Técnico (voluntário): Gustavo Berna, biólogo marinho, pós-graduado em gestão ambiental • (21) 8751-9301 • gustavo@rebia.org.br Repórter-fotográfico (voluntário): Leonardo da Silva Demamam Berna • (21) 7857-1573 ID 55*8*3824 • leonardo@rebia.org.br Diretora de Atendimento (voluntária): Inês de Oliveira Berna, professora e bióloga Pós-graduada em Meio Ambiente • (21) 8711-3122 • ines@rebia.org.br

Editor Científico (voluntário): Fabrício Fonseca Ângelo, jornalista, mestre em Ciência Ambiental, especialista em Informação Científica e Tecnológica em Saúde Pública • (21) 2710-5798 / 9509-3960 • MSN: fabricioangelo@ hotmail.com • Skype: fabricioangelo •midiaemeioambiente.blogspot.com Webmaster da Rebia: Marcellus B. Cardoso • marcellus@dot-smart.com.br Produção gráfica: Projeto gráfico e diagramação: Estúdio Mutum • (11) 3852-5489 Skype: estudio.mutum • www.estudiomutum.com.br

Impressão: Flama Ramos Acab. e Man. Gráfico Ltda. • (21) 3977-2666

Comercial: Representação em Brasília: Minas de Ideias Comunicação Integrada (Emília Rabello e Agatha Carnielli • Brasília (61) 3408-4361 / 9556-4242 Rio de Janeiro: (21) 2558-3751 / 9114-7707 • brasilia@minasdeideias.com.br Skype: agatha.cn •minasdeideias.com.br Equipe de voluntários ambientais “Amigos do Planeta” da Rebia: Lucas Freire Berna, Iris Freire Berna, Daniel Santos de Oliveira ‘Berna’

Capa: Good Neighbors (www.goodneighbors.org)

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revista do meio ambiente fev 2013


texto Vilmar Sidnei Demamam Berna* (www.escritorvilmarberna.com.br)

4 editorial

Democratização da informação com a

rebia ja

O propósito é reunir os esforços de profissionais e colaboradores de uma maneira geral que produzem e distribuem informações e valores socioambientais para a sustentabilidade, de forma voluntária, como uma maneira de contribuir para a formação e o fortalecimento de uma cidadania socioambiental planetária. A ideia de focar o esforço na democratização da informação e de valores ambientais para a sustentabilidade nasce da compreensão de que a sociedade só conseguirá fazer escolhas diferentes das atuais – que nos trouxeram à beira de uma crise socioambiental sem precedentes –, se também tiverem acesso a informações socioambiental independentes, diferentes das que receberam até aqui. Entretanto, só a comunicação e a educação também não serão suficientes para prover as mudanças rumo à sustentabilidade solidária. É preciso promover profundas mudanças nas estruturas econômicas e políticas da sociedade, e isso só será possível com um cidadão ambiental planetário, que perceba as ilusões oferecidas pela sociedade do desperdício e do consumismo, e condiga valorizar uma outra economia, outra política, mais justa, solidária, ambientalmente sustentável. Como já alertou Henry Brown, não recebermos o planeta de herança dos que vieram antes de nós, mas os estamos tomando emprestado dos que virão depois de nós.

Seja você a mudança que quer ver no mundo. (Gandhi) Sei que o meu trabalho é uma gota no oceano, mas sem ele, o oceano seria menor. (Madre Teresa de Calcutá) Ninguém comete erro maior do que não fazer nada porque só pode fazer um pouco. (Edmund Burke) fev 2013 revista do meio ambiente

Carta de Princípios da Rede Rebia de Comunicadores e Jornalistas Ambientais Voluntários – Rebia JA

1) A Rebia JA é o espaço de articulação política dos comunicadores e jornalistas dispostos a fazerem a sua parte, de forma organizada ou individualmente, para a difusão e o fortalecimento da democratização das informações e dos valores socioambientais no rumo da sustentabilidade. 2) São membros ou parceiros da Rebia JA todas as pessoas, entidades ou organizações da sociedade civil que aderirem à presente Carta de Princípios. 3) A Rebia JA é apartidária e rege-se por mandato próprio; respeita totalmente a individualidade e identidade de seus membros e estimula o fortalecimento ou surgimento de outras redes, adotando o princípio de liderança compartilhada. 4) A Rebia JA se fundamenta no compromisso com as necessidades, potencialidades e interesses da sociedade, em especial dos excluídos, baseada em: a) democratização da informação socioambiental de forma ampla, regular, independente; b) educação ambiental com valores para a sustentabilidade solidária; c) estímulo e fortalecimento da cidadania socioambiental planetária. 5) A Rebia JA busca contribuir para a democratização da informação socioambiental, fortalecendo inserções de natureza política, técnica e organizacional, demandadas pelos signatários; apoia a difusão de métodos, técnicas e procedimentos que contribuam para a democratização da informação socioambiental livre e independente. 6) A Rebia JA se propõe a sensibilizar a sociedade civil, os formadores de opinião e os tomadores de decisão política para uma ação articulada em prol da democratização da informação socioambiental no Brasil que ofereça à sociedade informações ambientais para além da lógica do mercado. 7) A Rebia JA busca contribuir para a formulação de políticas estruturadoras para a democratização da informação socioambiental, bem como monitorar a execução das políticas públicas. 8) A Rebia JA se propõe a influenciar os processos decisórios onde a sociedade tenha acesso para propor e fortalecer a implementação das propostas da sociedade civil para a democratização da informação socioambiental, e busca articular-se aos outros Fóruns, Redes e organizações pela democratização da informação socioambiental. Jurujuba, Niterói, RJ, 16 de fevereiro de 2013 www.rebia.org.br/rebiaja – rebiaja@rebia.org.br


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PARCERIA REBIA/SINDICATO RJ

Daniel Santos de Oliveira `Berna”

A Rebia e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro lançam o Iº Curso de Jornalismo Ambiental que dará origem ao NEJ – Núcleo de Ecojornalistas Fluminenses

interação no facebook

Apesar de ser carnaval, e do clima descontraído, a parceria ganhou força

Membros da Diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, presidente Continentino Porto, Dulce Tupy e seu companheiro e fotógrafo Edimilson Soares, e o Jornalista Mário Souza, estiveram na sede da Rebia (Rede Brasileira de Informação Ambiental), em Jurujuba, Niterói, RJ, neste Carnaval, para uma reunião informal sobre o detalhamento da parceria entre a Rebia e o Sindicato com o propósito de oferecer o Iº Curso de Jornalismo Ambiental “Chico Mendes” – RJ inicialmente, como um projeto piloto que poderá ser estendido às demais regiões do estado e do país para que os jornalistas fluminenses que já atuam na cobertura socioambiental em veículos de comunicação, possam obter atualização e aperfeiçoamento no desafio da reportagem para a sustentabilidade. O curso abordará temas ambientais e da sustentabilidade e os desafios da imprensa diante do agravamento das mudanças climáticas provocadas pelas ações antrópicas e um estilo de vida baseado no consumismo como sinônimo de felicidade e sucesso. E irá considerar ainda a relevância dos profissionais de imprensa que, em tempos de ferramentas que facilitam a livre circulação de ideias e informações, são requeridos a assumir ainda mais seu papel social de referência em credibilidade na informação, a fim de separar o joio do trigo. Objetivos: Proporcionar a troca de saberes envolvendo jornalistas que já atuam na prática da cobertura dos temas socioambientais e da sustentabilidade com jornalistas que querem saber mais ou que estão se interessando agora pelo tema e que buscam se aperfeiçoarem e uma formação continuada a fim de melhorar a cobertura da pauta socioambiental na região, indo além das tragédias e denúncias, mas também apontando soluções e caminhos, buscando a ampliação do olhar das partes para incluir o todo. Além de sensibilizar os profissionais da imprensa, o Curso tem como objetivo formar cidadãos mais conscientes, tornando-os multiplicadores dessa consciência, e contribuir para reforçar o papel social do profissional da comunicação e sua atuação em rede. O curso irá estimular ainda a formação continuada, a cidadania ambiental e a atuação de forma articulada dos participantes através da criação e fortalecimento da Rede de Comunicadores e Jornalistas Ambientais Voluntários, no âmbito da Rebia, e do Núcleo de Eco jornalistas Fluminenses – NEJ, no âmbito do Sindicato.

O Facebook chegou a cerca de 955 milhões de usuários no mundo – só no Brasil, são 55 milhões de perfis, praticamente mais de um quarto da população do país estaria na rede social. Embora o Facebook não se proponha a ser um veículo de comunicação, a Rebia não pode ignorar esta ferramenta de relacionamento e, por isso, mantém sua página onde os leitores e leitoras podem postar imagens, notícias preferidas, artigos, mensagem e também curtir e compartilhar. Todo este rico material é analisado pela nossa Rede de Comunicadores e Jornalistas Ambientais Voluntários que pode aproveitar como sugestão de pauta para fazer a Revista do Meio Ambiente (www.revistadomeioambiente.org. br) e as notícias do Portal do Meio Ambiente (www.portaldomeioambiente.org.br). Nossos colaboradores fazem parte da Rede (informal) de Comunicadores e Jornalistas Ambientais Voluntários, integrada tanto por jornalistas e profissionais da comunicação, educação ambiental, educomunicadores, quanto por cidadãos e cidadãs que reconhecem a importância da cidadania ambiental para que a sociedade possa fazer escolhas diferentes no rumo da sustentabilidade que deseja, e que para isso ela precisa receber informações socioambientais independentes, diferentes das que nos trouxeram à beira da atual crise planetária. Esta é a missão da Rebia. Todos estão bem vindos! Página da Rebia no Facebook: www.facebook.com/pages/Rede-Brasileirade-Informa%C3%A7%C3%A3o-AmbientalREBIA/252347801446671?ref=hl) Sites da Rebia: www.revistadomeioambiente.org.br www.portaldomeioambiente.org.br

revista do meio ambiente fev 2013


texto Lydia Cintra (lydia.cintra@gmail.com)

6 água

O absurdo

Água engarrafada custa até 2 mil vezes mais que água da torneira

da água de garrafinha

Nada mais simples que comprar uma garrafinha de água em um supermercado, loja de conveniência, bar ou restaurante. Para a maior parte das pessoas, fazer isso é absolutamente inofensivo. Todos nós fomos acostumados a consumir água engarrafada (e sem culpa). Mas, vários movimentos que defendem o consumo de água da torneira mostram que os impactos do produto engarrafado no meio ambiente são grandes (e complexos). Em 2010, Annie Leonnard (que fez vídeo A História das Coisas e A História dos Cosméticos), lançou uma explicação para o problema das garrafinhas de água – o filme A História da Água Engarrafada. A ativista conta como o processo de produção desse tipo de água impacta os recursos do planeta e porque a consumimos dessa forma. As empresas fabricantes, segundo ela, argumentam que apenas atendem a uma demanda do mercado. “Mas quem demandaria uma água menos sustentável, menos saborosa, um produto muito mais caro, especialmente aquela água que você pode pegar quase de graça na sua cozinha?”, indaga. A impressão do consumidor O consumo excessivo de água engarrafada começou quando os consumidores passaram a considerar a qualidade superior desse produto como uma verdade absoluta. “Uma das primeiras táticas de marketing foi assustar as pessoas sobre a água da torneira. Você faz com que elas se sintam apavoradas e inseguras caso não tenham o seu produto. É isso que a indústria de água engarrafada fez”, diz Annie. Essa dinâmica do mercado resultou em números estrondosos: dados da Inside the Bottle mostram que 1/5 da população do Canadá e EUA bebe somente água em garrafa. Só os norte-americanos consomem meio milhão de unidades por semana – o suficiente para dar cinco voltas ao mundo. Consegue imaginar?. Custos Quando bebemos água na garrafinha, pagamos cerca de 2 mil vezes mais do que se consumíssemos pela torneira. Segundo a Bottled Water Blues, 90% do custo dessa água está na fev 2013 revista do meio ambiente

