De Fato: jornal construído entre um sonho e a amarga realidade 1 LEMOS, Cândida Emília Borges (Doutora) SANTIAGO, Magda de Lima (Mestre)2 Centro Universitário UNA/MG Resumo: O jornal De Fato circulou em Belo Horizonte entre janeiro de 1976 a outubro de 1978, com 27 edições. O alternativo mineiro surge em consonância ao florescer da sociedade civil, em especial das camadas médias e do movimento sindical operário, que reivindicava a democracia, os direitos civis e a anistia aos presos, exilados e banidos pelo regime ditatorial, entre outros temas, no governo Geisel (19741979). De Fato, em seu nascedouro, ia além das abordagens políticas strictu sensu, pois abordava temáticas sociais e culturais amplas, como os direitos das mulheres e dos homossexuais, como os debates sobre o universo das artes, tais como teatro e literatura. A publicação não foi submetida à censura prévia, como outras publicações no período, porém, não foi imune às intimidações e às ameaças do regime e seus braços subterrâneos de repressão. O acervo completo da publicação foi digitalizado e, desde 2012, encontra-se disponível na web. Além da apresentação do contexto da época e da história do jornal, este artigo traz a análise do discurso dos editoriais de duas edições do De Fato. Palavras-chave: história da imprensa; imprensa alternativa; regime militar; análise do discurso.
INTRODUÇÃO
A digitalização do acervo completo do jornal De Fato em 2012 insere-se na construção da memória da história brasileira contemporânea e, em particular, da imprensa, especialmente, do período da ditadura militar (1964-1985). Foi parte das atividades que se desenvolvem no Centro de Investigação da Mídia, criado em 2012, lotado no Instituto de Comunicação e Artes do Centro Universitário UNA: 1Trabalho apresentado no GT de História da Mídia Alternativa, integrante do 9º Encontro Nacional de História da Mídia, 2013. 2 Cândida Emília Borges Lemos é doutora em História (Universidade do Porto, Portugal), Mestre em Ciência Política (UFMG) e Bacharel em Comunicação Social, habilitação Jornalismo (PUC Minas), professora de graduação e pós-graduação do Centro Universitário UNA, Belo Horizonte e coordenadora do Centro de Investigação da Mídia na mesma instituição. candida.lemos@prof.una.br. Maria Magda de Lima Santiago é mestre em Linguística, Análise do Discurso (FALE-UFMG), especialista em Comunicação: Mídias, Linguagens, Tecnologias (UNI-BH) e bacharel em Comunicação Social, habilitação Jornalismo (PUC Minas). É professora de graduação e pós-graduação do Centro Universitário UNA e pesquisadora do Centro de Investigação da Mídia na mesma instituição. maria.lima@prof.una.br.