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Primeira Edição | 15 a 21 de outubro, 2012

Política | A3

> MANDATO INTEGRAL Romero Vieira Belo

Enfoque Político A opção do eleitorado O que houve em Maceió, domingo, foi um simples rodízio político. Rui Palmeira interrompeu o domínio do grupo que celebrou a vitória de Cícero Almeida, em 2004, do mesmo modo que o atual prefeito impediu a continuidade do que bloco que, em 1996, levou Kátia Born à Prefeitura de Maceió. O eleitor queria mudar e entendeu que Rui Palmeira encarnava o personagem talhado para cometer a mudança. Os nomes possíveis de chegar lá tinham limitações: Jéferson Morais pareceria uma continuação de Almeida, enquanto Galba Novais carregava o peso do desgaste provocado pelos desmandos na Câmara. Os demais candidatos, todos com boa origem e bom perfil, não tinham cacife para liderar um processo desse porte. Iniciado o jogo, o eleitor percebeu que apenas Rui tinha potencial para peitar Ronaldo Lessa, até então visto como um postulante imbatível. A depender de seu desempenho, Rui poderá repetir o mandato como o fez Cícero Almeida. Mas não será fácil, daqui a 8 anos, emplacar alguém que represente ser seu continuador. Isso porque a alternância tem sido a regra na maioria dos municípios brasileiros, sobretudo porque os eleitores novos que vão surgindo tendem sempre a buscar algo novo, o mais próximo possível de sua geração. Lessa era um bom candidato (à parte suas pendengas com a Justiça), tinha experiência e carisma, mas entrou em campo numa hora errada. Hoje, dá para compreender que, para o eleitor, ele não se lançou com um projeto para Maceió. Entrou com a ideia precípua de sair da incomoda reserva política. O eleitor lhe disse não. PALANQUE DESARMADO 1

PALANQUE DESARMADO 2

Rui Palmeira já exibe um diferencial: desceu do palanque no dia seguinte à eleição. Bem ao contrário de políticos carreiristas que, passado o pleito, ficam remoendo assuntos superados da campanha.

Em suas últimas declarações aos jornalistas, o prefeito eleito tem sido realista ao afirmar que há desafios em Maceió, como os da saúde e trânsito, que só serão superados em longo prazo.

O FATOR CORREIA NA DECISÃO EM ARAPIRACA Célia Rocha, prefeita eleita de Arapiraca, deve em parte sua vitória ao candidato Alves Correia. O avanço de Rogério Teófilo na reta final da campanha só não foi suficiente para ultrapassar a deputada porque parte do eleitorado se manteve fiel a Correia até o fim. Mesmo assim, a disputa final acabou sendo dramática. LANÇAMENTO

VOTO EXTINTO

A conceituada Avianca convida para o lançamento desta segundafeira (15): será às 19h, no Teatro Gustavo Leite (Centro Cultural de Jaraguá), com a participação do governo do Estado.

Se o voto de opinião ainda existisse, quem seria seu principal beneficiário na eleição para vereador? Sem dúvida, pela altíssima qualificação e integridade moral, o advogado José Costa.

PLANO FEDERAL MUDOU O FOCO DA CAMPANHA EM MACEIÓ Téo Vilela guardou distância da sucessão em Maceió, mas foi sua a iniciativa que mudou o discurso da campanha a favor de Rui: ao trazer o governo federal para implantar o plano 'Brasil Mais Seguro', o governador conseguiu conter a escalada da violência. Tanto que o tema mais explorado pelos candidatos não foi o da criminalidade em alta, mas o da dramática situação da saúde pública. NEM IZAC DA CUT

A MELHOR OPÇÃO

Está mais do que provado que voto sindical não elege ninguém - ao menos aqui em Maceió. Se elegesse, o principal sindicalista do Estado, Izac Jackson, presidente da CUT, seria hoje vereador.

O passo correto de Alexandre Toledo é: assumir o mandato de deputado federal (no lugar de Rui), licenciar-se e voltar ao comando da Secretaria de Saúde. Secretário de estado é outra coisa.