Frame do vídeo A História da Água Engarrafada (The Story of Bottled Water), que pode ser assistido em www.youtube.com/watch?v=Se12y9hSOM0

fabricação do rótulo, tampa e garrafa, que usam recursos como petróleo. “A cada ano, a fabricação das garrafas plásticas utilizadas para água engarrafada nos EUA requer uma quantidade de petróleo e energia suficiente para abastecer um milhão de carros”, mostra Annie. Depois das etapas de produção, há o transporte do produto. Muita energia é gasta para fabricar embalagens resistentes para que a água possa “andar” por todo o planeta. Assim, uma garrafinha de água da França pode ser consumida aqui no Brasil. Depois do consumo, vem o descarte: 80% das garrafas acabam em aterros sanitários ou são incineradas. Mais lixo… No Brasil Por aqui, o movimento Água na Jarra, da organização Igtiba, incentiva o consumo de água filtrada no lugar das garrafinhas em restaurantes, empresas, hotéis e eventos. Para participar, o estabelecimento se compromete a servir água em jarras e deve seguir algumas regras: usar água tratada fornecida pela concessionária pública da cidade, usar filtro purificador certificado pelo Inmetro, limpar periodicamente a caixa d’água e servir a água em recipientes reutilizáveis. O site mantém um guia de restaurantes que aderiram à iniciativa. O foco do investimento Em muitas cidades do mundo não é possível consumir água da torneira. Mesmo quando é, muita gente tem medo. É importante questionar o que está por trás dessa indústria e como o dinheiro é investido. Annie Leonard mostra o contraponto: “no mundo, bilhões de pessoas não tem acesso à água limpa e as cidades gastam milhões de dólares para lidar com todas as garrafas plásticas que descartamos. Como seria se nós gastássemos esse dinheiro melhorando nosso sistema de água ou prevenindo a poluição?” Fonte: http://super.abril.com.br/blogs/ideias-verdes/


alienação

comunicação 7

Com o avanço da tecnologia, os meios de comunicação social, vêem produzindo grandes impactos na sociedade atual, impactos estes que causam constante preocupação. Com suas estruturas tecnológicas os meios de comunicação impõem seu grande fluxo de mensagens ideológicas, causando o conformismo e a manipulação das massas. Muitos meios de comunicação como se apresentam hoje, nada mais servem se não para mascarar a realidade e eternizar o seu estado presente. Além disso, “A objetividade nas relações humanas, que acaba com toda ornamentação ideológica entre os homens, tornou-se ela própria uma ideologia para tratar os homens como coisas” (ADORNO, 1993, p. 35). Infelizmente, os aparatos tecnológicos são feitos para não se pensar, mas apenas para operar e viver num ativismo no qual é impossível a autonomia e a emancipação. O mercado atual vive das novas tendências dos produtos culturais. Muitas vezes somos como que impelidos pelas propagandas, pelas mensagens subliminares que fazem de tudo para nos induzir ao consumo. Com isso, nos habituamos “Em um mundo onde há muito os livros não têm mais o aspecto de livros, só o são aqueles que não o são mais” (ADORNO, 1993, p. 43). Se em termos de tecnologia nunca se ofereceu tanto, porém se refletiu tão pouco. Há grandes mudanças de valores entre as pessoas, em grande parte causados pela mídia. É função da mídia tender a enaltecer o elevado padrão de consumo da classe dominante, associando a isto a ideia de liberdade e de independência. Ou seja, difundindo o consumismo como uma “liberdade de escolha do indivíduo”. Além disso, a massificação e a coisificação dos indivíduos, tornam-se mais facilmente o processo de manipulação e dominação pela indústria cultural, transformando-os em verdadeiros consumidores desta indústria. Detendo grande poder econômicos e tecnológicos os meios de comunicação social, controlam e interferem do mesmo modo na política, no processo sociocultural e na vida diária de todos os indivíduos. Como diz Adorno e Horkheimer, “As coisas chegaram ao ponto em que a mentira soa como verdade e a verdade como mentira. Cada declaração, cada notícia, cada pensamento está preformado pelos centros da indústria cultural. O que não traz a marca familiar dessa preformação está, de antemão, destituído de credibilidade (...)” (ADORNO, 1993, p. 94). Ora, se a mídia se volta quase que exclusivamente para o lazer e o entretenimento é porque os meios de comunicação, sobretudo, a Televisão, têm a função de gerar uma atitude conformista e dócil nas pessoas. Infelizmente, os diversos veículos de comunicação são monopólios ideológicos regidos apenas pela lógica do negócio, com o intuito de dominar e domesticar as massas. Como escreve Adorno (1993, p. 94), “A verdade que tenta se opor a isso não só porta o caráter do inverossímil como é, além disso, pobre demais para entrar em concorrência com o aparato de divulgação altamente

Bizior Photography (www.bizior.com)

A mídia tende a enaltecer o elevado padrão de consumo da classe dominante, associando a isto a ideia de liberdade e de independência. Ou seja, difundindo o consumismo como uma “liberdade de escolha do indivíduo”. Com isso, gera-se uma alienação diante da mídia, ou seja, a mídia aliena as pessoas, porque se ergue acima e contra as pessoas, transformando o ser humano num ser embrutecido e alienado

texto Nilton Gonçalves Menezes

Meios de comunicação, consumismo e

concentrado”. Desta maneira, é que acontece a regressão do pensamento, pois qualquer coisa que cause reflexão ou insatisfação é imediatamente banida pela indústria cultural. Por isso, não se pode negar a influência da mídia na sociedade, pelo contrário, esta influência é patente, sobretudo, nos dias atuais. A mídia geralmente impõe o seu estereótipo de beleza, de educação, de cultura, de justiça etc. Essas influências da mídia são quase sempre negativas, pois muitos indivíduos se esforçam e se submetem para serem enquadrados nos padrões impostos pela indústria cultural. Com isso, gera-se uma alienação diante da mídia, ou seja, a mídia aliena as pessoas, porque se ergue acima e contra as pessoas, transformando o ser humano num ser embrutecido e alienado. Deste modo, vivemos um paradoxo em nossa época, por um lado à era da massificação, por outro lado, o desenvolvimento tecnológico divide (separa) e individualiza as pessoas. Até porque essa “igualdade”, essa coletivização e esse se sentir que parte do “todo” é uma imposição ideológica, pois as pessoas em sua essência não podem ser igualadas. Por conseguinte, na televisão e nos demais meios da mídia são passados sensacionalismos, diversão sem conteúdos e sem profundidades. São veiculados entretenimentos que sucumbem às formas legítimas de arte, de cultura e destroem o conhecimento e o desenvolvimento intelectual das pessoas. Pois a ideologia tira a crítica dos indivíduos levando-os a um estado de comodismo e passividade. Fonte: www.paralerepensar.com.br/niltonmenezes_meiosdecomunicacaosocial.htm revista do meio ambiente fev 2013


No final de dezembro passado, a agência que zela pela segurança alimentar nos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA) aprovou para consumo um tipo de salmão geneticamente modificado, reacendendo o debate sobre a segurança dos transgênicos e suas implicações éticas, econômicas sociais e políticas

www.eastbourneguide.com

texto Alberto Alerigi Jr reportagem adicional Rodrigo Viga Gaier

8 meio ambiente e saúde

Conheça dez alimentos transgênicos que já estão na É a primeira vez que um animal geneticamente modificado é aprovado para consumo humano. Mas muitos consumidores nos Estados Unidos, Europa e Brasil, regiões em que os organismos geneticamente modificados (OGMs) em questão de poucos anos avançaram em velocidade surpreendente dos laboratórios aos supermercados, passando por milhões de hectares de áreas cultiváveis, continuam desconfiados da ideia do homem cumprindo um papel supostamente reservado à natureza ou à evolução – e guardam na memória os efeitos nocivos, descobertos tarde demais, de “maravilhas” tecnológicas como o DDT e a talidomida. Boa parte do público ainda teme possíveis efeitos negativos dos transgênicos para a saúde e o meio ambiente. Pesquisas de opinião nos Estados Unidos e na Europa, entretanto, indicam que a resistência aos OGMs tem caído, refletindo, talvez, uma tendência de gradual mudança de posição da percepção pública. As principais academias de ciências do mundo e instituições como a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) são unânimes em dizer que os transgênicos são seguros e que a tecnologia de manipulação genética realizada sob o controle dos atuais protocolos de segurança não representa risco maior do que técnicas agrícolas convencionais de cruzamento de plantas. O salmão transgênico, que pode chegar às mesas de jantar em 2014, será o primeiro animal geneticamente modificado (GM) consumido pelo homem. Vários produtos GM já estão nos supermercados, um fato que pode ter escapado a muitos consumidores – apesar da (discreta) rotulagem obrigatória, no Brasil e na UE, de produtos com até 1% de componentes transgênicos. fev 2013 revista do meio ambiente

cadeia alimentar A BBC Brasil preparou uma lista com 10 produtos e derivados que busca revelar como os transgênicos entraram, estão tentando ou mesmo falharam na tentativa de entrar na cadeia alimentar. Milho Com as variantes transgênicas respondendo por mais de 85% das atuais lavouras do produto no Brasil e nos Estados Unidos, não é de se espantar que a pipoca consumida no cinema, por exemplo, venha de um tipo de milho que recebeu, em laboratório, um gene para torná-lo tolerante a herbicida, ou um gene para deixá-lo resistente a insetos, ou ambos. Dezoito variantes de milho geneticamente modificado foram autorizadas pelo CTNBio, órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia que aprova os pedidos de comercialização de OGMs. O mesmo pode ser dito da espiga, dos flocos e do milho em lata que você encontra nos supermercados. Há também os vários subprodutos – amido, glucose – usados em alimentos processados (salgadinhos, bolos, doces, biscoitos, sobremesas) que obrigam o fabricante a rotular o produto. O milho puro transgênico não é vendido para consumo humano na União Europeia, onde todos os legumes, frutas e verduras transgênicos são proibidos para consumo – exceto um tipo de batata, que recentemente foi autorizado, pela Comissão Europeia, a ser desenvolvido e comercializado. Nos Estados Unidos, ele é liberado e não existe a rotulação obrigatória. Óleos de cozinha Os óleos extraídos de soja, milho e algodão, os três campeões entre as culturas geneticamente modificadas – e cujas sementes são uma mina de ouro para as cerca de dez multinacionais que controlam o mercado mundial – chegam às prateleiras com a reputação “manchada” mais pela sua origem do que pela presença de DNA ou proteína transgênica. No processo de refino desses óleos, os componentes transgênicos são praticamente eliminados. Mesmo assim, suas embalagens são rotuladas no Brasil e nos países da UE. Abobrinha Seis variedades de abobrinha resistentes a três tipos de vírus são plantadas e comercializadas nos Estados Unidos e Canada. Ela não é vendida no Brasil ou na Europa.


9 Soja No mundo todo, o grosso da soja transgênica, a rainha das commodities, vai parar no bucho dos animais de criação – que não ligam muito se ela foi geneticamente modificada ou não. O subproduto mais comum para consumo humano é o óleo (ver acima), mas há ainda o leite de soja, tofu, bebidas de frutas e soja e a pasta misso, todos com proteínas transgênicas (a não ser que tenham vindo de soja não transgênica). No Brasil, onde a soja transgênica ocupa quase um terço de toda a área dedicada à agricultura, a CTNBio liberou cinco variantes da planta, todas tolerantes a herbicidas – uma delas também é resistente a insetos. Mamão Papaya Os Estados Unidos são o maior importador de papaya do mundo – a maior parte vem do México e não é transgênica. Mas muitos americanos apreciam a papaya local, produzida no Havaí, Flórida e Califórnia. Cerca de 85% da papaya do Havaí, que também é exportada para Canadá, Japão e outros países, vem de uma variedade geneticamente modifica para combater um vírus devastador para a planta. Não é vendida no Brasil, nem na Europa. Queijo Aqui não se trata de um alimento derivado de um OGM, mas de um alimento em que um OGM contribuiu em uma fase de seu processamento. A quimosina, uma enzima importante na coagulação de laticínios, era tradicionalmente extraída do estômago de cabritos – um procedimento custoso e “cruel”. Biotecnólogos modificaram micro-organismos como bactérias, fungos ou fermento com genes de estômagos de animais, para que estes produzissem quimosina. A enzima é isolada em um processo de fermentação em que esses micro-organismos são mortos. A quimosina resultante deste processo – e que depois é inserida no soro do queijo – é tida como idêntica à que era extraída da forma tradicional. Essa enzima é pioneira entre os produtos gerados por OGMs e está no mercado desde os anos 90. Notem que o queijo, em todo seu processo de produção, só teve contato com a quimosina – que não é um OGM, é um produto de um OGM. Além disso, a quimosina é eliminada do produto final. Por isso, o queijo escapa da rotulação obrigatória. Feijão A Empresa Brasileira para Pesquisa Agropecuária (Embrapa), ligada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, conseguiu em 2011 a aprovação na CTNBio para o cultivo comercial de uma variedade de feijão resistente ao vírus do mosaico dourado, tido como o maior inimigo dessa cultura no país e na América do Sul. As sementes devem ser distribuídas aos produtores brasileiros – livre de royalties – em 2014, o que pode ajudar o país a se tornar autossuficiente no setor. É o primeiro produto geneticamente modificado desenvolvido por uma instituição pública brasileira.

E estes não deram certo…

A primeira fruta aprovada para consumo nos Estados Unidos foi um tomate modificado para aumentar sua vida útil após a colheita, o Flavr Savr tomato. Ele começou a ser vendido em 94, mas sua produção foi encerrada em 97, e a empresa que o produziu, a Calgene, acabou sendo comprada pela Monsanto. O tomate, mais caro e de pouco apelo ao consumidor, não emplacou. O mesmo ocorreu com uma batata resistente a pesticidas, lançada em 95 pela Monsanto: a New Leaf Potato. Apesar de boas perspectivas iniciais, ela não se mostrou economicamente rentável o suficiente para entusiasmar fazendeiros e foi tirada do mercado em 2001.

