Farmacognosia 1 - Introdução à validação de métodos analíticos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE FARMÁCIA, ODONTOLOGIA E ENFERMAGEM DEPARTAMENTO DE FARMÁCIA CURSO DE FARMÁCIA

INTRODUÇÃO À VALIDAÇÃO DE MÉTODOS ANALÍTICOS Rayanne Brito de Freitas Mestranda em Ciências Farmacêuticas Orientadora: Profa. Dra. Luzia Kalyne A. M. Leal


Tópicos Introdução à validação: conceito, objetivo e importância Quando validar um método?

Como validar? Classificação dos testes analíticos Revalidação COFID Considerações Finais


Introdução à validação

Conceito Ato documentado que atesta que qualquer procedimento, processo, equipamento, material, operação ou sistema realmente conduza aos resultados esperados (ANVISA, RDC 35/2003)

É o processo de demonstrar que o método é adequado ao uso pretendido, consistindo-se em um aspecto vital da garantia da qualidade analítica. (BARROS, 2002)


Introdução à validação

Objetivo

O objetivo de uma validação é demonstrar que o método é apropriado para a finalidade pretendida, ou seja, a determinação qualitativa, semi-quantitativa e/ou quantitativa de fármacos e outras substâncias em produtos farmacêuticos.

(ANVISA, RE 899/2003)


Introdução à validação

Importância da validação A Anvisa ressalta a importância da qualidade analítica dos resultados como um dos instrumentos fundamentais para a proteção e promoção da saúde da população. (Guia para qualidade em química analítica)


Introdução à validação

Importância da validação  Os estudos de validação são parte essencial das boas práticas de fabricação (BPF) e devem ser conduzidos de acordo com protocolos pré- definidos e aprovados

Elaborar relatório técnico com resultados e conclusões (ANVISA, RDC 17/2010 – Dispõe sobre Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos)

Um processo de validação bem definido e documentado oferece às exigências reguladoras evidências objetivas de que os métodos e os sistemas de medição são adequados para o uso desejado.


Quando validar um método?

 Método desenvolvido pelo próprio laboratório;  Método normalizado usado fora do escopo indicado;  Modificações dos métodos normalizados;  Amostra de outra natureza. Métodos descritos em farmacopeias ou formulários oficiais, devidamente reconhecidos pela ANVISA, são considerados validados.


IMPORTANTE!!! Critérios a serem seguidos:  Substâncias de referência oficializadas pela Farmacopéia Brasileira;  Para a garantia da qualidade analítica dos resultados, todos os equipamentos utilizados na validação devem estar devidamente calibrados;  Analistas devem ser qualificados e adequadamente treinados.


Como validar um método?

 Especificidade e seletividade  Linearidade

 Intervalo  Precisão  Limite de detecção (sensibilidade)

 Limite de quantificação  Exatidão  Robustez (ANVISA, RDC 899/2003 - Guia para validação de métodos analíticos e bioanalíticos")


Classificação dos testes analíticos

CLASSE

FINALIDADE

I

Testes quantitativos para determinação do princípio ativo em produtos farmacêuticos ou matérias-primas

II

Testes quantitativos ou ensaio limite para determinação de impurezas ou produtos de degradação em produtos farmacêuticos e matérias-primas

III

Teste de performance (ex: dissolução, liberação do ativo)

IV

Testes de identificação


Classificação dos testes analíticos Parâmetro

Categoria I

Categoria II Quantitativ o

Ensaio Limite

Categoria III

Categoria IV

Especificidade

Sim

Sim

Sim

*

Sim

Linearidade

Sim

Sim

Não

*

Não

Intervalo

Sim

Sim

*

*

Sim

Sim

Não

Sim

**

**

Não

**

Limite de detecção

Não

Não

Sim

*

Limite de quantificação

Não

Sim

Não

*

Exatidão

Sim

Sim

*

*

Robustez

Sim

Sim

Sim

Não

Repetibilidade

Precisão

Intermediária

Não Não Não Não Não

Não Não

*Pode ser necessário, dependendo da natureza do teste **Se houver comprovação da reprodutibilidade não é necessária a comprovação da precisão intermediária


