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Edição de Março
CULTURA
INDIRECTO
P
equeno espaço de leitura onde são escritos poemas que carecem de interpretações individuais, porque os poemas precisam disso, necessitam que cada leitor os sinta e os aplique para que eles possam viver.
Jorge de Sena
Qual a cor da liberdade?
E verde, verde e vermelha.
Cantiga de Abril
E verde, verde e vermelha.
Esse perder-se no mundo
Essa paz de cemiterio
o nome de Portugal,
toda prisao ou censura,
essa amargura sem fundo,
e o poder feito galderio.
so miseria sem segundo,
sem limite e sem cauterio,
so desespero fatal.
todo embofia e sinecura.
Qual a cor da liberdade?
J. de S.
Qual a cor da liberdade?
E verde, verde e vermelha.
Qual a cor da liberdade?
E verde, verde e vermelha.
E verde, verde e vermelha.
Esses ricos sem vergonha,
Quase, quase cinquenta anos
Quase, quase cinquenta anos
esses pobres sem futuro,
durou esta eternidade,
essa emigraçao medonha,
numa sombra de gusanos
reinaram neste pais,
e a tristeza uma peçonha
e em negocios de ciganos,
e conta de tantos danos,
envenenando o ar puro.
entre mentira e maldade.
de tantos crimes e enganos,
Qual a cor da liberdade?
Qual a cor da liberdade?
E verde. verde e vermelha.
E verde, verde e vermelha.
chegava ate a raiz.
Essas guerras de alemmar
Saem tanques para a rua, estala enfim altiva e nua,
Tantos morreram sem ver
gastando as armas e a gente,
o dia do despertar!
esse morrer e matar
a verdade mais veraz.
Tantos sem poder saber
sem sinal de se acabar
Qual a cor da liberdade?
com que letras escrever,
por politica demente.
E verde, verde e vermelha.
com que palavras gritar!
Qual a cor da liberdade?
As Forças Armadas e ao povo de Portugal «Nao hei-de morrer sem saber qual a cor da liberdade»
Qual a cor da liberdade? E verde, verde e vermelha.
sai o povo logo atras: com força que nao recua,