ANDREA BRAZIL e FABIÁÑA PRÉTI

Andrea Brazil e Fabiañá Préti
Colei um aviso no espelho: É impossível odiar a matéria e amar a forma. - Louise Glück
Os oito pontos do verso que dá título à exposição de Andrea Brazil e Fabiañá Préti, guardam em si um poema de amor à matéria. Este mesmo ponto-forma que no coração da poeta germina palavras, na mão das artistas é matéria prima a observar caminhos. Nas pinturas aqui reunidas, o ponto se põe em movimento pelo desejo de criar composições que oxigenem a faísca de ser e, contornando o espaço, investiga diálogos entre as nuances do indivíduo e a beleza do universal.
Nas telas de Andrea Brazil, o ponto se move ao sussurro do linho que carrega em si a tradição da arte, se arrisca pelas tramas de um tecido que há mais de cem anos acompanha a família e pelas paisagens da infância também registradas nas pinceladas do avô. Objetos do cotidiano compõe campos de cores autônomos que se formam à medida que o olho, sem o acolhimento da perspectiva, é encorajado a exercitar sua autonomia. A verticalidade que extrapola os limites da tela faz desvios inesperados e enfatiza o estranhamento, o mesmo que o corpo sente ao buscar uma fórmula própria de deslocamento no mundo.
Na pintura de Fabiañá Préti, o ponto escorre, canta e cala. É um ponto música, mas também um ponto história. A pincelada carrega o contorno dos azulejos modernistas, experimentações da arte óptica e
o pontilhismo praticado quando criança. Na tela 08 da série Faz Litoral, toda a composição acontece a uma distância da borda, respeitando o silêncio entre o pensamento e a fala. Silêncio que a artista cultiva como a materialidade do estar. No grupo de pinturas em voil, as linhas pintadas na frente e no verso interagem com as marcas do tecido criando estâncias para o olhar. O corpo se resguarda na ilusão do através.
“É impossível odiar a matéria e amar a forma” diz um dos avisos colados no espelho de Louise Glück, autora do verso que dá título à exposição. Andrea Brazil e Fabiañá Préti reiteram o pensamento da poeta, celebrando o ponto como matéria primeira que guarda em si a potência geradora da forma. E assim como o poema que habita os oito pontos do título, é no pulso de dentro e não nos contornos de fora que a pintura se organiza.
São Paulo, Agosto de 2021
Fabiañá Préti
Série Faz Litoral Sem título 08. 2021 Óleo sobre algodão 150 x 110 cm
Foto: Ana Pigosso
Fabiañá Préti Série Faz Litoral Sem título, 11. 2021 Óleo sobre voil 50 x 50 cm
Foto: Ana Pigosso
Fabiañá Préti
Série Faz Litoral Estudos. 2021 Óleo sobre tela 30 x 21 cm
Fabiañá Préti Série Faz Litoral Estudos. 2021 Acrílica sobre linho 30 x 21 cm
Andrea Brazil Sem título, 2021 Óleo sobre linho 30 x 20 cm
Foto: Ana Pigosso
Fabiañá Préti
Série Faz Litoral Estudos. 2021 Acrílica sobre voil 30 x 21 cm
Andrea Brazil
Políptico. Sem título, 2021 Têmpera e lápis grafite sobre linho 30 x 60 cm
Foto: Ana Pigosso
Andrea Brazil Políptico. Sem título, 2021 Óleo e lápis grafite sobre linho 80 x 30 cm
Foto: Ana Pigosso
Andrea Brazil Sem título, 2019 Óleo sobre linho 40 x 30 cm
Foto: Ana Pigosso
Andrea Brazil Sem título, 2021 Óleo sobre linho 24 x 18 cm
Foto: Ana Pigosso
Fabiañá PrétiSérie Faz Litoral Estudos. 2021 Acrílica sobre voil 30 x 21 cm
Foto: Ana Pigosso
Fabiañá Préti
Série Faz Litoral Sem título 11. 2021 Óleo sobre algodão 50 x 50 cm
Foto: Ana Pigosso
Andrea Brazil
O trapezista, 2019 Óleo sobre tela 73 x 60 cm
Foto: Ana Pigosso
Andrea Brazil Espelho, 2019 Óleo sobre tela 30 x 20 cm
Foto: Ana Pigosso