O trânsito nosso de cada dia

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BRAVOSAMORES

Quarta-feira, 31 de outubro

GERAL

O Trânsito nosso de cada dia As cidades estão perdendo uma guerra silenciosa contra um inimigo poderoso: a violência no trânsito. Não é caso isolado. No Brasil e no mundo a preocupação com os assustadores índices de acidentes com mortes fez com que às Nações Unidas proclamassem a Década de Ação pela Segurança no Trânsito, de 2011 à 2020. Governos, entidades não governamentais, Organização Mundial da Saúde (OMS) e outros tantos representantes da sociedade mundial, buscam soluções para reduzir o impacto humano, social e econômico que a violência no trânsito provoca a cada ano. Só no ano de 2009, aconteceram perto de 1,3 milhão de mortes por acidentes de trânsito em 178 países do mundo, na avaliação da OMS. A preocupação da OMS tem fundamento. Os acidentes de trânsito representam a 3ª causa mundial de mortes entre pessoas na faixa de 30 a 44 anos, a 2ª causa de mortes na faixa

de 5 a 14 anos, e pasmem, a 1ª causa de mortes mundial na faixa de 15 a 29 anos de idade. Além disto, o estudo mostra que quase a metade das vítimas de acidentes de trânsito no mundo envolvem pedestres, ciclistas e motoristas. A realidade brasileira apontada no estudo das Nações Unidas, tendo como base o ano de 2010, aponta que dois terços (66,6%) das vítimas do trânsito foram pedestres, ciclistas ou motociclistas. O estudo revela ainda que, na última década, há queda na mortalidade de pedestres e violento aumento na mortalidade de motociclistas envolvidos em acidentes de trânsito. No Brasil, o Governo Federal lançou o programa Vida no Trânsito, implantado inicialmente em algumas capitais, com a intenção de reduzir as mortes e lesões graves no trânsito, através de ações e campanhas preventivas. Cinco capitais brasileiras foram escolhidas para receber

o “Vida no Trânsito” e um estudo quantitativo foi realizado para analisar o comportamento de seus motoristas antes de iniciar as campanhas e ações. As cidades de Belo Horizonte, MG, Campo Grande, MS, Curitiba, PR Palmas, TO e Teresina, Pi estão sendo monitoradas em um período de dez anos (2011 à 2020) e já obtiveram alguns avanços e até reduções na violência provocada pelo trânsito. O projeto “Vida no Trânsito” é uma ação global monitorada pela Organização Mundial de Saúde - OMS, entre outras instituições.

O que dizem os números?

As mortes em acidentes de Trânsito no Brasil, em levantamento do Ministério da Saúde tendo como base a década de 98 à 2008, registrou um total de 38.273 mortes nos diversos tipos de acidentes de trânsito em todo país. Esse número pode ser considerado muito elevado, superior até ao número de mortes em muitos dos

conflitos armados com duração semelhante. Esse dado colocou o Brasil em 10º lugar entre os 100 países analisados no relatório do estudo divulgado em 24 de fevereiro de 2011. Um fator importante foi que neste período o número de mortes em acidentes envolvendo pedestres caiu drasticamente, mas no restante das categorias, teve aumento. Para que se tenha uma idéia, os acidentes com mortes envolvendo automóveis quase duplicou nesta década. Mas a tragédia mesmo ficou por conta dos acidentes com motos. O aumento foi de 754% de acidentes com mortes na década analisada.

Santa Catarina

O mapa da violência no trânsito revela um aumento na mortalidade no estado de Santa Catarina, entre os anos de 2000 a 2010. Em 2000 foram registradas 1.496 mortes em acidentes de trânsito no estado. Em 2010, 1.847 mortes. Uma variação de 23,5% em 10 anos.

Balneário Camboriú e Itajaí tem indices procupantes Estudos mais recentes mostram dados preocupantes sobre a situação local. Itajaí, teve um índice por acidentes com mortes a cada 100 mil habitantes de 41,1, no ano de 2010. Foram registrados 4.602 acidentes de trânsito na cidade, com média de 12,6 acidentes por dia. Acidentes com mortes, apenas 12. A vizinha Balneário Camboriú ficou com índice de 39,8

acidentes com mortes a cada 100 mil habitantes, no mesmo ano.

Campeões de ocorrências

Em 2011, Balneário Camboriú registrou 14.774 ocorrências de trânsito que geraram notificação ao infrator, segundo dados divulgados pelo Departamento de Trânsito da Secretaria

de Segurança do Município. A campeã de ocorrências foi "Dirigir falando no telefone móvel", com 2.722 anotações, seguida por “estacionar em local e horário proibido”, com 1.853, “avançar o sinal vermelho no semáforo”, com 580 registros, e “deixar de dar preferência ao pedestre em faixa de segurança”, com 374 ocorrências.

Cidadania ou desrespeito?

Fomos dar um passeio em Balneário Camboriú a procura de registros mostrando o comportamento dos motoristas. Não foi preciso mais do que 5 minutos na Avenida Brasil, uma das princais vias da cidade, para observar veículos estacionados de maneira irregular.


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Quarta-feira, 31 de outubro

GERAL Em 1 hora circulando pela Avenida Brasil e Centro, constatamos mais de 40 veículos estacionados em locais proibidos ou com restrições para estacionamento. Só na Av. Alvim Bahuer, identificamos 3 veículos estacionados em locais restritos à pessoas com deficiência física. Nenhum destes veículos p ossuia identificação especial, nem mesmo um adesivo indicando ser o condutor ou passageiro é portador de nessidades especiais. Alguns motoristas simplesmente estacionam para descarregar carga.