Pão, bolos e biscoitos Trigo e centeio, os principais cereais usados para fazer pão, continuam sendo plantados de forma convencional e não há variedades geneticamente modificadas em vista. Mas vários ingredientes usados em pão e bolos vêm da soja, como farinha (geralmente, nesse caso, em proporção pequena), óleo e agentes emulsificantes como lecitina. Outros componentes podem derivar de milho transgênico, como glucose e amido. Além disso, há, entre os aditivos mais comuns, alguns que podem originar de micro-organismos modificados, como ácido ascórbico, enzimas e glutamato. Dependendo da proporção destes elementos transgênicos no produto final (acima de 1%), ele terá que ser rotulado.. Arroz Uma das maiores fontes de calorias do mundo, mesmo assim, o cultivo comercial de variedades modificadas fica, por enquanto, na promessa. Vários tipos de arroz estão sendo testados, principalmente na China, que busca um cultivo resistente a insetos. Falou-se muito no golden rice, uma variedade enriquecida com beta-caroteno, desenvolvida por cientistas suíços e alemães. O “arroz dourado”, com potencial de reduzir problemas de saúde ligados à deficiência de vitamina A, está sendo testado em países do sudeste asiático e na China, onde foi pivô de um recente escândalo: dois dirigentes do projeto foram demitidos depois de denúncias de que pais de crianças usadas nos testes não teriam sido avisados de que elas consumiriam alimentos geneticamente modificados. Salmão Após a aprovação prévia da FDA, o público e instituições americanos têm um prazo de 60 dias (iniciado em 21 de dezembro) para se manifestar sobre o salmão geneticamente modificado para crescer mais rápido. Em seguida, a agência analisará os comentários para decidir se submete o produto a uma nova rodada de análises ou se o aprova de vez. Francisco Aragão, pesquisador responsável pelo laboratório de engenharia genética da Embrapa, disse à BBC Brasil que tem acompanhado o caso do salmão “com interesse”, e que não tem dúvidas sobre sua segurança para consumo humano. “A dúvida é em relação ao impacto no meio ambiente. (Mesmo criado em cativeiro) O salmão poderia aumentar sua população muito rapidamente e eventualmente eliminar populações de peixes nativos. As probabilidades de risco para o meio ambiente são baixas, mas não são zero... na natureza não existe o zero”. revista do meio ambiente fev 2013


texto Rádio Onu, comentado por Instituto Akatu

10 meio ambiente e saúde

Dez coisas que você precisa saber sobre

a fome em 2013

Nações Unidas publicam lista sobre as 10 coisas que todos devem saber a respeito da fome neste novo ano

FMSC (www.fmsc.org)

A Feed My Starving Children (FMSC) é uma organização sem fins lucrativos cristã comprometida com a alimentação de crianças famintas no corpo e no espírito. Refeições formuladas especificamente para crianças desnutridas são embaladas a mão e enviadas para cerca de 70 países ao redor do mundo

Comentário Akatu: Produzir e consumir alimentos de forma a resultar produtos saudáveis, que os torne acessíveis, com distribuição mais igualitária e equilibrada, e visando diminuir ao máximo seu desperdício é uma das maneiras mais viáveis de combater a fome. Diferentemente do que muitos imaginam, ao lado do uso consciente de alimentos em todas as fases de compra e uso dos alimentos em casa, a redução do desperdício começa já nas etapas de plantio, armazenagem, processamento e distribuição de alimentos, que deve ser feita de forma sustentável, considerando as necessidades e possibilidades socioambientais, em prol da comunidade global e do planeta. O Akatu acredita que cada um pode contribuir no combate à fome fazendo escolhas mais conscientes na compra e uso de alimentos, reforçando uma das dez afirmações feitas pelas Nações Unidas: A fome é o maior problema solucionável do mundo! As Nações Unidas publicaram uma lista sobre as 10 coisas que todos devem saber a respeito da fome neste novo ano. Confira a seguir os tópicos compilados pelo Programa Mundial de Alimentos, PMA: 1) O mundo tem cerca de 870 milhões de pessoas que não têm o necessário para comer para levar uma vida saudável. Isto significa que um em cada oito habitantes do globo vai para a cama, todos os dias, passando fome. 2) O número de pessoas vivendo com fome crônica baixou para 130 milhões nas últimas duas décadas. Nos países em desenvolvimento, a prevalência da má nutrição caiu de 23,2% para 14,9% no período de 1990-2010. 2 3) A maioria do progresso contra a fome foi alcançado antes de 2007/2008, quando ocorreu a crise econômica global. Desde então, os avanços na redução do problema foram desacelerados e estagnados. 4) A fome é o problema número 1 na lista dos 10 maiores riscos de saúde. Ela mata mais pessoas todos os anos que doenças como Aids, malária e tuberculose combinadas. fev 2013 revista do meio ambiente

5) A má nutrição está ligada a um terço da morte de crianças com menos de cinco anos nos países em desenvolvimento. 6) Os primeiros mil dias da vida de uma criança, desde a gravidez até os dois anos de idade, são fundamentais para o combate à má nutrição. Uma dieta apropriada, nesta época da vida, protege os menores de nanismos físico e mental, que podem resultar da má nutrição. 7) Custa apenas 25 centavos de dólar americano, por dia, para garantir que uma criança tenha acesso a todos os nutrientes e vitaminas necessários ao crescimento saudável. 8) Se mulheres, nas áreas rurais, tiverem o mesmo acesso à terra, à tecnologia, à educação, ao mercado e aos serviços financeiros que os homens têm, o número de pessoas com fome poderia diminuir entre 100 e 150 milhões. 9) Até 2050, as mudanças climáticas e os padrões irregulares da temperatura terão colocado mais 24 milhões de pessoas em situação de fome. Quase metade destas serão crianças vivendo na África Subsaariana. 1o) A fome é o maior problema solucionável do mundo. Referências: 1, 2, 3 e 8 – FAO, 2012; 4 – Unaids, 2010 e OMS 2011; 5, 6 e 7 – Igme, 2011; 9 – PMA, 2009



texto Renato Martelleto

12 cidadania ambiental

10 mil brasileiros morrem anualmente por causas relacionadas ao uso de agrotóxicos. O censo agropecuário do IBGE acusa 25 mil casos de intoxicação de agricultores durante o ano

Cabral não vai mais demolir

muSeu DO íNDiO Governador do Rio quer, porém, que indígenas que ocupam o local desde 2006 saiam de lá

Tânia Rêgo/ABr

texto Diana Brito

Vila Isabel vence carnaval carioca, mas “essa agricultura

NãO NOS rePreSeNTa” Frases vinculadas pela Basf na mídia: “A Basf uniu os maiores espetáculos da Terra: o carnaval e a agricultura”, “Uma homenagem a todos os agricultores do Brasil no carnaval de 2013”, “Basf e Vila Isabel. Essa mistura dá samba”. Duas alas chamaram a atenção, sobre a fome e a ameaça de pragas. Como já sabemos a Basf foi a terceira empresa que mais vendeu agrotóxicos em nosso país nos últimos 5 anos. Dados fornecidos pelo Ministério da Saúde revelam que 10 mil brasileiros morrem anualmente por causas relacionadas ao uso de agrotóxicos. O censo agropecuário do IBGE acusa 25 mil casos de intoxicação de agricultores durante o ano. Que benefícios trouxeram essa empresa para a população brasileira? Temos que ficar atentos com essa comemoração do título de campeã da Escola de Samba Vila Isabel (escola só se for de samba mesmo). Pode ser um estopim para futuros investimentos de empresas, como essa, que visa exclusivamente interesses próprios e malefícios para o nosso povo. Não podemos deixar que nossa cultura vire moeda de troca. Está na hora das agremiações do samba e de outros segmentos da sociedade avaliarem seus pares na hora de captação de recursos. A ganância desenfreada cega o profissionalismo e o caráter, comprometendo a beleza e sutileza da arte. Quem ganhou o carnaval foram os dirigentes da G.R.E.S Vila Isabel e não o povo brasileiro. Mais informações: http://guidapv.wordpress.com/2013/02/04/brasil-pais-do-carnaval-e-dosagrotoxicos/ Veja entrevista com o professor e escritor Luiz Ricardo Leitão: www.radioagencianp. com.br/11364-no-carnaval-veneno-pode-se-virar-contra-o-envenenador

fev 2013 revista do meio ambiente

O antigo prédio do Museu do Índio, alvo de uma disputa judicial entre o governo do Estado e 23 famílias indígenas que ocupam o local desde 2006, não será mais demolido. A decisão foi anunciada pelo governador do Rio, Sérgio Cabral, que pretendia derrubar o imóvel para facilitar o acesso ao novo estádio do Maracanã, que está sendo reformado para a Copa de 2014. A decisão do governador, no entanto, exclui a permanência dos índios no local. Hoje, técnicos da Secretaria de Assistência Social se reunirão com os ocupantes para oferecer, em troca da desocupação, o pagamento de aluguel social. À Folha o cacique Carlos Tukano disse que só aceita negociar diretamente com o governador do Rio. Cabral não informou o que pretende fazer com o imóvel. De acordo com o governo, o destino do prédio, após o tombamento, será discutido entre o governo do Estado e a prefeitura carioca. A restauração será realizada pela concessionária que vencer a licitação do Complexo do Maracanã. O governo afirmou que o Ministério da Agricultura está desocupando os demais prédios existentes no local, que serão demolidos para garantir o fluxo de pessoas no entorno do estádio. Em meados de janeiro deste ano, o governador afirmou que o prédio não tinha valor histórico e que a área de mobilidade era necessária. “Ali era um prédio em ruínas que não tinha valor histórico porque não foi tombado. Aquilo é uma ação política em que se tenta impedir algo que vai servir a milhões de brasileiros, que é ter um novo Maracanã, com uma nova área de mobilidade”, afirmou Cabral, na ocasião. No dia 26 de janeiro, a Justiça expediu liminar impedindo a demolição do imóvel. A área disputada por governo e índios pertenceu ao duque Luís Augusto de Saxe, marido da princesa Leopoldina, filha mais nova de dom Pedro 2º. Em 1915, o marechal Rondon criou, no prédio, o Serviço de Proteção ao Índio, atual Funai. Em abril de 1953, foi então criado o Museu do Índio, por Darcy Ribeiro. Em 1977 o museu foi transferido para Botafogo, zona sul da cidade.

Fonte: Folha.com


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Falta de incentivo e carga tributária inviabilizam

CarrO eléTriCO NO braSil

No último ano do governo Lula, mais precisamente no dia 25 de maio de 2010, o auditório do Ministério da Fazenda em Brasília estava lotado de empresários, representantes do setor automobilístico e jornalistas para o anúncio oficial do que seria a primeira política pública do país para carros elétricos. Para surpresa geral, o evento foi cancelado em cima da hora porque o presidente Lula “desejava conhecer melhor o projeto”. Reportagens da época revelaram que a solenidade seria presidida pelo ministro da Fazenda Guido Mantega, ao lado dos ministros da Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, e da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende. Entre outras medidas, o programa previa a redução de impostos para veículos elétricos e a criação de um centro de desenvolvimento de tecnologia. Pois bem lá se vão quase três anos e nenhuma política para o setor foi anunciada até agora. A razão é desconhecida. Para quem acompanha a evolução tecnológica dos carros elétricos (híbridos ou a bateria) mundo afora, há motivo de preocupação. Ficamos para trás e não há ainda perspectiva de que essa situação comece efetivamente a ser revertida. O carro elétrico híbrido (com motor a combustão ligado a um motor elétrico) já é realidade no competitivo mercado automobilístico internacional, com mais de quatro milhões de unidades vendidas. Este tipo de carro faz mais de 20 quilômetros com um litro de gasolina nas cidades e virou febre no Japão, onde, de cada dez veículos vendidos, um é híbrido. A outra versão de carro elétrico é movida a bateria, com emissão zero de poluentes ou ruídos, e com autonomia de até 160 quilômetros, o que atenderia com sobras à demanda da maioria absoluta dos motoristas que andam de carro nas cidades. A recarga convencional, usando-se uma tomada qualquer, consome pelo menos seis horas de espera. Nos postos de recarga rápida (solução tecnológica já disponível e presente em países onde há políticas públicas de incentivo ao uso de elétricos), esse tempo cai para apenas meia hora. O consumo de energia equivale a de um chuveiro elétrico, mas, na comparação com um carro convencional a gasolina, o fev 2013 revista do meio ambiente

Divulgação Nissan

texto André Trigueiro

14 política ambiental

Modelo a bateria é sete vezes e meia mais econômico que a gasolina. No Brasil, apenas 70 foram emplacados, quase todos por empresas

modelo movido a bateria é sete vezes e meia mais econômico. Segundo a Associação Brasileira de Veículos Elétricos, já existem aproximadamente 200 mil unidades circulando pelo mundo. No Brasil, apenas 70 foram emplacadas, sendo que maioria absoluta (68) foi adquirida por empresas. O maior problema é a elevada carga fiscal que incide sobre carros elétricos a bateria. Enquanto os híbridos importados são taxados praticamente como carros convencionais (as alíquotas variam de acordo com o tamanho do dispositivo elétrico de cada motor), com preço final de aproximadamente R$120 mil, os modelos a bateria sofrem com a sobreposição de impostos que inviabilizam a compra. Por exemplo: um modelo esportivo japonês sem nenhum luxo ou acessório sofisticado paga 120% de impostos para entrar no país. Com o preço final de aproximadamente R$ 200 mil, o modelo acaba virando objeto de decoração nas concessionárias. Em todos os lugares do mundo onde os carros elétricos a bateria chegaram com força, houve contrapartidas fiscais dos respectivos governos. Isso se justifica pelos benefícios ambientais (emissão zero de poluentes e ruído) que reduzem custos indiretos na área da saúde. É evidente que a melhor solução para a mobilidade urbana são os meios de transportes públicos de massa eficientes, baratos e rápidos. No país em que a frota automobilística se expande em progressão geométrica, porém, elevando a emissão de poluentes e a necessidade de o governo importar gasolina, com efeitos colaterais importantes sobre a economia, é bem-vindo o debate sobre carros elétricos. Fonte: G1

Veja também o vídeo: http://g1.globo.com/jornal-da-globo/videos/t/edicoes/v/ utilizacao-de-carros-eletricos-engatinha-no-brasil/2393713


Liminar da Justiça Federal embarga

O Juiz Federal Dr. Vinícius Vieira Indarte determinou que a OSX abstenha-se, na instalação da Unidade de Construção Naval do Açú (UCN Açú), suprimir restingas localizadas em área de preservação permanente, sob pena de multa diária de R$ 100.000,00. No prazo de 15 dias, sob pena de multa diária de R$ 10.000,00, o Ibama fica obrigado a realizar auditoria no local do empreendimento, assim como no processo administrativo correlato que ensejou a licença de instalação pelo órgão ambiental estadual, o Inea. A empresa está obrigada também a informar ao Juíz Federal a extensão de área de preservação permanente suprimida em área de restinga, se a supressão já ocorreu totalmente e qual a data em que teria sido concluída. O magistrado deferiu a inversão do ônus da prova requerido pelas autoras. Com isso, as empresas rés ficam compelidas a produzir prova em seu favor, assim como provar sua própria inocência diante das alegaçõeas das associações. Em março haverá audiência pública em São João da Barra, solicitada pelo Procurador da República em Campos Dr. Eduardo Santos. O evento servirá para esclarecer os impactos envolvidos e as dúvidas sobre o licenciamento ambiental, o que é obrigatório ao EIA/ RIMA. Técnicos e advogados de outras regiões do Brasil participarão diante ao interesse coletivo envolvido, o meio ambiente. A audiência é pública e tem entrada franca. “Em Florianópolis foi uma audiência assim que possibilitou que uma associação civil, professores, empresários e comunidade local expulsassem pacificamente a OSX de lá, por ir-

Divulgação EBX

ObraS Da OSX NO riO

regularidades no licenciamento e promessas não cumpridas. Agora, os proprietários rurais e comunidade local de São João da Barra têm a chance de fazer o mesmo ou pressionar pela regularização do empreendimento”, coloca Cristiano Pacheco, procurador no caso. “Interessante que grandes ONGs como WWF e Greenpeace, dedicadas à proteção ambiental, sequer se manifestaram sobre o problema que envolve uma das mais belas e bem preservadas áreas de restinga do Brasil, contornada por um complexo sistema hídrico e lagoas. Está ocorrendo mortandade expressiva de fauna terrestre e marinha ameaçada de extinção como tartarugas e golfinhos, sendo que os golfinhos são protegidos por Lei Federal”, completa Pacheco.

