As Feiteiceiras de East End

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Comichão 

F

reya Beauchamp girou o champanhe na taça para que as bolhas espocassem uma a uma nos lábios até não sobrar mais nenhu-

ma. Este deveria ser o dia mais feliz de sua vida — ou, pelo menos, um dos mais felizes — mas tudo que ela sentia era agitação.

Isso era um problema, pois sempre que Freya se sentia ansiosa, as

coisas aconteciam: de repente, um garçom tropeçou no tapete Aubusson e lambuzou a frente do vestido de Constance Bigelow com

as entradinhas; ou os incessantes e normalmente lúgubres latidos e uivos dos cães abafando o quarteto de violinos; ou o Bordeaux de cem anos desenterrado da adega da família Gardiner com gosto de vinho ordinário: ácido e barato.

— O que foi que aconteceu? — a irmã mais velha, Ingrid, quis

saber, segurando o cotovelo de Freya. Com a postura rígida da escola

de modelos e roupas elegantes impecáveis, Ingrid não soltava a língua com facilidade, mas parecia mais nervosa que o habitual naquela noite, arrumando uma mecha de cabelo que tinha escapado do coque apertado. Tomou um gole da taça de vinho e fez uma careta.

— Este vinho foi totalmente amaldiçoado por uma bruxa.

— Não fui eu! Juro! — Freya protestou. Era verdade, mais ou

menos verdade. Ela não conseguia evitar que sua magia vertesse aci17

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