O QUE É DISPUTAR A VEREANÇA EM MACEIÓ Divaldo Suruagy dizia: é mais fácil chegar ao governo de Alagoas do que à Câmara de Maceió. Pois bem, ele próprio, governador, não elegeu o primo Roberto Suruagy (Suruca); o senador Renan Calheiros não elegeu o irmão Robson e, agora, Benedito de Lira, senador, não elegeu o sobrinho César Lira. O ÍDOLO DE PIRANHAS

IMAGEM DESFEITA

Numa eleição em que abundaram os candidatos médicos, o grande campeão foi o Dr. Dante, prefeito eleito que implodiu o poderio político de Washington Luiz na histórica Piranhas.

O mensalão, reconhecido e julgado pelo Supremo Tribunal, abalou a imagem de Lula aqui e no exterior. A ponto de muita gente apostar como, hoje, Obama não chamaria o petista de 'o cara'.

ENTRA COMUNICADOR, SAI COMUNICADOR Os votos destinados a radialistas e apresentadores de TV só garantem um mandato na Câmara. Saiu Cícero Almeida, entrou Oscar Melo. Entrou Wilson Júnior, saiu Oscar. Quando Oscar se lançou candidato pela primeira vez, Gernan Lopes tentou, mas foi derrotado. Os votos destinados ao pessoal da comunicação giram em torno de 20 mil os quais, fragmentados, só dão para um mandato.

Pressão haverá, mas Rui afirma que não concorrerá ao governo Prefeito eleito descarta 2014 ao afirmar que desafios serão resolvidos em longo prazo fotos: Divulgação

Márcio Ândrei Repórter

Quem se elege prefeito de uma capital com 57% dos votos válidos, como Rui Palmeira em Maceió, exibe fôlego para alçar um vôo mais alto, sob pressão de aliados e do próprio eleitorado, mas tal possibilidade já está descartada pelo sucessor de Cícero Almeida. Em seus contatos com a imprensa ao longo da semana que sucedeu à sua vitória nas urnas, o ainda deputado federal Rui Palmeira garantiu, em tom solene, que cumprirá o mandato de prefeito até o final, ou seja, até 31 de dezembro de 2016. Tal determinação não expressa apenas o respeito do futuro prefeito aos eleitores que lhe deram o voto na esperança e mesmo certeza de vê-lo enfrentar os desafios administrativos da capital, mas revela também a consciência que Rui Palmeira tem quanto à dimensão dos problemas que irá enfrentar na Prefeitura. Na primeira coletiva que deu já como prefeito eleito, na manhã de segunda-feira (8), Rui garantiu que cumprirá o mandato integralmente e foi realista

Prefeito eleito, Rui Palmeira garente cumprir mandato integralmente para enfrentar os grandes desafios da capital

ao afirmar que os problemas mais ingentes da capital (como os do trânsito e da saúde pública) não serão solucionados em curto ou médio prazo. Para alguns analistas, essa posição do futuro prefeito indica uma sutil projeção voltada para um possível e até provável segundo mandato, já que os quatro anos que terá pela frente

serão insuficientes para lhe permitir executar os principais projetos que defendeu durante o debate eleitoral.

TRANSIÇÃO Rui Palmeira e o prefeito Cícero Almeida já definiram o processo de transição que deve começar já nesta segunda-feira reunindo assessores da atual e

da futura gestão. Técnicos indicados pelo prefeito eleito mergulharão em números, em projetos e contratos, principalmente os já previstos no orçamento para 2013, de modo a levar ao novo gestor um quadro detalhado dos compromissos que terá de cumprir, das despesas e dos recursos que terá de gerir a partir de janeiro próximo.