Em março haverá audiência pública em São João da Barra, solicitada pelo Procurador da República em Campos Dr. Eduardo Santos

texto Cristiano Pacheco

justiça ambiental 15

Fonte: cristianopacheco.com

Saiba mais: http://cristianopacheco.com/?p=1147 Processo Principal: 0000149-98.2012.4.02.5103 Exibição de documentos: 00000968320134025103 Contatos para mais informações: • José Nilton Silva Santos, presidente da Asprim • Rodrigo Santos Silva, vice-presidente da Asprim - (22) 9957-0801 / rsilsan@gmail.com • João Batista Júnior, diretor do Conselho da Asprim - (22) 9938-1770 • Cristiano Pacheco, procurador da Asprim

revista do meio ambiente fev 2013


texto Escritório Brasileiro da Unesco

16 capa

2013: A campanha brasileira para o Dia Internacional das Nações Unidas da Cooperação pela Água 2013 foi lançada por Blanca Jiménez-Cisneros, diretora da Divisão de Ciências da Água da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e secretária do Programa Hidrológico Internacional, em dezembro de 2012, em Belo Horizonte, MG. A organização é da agência da Onu responsável pela coordenação do Ano. Por que um Ano Internacional da Cooperação pela Água 2013? A água é vital para a vida e o desenvolvimento, mas as fontes de água no planeta são limitadas. Em todos os cenários, lidar com água demanda colaboração: é apenas por meio da cooperação pela água que poderemos no futuro obter sucesso ao gerenciar nossas fontes finitas e frágeis de água, que estão sob crescente pressão exercida pelas atividades de uma população mundial em crescimento que já ultrapassa sete bilhões de pessoas. A pressão sobre os recursos hídricos está aumentando com seu uso pela agricultura e pela indústria, com a poluição e a urbanização e com as mudanças ambientais e climáticas. A cooperação pela água assume muitas formas, desde a cooperação através de fronteiras para o manejo de aquíferos subterrâneos e bacias fluviais compartilhados, ao intercâmbio de dados científicos, à cooperação em uma vila rural para a construção de

fev 2013 revista do meio ambiente

Unesco lançou Ano Internacional de Cooperação pela Água

Ano Internacional de Cooperação pela Água

um poço ou para o fornecimento de água potável por meio de redes urbanas. Uma coisa é certa – a humanidade não pode prosperar sem a cooperação no manejo da água. O desenvolvimento da cooperação pela água envolve uma abordagem que reúne fatores e disciplinas culturais, educacionais e científicas e deve cobrir diversas dimensões: religiosa, ética, social, política, legal, institucional e econômica. É um veículo para o intercâmbio, para a construção da paz e a fundação para um desenvolvimento sustentável. Em dezembro de 2010, a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou 2013 o Ano Internacional das Nações Unidas da Cooperação pela Água, em virtude da Resolução A/RES/65/154. Seguiu-se à proposta submetida por um grupo de países, iniciada pelo Tajiquistão. Foi decidido que o Dia Mundial da Água 2013, celebrado em 22 de março, também terá como tema a Cooperação pela Água. O tema é inédito, o que ressalta sua importância primordial e confere particular relevância a este 20º Dia Mundial da Água. Sua celebração oficial será oferecida pelo Governo dos Países Baixos em Haia. Unesco coordena Dia Internacional da Cooperação pela Água 2013 As agências membros do Grupo Onu-Água nomearam a Unesco para comandar os preparativos tanto para o Ano Internacional 2013 quanto para o Dia Internacional da Água em cooperação com a Comissão Econômica das Nações Unidas para a Europa (Unece) e com o apoio do Departamento das Nações Unidas para Assuntos Econômicos e Sociais (Undesa), do Programa da Década da Água Onu-Água sobre Desenvolvimento de Capacidades (UNW-DPC) e do Programa da Década da Água Onu-Água sobre Advocacia e Comunicação (UNW-DPAC). A opção pela Unesco foi baseada em seu mandato multidimensional, que cobre as ciências sociais e naturais, a cultura, a educação e a comunicação, e em seus programas significativos e de longa duração que contribuem para o manejo dos recursos de água doce do mundo, como o Programa Hidrológico Internacional. Dada a natureza intrínseca da água como elemento transversal e universal, o Ano Internacional da Cooperação pela Água irá naturalmente englobar e tocar todas as especialidades da Unesco Objetivos e mensagens principais do Ano Internacional da Cooperação pela Água O Ano Internacional da Cooperação pela Água encoraja partes interessadas nos níveis internacional, regional, nacional e local a agir em prol da Cooperação pela Água. A campanha irá gerar um momentum para além do Ano em si; haverá por todo o mundo esforços de conscientização quanto ao potencial e aos desafios da cooperação pela água que facilitarão o diálogo entre atores e promoverão soluções inovadoras para a manutenção da cooperação pela água. A Campanha Cooperação pela Água 2013 terá como foco cinco objetivos estratégicos: 1) Conscientizar sobre a importância, os benefícios e os desafios da cooperação em questões relacionadas à água; 2) Gerar conhecimento e construir capacidades em prol da cooperação pela água;


3) Provocar ações concretas e inovadoras em prol da cooperação pela água; 4) Fomentar parcerias, diálogo e cooperação pela água como prioridades máximas, mesmo após 2013; 5) Fortalecer a cooperação internacional pela água para abrir caminho para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável defendidos por toda a comunidade que trata sobre água e atendendo às necessidades de todas as sociedades. As quatro mensagens principais da campanha são: A cooperação pela água é crucial para a erradicação da pobreza, a igualdade social e a igualdade de gênero. O acesso à água potável é a fundação para a realização das necessidades básicas humanas e contribui para o alcance de todos os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. A governança inclusiva e participativa da água e a cooperação entre diferentes grupos podem ajudar a superar a desigualdade no acesso à água e assim contribuir para a erradicação da pobreza e para a melhoria das condições de vida e chances de educação principalmente de mulheres e crianças. 2) A cooperação pela água gera benefícios econômicos. Todas as atividades econômicas dependem da água. A cooperação pode levar a um uso mais eficiente e sustentável dos recursos hídricos como, por exemplo, por meio de planos de manejo compartilhado que criam benefícios mútuos e melhores padrões de vida. 3) A cooperação pela água é crucial para preservar os recursos hídricos e proteger o meio ambiente. A cooperação pela água fomenta o compartilhamento de conhecimentos sobre os aspectos científicos da água incluindo troca de informação e de dados, estratégias de manejo e melhores práticas e conhecimentos sobre o papel da água na preservação de ecossistemas, fundamental para o desenvolvimento sustentável. 4) A cooperação pela água constrói paz. O acesso à água pode ser fonte de conflito, mas também é um catalisador de cooperação e construção da paz. A cooperação por uma questão tão prática e vital quanto o manejo da água pode ajudar a superar tensões culturais, políticas e sociais, e pode criar confiança entre diferentes grupos, comunidades, regiões ou estados.

Jornalista Denise Machado

destaque ambiental 17

O escritor Vilmar Berna, da Rebia, foi um dos homenageados pelo Prêmio Lagoa Viva

Ong Lagoa Viva realizou a IIº edição do seu Prêmio de Honra e

mériTO ambieNTal

Donato Velloso, idealizador do Prêmio e fundador da ONG Lagoa Viva comemorou o 13º aniversário da organização com um grande e concorrido evento na Barra da Tijuca, RJ Em 30 de janeiro, na celebração do seu 13º aniversário, o Instituto Cultural e Ecológico Lagoa Viva concedeu sua 2ª edição do prêmio Honra e Mérito Socioambiental Lagoa Viva a personalidades e organizações que marcaram a vida da entidade. O evento aconteceu no Centro de Convenções do BarraShopping (Barra da Tijuca /RJ) e reuniu personalidades importantes do meio ambiental. Fundado em 16 de fevereiro de 2000, o Instituto Cultural e Ecológico Lagoa Viva foi membro do CERH-RJ, de 2002/12 e membro do Comitê Baia da Guanabara de 2004/12, protagonista e atual membro como subcoordenador do Subcomitê de Jacarepaguá, membro do Conselho Gestor do Parque Estadual da Pedra Branca(PEPB), foi representante/sede 2000/06 da Agenda 21 da (AP4). Focado em contribuir para a revitalização e conservação permanente da Bacia Hidrográfica de Jacarepaguá, o Instituto Lagoa Viva é uma referência local, legitimado e já reconhecido por sua história de efetiva articulação junto ao poder público, empresas, entidades representativas, condomínios e comunidades locais. Responsável pela formação do recém formado Subcomitê da Bacia Hidrográfica de Jacarepaguá, vem ao longo destes treze anos, difundindo e compartilhando conhecimentos voltados para o cuidado ambiental local, por meio de encontros, seminários, palestras, campanhas, mobilizações, publicações, pesquisas, projetos, capacitação, oficinas e sensibilização participativa da comunidade local, participou de relatórios de sustentabilidade, pelo reconhecimento das práticas realizadas, recebeu diversas homenagens, moções e premiações. Entre os homenageados 2012, merecem destaque Pajé Sapaim Kamayurá, Programa Guardiões dos Rios (SMAC), Projeto Selo Verde (Sea/Abadi/SecoviRio), Projeto Replantando Vida (Cedae), Barra Sustentável, Sheraton, Consórcio Rio Barra e suas práticas voltadas para a sustentabilidade, Projeto Coleta de Óleo de Cozinha (Orla Rio), Portal Ecodebate (Henrique Cortez), Projeto Manguezal (Assape), Revista ECO21, engenheiro agrônomo Ingo André Haberle, engenheiro Fernando Almeida (ex pres. CEBDS), biólogo Marcelo Szpilman (Instituto Ecológico Aqualung), biólogo Ricardo Freitas Filho (Instituto Jacaré), ambientalista Vilmar Berna (Rebia)e o consultor de Meio Ambiente Felipe Brasil. Mais informações: Donato Velloso Presidente - Instituto Ecológico Lagoa Viva www.pactoderesgateambiental.org • TEL: (21) 8728-0430 revista do meio ambiente fev 2013


pra cachorro Donos mantém túmulos dos bichos de estimação sempre bem cuidados, no cemitério de Marambaia, no Rio

O Dia dos Finados lota os cemitérios, hoje, de parentes que visitam e prestam homenagens aos entes queridos. Não é diferente quando o ‘ente’ querido que se perde é um bicho de estimação. Durante todo o ano, mas principalmente nessa data, o Cemitério de Cães de Marambaia, que fica na Rodovia Amaral Peixoto, 740, Km 20, recebe visitantes saudosos de seu “companheiro” animal. Apesar da maioria dos animais enterrados ser cães, o cemitério recebe também outros animais domésticos como gatos, tartarugas e aves. São cerca de 15 sepultamentos por mês. Conforme a administração, no Dia dos Finados o cemitério está sempre cheio e eles recebem até 80 famílias visitando o túmulo de seu animal. Um crematório está prestes a ser inaugurado no local para atender o desejo de alguns donos, mas os números do cemitério mostram que 70% dos clientes escolhem o sepultamento. “A maioria prefere o sepultamento, pois querem acompanhar a cerimônia, além de poder voltar depois para visitar”, explicou uma das donas, Rosana Caminha. Os túmulos são comprados por um ano com direito a renovação. Após esse período, se o dono do animal não quiser renovar, os restos mortais são exumados e levados à cremação. Há clientes com mais de 20 anos, segundo Juliana Caminha, a outra proprietária do cemitério. Ela contou que as pessoas costumam comprar o túmulo e, por vezes, enterrar mais de um bicho de estimação durante a vida. Por todo o cemitério é possível ver flores sobre os túmulos – algumas recentes –, brinquedos típicos de cães, como bolinhas e bichinhos de pelúcia, e muitas palavras de afeto escritas nas lápides por parte dos donos. As donas do cemitério contam que, na maioria das vezes, os clientes são pessoas idosas e sozinhas, no qual o único “parente” é o animal de estimação. “Já enterramos um cachorro aqui que estava na família há 17 anos. Veio de criança a idoso ao enterro do animal. Todos comovidos”, lembrou Juliana. Locado em um antigo pensionato para idosos, para onde a renda dos sepultamentos era revertida, o Cemitério de Cães foi idealizado pelo pai de Juliana, Carlos Barreto Caminha, que teve a iniciativa, pois adorava animais e não encontrava lugar para eles depois da morte. Após o falecimento do pai, Juliana e a cunhada Rosana começaram a administrar o local. Criado em 1974, o Cemitério de Cães de Marambaia foi o primeiro cemitério desse tipo no estado do Rio de Janeiro. O coveiro – que se identificou apenas como José, 76 – trabalha no cemitério, há 38, desde que foi inaugurado, e disse que as pessoas choram muito a morte desses “amigos”. Depois de tanto tempo no serviço, ele contou que não se comove mais como antes, mas já sentiu na pele a dor de perder um animal. “Eu mesmo enterrei um cachorro meu aqui”, contou. Fonte: jornal O São Goncalo online fev 2013 revista do meio ambiente

