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Primeira Edição | 21 a 27 de junho, 2010

Política | A3

> JOGO SUCESSÓRIO Romero Vieira Belo

Enfoque Político Cícero - por que Vilela? Neste ano de sucessão estadual, o caminho de Cícero Almeida, lógico e provável, conduz a uma quase que inevitável aliança com Teotonio Vilela. Não se trata sequer de optar pelo melhor, de escolher o mais palatável. Trata-se, a rigor, de sua sobrevivência política. Ou, tanto faz, de seu futuro projeto político. Futuro, diga-se, adiado de 2010 para 2014. Em 2012, Almeida deve disputar uma vaga na Câmara Municipal apenas para não ficar sem mandato. Será uma função provisória. O mandato deverá mantê-lo em evidência na campanha, na eleição e depois. Depois porque, provavelmente, será um recordista de votos e poderá eleger três ou quatro vereadores, com sobra de legenda. Uma mini bancada. Mas o projeto pra valer será retomado dois anos depois, em 2014, ano de sucessão estadual. Aí, vem a questão: e por que Vilela, agora? Por que não Lessa ou Collor? Aí está. Por que apenas Vilela, daqui a quatro anos, não poderá ser adversário de Almeida. Ou seja, se der Collor, alguém tem dúvida de que em 2014 ele concorrerá a um novo mandato de governador? E não ocorrerá o mesmo com Lessa? Logo, o instinto de preservação não permitira que Almeida se alie a alguém que daqui a quatro anos estará mais fortalecido exatamente para enfrentá-lo nas urnas. Reeleito, Teotonio Vilela cumprirá o segundo mandato e, em 2014, deverá disputar ou o Senado ou a Câmara. Com mais trabalho, com mais obras, com mais realizações - será um aliado importante para levar Cícero ao governo, mesmo porque, dentro do PSDB, partido de Vilela, não existe uma liderança com bagagem para sucedê-lo. Nem no PSDB nem nos partidos aliados ou 'periféricos'. COMPENSAÇÃO

APELO DE RENAN

O governo vai cortar uma montanha de emendas parlamentares, para compensar o reajuste de 7,7% dos aposentados. Portanto, vai faltar dinheiro para determinadas obras anunciadas nos estados.

Na hora de decidir pelo aumento de 7,7% para os aposentados, Lula foi informado de que Renan Calheiros fazia um forte discurso, no Senado, pedindo que o presidente não vetasse o reajuste.

ABRINDO A METRALHADORA GIRATÓRIA Oficializada candidata do PSOL ao Senado, Heloísa Helena não poupou críticas aos presidenciáveis, exceção, claro, de Marina Silva. O PSOL apoiará a senadora do PV à presidência e disputará o governo estadual e cadeiras na Assembleia e Câmara, mas sem ambições. O objetivo central, a prioridade é uma só: garantir a volta de Heloísa ao Senado Federal. PEDEVISTAS FEDERAIS

MULTAS PARCELADAS

Pródigo em esbanjar a grana da viúva, o Senado acaba de aprovar projeto que reintegra 30 mil pedevistas da era FHC. Lula, no entanto, já avisou: "Estou lúcido". Traduzindo: veto na certa.

Mas o Senado tem seu lado bom: também aprovou projeto de Álvaro Dias instituindo o parcelamento, em seis vezes, de multas no trânsito. A medida ajuda a arrecadar e reduz a inadimplência.

TOLEDO BUSCA VERBA PARA PAGAR A RETROATIVO DE SERVIDORES O deputado Fernando Toledo está tentando transferir para a conta bancária do Poder Legislativo R$ 400 mil depositados indevidamente na conta de um ex-deputado. A batalha judicial se dá em Brasília. Se obtiver êxito, o presidente da ALE assegura que usará o numerário para pagar, de uma tacada, o retroativo referente ao PCCS dos servidores. AÇÃO SUBTERRÂNEA Aliados do vereador Dudu Hollanda avaliaram o quadro e concluíram: "Adversários estão agindo na surdina com duplo objetivo - desgastá-lo na presidência da Câmara desestabilizá-lo como candidato a uma cadeira na Assembleia Legislativa".

SEM EXCEÇÃO Apesar dos discursos cheios de eloqüência e cobertos de pregação ética, os deputados que integram a oposição na Assembleia foram flagrados com a mão na massa suja: todos, sem, exceção, receberam 15 ou mais verbas de gabinete apenas no exercício de 2009. Pode?

