Pensar Verde 21

Page 30

Pensar Verde

Por que não imaginamos um outro futuro para a Amazônia? > Carlos A. Nobre

As políticas públicas, principais responsáveis pela forte redução dos desmatamentos de 2005 até 2014, parecem já ter atingido seu limite. Tanto é que desmatamentos vêm crescendo nos últimos dois anos, mesmo num período de histórica recessão econômica, demonstrando, mais uma vez, o desacoplamento entre desmatamento e crescimento econômico: nem quando o PIB cresce, nem quando o PIB encolhe.

Há muito tempo se busca uma política de desenvolvimento do agronegócio que seja compatível com redução do desmatamento através do que se convencionou chamar de “intensificação sustentável”, isto é, aumento de produtividade da agricultura de grãos e principalmente da pecuária seria o motor a atender o aumento da demanda mundial de grãos e carne e isso naturalmente reduziria a pressão por novas áreas agrícolas. A Embrapa e o setor de pesquisa agropecuária aplicada das universidades brasileiras de fato vêm desenvolvendo um leque de técnicas para viabilizar a intensificação sustentável, a qual, em princípio, aumenta a lucratividade da atividade rural. 30

Esta solução com aparência de lógica irretocável igualmente interessou o setor ambientalista e várias parcerias foram firmadas entre ONGs ambientalistas e o setor do agronegócio na busca dos caminhos para a intensificação sustentável. Por exemplo, a Coalizão Clima, Agricultura, Florestas por uma Economia de Baixo Carbono reúne as principais associações do agronegócio, do setor florestal e as principais ONGs ambientalistas brasileiras, e tem como mote “desenvolver uma economia de baixo carbono baseada na produção de alimentos e gestão de florestas, compatibilizando a preservação ambiental e o desenvolvimento econômico”.


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.