Reverso Rural - edição 110

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PESCA E MARISCAGEM

02/2019 - Reverso Rural 11

Mariquilombo: você já ouviu falar? Texto: Liane França Fotos: Daniel Andrade Gabriela da Fonseca

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riada em 2016 e coordenada pelo administrador e tecnólogo em meio ambiente Daniel Andrade, o projeto Mariquilombo surgiu através da campanha Marisqueira com orgulho, quilombola para sempre! O grupo busca recuperar os estoques naturais de ostras nativas por meio da adoção de melhores práticas de manejo e da implantação de um cultivo de base comunitária. A princípio, a campanha fazia parte do programa Pesca Para Sempre, da Rare, ONG americana que atua em vários países promovendo a pesca sustentável. Na Baía do Iguape, mais precisamente nas comunidades de Capanema e Baixão do Guaí, em Maragogipe, a tentativa da Mariquilombo é de que, com o cultivo, o esforço de mariscagem das ostras diminua e a disseminação de outras sementes (termo utilizado pelas marisqueiras para denominar as ostras em fase inicial) aumente, fazendo com que os estoques naturais voltem a crescer. No início da campanha, a Secretaria Estadual de Política para as Mulheres ofereceu cursos sobre cooperativismo, gestão de negócios e comercialização, capacitando trinta marisqueiras no cultivo de ostras. A iniciativa surgiu para que elas pudessem gerir sozinhas o empreendimento. E desde então, em meio a muito trabalho e dedicação, começaram a chegar os primeiros retornos.

Em 2017, o cultivo comunitário de ostras foi um dos dez empreendimentos vencedores da 5º edição do Prêmio Consulado da Mulher, em São Paulo. “Recebemos do Consulado da Mulher o serviço de assessoria e apoio a gestão durante dois anos, eletrodomésticos e dez mil reais. Esses dez mil reais estão guardados para comprarmos nossa sede própria e sair do aluguel”, contou o coordenador Daniel Andrade. E não parou por aí. No ano seguinte, o Shopping Barra premiou um grupo de mulheres pelo exemplo em cooperativismo e empreendedorismo feminino pela primeira vez em nove edições do prêmio Barra Mulher. Janete Barbosa e Maria Rita Pires foram as representantes do Mariquilombo, que recebeu o prêmio ao lado de personalidades como Margareth Menezes e Virginia Rodrigues. Atualmente, o Mariquilombo não faz mais parte do programa “Pesca para sempre” da Rare, pois tornou-se uma ONG independente com CNPJ e contrato social. Andrade contou ainda que a expectativa para 2019 é conseguir resolver um impasse com a companhia de eletricidade do Estado, que está impossibilitando a venda do pescado. “Apesar de já termos comprado a máquina que realiza o processo de depuração, que é essencial para podermos comercializar nossas ostras, estamos sem energia. Quando solicitamos a ligação da rede, fomos informados que a linha da Coelba passava por cima da casa que encontramos disponível para alugar, e por isso não teriam como fazer essa ligação. Infelizmente estamos nesse dilema”, finaliza Andrade.

Infográfico: Janeise Santos


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