LEI DO FICHA LIMPA AINDA NÃO ESTÁ CLARA Ainda não está claro se a Lei do Ficha Limpa atinge, sem restrição, a quem já sofreu condenação em segunda instância judicial, não importando se a pena já foi ou está sendo cumprida. Valendo, também, a primeira hipótese, a nova legislação poderia impedir a candidatura de Ronaldo Lessa. Entre 2005 e 2006, ele sofreu condenação de 1ª instância ratificada pelo TRE e TSE. BRABO GARANTE

COM O PARTIDO

O advogado Brabo Magalhães, contudo, garante a elegibilidade de Lessa afirmando que ele só foi condenado em 1º grau por injúria e difamação assacadas contra o desembargador Orlando Manso.

Ninguém tem justificativa mais plausível do que Cícero Almeida para apoiar Téo Vilela: seu partido, o PP, presidido pelo deputado Benedito de Lira, fechou aliança com o PSDB do governador.

COLLOR DISPUTA OU INDICA VICE DE TÉO? E o Collor, entra ou não entra na corrida sucessória? Para a platéia, o senador petebista joga como candidato a governador, mas, nos bastidores, estaria articulando indicar o vice de Teotonio Vilela. Assim, permaneceria mais quatro anos no Senado, enquanto o vice por ele indicado cumpriria a missão de pavimentar a estrada para conduzi-lo de volta ao governo alagoano em 2014.

Apoio de Cícero a Téo Vilela passa a ser tendência natural Se der Collor ou Lessa, Almeida poderá ter de enfrentá-los na sucessão de 2014 Arquivo

O apoio do prefeito Cícero Almeida (PP) ao projeto de reeleição do governador Teotonio Vilela (PSDB), que poderá ser anunciado a qualquer momento, passou a ser uma tendência natural dentro do quadro sucessório alagoano, a partir do esfacelamento da 'frente de oposição' que começou projetando a candidatura de Almeida ao governo e acabou por trocá-lo pelo exgovernador Ronaldo Lessa. Aliados do prefeito maceioense enumeram pelo menos cinco razões que 'justificam plenamente' seu deslocamento para o grupo de Vilela que, no campo administrativo, vem mantendo uma parceria cada vez mais produtiva com a Prefeitura da capital. 1 - O PP, partido de Cícero Almeida, deixou o antigo 'chapão' e se compôs com o PSDB de Teotonio; 2 - A menos que tivesse rompido com o pre3sidente estadual de sua agremiação, Benedito de Lira, Almeida não teria qualquer motivação partidária para divergir de sua legenda; 3 - O PP, no plano nacional,

apoiar o senador Fernando Collor, que retirou o PTB do antigo 'chapão' para disputar o governo em faixa própria.

NÃO DEU

Cícero Almeida pode apoiar Vilela até porque o seu partido, o PP, já está lá

tende a assumir uma posição de neutralidade, o que ensejará a Cícero Almeida o direito de, se for o caso, manter seu apoio à candidata Dilma Rousseff; 4 - A não ser por motivação meramente circunstancial, Cícero Almeida não se sente na obrigação 'fechar' com Lessa, até

porque, como dizem seus aliados, o ex-governador trabalhou com afinco, em 2004, para impedi-lo de chegar á Prefeitura; 5 - Um dos grandes (talvez o principal) aliado político de Almeida, o industrial João Lyra, já não está no mesmo barco de Lessa, uma vez que deverá

Cícero Almeida até 'se balançou' para permanecer no barco com Lessa (sua fatia no bolo seria a indicação do candidato a vice-governador), mas essa tendência não se sustentou. Ou seja, o prefeito não digeriu o 'arrumado' preparado a quatro mãos, entre Maceió e Brasília, e que resultou em sua exclusão de uma disputa governamental que tinha tudo para ser vitoriosa. Alguns interlocutores dizem que o prefeito não quis questionar a fórmula aplicada no 'entendimento' entre líderes do antigo 'chapão' e o presidente Lula, mas nunca aceitou seu sacrifício. Esses personagens lembram que o prefeito poderia muito bem ter sido preservado, enquanto o ex-governador deixaria a disputa ao Senado para concorrer a um mandato de deputado federal.

