Capa
Por: Pedro Wolff | Fotos: Fábio Pinheiro e Victor Hugo Bonfim
Um mundo virtual que
quer um
mundo ideal
Internet é a nova arma para fomentar movimentos sociais da atualidade
E
m 2012 comemoramos 16 anos de internet no Brasil. Apesar da pouca idade, as mudanças sociais provocadas por este meio já mudaram para sempre a história da humanidade. O maior exemplo foi a Primavera Árabe, como ficou conhecida a onda de protesto no mundo árabe nos anos de 2010 e 2011. A utilização das redes sociais pode ser considerada como o catalisador da onda de protestos que culminou com a derrubada de regimes ditatoriais. Sem o uso do twitter e do facebook, talvez a mudança geopolítica não tivesse acontecidona mesma velocidade da mobilização popular. No Brasil, as redes sociais foram muito importantes para a aprovação da Lei Ficha Limpa. Brasília viu 40 mil pessoas
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PLANO BRASÍLIA
marchando contra a corrupção, e tudo começou com um evento no facebook. Sociólogos, historiadores, empresários e políticos não só estudam esse novo comportamento, como utilizam esses tipos de ferramentas. A sociedade civil faz uso desta plataforma para fiscalizar e pressionar a classe política e é capaz de “mover montanhas”. Especialistas ouvidos pela Revista Plano Brasília foram unânimes em afirmar que para surtir efeito, uma mobilização tem que sair do virtual. A outra certeza é a de que a internet é apenas uma ferramenta, e que é preciso um ideal ou indignação comum para se conseguir “mover montanhas”. Nessa reportagem serão apresentados diferentes pontos de vista da sociedade civil sobre formas de atuação na internet. A mídia tradicional, como explica a teoria da comunicação, trabalha de forma unidirecional, figurando o
emissor e o receptor. As novas mídias são multidirecionais. Por exemplo: uma pessoa posta uma mensagem e várias outras compartilham. Essa ideia gera discussões, provocações, e pode até se transformar em outra coisa. Com um pequeno empurrãozinho pode gerar uma repercussão gigantesca. Foi mais ou menos como aconteceu com a Marcha Contra a Corrupção, ocorrida no dia 7 de setembro de 2011. Pouca gente sabe que as organizadoras do protesto, as irmãs Daniella e Lucianna Kalil, quase desistiram da marcha e consideram o fator sorte para o sucesso da empreitada. Tudo começou com um simples evento no facebook, criado com poucos cliques de um mouse. “Achávamos que não ia dar certo porque na página do evento houve muita baixaria entre pessoas de diferentes orientações políticas”, diz Daniella Kalil.