Cachorro dorme ao lado do túmulo

do dono Argentina: Capitán fugiu de casa após a morte do dono e encontrou sozinho o cemitério onde ele havia sido enterrado

Sempre às 18h, Capitán se posiciona ao lado do túmulo do dono, Miguel

O cachorro Capitán, mistura de vira-lata com pastor alemão, foi presente do argentino Miguel a seu filho, Damián Guzman, em 2005. No ano seguinte, Miguel faleceu e o cachorro fugiu de casa. “O cachorro sumiu. Achávamos que estava morto”, contou a viúva Verónica ao jornal La Voz. Mas Verónica estava enganada. Capitán estava vivo e ela pode se certificar disso algum tempo depois, ao visitar o túmulo do marido. “Quando fui com meu filho ao cemitério, encontramos o cachorro. Damián começou a gritar que aquele era Capitán e o cachorro veio ao nosso encontro latindo muito, chorando”. O mais supreendente é que Miguel morreu no hospital, e não em casa, e de lá foi levado ao cemitério, sem que houvesse possibilidade do cachorro tê-lo seguido. Desde então, Capitán vai todos os dias ao cemitério Carlos Paz, na cidade de Córdoba, na Argentina. Às vezes ele volta para casa para visitar a família, mas sempre retorna ao cemitério. “O cachorro apareceu um dia e começou a dar voltas por todos os lados até que encontrou o túmulo de seu dono”, conta o diretor do cemitério, Héctor Baccega. Sempre às 18h, pontualmente, Capitán se posiciona ao lado do túmulo de Miguel para não deixá-lo sozinho à noite. Fonte: tribunaanimal.org

Jornal La Voz (lavoz.com.ar)

Feriado triste

Felipe Aguiar

texto Sany Medeiros e Taiso Motta

18 animais


CavalO viSiTa

Cavalo percorre sete quadras até o cemitério onde antigo dono está enterrado, em Cuiabá Um caso de amizade entre um animal e seu dono tem intrigado moradores da cidade de Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá. Desde que o estudante Geovani Marques Crisóstomo morreu, o cavalo que pertencia a ele percorre as ruas de dois bairros da cidade para “visitar” o túmulo do antigo dono. Crisóstomo, que era conhecido como Gege, morreu vítima de uma doença cardíaca no mês de abril deste ano. O cavalo chamado Raposa, desde o dia da morte de Gege, sai da casa do jovem no bairro Portal da Amazônia e caminha por sete quadras até o Jardim Primavera, onde está localizado o cemitério. O percurso é feito há quatro meses. “A vida dele era cuidar de cavalos. Essa era a sua grande motivação”, contou ao G1 a mãe do estudante, Maria Eunice Marques. Ela revelou que toda a família está impressionada com a atitude do animal e contou que o filho tinha comprado o cavalo há quase dois anos. Disse também que no primeiro mês, após a morte do estudante, Raposa passava as noites relinchando. “Parecia que estava chorando de saudade ou porque sabia que alguma coisa tinha acontecido”, declarou. Maria Eunice, que trabalha como balconista de uma empresa, é moradora antiga do Portal da Amazônia. Ela relatou que Geovani gostava de participar de cavalgadas na região e também trabalhava como domador de cavalos. Apesar de ter tido três cavalos de estimação, segundo Maria, Raposa era o animal que o filho mais gostava e mais usava para as montarias. Por conta disso, a mãe disse que desde a morte do filho o animal não participou mais das cavalgadas e está apenas sob os cuidados da família. “Acho que é uma forma de preservar o amor e a dedicação que ele [Geovani] tinha”, disse emocionada. Visita ameaçada Porém, é só deixar o cavalo solto que ele já sabe para onde ir. Ao que tudo indica, o trajeto parece ter ficado conhecido no dia do velório, quando Raposa acompanhou o cortejo de seu antigo dono até o cemitério, realizado por meio de uma cavalgada como homenagem feita por amigos e familiares do jovem estudante. Mas, a entrada do cavalo no cemitério já foi proibida pelo setor administrativo. O zelador Sidnei Nascimento disse ao G1 que parte de um túmulo foi destruída nos últimos dias, quando o animal pastava no local. Isso fez com que a administração notificasse a família responsável pelo cavalo impedindo a entrada dele no cemitério. Por outro lado, o próprio funcionário admite estar diante de uma história cheia de mistério e confirma já ter flagrado

Arquivo pessoal

túmulo de dono no Mato Grosso Geovani cuidava do cavalo há dois anos

texto Kelly Martins (G1 MT)

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Raposa ao lado do túmulo do seu antigo dono. O intrigante é que o pasto existe por todo o percurso feito pelo animal até a entrada do cemitério. Percepção e sentimento “Os animais possuem sensibilidade e percepção muito maior que a dos seres humanos, o que leva, em muitos casos, a uma manifestação física”, explicou a professora de Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Lisiane Pereira de Jesus. A professora, que também atua como coordenadora da implantação do Centro de Ecoterapia da UFMT, ressaltou que a relação de afetividade entre o animal e o seu dono é o que provoca tais reações. “O animal não sabe da perda, mas sente falta do relacionamento. E como tinha uma afetividade, também procura o cheiro do dono nos locais”, frisa. A professora destacou também que o animal pode ter a percepção da energia do seu dono, o que o leva a percorrer diversos lugares em busca da pessoa como, segundo ela, o caso do cavalo no cemitério. Outro ponto, de acordo com Lisiane Pereira, é que a perda do laço afetivo leva o animal a desenvolver doenças emocionais e patologias clínicas. “Há casos em que animais domésticos, por exemplo, ficam doentes quando os donos viajam, outros deixam de se alimentar e muitos até morrem devido à ausência do dono. Isso é a demonstração física do sentimento”, pontua a especialista. Fonte: g1.com.br

União Zoolófila e Strat lançam campanha pelo não-abandono dos animais Todos os anos no Verão a história repete-se. Milhares de pessoas saem de férias e milhares de animais de estimação são abandonados. A Strat e a União Zoófila resolveram fazer um filme para sensibilizar a todos para este grave problema. O filme foi divulgado no nosso site, em televisão e por canais alternativos como via e-mail e outros sites. Deixamos aqui o crédito devido à empresa Strat que levou a cabo a criação e desenvolvimento do filme. Fonte: www.uniaozoofila.org/index.php?option=com_content&view=article&id=2:contra-o-abandono&catid=1:campanhas-uz&Itemid=24 Veja na internet: http://www.facebook.com/uniaozoofila

revista do meio ambiente fev 2013


20 animais

Para onde eles vão?

Shutterstock, com intervenção do Estúdio Mutum

morrem?

Sias van Schalkwyk (sxc.hu)

E quando os animais

Frases

bíblicas O que as Sagradas Escrituras nos dizem sobre os animais

Essa é uma pergunta tão difícil de responder como o que acontece quando o homem morre? A diferença é que o homem formulou várias teorias e forneceu vários relatos, desde os mítico, misticos e religiosos até os científicos e pseudo-científicos, como os de experiência de quase morte. É claro que a tendência do homem é antropocêntrica, dessa forma se acha uma espécie especial e importante, com algum destino mais nobre do que dos animais comuns. Mas o homem também é um animal, o que o distingue, não o tornando melhor, necessariamente, dos outros é a chamada “razão”. O uso da razão é uma maneira para compensar as faltas do seu corpo, como de pelos suficientes para proteger do frio, asas para voar, garras e dentes afiados e coisas do tipo. O motivo do seu relativo sucesso como habitante do velho planeta Terra. Muitas discussões e elocubrações teológicas e filosóficas foram feitas acerca da existência ou não de alma nos animais. Se a alma está ligada a razão e a “consciência” humanas, os animais então não teriam uma, assim como as plantas. Essa visão diminuiu com o passar dos tempos, mesmo com a expansão humana, começou a valorizar mais os outros seres vivos, em vários reinos e espécies, nem todos catalogados ainda pelos saberes científicos contemporâneos. Mesmo a Terra é considerada um ser vivo (hipótese Gaia) por algumas correntes de pensamento.. Então, admitindo que exista uma alma, e que os animais também sua alma, o que ocorre com ela quando os animais morrem? Para onde eles vão? Teriam um destino semelhante ao do homem ou seria algo diferente? Haveria um céu e um inferno para os animais? Algumas releituras gnósticas e esotéricas da metempsicose, palavra grega que designa a “transmigração de almas”, em consonância com as teorias evolucionistas que surgiram no século XIX, tornaram-se famosas por estabelecer uma doutrina em que a alma migra mesmo entre espécies. Isso é, um caramujo ao reencarnar poderia sair-se coelho, assim sucessivamente, passando pelo homem (que seria mais evoluído). A linguagem dos animais, o funcionamento do cérebro nos que tem um, suas memórias e lembranças, são pouco compreendidas ainda mesmo em vida. Animais também sonham, isso é fato, tem sonhos bons e pesadelos. Talvez estudando com mais afinco os seus companheiros animais, sem querer sbressair-se sobre eles, nem se aproveitar apenas, o homem consiga uma compreensão mais ampla, que leve a resposta da pergunta: quando os bichos morrem o que acontece? Quando os bichos morrem para onde eles vão? Fonte: consistencia.org

set 2012 revista do meio ambiente

“Porque o que acontece aos filhos dos homens, isso mesmo também acontece aos animais; a mesma coisa lhes acontece. Como morre um, assim morre o outro. Todos têm o mesmo fôlego, e nenhuma vantagem têm os homens sobre os animais. Tudo é vaidade” (Eclesiastes 3.19). “O Senhor é bom para todos, e as suas misericórdias estão sobre todas as suas criaturas.” (Salmos 145:9) “O justo olha pela vida dos seus animais.” (Provérbios 12:10) “Pois misericórdia quero, e não sacrifícios; e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos.”(Oseias 6:6) “Se vires o jumento ou o boi de teu irmão caídos no caminho, não te desviarás deles; sem falta o ajudarás a levantá-los.” (Deuteronômio 22:4) “Quem mata um boi é como o que tira a vida a um homem.” (Isaías 66:3) “De que serve a mim a multidão de vossos sacrifícios? diz o Senhor. Estou farto dos holocaustos de carneiros, e da gordura de animais cevados; e não me agrado do sangue de novilhos, nem de cordeiros, nem de bodes, quando vindes para comparecerdes perante mim. Quem requereu de vós isto? Que viésseis pisar os meus átrios? Não continueis a trazer ofertas vãs.” (Isaías 1:11-13)


Aguaboanews.com.br

perigo: animais na pista

texto Marcelo Pereira* (marcelo@publicnet.com.br)

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Tamanduá-bandeira atropelado na BR 158 ao longo do trecho que margeia as terras indígenas de Pimentel Barbosa, em Canarana (MT), local de grande mortandade de animais silvestres

Respeite a vida de um animal Todos os dias centenas de animais são atropelados nas estradas do Brasil. Com essa grande quantidade de animais silvestres atropelados diariamente, ocorre um desequilíbrio na biodiversidade, já que a ampla maioria dessas mortes está relacionada a espécies ameaçadas pela extinção, como onças pintadas, tamanduás-bandeira, entre outros. Em nosso país temos inúmeras rodovias cortando diversas florestas e reservas biológicas, como por exemplo, a BR 101, que corta a Reserva Biológica de Sooretama, no Espírito Santo. Muitos animais morrem atropelados atravessando estradas para buscar alimentos ou relacionar-se com outros membros da espécie. Independentemente de correrem ou não risco de extinção, a criação de passarelas e ecodutos podem salvar milhares de animais do atropelamento. Em maio de 2012, três capivaras (mãe e filhotes) foram atropeladas na avenida Afonso Pena, na cidade de Campo Grande – MS. O motorista fugiu, mas o impacto foi tão grande que a placa do veículo ficou no local, dando uma pista para a investigação policial. A OAB local cobrou a solução do caso às autoridades policiais. O motorista vai responder por maus tratos a animais e estará sujeito as penas. Para a integrante da comissão de meio ambiente da OAB de Campo Grande, Daniela Caramalac, é um dever do cidadão cobrar providências para casos como estes: “A ciência já demonstrou que eles sofrem da mesma forma que os seres humanos. Sentem dor, medo e agonia, e precisam ser respeitados e ter reconhecida a sua dignidade, não podem ser tratados como seres insensíveis e inanimados. Temos que cobrar”, diz.

