14ª edição

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Décima Quarta Edição

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OPINIÃO Carta a Salgueiro Maia Michelle Tomás O caro Capitao Salgueiro Maia nao deve fazer ideia daquilo que se passa em Portugal. Desiludir-se-ia se soubesse. Vejo em si a alternativa unica para mais uma necessaria mudança. Dito isto, tomo a decisao de lhe escrever e fazer um pequeno retrato daquele país que salvou ha 40 anos. Sei que sera um aborrecimento prescindir desse eterno descanso para vir a esta pequena e apatica miniatura peninsular. Se realmente tenciona iniciar algum tipo de revoluçao, aviso-lhe ja que nao pode começar na Escola pratica de cavalaria de Santarem – foi vandalizada, esta completamente destruída e deserta. A camara nao demonstra intençao de a reconstruir, pelo menos por enquanto – esta demasiado endividada e pretende continuar a endividar-se com a construçao de novas rotundas. Tudo para o bem da segurança rodoviaria e para a estetica citadina – nao me pergunte a logica disto: manias! Provavelmente nao sabe, e com o devido reconhecimento, todos celebramos o 25 de Abril como aquela data que foi princípio de mudança para um

país que vivera durante tantos anos sob um regime fascizante. Hoje considero, e repare que e so a minha opiniao (vale o que vale), que estamos apaticos e encostados a parede com medidas de austeridade que tiram a dignidade a muitas famílias. Fazemos manifestaçoes, sim. Repare bem que ate ja arrancamos as pedras da calçada para atirarmos a uma barreira de seguranças em frente a Assembleia da Republica. Veja la o senhor que facilitamos o trabalho e poupamos alguma mao-de-obra porque ha pouco tempo, decidiu-se acabar com a calçada portuguesa – ironia do destino. Um jovem da minha idade ja nao tem muita esperança no futuro profissional. A emigra-

A emigração, inevitavelmente, tornase a única alternativa. E repare que, muitas das vezes, não é por falta de vontade. Gostamos do nosso país.

çao, inevitavelmente, torna-se a unica alternativa. E repare que, muitas das vezes, nao e por falta de vontade. Gostamos do nosso país. Penso que a identidade nacional ficou-se pelos feitos que ja foram. O que sera ja foi. Admiramo-lo muito, sabe? A escola onde aprendeu as primeiras letras e hoje uma “escola museu” – a escola primaria de Sao Torcato de Coruche. Se nao tivesse la estudado possivelmente estaria no role de escolas que deveriam ser reconstruídas por causa do problema do amianto. Poderia continuar a desabafar, mas preferia faze-lo pessoalmente. Precisamos de si. Venha que tenho todo o gosto em oferecer-lhe um cafe. Nao sei se o nosso Presidente da Republica estara presente – ca para nos, ele nao e homem de muitas conversas. O Primeiroministro provavelmente estaria, se o convidassemos…mas penso que o senhor quer estar na companhia de gente seria. Responda, por favor, com a maxima urgencia.


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