Estacionamento exclusivo para deficientes físicos e pessoas idosas não são respeitados

Outra situação corriqueira são veículos estacionados em cima das calçadas obrigando o pedestre a desviar usando a rua. Encontramos mais de 20 casos como este ilustrado na foto, nas principais vias do centro de Balneário Camboriú.

Os principais fatores de causas de acidentes no trânstito em 90% dos casos são a imprudência, a negligência ou a imperícia. Um bom exemplo de imprudência é transitar na via com velocidade superior à indicada na sinalização, ou dirigir com celular colado no ouvido.

Educação

Motorista estaciona em cima da calçada obrigando o pedestre a desviar pela rua

Estacionar em local proibido foi o campeão de infrações encontradas pela reportagem do Brasos. Mais de 30 veículos estacionados em frente à placa de sinalização indicando “Proibido Estacionar”.

Precisa dizer mais?

Ficamos parados em frente a um cruzamento próximo da avenida Brasil e Av. Alvim Bauer, por 10 minutos. Tempo suficiente para registrar motoristas desrespeitado a caixa amarela bem sinalizada no chão da via, que tem como principal finalidade evitar o congestionamento em cruzamentos. Em alguns momentos motoristas mais conscientes paravam fora da caixa amarela, sem bloquear o cruzamento. Mas em 50% dos casos a situação foi mesmo de desrespeito à sinalização.

O campeão A cena fotografada mostra o motorista campeão de infrações flagrado pelo Bravos. Dirigindo falando ao celular, parado em cima da faixa de pedestres e em parte da caixa amarela.

Comportamento do Motorista Todos os estudos e ações promovidas no mundo, ou no Brasil, buscando soluções para a diminuição dos acidentes de trânsito e acidentes com óbito, tem como principal foco as ações preventicas e educacionais. Parece claro que o principal inimigo a ser combatido é o comportamento do motorista. O mapa da vilência no trânsito trás uma

Cidadãos mais conscientes, reduzem os riscos de acidentes

informação importante e reveladora. Países mais desenvolvidos e com renda per capta maior, também apresentam menores índices de mortalidade por acidente de veículo a cada 100 mil habitantes. Países mais pobres, menos desenvolvidos e com baixa renda per capta são os campeões em acidentes com mortes.

A comunicação é uma arma poderosa na batalha cotidiana pela queda dos números de acidentes, e serve como instrumento de educação e conscientização. Campanhas de mobilização pelo uso de cinto de segurança, das práticas positivas na direção, da não utilização de bebidas alcoólicas ao dirigir, do uso da faixa de pedestres, entre outras, são comprovadamente eficientes. É crescente a preocupação com o ensino dos princípios básicos do trânsito desde a infância e ele pode acontecer no espaço escolar, com aulas específicas, ou também nos ambientes especialmente desenvolvidos para o público infantil nos departamentos de trânsito. Com a chegada do Código Brasileiro de Trânsito (CBT), em

1998, os condutores imprudentes passaram a freqüentar aulas de reciclagem, com o propósito de reeducação.

Transporte em massa

A redução do volume de automóveis nas grandes áreas urbanas tem sido uma alternativa eficiente em países desenvolvidos para driblar os problemas causados pelo trânsito pesado. Em Londres, na Inglaterra, que dispõe de uma poderosa malha de trens, metrôs e ônibus, devidamente integrados, o governo instituiu, em setembro de 2003, pedágios nas vias de acesso ao centro. A prefeitura de Paris, capital francesa, simplesmente deixou de investir em estacionamentos e em trânsito nas vias centrais. Quem quiser ir de carro para o centro sofre as conseqüências de enfrentar engarrafamentos e procurar vagas por horas a fio. Àqueles cidadãos que preferem o sistema público de transporte, estão garantidas rapidez, segurança e universalidade. Das grandes cidades brasileiras, Curitiba é hoje a que mais se aproxima dos modelos internacionais bem-sucedidos.

Para realizar esta matéria o Bravos criou uma página no Facebook “Cidadania no Trânsito”. Os leitores foram convidados a responder a algumas perguntas. Veja o resultado de duas perguntas: Se você fosse fazer uma autoavaliação de sua cidadania como condutor de veículo Procuro respeitar todas as leis de trânsito – 45% das respostas Até respeito a maioria das leis, mas alguma não – 30% das respostas Vivemos uma questão cultural, a grande maioria perdeu o respeito – 25% Você costuma usar o celular quando está dirigindo? As vezes – 45% das respostas Nunca – 40% das respostas Sempre – 15% das respostas Obs. A página continuará ativa Facebook mesmo depois da publicação desta matéria.

Curiosidade Você sabia que quanto maior for a velocidade do veículo, menor terá que ser o tempo de reação. O tempo de reação considerado normal é de 0,7 segundos Numa velocidade de 50 km/h, o veículo precisará de 10 metros para parar. O tempo de reação retardado, é de 2 segundos. Numa velocidade de 50 Km/h, o veículo precisará de 28 metros para parar. Conversar com passageiros, atender ou mecher no celular, entre outros, retarda a reação do condutor ao volante.


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