O atropelamento de um jaguar numa estrada da Argentina em 2012 levantou a discussão de como os humanos devem conviver com os animais silvestres. Devido ao desenvolvimento humano, muitas áreas naturais diminuíram e isolaram-se entre si. Os animais precisam sair e conquistar espaços maiores para sobreviver, mas correm perigo no caminho. Para evitar que os animais morram durante este percurso a ONG argentina Conservación, juntamente com o departamento de viabilidade, criou um “corredor biológico”, uma área segura de conexão entre dois parques. O recurso mais utilizado é o chamado “passafauna”, um túnel que passa por baixo do asfalto, onde os animais podem transitar de um lado ao outro sem perigo. Este sistema foi implantado no ano de 1994 na província de Misiones, que atualmente conta com 12 passafaunas. É esperado que o número triplique nos próximos anos. Além das pontes para animais, outra solução para ajudar os animais silvestres a atravessarem as estradas são os “ecodutos”, que são túneis que permitem aos animais transitarem seguramente por barreiras construídas por humanos, como as estradas. Esta é uma prática que conserva o habitat do animal, permitindo conexões e entre habitats que foram fragmentados pelo humano. Eles também são importantes, pois evitam a colisão entre veículos e animais, o que é bom para os dois lados, que na maioria das vezes é fatal para os animais. Entrou em vigor no último dia 27 de dezembro, uma lei que determina que os italianos socorram animais acidentados. A obrigatoriedade vale para todos os cidadãos, tendo eles ou não sido o causadores das injúrias ao animal. Trata-se de uma iniciativa nobre e necessária e que seria muito bem-vinda para a realidade brasileira. No nosso país não são poucos os casos de animais que se perdem, ou mesmo os que vagam pelas ruas, e acabam morrendo acidentados pela mera falta de socorro. No caso italiano, a lei obriga o motorista a levar o animal para uma clínica veterinária, tendo o socorrista, inclusive direito a passar no sinal vermelho por se tratar de uma emergência. Esta medida coloca a Itália entre os primeiros lugares quanto ao respeito e proteção dos animais. A obrigatoriedade é a mesma imposta em relação ao socorro de pessoas e deverá ser aplicada em cães, gatos e outras espécies de animais atropelados nas estradas. Nós motoristas, devemos ter mais prudência em relação aos animais em estradas, bem como aos animais domésticos, na sua maioria cães e gatos, que transitam pelas ruas das cidades. Preservar a vida animal é um dever de todos. * Marcelo é diretor de proteção animal da secretaria de meio ambiente de Niterói/RJ.

revista do meio ambiente fev 2013


Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul podem criar um novo banco de desenvolvimento

banco dos brics:

oportunidade histórica para a sociedade civil Ao longo da 5ª reunião de chefes de estado dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que acontece em finais de março em Durban (África do Sul), deverá ser anunciada a decisão de criar um novo banco de desenvolvimento, o banco dos Brics. Confirmada essa possibilidade, estará aberta uma enorme janela histórica de oportunidade para incidência da sociedade civil internacional. Afinal, não é todos os dias que se criam instituições com essa natureza e missão, nem que organizações do campo popular podem se articular para garantir que os critérios de financiamento incluam a obediência a uma ampla gama de direitos. A criação de um banco como esse não é, claro, uma decisão apenas da esfera econômica. Ela também se fundamenta no espaço político aberto pela fragilidade conjuntural de EUA e Europa diante das recentes crises cíclicas do capitalismo. A mais recente delas, a de 2008/09, colocou em xeque EUA e Europa em um momento privilegiado para as chamadas economias emergentes e suas reservas em acumuladas pelos mercados de produtos primários em alta. Tanto instituições (como o FMI e Banco Mundial) quanto fóruns (como o G-20) tiveram sua existência e eficácia confrontadas pela incapacidade de prevenir e de lidar com as fragilidades cíclicas de um modelo de desenvolvimento hegemônico que volta e meia consegue avistar o abismo. É nesse enquadramento que se precisa olhar a oportunidade e a decisão de criar um novo banco de desenvolvimento que seja governado por um grupo especial de países. Ainda que nem todos sejam (ainda) centrais ao capitalismo global, em seu conjunto ou isoladamente eles possuem características nem um pouco desprezíveis. Entre esses países estão dois com assento permanente no Conselho de Segurança (CS) da Onu e que também estão entre os maiores produtores, exportadores e consumidores mundiais de petróleo e gás natural (Rússia e China), outros três pleiteantes históricos de inclusão no CS (Brasil, Índia e África do Sul), três que declaradamente possuem armas nucleares (Rússia, China e Índia). Em seu conjunto, abrigam 40% da população mundial. No caso da criação do banco dos Brics, a primeira decisão concreta do bloco, o exemplo histórico

fev 2013 revista do meio ambiente

oberto Stuckert Filho/ABr

texto Carlos Tautz*

22 artigo

Dilma Rousseff, o presidente Dmitri Medvedev (Rússia), o primeiro-ministro Manmohan Singh (Índia), e os presidentes Hu Jintao (China) e Jacob Zuma (África do Sul) participam do encerramento da 4ª Cúpula do Brics em Nova Delhi, na Índia

aponta o caminho urgente de incidência, que as organizações da sociedade civil precisam seguir. Afinal, não se teve oportunidade semelhante em 1945, na criação do Fundo Monetário Internacional, o FMI, e do Banco Mundial. Nem em 1950, quando o Brasil fundou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES. Agora existe a necessidade o valor social que exige de tais instituições transparência e controle social para garantir que distribuam renda e respeitem culturas e o ambiente impactados pelos projetos financiados. É aí que se insere a urgente necessidade de intervenção articulada, propositiva e incisiva de organizações da sociedade civil, para garantir que o novo banco se funde sobre pelo menos cinco critérios que constam da pauta de organizações que já incidem sobre bancos de desenvolvimento: 1) uma ampla política de informação pública e adoção de normas internacionais de transparência; 2) critérios internacionais de controle e accountability; 3) anterior aos seus desembolsos, um processo aberto de discussão e decisão com as populações direta e indiretamente impactadas pelos projetos a serem financiados; 4) um espaço público de deliberação geral sobre a nova instituição; e 5) a adoção de uma norma internacional contra violações de direitos humanos a ser respeitada por toda cadeia produtiva dos projetos apoiados. Entretanto, a falta de acesso público e amplo aos documentos sobre as negociações oficiais para a criação de tal banco demonstra a premente necessidade de ação cidadã sobre esta poderosa instituição que está prestes a ser fundada. Afinal, se a criação do banco dos Brics se fundamenta, entre outras razões, em um déficit de legitimidade do FMI e do Banco Mundial, o novo banco precisa, para ser legítimo, basear-se em critérios democráticos. É preciso coragem e ousadia aos governos para fazê-lo. Além de nascer da crítica que os Brics fazem ao antidemocrático sistema de cotas que garante a hegemonia eterna dos EUA e da Europa no Banco Mundial e no FMI, o banco dos Brics é justificado pela nova realidade econômica internacional, que possibilita maior raio de ação a essas nações. Desde o início dos anos 2000, com o aumento da demanda e dos preços internacionais de commodities e demais matérias-primas, mercados em que os Brics são especializados, esses países acumularam expressivas reservas em moeda forte (cerca de 5 trilhões de dólares em dezembro de 2011).


Assim, recuperaram, em alguma medida, sua capacidade de conduzir internamente políticas públicas e, no front externo, de transitar com razoável autonomia em diversas áreas, inclusive no fechadíssimo clube das finanças internacionais onde predominam, por ordem, o dólar (EUA), o euro (Europa) e o iene (Japão). Foi nesse cenário que nasceu a ideia, em 2010, na segunda cúpula dos Brics, realizada no Brasil, de criar um fundo de fomento ao desenvolvimento, quando a África do Sul ainda não integrava o bloco. O acordo foi capitaneado pelo BNDES, instituição que tem tido papel importante na criação do novo banco. O fundo servirá para fazer reservas em moedas próprias dos Brics, dispensando dólares e euros, e atender aos cinco países em caso de futuras novas crises do capitalismo globalmente interconectado. Outra área em que o banco dos Brics atuará é no apoio às oportunidades comerciais abertas pela crise climática. Circula entre o bloco um paper dos economistas Joseph Stioeglitz e Nicholas Stern justificando e apontando oportunidades para o futuro banco, entre elas o financiamento ao capitalismo esverdeado. Assim, o banco dos Brics tem tido seus estudos de viabilidade orientados a explorar os negócios advindos da extração intensa de natureza – recurso em que os Brics possuem vastíssimas reservas. A África é apontada como campo de interesse particular, por deter quantidades impressionantes de terras férteis, água, subsolo vasto e riquíssimo, além de governos frágeis diante da necessidade de recursos fiscais e da oferta, incisiva por parte de Brasil e China, de mais e mais infraestrutura exploratória e exportadora. Esses dois países jogam uma espécie de “Guerra Fria” no continente, em busca de maior projeção política na região alimentada por gordos e crescentes empréstimos para construção de estradas, portos, ferrovias e a indústria dos combustíveis agrícolas, em especial soja e cana-de-açúcar. A janela histórica está escancarada, devido à conjuntura internacional que reúne condições políticas, econômicas e pela necessidade de fazer avançar sobre a economia os valores democráticos que aos só temos aplicados à política. Se uma nova instituição financeira precisa ou não ser criada, é uma discussão. Sua missão e escopo, outro debate. A única coisa que as organizações da sociedade civil não podem deixar de fazer é intervir urgente, firme e conscientemente nessa questão.

Acúmulo de CO2 As florestas tropicais são chamadas de “pulmão do planeta”, porque absorvem dióxido de carbono e liberam oxigênio. Essa quantidade de CO2 que a cobertura florestal absorve, no entanto, oscila ano a ano devido às variações climáticas. O estudo, então, usou modelos comparativos do crescimento florestal em relação às mudanças nos níveis de CO2 atmosférico e descobriu que os efeitos nocivos do aquecimento podem liberar 50 bilhões de dióxido de carbono que estão acumulados nas florestas tropicais, principalmente na Amazônia, a cada subida de um grau Celsius na temperatura do planeta. Mas, segundo a análise de Cox, o CO2 fertilizado vai superar as perdas com as emissões e aumentar até 319 bilhões de toneladas de carbono armazenado neste século. Atualmente, estima-se que haja de 500 bilhões a 1 trilhão de toneladas de carbono armazenados nas árvores de florestais tropicais. “A fertilização pelo CO2 vai superar o efeito negativo sobre a mudança climática, de modo que as florestas vão continuar acumulando carbono ao longo do século 21.”

Transparência e controle cidadão de governos e empresas

usa-co2-como-fertilizante-e-fica-mais-resistente-ao-aquecimento-global-revela-estudo.htm

* Jornalista e coordenador do Instituto Mais Democracia –

Floresta Amazônica: nem tão

vulnerável Amazônia usa CO2 como ‘fertilizante’ e fica mais resistente ao aquecimento, revela estudo

O aquecimento global deve preocupar todos os países – sejam eles poluidores ou não. Isso porque os efeitos do fenômeno não respeitam fronteiras e devem afetar o planeta inteiro. O Centro de Ciência do Sistema Terrestre do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CCST/Inpe) elaborou um mapa no qual é possível ver como o Brasil deve ser afetado até 2100 caso as emissões de gases causadores do efeito estufa continuem. A floresta amazônica não é tão vulnerável às mudanças climáticas como se pensava anteriormente, revela novo estudo publicado na revista Nature. Isso acontece porque o “pulmão do mundo” usa o dióxido de carbono que absorve da atmosfera para desenvolver folhas, galhos e raízes, ou seja, o CO2, vilão do aquecimento global, atua como uma espécie de fertilizante para as árvores. Os pesquisadores da Universidade de Exeter, na Inglaterra, afirmam que o estímulo ao crescimento propiciado pelo CO2 pode superar os efeitos nocivos do aquecimento global previstos para este século. “Não estou mais tão preocupado com uma extinção catastrófica [das florestas tropicais] por causa da mudança climática provocada pelo CO2”, disse Peter Cox, autor principal do estudo. “Nesse sentido, é uma boa notícia.” O carbono que vira fertilizante, no entanto, volta à atmosfera quando a planta apodrece ou é queimada. O desmatamento da floresta poderia liberar uma grande quantidade de carbono e, portanto, agravar o aquecimento global, provocando mais inundações, tempestades e elevação do nível dos mares (causado pelo degelo nas calotas polares).

texto UOL São Paulo (Com agências internacionais)

mudanças climáticas 23

Fonte: noticias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-noticias/redacao/2013/02/07/amazonia-

(www.maisdemocracia.org.br) revista do meio ambiente fev 2013


braSil ameaçaDO pelas mudanças climáticas A boa notícia é que as emissões brasileiras diminuíram desde 2004 e a redução está associada à biomassa, já que, em oito anos, o desmatamento da Amazônia caiu quase 70% O aquecimento global deve preocupar todos os países – sejam eles poluidores ou não. Isso porque os efeitos do fenômeno não respeitam fronteiras e devem afetar o planeta inteiro. O Centro de Ciência do Sistema Terrestre do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CCST/Inpe) elaborou um mapa no qual é possível ver como o Brasil deve ser afetado até 2100 caso as emissões de gases causadores do efeito estufa continuem. O pesquisador titular do CCST, Jean Ometto, ressalta que o aquecimento global e as mudanças climáticas são um problema particularmente preocupante para o país. “O gelo vai derreter com o calor e haverá possibilidade real de alteração no nível do mar. Muitas cidades litorâneas podem sofrer com isso em época de ressaca”, cita. Contudo, se o padrão de chuvas mudar, a produção de energia, que vem essencialmente de usinas hidrelétricas, ficará prejudicada. As alterações do clima também poderão trazer prejuízos para a produção agropecuária, que ainda é a base da economia brasileira. Ometto explica que o aquecimento global se manifesta a partir do acúmulo de gases vindos, essencialmente, da queima de combustíveis fósseis e de biomassa (tudo que tem vida) na atmosfera. Isso aumenta a espessura da camada que envolve a Terra, fa-

fev 2013 revista do meio ambiente

zendo com que a energia fique retida embaixo. “Céticos dizem que uma coisa não está necessariamente ligada a outra, mas a grande maioria acredita que o processo de aquecimento pode interferir nos padrões climáticos. Os meteorologistas defendem que o calor muda a termodinâmica da atmosfera”, esclarece o pesquisador do Inpe. As emissões dos gases do efeito estufa tendem a acelerar o processo. A boa notícia é que as emissões brasileiras diminuíram desde 2004. Ometto revela que a redução está associada à biomassa, já que, em oito anos, o desmatamento da Amazônia caiu quase 70%. O balanço é positivo mesmo com o aumento da queima de combustíveis fósseis, que tem ligação com o crescimento da frota, uso majoritário de transporte de carga por caminhão (alimentado por diesel) e o desenvolvimento industrial. “A incerteza é muito alta. Há estudos dizendo que o calor vai aumentar, e o que se espera com as negociações internacionais é que as emissões se limitem a tal ponto que, até 2050, a temperatura não suba 2ºC acima da marca de 1750, quando começou a medição”, diz. No último século, já houve um aumento de 1ºC. Para chegar lá, o pesquisador do Inpe acredita que é preciso haver mais conhecimento científico e vontade política. Além disso, devese contar com a colaboração da população, que deve os recursos naturais racionalmente. Fonte: Correio Braziliense

