FORMAS de DETERIORAÇÃO
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Deterioração são as transformações físicas e químicas ocorridas nas espécies fotográficas após o processamento, motivadas por uso excessivo ou inadequado assim como as condições ambientais desfavoráveis ou decorrente da instabilidade dos materiais componentes e que afectam de forma física o aspecto original da imagem.
Deterioração de Provas Monocromáticas Provas Fotomecânicas
Provas em papel de carvão
Os pigmentos usados são, de um modo geral, estáveis e não se desvanecem, ainda que expostos à luz incandescente. As formas de deterioração mais correntes resultam da fragilidade do papel, muitas vezes de má qualidade, que amarelece, torna-se frágil, ganha pontos de foxing e deteriora-se fisicamente.
A imagem apresenta uma extraordinária estabilidade, nunca amarelece ou se desvanece. A forma de deterioração mais vulgar está relacionada com a gelatina que se pode tornar pegajosa, agarrar poeiras e aderir à embalagem em condições de humidade relativa elevada. A camada de gelatina pode também abrir rachas (se estiver sujeita a flutuações de humidade). Apenas evidentes nas zonas escuras e de cinzentos médios da imagem. Encontram-se provas com a gelatina levantada ou danificada mas são casos pontuais. Outras formas de deterioração resultam da fragilidade do papel, que amarelece e se rasga. As provas podem também encurvar, ou mesmo descolar do suporte secundário, se submetidas a flutuações de humidade, pois a gelatina cobre a prova só de um lado, criando-se tensões fortes entre o papel e a gelatina.
Provas Papel Salgado São frequentes o amarelecimento e o desvanecimento da imagem com perda de pormenores nas zonas mais claras. Estes efeitos estão geralmente associados à oxidação da imagem de prata. O amarelecimento pode ainda ter origem na sulfuração da prata, devido a processamento deficiente. O amarelecimento, a fragilização e a deterioração do papel de suporte, e a formação de foxing ocorre também nestas provas com muita frequência.
Cianótipos Os cianótipos são imagens bastante estáveis. Podem perder contraste e desvanecer se expostos à luz, ou quando em contacto com materiais alcalinos. Um cianótipo desvanecido por acção da luz pode eventualmente recuperar a sua cor inicial se for colocado no escuro durante algum tempo. Os cianótipos podem apresentar deterioração do papel de suporte, como amarelecimento, fragilização e pontos castanhos. São frequentes os danos físicos no suporte das provas não montadas.
Platinótipos A imagem das provas em Platina ou Paládio apresentam excelente estabilidade, pois não desvanecem nem sofrem alteração de cor. O mesmo não se pode dizer do papel de suporte que, por várias razões que se seguem se encontra com frequência deteriorado: o papel mais adequado para imprimir platinótipas é ligeiramente ácido; os banhos ácidos usados no final do processamento aumentam esta tendência ácida; a deterioração do papel é acelerada pela platina da imagem catalisadora de reacções químicas de decomposição do papel. Conhecem-se pelo menos 70 reacções químicas de oxidação, que são catalisadas pela platina metálica. Nas zonas da prova onde está a platina há deterioração e formam-se auréolas amarelas em torno das sombras. O papel torna-se frágil e quebradiço, rasgando-se nos bordos se for excessivamente manuseado. As zonas negras podem também amarelecer por deterioração do papel que está por trás. A acção destruidora da platina também se faz sentir sobre outras provas ou papéis que estejam em contacto com as platinotipias. Entre os danos que podem causar nas provas vizinhas salientamos a formação de uma imagem transferida, que é bem visível e igual à imagem em todos os pormenores, só que invertida. As imagens transferidas encontram-se com frequência em folhas de separação de álbuns, em envelopes e na frente e verso de outras provas fotográficas em contacto com platinotipias. Esta forma de deterioração é também provocada por provas viradas a platina.
Processos de Pigmento A estabilidade depende dos pigmentos escolhidos. Em geral, os pigmentos são muito estáveis e as imagens de pigmentos são muito mais estáveis do que as de prata. Não são conhecidos desvanecimentos de imagem ou amarelecimento da goma arábica ou da gelatina. O papel é geralmente de boa qualidade e bastante permanente. As formas de deterioração que geralmente se encontram, resultam da deterioração física do papel, da formação de fungos, de ataque de insectos, ou da ocorrência de foxing. Pode ainda deteriorar-se por insuficiência na lavagem dos sais de crómio, que leva ao amarelecimento do papel.
