Produção Cultural no Brasil volume 4

Page 262

café e uma manutenção o dia inteiro. Meio-dia eu sirvo o almoço para aquelas duzentas pessoas e, no fim do dia, sirvo um lanche reforçado. Isso para a equipe técnica, que está montando os carros alegóricos. Aí eles entram na avenida e quando saem eu sirvo mais um lanche, porque quando os carros saem da Marques de Sapucaí eles ainda têm mais quatro horas até chegar na cidade do samba. A mesma ideia que eu tive no cinema e todo mundo faz hoje eu quero implantar no carnaval, porque eu vejo no evento o sufoco deles, às vezes comendo comida fria, não tinha café, não tinha água gelada… Você continua fazendo cinema? Eu quero ganhar dinheiro, mas cinema eu faço até de graça. Por exemplo, curta-metragem de garotada de faculdade, eu já fiz um monte de graça. As compras quem faz é a menina que serve, o resto, a minha mão de obra eu faço de graça. Até porque quem faz um curta hoje, daqui a um tempo está fazendo um longa e pode me chamar. O cinema está precisando dar mais apoio para essa garotada. A Lei Rouanet é boa, mas tem que ser mais fácil captar. Para pequenas produções, para quem está começando, para garotada da faculdade, é muito difícil. O governo tem que facilitar. E não é só cinema não, mas para a cultura de um modo geral. Como é fazer a alimentação fora das grandes cidades? Quando alguém me contrata, a responsabilidade é minha, porque a ideia que eu tive foi para aliviar a produção, que tinha muito trabalho para produzir a alimentação. Eu tenho uma proposta pronta: me responsabilizo por entregar em qualquer parte. Está escrito bem assim: “Entrego em qualquer parte.” Eu tenho fogões maiores, que não saem da cozinha, e tenho outros menores, que posso transportar. Fornos também, tenho tudo. Monto uma cozinha no caminhão e vou cozinhar no local. Aí é tudo minha responsabilidade. Contrato uma equipe, e vamos para onde for. Pode ser no Amazonas, Mato Grosso, Paraná, onde for. Eu chego à cidade onde o filme será gravado, alugo uma casa, monto lá a cozinha. Já levo a minha equipe, porque lá não sei que profissionais vou encontrar. Você tem que andar com profissionais. Eu levo os meus assistentes para evitar problema, porque senão o que roda é a minha cabeça. E não quero isso, porque foi um sonho que eu tive de entrar para o cinema, então hoje que faço cinema eu quero é melhorar.

260


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.