Veja o estudo “Sumário das mudanças de clima projetadas pelo INPE CCST para o Brasil até final do século XXI” em: http://amazonia.org.br/2013/02/ brasil-ameaçado-pelas-mudanças-climáticas/

O gelo vai derreter com o calor e haverá possibilidade real de alteração no nível do mar. Muitas cidades litorâneas podem sofrer com isso em época de ressaca. (Jean Ometto, pesquisador do Inpe)

Ove Tøpfer (sxc.hu)

texto Colaboração enviada para a Rebia Nacional por SGeral [sgeral@mst.org.br ]

24 mudanças climáticas


O mundo perdeu a chance de manter as emissões de gases de efeito estufa abaixo do nível necessário para impedir um aumento de temperatura média superior a 2°C, de acordo com o cientista britânico que foi chefe do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). O cientista, professor Robert Watson, chefiou o IPCC de 1997 a 2002, quando foi pressionado a deixar seu posto pelos Estados Unidos. Watson diz que há uma probabilidade de 50% de se evitar um aquecimento global superior a 3°C, comparado com o nível de temperatura no início da era industrial, mas isto significa que um aumento de 5°C também é possível, o que é mais que o aquecimento no final da última era de gelo. Em um simpósio sobre prevenção global de doenças não-comunicáveis por meio de desenvolvimento econômico de baixo carbono, na Escola de Londres de Higiene e Medicina Tropical, ele disse: “Todas as promessas do mundo, que de qualquer forma tem pouca probabilidade de se realizarem, não vão nos dar um mundo com um aquecimento de apenas 2°C. Todas as evidências, na minha opinião, sugerem que estamos no caminho de um mundo de 3°C a 5°C mais quente. Algumas pessoas estão sugerindo que a saída do problema é através da geo-engenharia, intervindo no sistema de clima para moderar o aquecimento”. “Estou muito, muito nervoso com isso”, ele disse. “Isto demonstra um nível de arrogância de que nós sabemos gerenciar nosso meio ambiente. Certamente precisaremos de muita pesquisa”. Watson concluiu: “Existem soluções justas, que têm uma boa relação custo/ eficácia, para abordar as mudanças de clima, mas há também necessidade de vontade política e uma forte liderança moral. As mudanças de políticas públicas, práticas e tecnologias necessárias não estão no cenário atual”. Watson disse ao Climate News Network1: “Vamos ter mais pessoas no mundo e elas serão mais afluentes, portanto, a demanda para mais energia certamente aumentará”. “Parece que vamos obter imensas quantidades de gás de xisto. Isto pode ser uma ferramenta de transição útil: ele emite metade do carbono obtido do carvão. Mas isso não é uma solução de longo prazo, a não ser que você possa utilizar junto com Captura e Sequestro de Carbono (CCS)2. Estou otimista sobre a eficácia do CCS, mas ainda tem que ser demonstrado que

calor! Que

ele pode funcionar, quais os custos e penalidades consequentes”. “Nós sabemos que não podemos eliminar a possibilidade de um aumento de temperatura de 5°C e precisamos começar a nos preparar para esta eventualidade”. “Quando eu liderava o IPCC, nós estávamos todos bastante otimistas de que conseguiríamos um acordo global para limitar emissões, embora soubéssemos que seria difícil. Mas tínhamos a esperança de que as emissões não subiriam com a grande velocidade que assistimos agora”. Um mundo 5°C mais quente hoje significa colheitas agrícolas em queda tanto nos países desenvolvidos quanto nos países em desenvolvimento, aumento do nível do mar ameaçando muitas cidades importantes e uma escassez significativa de água. Maior número de espécies estariam diante da perspectiva de extinção (cada 1°C coloca cerca de 10% das espécies em risco de extinção), haveria eventos climáticos mais extremos e um risco crescente de grandes mudanças abruptas no sistema climático. Watson foi destituído do comando do IPCC em 2002. O seminário New Scientist reportou que no ano anterior, pouco depois da posse do presidente dos Estados Unidos George W. Bush, um executivo de ExxonMobil escreveu à Casa Branca pedindo: “Agora podemos substituir Watson ao pedido dos Estados Unidos?”. Watson agora é diretor do Tyndall Centre for Climate Change Research3, na Universidade de East Anglia, no Reino Unido, e conselheiro científico chefe para o Governo Britânico, do departamento de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais. Professor Andy Haines, ex-diretor da Escola de Londres de Higiene e Medicina Tropical, disse ao Climate News Network: “Não estamos fazendo muito progresso na área de mudanças de clima atualmente. Precisamos de mais argumentos combinando meio ambiente e saúde – cortando a queima de carvão, por exemplo, melhorando o acesso à energia limpa, andando a pé e usando bicicleta em vez de carros”. “Nós precisamos olhar não somente a questão populacional, mas o modelo de consumo dos países desenvolvidos. Muitos grupos de interesse nesta área não querem entrar nesta estrada. Nós podemos mudar imputando custos às externalidades como, por exemplo, os efeitos adversos da poluição do ar”. “Nós podemos abordar as desigualdades que são evidentes em áreas, como taxas de doenças do coração e nutrição. E precisamos influir nas metas de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas para que sejam incluídos indicadores de saúde e meio ambiente”. Andy disse no simpósio: “Os céticos de mudanças de clima receberam exposição demais. Os autores americanos Naomi Oreskes e Erik M. Conway explicam no seu livro Mercadores de Dúvida a espantosa sobreposição na disseminação de desinformação entre alguns deles e membros do lobby4 de tabaco, que há poucos anos estavam negando qualquer relação entre tabaco e câncer”.

texto Alex Kirby, Rede de Notícias sobre Clima tradução Morrow Gaines Campbell III, Vitae Civilis

Ex-Chefe do IPCC diz: preparem-se para um mundo 5°C mais quente

25

1 Rede de Notícias sobre Clima 2 Carbon Capture and Sequestration, Captura e Sequestro de Carbono em português. CCS é uma técnica de capturar CO² dos processos industriais e guarda-lo em depósitos subterrâneos.

3 Centro Tyndall para Pesquisa de Mudanças Climáticas 4 Grupo de interesse ou pressão

revista do meio ambiente fev 2013


texto Felipe Bottini*

26 artigo

Quanto vale a

sustentabilidade? Volta e meia nos defrontamos com um texto sobre sustentabilidade. O mais comum é algum tema relacionando sucesso empresarial à preservação do meio ambiente e recheado de ingredientes como empreendedorismo, inovação e respeito ao próximo. Ao terminar de ler fica aquela sensação agradável de quem acaba de ler uma ficção. Então, fecha-se o jornal e voltamos à realidade. Assim, a forma como se consome o tema sustentabilidade é tão prazerosa quanto fictícia. Essa é uma armadilha comum e que concentra uma série de ponderações – a maioria pouco testada na prática, sobre justiça social, respeito ao meioambiente, proposição de soluções tão simples como surreais de resolver problemas complexos. Exemplo disso é dizer que escovar os dentes com a torneira fechada vai resolver o problema da água ou que separar os resíduos recicláveis dos não recicláveis solucionará o problema dos resíduos sólidos, etc. Claro que essas são ações de cidadania relevantes, mas qual a extensão dessas ações e em que medida podem promover a sustentabilidade? Primeiro é necessário recorrer à história. Em 1987, uma comissão da Onu elaborou o relatório intitulado Nosso Futuro Comum que deu à expressão Desenvolvimento Sustentável a seguinte definição: “[assegurar] a satisfação das necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades” A sustentabilidade é, portanto, o resultado exitoso do desenvolvimento sustentável. Muitas tentativas estão a ser feitas para medir a sustentabilidade. Há indicadores que procuram expurgar e atribuir valores a características sociais, econômicas e ambientais de forma a assegurar governança e avaliação recorrente das métricas sustentáveis. Há padrões que começam a surgir com o propósito de tornar a sustentabilidade e sua evolução intra-instituições, tais como os programas de sustentabilidade corporativos com metas e datas para revisão que permitem avaliar os avanços frente aos investimentos e também a comparação inter-instituições simultaneamente como tentativa de diferenciar os agentes sustentáveis no mercado – exemplo disso é o índice de sustentabilidade da BM&F. Mas nenhum deles foi ainda capaz de quantificar as alterações na “...capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. Essa “ciência” para mensurar a sustentabilidade ainda engatinha, mas tem papel fundamental. Há que se ampliar a visão de abrangência e estimular programas amplos, que modifiquem o paradigma estimulando o engajamento verdadeiro e diferenciando-se da velha conversa fiada da sustentabilidade. Isso tudo, que pode parecer um exercício intelectual despretensioso e de uso duvidoso, ao contrário, começa a ser visto por investidores e governos de forma estratégica. Uma empresa que se preocupa com indicadores sociais e ambientais ao mesmo tempo em que os resultados econômicos, valoriza seu capital humano e acaba por ter maior fidelização dos recursos humanos e alinhamento de estratégia corporativa. Por ter gente mais experiente, encontra mais eficiência nos processos, o que se reflete em ganhos de produtividade e redução de custos, além de acabar por desenvolver uma filosofia verdadeira de compromisso com o meio-ambiente de entorno e stakeholders. No outro extremo, há os modelos de negócios predatórios que se baseiam em artifícios momentâneos e brechas regulatórias e asseguram uma renda elevada por um intervalo de tempo curto. Até que a sociedade encontre os caminhos que impeçam uma atividade predatória, normalmente isso leva a uma situação socioeconômica pior do que a que precede o início da atividade. É o caso da extração aurífera na Serra Pelada, dentre tantos outros exemplos.

fev 2013 revista do meio ambiente

Muitas empresas fazem propaganda de seus programas ligados à sustentabilidade. Mas, qual será o real valor deste tema? Assim, os cenários propositadamente simplificados acima permitem duas opções de investimento. Aquele que é de rápida penetração, risco e resultado e rápida saída, e que, normalmente, quando bem-sucedido para o investidor é de péssima valia ao sistema socioeconômico espoliado. Tal como os dois cenários de oportunidade, há também dois tipos de investidores. Aqueles que têm pouco ou nenhum compromisso com os stakeholders além do próprio interesse do capital e aqueles que buscam um modelo perene de governança e ganhos consistentes através do tempo. Mais uma vez, recorrendo ao exercício de simplificação binária proposto nesse artigo, qual desses modelos pode assegurar, emprego, renda, estabilidade social, ambiental e econômica no longo-prazo? Evidente. O desenvolvimento, sustentável ou não-sustentável, é ato contínuo e já há como recorrer a fatos concretos para avaliar o que é ou não melhor. Uma gestão pública não-sustentável das ferramentas de crédito imobiliário nos Estados Unidos levou a uma crise em escala global em 2008 da qual ainda muitos países são reféns. Em contrapartida, o Brasil, que criou as bases para uma economia preocupada em distribuir renda e reduzir desigualdades, acabar com a pobreza extrema e dedicar praticamente metade dos recursos públicos federais aos programas sociais, naquilo que poderia parecer um ato populista e eleitoreiro, possibilitou, de fato, a promoção de uma economia sólida e um crescimento da classe média – fenômeno único no mundo nessa época de crise, evitando, inclusive, que houvesse recessão nos últimos cinco anos. A sustentabilidade, pois, vale muito, tanto no âmbito corporativo quanto no âmbito da gestão pública. Sua ausência tem um custo que tende a ser irreversível e por vezes, insuportável, enquanto que sua prática acaba por promover uma economia mais justa, de menor flutuação e risco e como diz o próprio nome: sustentável através do tempo. Fonte: informamídia.com.br

*Felipe é economista pela USP com especialização em Sustentabilidade por Harvard. Fundador da Green Domus (greendomus.com.br) e da Neutralize Carbono (neutralize carbono.com.br) e consultor especial do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)



texto Fabiano Ávila

28 biodiversidade

Teeb: Metade das áreas úmidas do planeta foram perdidas

no século XX

Pântano, no sul da Louisiana, EUA

As áreas úmidas, lar de uma rica biodiversidade e que são essenciais para a humanidade por fornecerem todo o tipo de serviço ecossistêmico, incluindo a manutenção dos recursos hídricos, estão em um estado crítico por causa dos impactos das nossas atividades. Quem informa é o novo relatório da iniciativa Economia dos Ecossistemas e Biodiversidade (Teeb), publicado em 2 de fevereiro, dia internacional das áreas úmidas. O Teeb é uma iniciativa elaborada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) em 2007 para desenvolver uma análise global sobre o impacto econômico gerado pelas perdas da biodiversidade. Segundo o documento, durante o século passado cerca de 50% de todos os ecossistemas que formam as áreas úmidas, incluindo pântanos, manguezais, charcos e turfeiras, foram destruídos pela expansão da ocupação humana, seja por motivos agrícolas, industriais ou de moradia. “São as pessoas mais pobres que sofrem quando a biodiversidade é perdida, porque sua sobrevivência depende da riqueza da natureza. Quando destruímos as áreas úmidas, acabamos com o ciclo da água e com o fornecimento deste recurso para residências e fazendas, aumentando ainda mais o sofrimentos dos pobres”, afirmou Pavan Sukhdev, embaixador da Boa Vontade do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e atual presidente da diretoria do Teeb. Para piorar, ainda estamos destruindo as áreas úmidas em uma taxa alarmante. Citando dados da Convenção Ramsar – primeiro tratado intergovernamental a fornecer uma base estrutural para a cooperação internacional no sentido da conservação das zonas úmidas –, o relatório afirma que dos 127 países participantes da convenção, apenas 19% apresentam melhoras nas condições da conservação desses ecossistemas. “Todos no planeta dependem de água para sobreviver e para seus negócios. As áreas úmidas são as infraestruturas naturais que gerenciam e providenciam a nossa água. Este relatório confirma o quanto elas são valiosas e como, mesmo sabendo disso, continuamos a destruí-las para nosso próprio prejuízo”, declarou Nick Davidson, secretário-geral da Convenção Ramsar. O Teeb afirma que os custos de não proteger as áreas úmidas seriam astronômicos. Por exemplo, somente nos Estados Unidos, esses ecossistemas fornecem o equivalente a US$ 23,2 bilhões anuais em serviços de proteção a tempestades. A perda de um hectare de área úmida significaria um aumento de US$ 33 mil em prejuízos com fortes chuvas. Outro exemplo citado foram os prejuízos causados pela inundação no Reino Unido em 2007, que chegaram a US$ 5,2 bilhões. A maior parte dessas perdas aconteceram em regiões que costumavam ser cobertas por áreas úmidas que foram convertidas em zonas urbanas.