Especificidade e Seletividade

É a capacidade que o método possui de medir exatamente um composto em presença de outros componentes tais como impurezas, produtos de degradação e componentes da matriz. 0,6 Extrato sem Folin-Ciocalteau

0,5 Extrato com Folin-Ciocalteau

0,4 Ácido Gálico

0,3 Glicose

0,2 0,1 0 400

500

600

700

800

900


Linearidade É a capacidade de uma metodologia analítica de demonstrar que os resultados obtidos são diretamente proporcionais à concentração do analito na amostra, dentro de um intervalo especificado. Curva de calibração de ácido gálico

Pelo menos 5 concentrações diferentes!!

Coeficiente de correlação (r) > 0,99

ácido gálico


Intervalo

O intervalo especificado é a faixa entre os limites de quantificação superior e inferior de um método analítico.

Ensaio Determinação quantitativa do analito em matérias-primas ou formas farmacêuticas

Alcance De 80% a 120% da concentração teórica do teste

Determinação de impurezas

Do nível de pureza esperado, até 120% do limite máximo especificado. Quando apresentarem importância toxicológica ou efeitos farmacológicos inesperados, os limites de quantificação e detecção devem ser adequados às quantidades de impurezas a serem controladas

Uniformidade de conteúdo

De 70% a 130% da concentração teórica do teste

Ensaio de dissolução

De ± 20% sobre o valor especificado para o intervalo. Caso a especificação para a dissolução envolva mais que um tempo, o alcance do método deve incluir – 20% sobre o menor valor e + 20% sobre o maior valor


Precisão

A precisão é a avaliação da proximidade dos resultados obtidos em uma série de medidas de uma amostragem múltipla de uma mesma amostra.

9 determinações: baixa, média e alta Desvio Padrão (DP) ou ou Desvio Padrão 6 determinações: média Relativo (DPR): < 5%


PrecisĂŁo

Preciso e exato

Impreciso e exato

Preciso e inexato

Impreciso e inexato


Repetibilidade (precisão intra-corrida)

Dia 1 laboratório

analista

instrumentação

Precisão intermediária (precisão inter-corridas)

Dia 1 Dia 2 Reprodutibilidade (precisão inter-laboratorial)


Limite de detecção (LD)  Menor quantidade do analito presente em uma amostra que pode ser detectado, porém não necessariamente quantificado, sob as condições experimentais estabelecidas

Limite de quantificação (LQ)  Menor quantidade do analito em uma amostra que pode ser determinada com precisão e exatidão aceitáveis sob as condições experimentais estabelecidas.


Exatidão

É a proximidade dos resultados obtidos pelo método em estudo em relação ao valor verdadeiro.

Deve ser determinada após média o concentração experimental 9 determinações X 100 com 3 Exatidão = da linearidade estabelecimento réplicas: baixa, média e alta concentração teórica e da especificidade do método


Robustez

É a medida de sua capacidade em resistir a pequenas e deliberadas variações dos parâmetros analíticos. Indica sua confiança durante o uso normal


Revalidação

A revalidação é necessária nas seguintes Por circunstâncias: exemplo: pH da

• mudanças na síntese da

fase móvel, diâmetro interno da coluna, mudança da substância ativa; composição da FM

• mudanças na composição do produto acabado; • mudanças no método analítico.


COFID - Coordenação de Medicamentos Fitoterápicos e Dinamizados

Emite documentos (....) em relação ao registro e pós-registro de medicamentos fitoterápicos, (...) e a notificação de medicamentos dinamizados e produtos tradicionais fitoterápicos, conforme legislação vigente.

RDC nº 13, de 14/03/2013 RE nº 899, de 29/05/2003 RDC nº 27, de 17/05/2012


Considerações Finais


Referências Bibliográficas

BARROS, C.B. Validação de Métodos Analíticos. CPTI – Tecnologia & Desenvolvimento. Biológico, São Paulo, v.64, n.2, p.175-177, jul./dez., 2002 BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução – RE nº 899 de 29 de maio de 2003. Determina a publicação do guia para validação de métodos analíticos e bioanalíticos. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 2003.



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