Provas em papel directo gelatina ou colódio A oxidação conduz ao amarelecimento e perda de pormenor na imagem. A sulfuração da imagem de prata manifesta-se de forma característica nos papeis directos, pois numa primeira fase a imagem passa da cor quente inicial a uma cor esverdeada ou neutra. Em condições de humidade relativa elevada, a gelatina torna-se pegajosa, agarra todas as sujidades e pode colar-se à embalagem ou vidro da moldura. O colódio é propenso a riscos e à formação de rachas capilares.
Provas em papel colódio mate viradas a ouro e platina As provas de papel de colódio mate, viradas a ouro ou platina, sobressaem invariavelmente no meio das outras pelo seu excelente estado de conservação. Muitas estão agora a completar os 100 anos de idade e não apresentam espelho de prata, amarelecimento ou desvanecimento. Raramente se encontra uma prova mal lavada ou mal fixada que tenha amarelecido. Uma forma de deterioração mais corrente é o abrasão da superfície, cujos resultados são bastante evidentes, em geral.
Provas em papel de revelação Quando não se encontra protegida por uma viragem, a imagem de prata é o elemento mais frágil destas provas. São muito frequentes a oxidação e sulfuração da prata, com amarelecimento, desvanecimento e sobretudo o espelho de prata, que é a deterioração característica deste processo. A gelatina pode amolecer, agarrar sujidades aderir a embalagens, vidros, molduras. O crescimento de bolores é frequente em ambientes húmidos. Rasgos, encurvamento, dobras e ondulações são frequentes.
Papel em Albumina Poucas são as provas de Albumina em bom estado de conservação. As albuminas são as mais frágeis de todas as provas monocromáticas, por terem o tipo de prata mais frágil (prata fotolítica) num meio ligante muito frágil. As quatro formas de deterioração mais características são: Amarelecimento geral de toda a prova, resultante do amarelecimento da camada de albumina, mais evidente nas zonas claras da imagem. Alteração da cor da imagem para amarelo acastanhado e depois para amarelo, com redução de contraste da prova. Desvanecimento das altas luzes perdendo-se pormenores como a expressão do rosto ou as pregas e rendas de roupa branca. Formação de pequenas rachas em toda a superfície da prova, visíveis quando inclinamos a prova contra a luz. Outra forma de deterioração frequente é o desvanecimento pontual, originado pelas tintas douradas usadas na decoração dos cartões. Estas tintas continham zinco, um oxidante da prata que, quando se soltava dos bordos do cartão e atingia a prova, amareleciam pontualmente a prata. As provas que não estão montadas em cartão apresentam sempre melhor qualidade, no entanto o seu aspecto físico é sempre de má qualidade, dado que o pael se torna muito quebradiço, no entanto a imagem está mais perfeita dado que não esteve em contacto com o cartão pois estes eram muito ácidos e são os responsáveis por uma grande parte das degradações.
Provas em papel plastificado Estas provas sofrem de todos os processos de deterioração já mencionadas. Uma das deteriorações mais preocupante é o seu amarelecimento. Outra forma de deterioração corrente é o aparecimento de rachas no plástico. O descolamento do polietileno do suporte. Infiltrações nas fibras do papel de produtos químicos do processamento, através da espessura da prova, como a lavagem destes papeis é mais curta o fixador não é totalmente removido das fibras dos bordos da prova, que tendem a amarelecer e a tornar-se castanhas ao fim de algum tempo.
Provas em papel de revelação virado Os compostos de prata resultantes da viragem são em geral mais estáveis do que a prata metálica. No caso da viragem a enxofre. A imagem de sulfureto de prata é muitíssimo estável, as provas não apresentam, amarelecimento, desvanecimento ou qualquer outra forma de alteração química. A viragem a selénio confere maior estabilidade à prata, embora não tão grande como a viragem a enxofre. A alteração de cor é discreta, razão porque é preferida por fotógrafos que não desejam provas castanhas. Pavão, Luís., Conservação de Colecções de Fotografia, Dinalivro, 1997