Quando destruímos as áreas úmidas, acabamos com o ciclo da água e com o fornecimento deste recurso para residências e fazendas, aumentando ainda mais o sofrimentos dos pobres. (Pavan Sukhdev, presidente da diretoria do Teeb) fev 2013 revista do meio ambiente

Jan Kronsell (wikipedia)

Estudo da iniciativa Economia dos Ecossistemas e Biodiversidade aponta que pântanos, mangues e outros ecossistemas que formam as chamadas áreas úmidas estão desaparecendo devido aos impactos da agricultura, urbanização e poluição

Boas Iniciativas Mas o relatório não fala apenas em perdas, são apresentados também casos bem sucedidos de medidas que recuperaram áreas degradadas. No Senegal, 45 mil hectares de manguezais foram destruídos nos estuários de Casamance e Sine Saloum entre 1970 e 2008 devido à expansão das atividades agrícolas e do uso de madeira na construção civil. Essa perda resultou na queda dos estoques de pescado e no aumento da salinidade da já escassa água potável. Diante disso, a ONG Oceanium deu início a uma estratégia de recuperação da região e começou a replantar os mangues. Em 2008 foram replantados 163 hectares, que serviram para atrair a atenção de apoiadores, como a Danone. Em 2009 já foram 1700 hectares, e em 2010 e 2011 mais 4900 hectares. O projeto atualmente está registrado no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) das Nações Unidas e gera créditos de carbono. Nos Estados Unidos, a região conhecida como Napa Valley, na Califórnia, costumava sofrer com enchentes frequentes, sendo que apenas uma em 1986 resultou em US$ 100 milhões em prejuízos. Por isso, no ano de 2000 foi dado início a um projeto de US$ 400 milhões para expandir a vegetação ao longo do rio Napa em substituição aos muros que existiam no local. Mais de 700 acres de zona urbana foram convertidos em pântanos, que além de ajudarem a reter a água do rio viraram uma atração turística. “A degradação e perda das áreas úmidas é devida em grande parte à limitada percepção de quanto são valiosas e a políticas ineficientes. Está claro que já sofremos prejuízos socioeconômicos suficientes por causa dessa postura. A boa notícia é que esse relatório mostra de forma convincente o valor de proteger e restaurar esses ecossistemas”, concluiu Braulio Dias, secretário executivo da Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD). Fonte: Instituto Carbono Brasil


Celso Pupo (Shutterstock)

A produção de um único produto agrícola pode tornar um ecossistema mais vulnerável a mudanças ambientais

Cientistas confirmam que a biodiversidade torna o ambiente

texto G1 (colaboração enviada por Maristela Crispim)

Diário do Nordeste 29

mais resistente Um estudo da Universidade de Guelph, no Canadá, confirma o que a ecologia nos ensina desde que foi elaborada enquanto ciência: a redução da diversidade de espécies e a monocultura (produção de um único produto agrícola) podem tornar um ecossistema mais vulnerável a mudanças ambientais súbitas, como incêndios e invasão de pragas. O artigo foi publicado em 6 de fevereiro, na revista Nature. A pesquisa destaca a importância da biodiversidade na estabilidade de ecossistemas para amortecer os impactos de perturbações no meio ambiente. De acordo com os cientistas, os agricultores devem investir no cultivo de mais tipos de plantas em pastagens e bosques para evitar um futuro colapso no ecossistema. Os pesquisadores monitoraram a estabilidade de ecossistemas altamente produtivos, mas pobres em diversidades de espécies. Eles verificaram que, apesar de se mostrarem resistentes às variações climáticas anuais, o ecossistema entrou em colapso quando foi atingido pelo fogo, introduzido pelos cientistas experimentalmente. Em contrapartida, pastagens em áreas com uma alta diversidade de plantas sobreviveram ao incêndio. “As espécies são mais importante do que pensamos. Nós precisamos proteger a biodiversidade”, afirmou Andrew MacDougall, um dos autores do estudo e professor de botânica e membro do Centro de Pesquisa em Biodiversidade da universidade.

De acordo com os cientistas, os agricultores devem investir no cultivo de mais tipos de plantas em pastagens e bosques para evitar um futuro colapso no ecossistema

Os pesquisadores estudaram por dez anos pastagens no sul de Vancouver, no Canadá. A área de dez hectares, de propriedade da Nature Conservancy of Canada, consiste em um tipo de savana ou pastagem com a presença de algumas árvores, no caso carvalhos, que estava há 150 anos sem registrar nenhum incêndio. Os cientistas isolaram partes do terreno e as queimaram para comprar a reação do ecossistema nas áreas com maior e menor diversidade de espécies e plantas nativas. Os resultados revelam que as parcelas aparentemente estáveis de pastagens uniformes entraram em colapso e foram posteriormente invadidas por árvores, enquanto os locais com diversas espécies resistiram à invasão de plantas lenhosas. A diversidade também afeta a vulnerabilidade ao fogo, sugere o estudo. As áreas com maior diversidade registraram marcas no terreno menos persistentes e tornaram-se menos propensas a sofrer novamente um incêndio de alta intensidade, se comparadas às pastagens com única espécie. “As monoculturas são um ecossistema muito produtivo que, entra ano e sai ano, produzem e parecem estáveis. Mas, de repente, uma grande perturbação acontece e toda a biodiversidade que foi perdida desde o início torna-se importante”, disse o professor e autor do estudo, Kevin McCann. Fonte: http://blogs.diariodonordeste.com.br/

gestaoambiental/biodiversidade/cientistas-revelam-quea-biodiversidade-torna-o-ambiente-mais-resistente/ revista do meio ambiente fev 2013


Foram eleitas as 11 entidades ambientalistas que ocuparão vagas no Cadastro Nacional de Entidades Ambientalistas (CNEA) do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). A presença destas entidades representa importante função na defesa da agenda ambiental, em diálogo e negociação com os demais segmentos do conselho. São dois representantes para cada região do país e um de âmbito nacional. O resultado final da eleição foi apresentado no dia 18/02. O presidente da Comissão Eleitoral, Antonio Eustáquio Vieira, ressalta que o processo eleitoral para a escolha das novas entidades ambientalistas ocorreu sem incidentes. Vieira é o presidente do Movimento Verde de Paracatu (Mover), que representava nacionalmente as demais entidades no Conama nos dois últimos mandatos. Qualidade ambiental O Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam) foi a entidade eleita no âmbito nacional. O presidente do instituto, Carlos Bocuhy, destaca que a expectativa é trabalhar a perspectiva de indicadores de sustentabilidade nas regiões metropolitanas e de políticas que desenvolvam a sustentabilidade na América do Sul. Uma iniciativa do Proam é o programa Metrópoles Saudáveis, que é coordenado pelo instituto e apoiado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A iniciativa visa aumentar a consciência da sociedade e dos setores envolvidos sobre riscos ambientais. A posse dos representantes ocorrerá durante a 109ª Reunião do Conama, marcada para os dias 20 e 21 de março. Atuação permanente As entidades ambientalistas sempre tiveram assento no plenário do Conama. Desde 1989, o CNEA mantém o registro das entidades ambientalistas não governamentais atuantes no país. O Conama é o mais antigo Conselho da República. Criado com poder deliberativo e participação social, foi instituído pela lei nº 6.938 de 1981. Essa mesma lei estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e o Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama). No plenário do Conselho, são 21 entidades da sociedade civil reunidas entre as 108 instituições das esferas federal, estadual e municipal, além de empresários. Representantes do Ministério Público e da Câmara dos Deputados também são convidados, mas sem direito a voto. Fonte: Ministério do Meio Ambiente

fev 2013 revista do meio ambiente

Definida eleição de

ambieNTaliSTaS Representantes do setor defenderão agenda no Conselho Nacional do Meio Ambiente

Martim Garcia/MMA

texto Tinna Oliveira

30 terceiro setor

Resultado final da eleição das entidades ambientalistas do CNEA ao Conama – Biênio 2013/2015 Vaga Nacional • Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam) Região Norte • Associação SOS Amazônia • Associação Andiroba Região Nordeste • Fundação de Proteção ao Meio Ambiente e Ecoturismo do Estado do Piauí (Funpapí) • Sociedade nordestina de Ecologia (SNE) Região Centro-Oeste • Fundação de Apoio à Vida nos Trópicos (Ecotrópica) • Instituto Brasil Central (Ibrace) Região Sudeste • Instituto Guaicuy SOS Rio das Velhas – Projeto Manuelzão • Sociedade para Defesa do Meio Ambiente de Piracicaba (Sodemap) Região Sul • Associação de Proteção ao Meio Ambiente de Cianorte (Apromac) • ONG Sócios da Natureza Mais informações no site do CNEA: www.mma.gov.br/port/Conama/cnea/cnea.cfm


PROGRAMA RECLAMAR ADIANTA

RÁDIO BANDEIRANTES AM 1360 (RJ)

COM ÁTILA NUNES FILHO

Permitir que dezenas de ouvintes diariamente entrem no ar para reclamar, protestar, denunciar, sem censura. Essa é a fórmula do sucesso de audiência do Programa Reclamar Adianta que vai ao ar de segunda à sexta feira pela Rádio Bandeirantes AM 1360 (RJ). Na verdade, esse sucesso é um resultado, e não o objetivo. O objetivo sempre foi - e é - de dar voz aos cidadãos que não tem acesso aos veículos de comunicação para externar seus pontos de vista.

Dezenas de profissionais trabalham hoje inteiramente dedicados à milhares de ouvintes que acompanham o programa ao vivo pela Rádio Bandeirantes ou pela internet, com o fundamental apoio do serviço de interesse público Em Defesa do Consumidor (www.emdefesadoconsumidor.com.br).

Todas as reclamações dirigidas à empresas ou às autoridades, recebem nossa atenção – de forma personalizada – que não se encerra quando acaba o programa ao meio dia. A partir desse instante começa o atendimento fora do ar. O monitoramento dessas reclamações pela nossa equipe continua no restante do dia, às vezes, do resto da semana, até a se alcançar a solução.

As três dezenas de profissionais que atuam no Programa Reclamar Adianta preparam-se para ampliar o atendimento nacionalmente.

O alcance dos assuntos foi ampliado, estendo-se às reclamações dos ouvintes em relação aos órgãos do governo federal, governos estaduais e prefeituras.

PROGRAMA RECLAMAR ADIANTA RÁDIO BANDEIRANTES AM 1360 (RJ)

De 2ª à 6ª feira, entre 10h e meio dia, Acesse pela internet: www.reclamaradianta.com.br Central telefônica 24h: (021) 3282-5588 twitter: @defesaconsumo www.emdefesadoconsumidor.com.br

A central telefônica, criada para atender durante as duas horas de programa, hoje funciona 24 horas por dia.

Tudo isso se deve, contudo, aos milhares de ouvintes que sintonizam a Rádio Bandeirantes AM 1360 do Rio de Janeiro, de segunda à sexta-feira, das 10h ao meio dia. Obrigado a todos. E guarde o número de telefone de nossa Central de Atendimento: (021) 3282-5588. Se preferir, nos mande um e-mail. O atendimento é 100% gratuito e personalizado. A equipe do Programa Reclamar Adianta

PROGRAMA PAPO MADURO

RÁDIO BANDEIRANTES AM 1360 (RJ) De 2ª à 6ª feira, ao meio dia, Acesse pela internet: www.papomaduro.com.br Central telefônica 24h: (021) 3282-5144


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A Revista do Meio Ambiente (revistadomeioambiente.org.br) é elaborada a partir das colaborações da Rede Rebia de Colaboradores e Jornalistas Ambientais Voluntários (RebiaJA – rebia.org.br/ rebiaja) e é distribuída de forma dirigida e gratuita, em âmbito nacional, em duas versões: 1) versão impressa – distribuída em locais estratégicos e durante eventos ambientais importantes que reúnam formadores e multiplicadores de opinião em meio ambiente e demais públicos interessados na área socioambiental (stakeholders) diretamente em stands, durante palestras, ou através de nossas organizações parceiras, empresas patrocinadoras, etc.; 2) versão digital – disponível para download gratuito no site da Revista bastando ao interessado: a) estar cadastrado na Rede Brasileira de Informação Ambiental (Rebia) – rebia.org.br (cadastro e associação gratuitas); b) estar logado no momento do download; c) preencher o campo do formulário com o comentário sobre o porque precisa da Revista do Meio Ambiente. Quem patrocina a gratuidade? A gratuidade deste trabalho só é possível graças às empresas patrocinadoras e anunciantes, às organizações parceiras e à equipe de voluntários que doam seu esforço, talento, recursos materiais e financeiros para contribuir com a formação e o fortalecimento da cidadania ambiental planetária, no rumo de uma sociedade sustentável.

R GA

ano VII • ed 56 • fevereiro 2013

Aqui o seu anúncio é visto por quem se importa com o meio ambiente

DE VO LU Ç

Guia do Meio Ambiente

Revista do Meio Ambiente Redação: Trav. Gonçalo Ferreira, 777 Casarão da Ponta da Ilha, Jurujuba, Niterói, RJ CEP 24370-290 Telefax: (21) 2610-2272


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