MENSAGEIRO

Dirceu em Maceió ratifica apoio de Lula à candidatura de Lessa Divulgação

Na manhã deste sábado, 19, uma nova reunião, realizada no hotel Ritz Lagoa da Anta, em Mangabeiras, com participação dos principais líderes da Frente Partidária, ratificou o apoio do presidente Lula e do senador Renan Calheiros (PMDB/AL) à candidatura do pedetista Ronaldo Lessa ao governo do Estado. A novidade ficou por conta da presença do ex-deputado federal José Dirceu que, representando o posicionamento do presidente Lula, assegurou que "Ronaldo Lessa é o candidato ideal ao governo do Estado, comparando o modelo adotado pelo governo federal para avançar nas questões políticas e sociais". Dirceu afirmou que "Lula é figura certa no palanque de Lessa, marcando presença ao lado do líder do PMDB, Renan Calheiros". Na noite de sexta, o ex-deputado federal lançou o nome do petista Joaquim Brito a vice do ex-governador Ronaldo

Reunião do bloco de apoio a Lessa, com presença do ex-ministro José Dirceu

Lessa (PDT) e aproveitou para traçar os planos da aliança. O senador Renan Calheiros

foi taxativo ao dizer que preza pelo compromisso de todos que ali estavam presentes, honrando

a união do grupo e ressaltando que estar de mãos dadas nesse momento é uma questão de primeira ordem para que a Frente seja vitoriosa. Renan fez questão, ainda, de dissipar todas as especulações de que Ronaldo Lessa teria desistido de sua candidatura ao governo de Alagoas e garantiu que tudo não passa de especulações. Na reunião, Lessa disse que o apoio do presidente Lula e da pré-candidata à presidência, Dilma Roussef, "é muito importante para um resultado favorável no pleito deste ano e para o futuro de Alagoas". Estiveram presentes também à reunião, os deputados estaduais pelo PT Judson Cabral e Paulo Fernando dos Santos (Paulão), o deputado estadual Isnaldo Bulhões (PDT/ AL), o presidente estadual do PT, Joaquim Brito e o pré-candidato ao Senado Eduardo Bomfim.

PT indica vice de Lessa, PSOL oficializa Heloísa e Almeida fica ‘de fora’ que 'briga' com partido Arquivo

Ronaldo Lessa (PDT) já tem vice. Para compor sua chapa ao governo do Estado, o PT indicou o nome de seu presidente estadual, o urbanitário Joaquim Brito. A escolha ocorreu na sexta-feira (18) durante reunião que contou com a presença do ex-ministro José Dirceu, um dos expoentes do Partido dos Trabalhadores desde sua fundação. No encontro, o partido confirmou uma chapa com 25 candidatos a deputado estadual, e outra com cinco nomes para deputado federal, dentre eles o do delegado da PF José Pinto de Luna, que teve vetada sua pretensão de concorrer a uma vaga de senador. Ao discursar, José Dirceu (deputado federal por São Paulo e que foi substituído na chefia da Casa Civil da presidência por Dilma Rousseff) disse que Ronaldo Lessa é o candidato apoiado pelo PT,

Joaquim Brito é o vice de Lessa

mas ressalvou que Collor é peça importante no projeto de eleição de Dilma. Com a indicação do vice pelo PT, o prefeito Cícero Almeida fica em definitivo fora da composição que apóia Ronaldo Lessa para o governo de Alagoas.

Márcio Ândrei

Sem nenhuma surpresa, o PSOL oficializou a candidatura da vereadora Heloísa Helena para concorrer ao Senado da República. São duas as vagas, mas ela disputará sozinha para 'concentrar os votos', como explicou um aliado. A convenção do Partido Socialismo e Liberdade foi realizada na sexta-feira (18) no Centro de Convenções de Jaraguá. Fundadora do PSOL, Heloísa assumiu uma demanda com a direção nacional do partido ao decidir apoiar Marina Silva (PV) para presidente da República. O candidato oficial do PSOL à presidência, advogado Plínio de Arruda Sampaio, quer que a cúpula da agremiação se reúna para estudar a posição de Heloísa que "cria constrangimentos para a legenda". Além de Heloísa, o PSOL oficializou a candidatura de Mário Agra a governador e formou ainda chapas para

Heloísa: candidatura oficializada

concorrer à Assembleia Legislativa e Câmara dos Deputados, mas tendo como compromisso maior a eleição da vereadora recordista de votos em Maceió. Se eleita, Heloísa será substituída na Câmara Municipal pelo suplente Orival França.


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