> BALANÇO

PMDB faz mais prefeitos em AL e Renan destaca avanço feminino Brasília - O senador Renan Calheiros (PMDB) usou a tribuna do Senado Federal para fazer um balanço otimista sobre a evolução do seu partido nas eleições do último domingo. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral, o PMDB sustentou a liderança em relação ao número de prefeitos eleitos em todo o País. A partir de janeiro de 2013, 1.036 cidades brasileiras serão administradas por prefeitos do PMDB, eleitos em primeiro turno. Para o líder do partido no Senado, essa votação supera, com bastante folga, o segundo colocado com 690 cidades e significa que, perto de 20% dos municípios brasileiros, serão administradas pelo PMDB. "Nas capitais, o PMDB elegeu dois prefeitos em primeiro turno: Eduardo Paes, no Rio de Janeiro, e Teresa Surita, em Boa Vista. No segundo turno, vai disputar em Florianópolis, Campo Grande e Natal, além de outras 13 cidades com mais de 200 mil eleitores", destacou Renan. O partido que o senador preside em Alagoas, na sua avaliação, repetiu o excelente desempenho que vem apresentando nos últimos pleitos e manteve a liderança entre as cidades brasileiras. "Isso graças ao trabalho dos presidentes da legenda: o vice-presidente, Michel Temer, e o atual presidente, senador Valdir Raupp, os quais, entre tantas outras expressivas lideranças, desejo saudar e parabe-

Michel Temer deu amplitude ao PMDB que, aqui em Alagoas, ajudou a eleger James Ribeiro, em Palmeira, salientou Renan

nizar por esta permanente reinvenção do PMDB", reforçou. Além de ser o partido com o maior número de prefeitos eleitos, a legenda recebeu 16,7 milhões de votos em todo o País, o que, nos cálculos do senador, representa mais de 12% da confiança do total de eleitores, perdendo apenas para o PT, que obteve 17 milhões de votos. "Este número adquire uma importância significativa porque em muitas cidades, inclusive grandes centros, o PMDB preferiu não impor nomes e optou por coligações", avaliou. Renan citou como exemplo as alianças que o partido formalizou em Belo Horizonte, Recife, Fortaleza, Maceió, Porto Alegre, Goiânia, São Luiz, Manaus, Vitória e Aracaju, entre outras.

VEREADORES Em todo o Brasil, o PMDB conquistou a maior quantidade de cadeiras nas câmaras municipais. Foram 7.951 vereadores eleitos pelo partido e que irão ocupar vagas nas câmaras por todo o país. Os eleitos pela sigla, segundo ele, representam 14% do total dos eleitos. A maior vantagem do PMDB foi na região Sul, onde o partido elegeu 2.574 candidatos, e no Nordeste, com 2.091 vereadores eleitos.

ALAGOAS Renan também ressaltou o resultado do pleito Em Alagoas, onde o partido que preside no Estado passa um excelente momento eleitoral, com grande aceitação da sociedade. Das 102

cidades, o PMDB elegeu 25 prefeitos diretamente e venceu, através de alianças, em 80% dos municípios. "Das 10 maiores cidades do Estado, fomos vitoriosos em oito delas. Entre elas, Arapiraca, com a prefeita Célia Rocha, Palmeira dos Índios, com o prefeito James Ribeiro". O senador disse ainda em seu pronunciamento que o PMDB elegeu diretamente 25% dos prefeitos das cidades alagoanas, sendo um dos melhores desempenhos do partido no Nordeste. "O PMDB, portanto, foi o partido que, novamente, mais elegeu prefeitos e vereadores, reiterando a pujança da sigla, seu conhecimento, aceitação, credibilidade, capilaridade, força e expressão nacional".

Mais mulheres ganham prefeituras Outra boa notícia anunciada pelo senador Renan Calheiros foi o crescimento no número de mulheres eleitas para as prefeituras. Comparando-se com o pleito de 2008, segundo ele, houve um acréscimo de 31% nas eleições deste ano. "Apenas uma candidata, para nossa honra, se elegeu prefeita

de capital, Teresa Surita do PMDB, em Boa Vista", colocou. Em 2012, as mulheres conquistaram 621 prefeituras, representando 12% do total de prefeitos eleitos. Em 2008, terminado a primeira etapa da eleição, haviam sido eleitas 504 prefeitas, ou, 9% do total. A boa notícia é que o PMDB, também,

elegeu a maioria das prefeitas, com um total de 122 candidatas. Em Alagoas, 15 municípios serão comandados por mulheres a partir de 1º de janeiro. Isso representa um percentual próximo a 15% dos municípios. "O PMDB, novamente, faz o

maior número de prefeitos, a maior quantidade de vereadores e reafirma sua vitalidade em um quadro político com muitas nuances e peculiaridades, muito conhecidas por aqueles que acabam de enfrentar uma das mais difíceis eleições dos últimos anos", concluiu.


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