Pesquisa científica sobre a paisagista Rosa Grena Kliass e o parque da juventude

Desenhando Sensações – Projeto Paisagístico – 1º bimestre 2022/1

Scarme, Pedro; Estudante; Centro Universitário Belas Artes de São Paulo pedro.scarme@gmail.com

Resumo: O principal interesse dessa pesquisa é instruir o leitor, de forma reflexiva, a importância da intervenção paisagística; Sua relação com o entorno e diálogo com a cidade; Criação de espaços recreativos e instagramáveis. O artigo também faz menção a uma das figuras mais representativas na área paisagística, Rosa Kliass e seu projeto, Parque da Juventude. Desenvolvendo sobre sua linguagem projetual e as exemplificando em algumas de suas obras referenciais.

Palavras-chave: Intervenção paisagística, Rosa Kliass, Obras referenciais.

Abstract: The main interest of this research is to instruct the reader, in a reflective way, the importance of landscape intervention; Its relationship with the surroundings and dialogue with the city; Creation of recreational and instagrammable spaces. The article also makes mention of one of the most representative figures in the landscape area, Rosa Kliass and her project, Parque da Juventude. Developing on her projectual language and exemplifying them in some of her referential Works.

Keywords: Landscape intervention, Rosa Kliass, Referential works.

Introdução De acordo com a revista eletrônica, Paisagismo em Foco, disponível em seu artigo, História do Paisagismo. Conclui-se que o Paisagismo no Brasil era pouco valorizado na década de 80. Época em que a arquitetura brutalista foi muito aplicada por arquitetos como João Villanova Artigas, Paulo Mendes e Fábio Penteado. Na visão de Rosa Kliass. A harmonia entre uma construção sóbria e um projeto paisagístico bem estruturado, respeitando a vegetação remanescente. Pode existir.

A obra, Parque da Juventude, da autora em questão. É um exemplo dessa possibilidade de contato.

A história de Rosa Grena Kliass ‘A Arquitetura e Urbanismo na minha vida é um mistério’ Desabafa Rosa.

No último ano da sua graduação, pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da

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Universidade de São Paulo (FAU-USP), Em 1955. Houve um encontro inesperado, com um professor paisagista, em um dos momentos mais oportunos de sua formação, que viria a ser uma das carreiras mais exemplares no âmbito da arquitetura paisagística.

O contato com Roberto Coelho Cardoso, americano e professor de paisagismo. Marcou o fim da época conturbada de decisão entre Arquitetura e Física, em seus exames de vestibular, e início ao novo caminho ainda não plantado e colorido de sua carreira, afirma Rosa em entrevista ao CAU/BR. Sua experiência empírica, com Roberto, resume a importância do porquê Rosa tem a linguagem de liberdade em seus projetos. Pesquisa divulgada por, Criando Paisagens, O Professor Paisagista, tem um projeto exemplar de como lidar com situações em que há conflito entre áreas privadas e públicas. Nesse processo ele cria um corredor de cobertura verde, desviando do caminho principal, e no meio desse extenso corredor, as árvores deixam de ser o principal foco e tornando possível a vista de um lago em um dos lugares mais estratégicos. Causando impacto positivo na sensação de quem lá transmuta.

Miranda Magnoli, parceira de graduação e posteriormente de trabalho, agregou muito nas experiências sobre pesquisa da paisagem. Em sinergia com Rosa, decidiu seguir os passos de seu professor e ingressar no universo paisagístico.

Conhecida como a dama do paisagismo brasileiro; Representando uma carreira reconhecida internacionalmente; Conquistando prêmios; Homenageada em diversas associações; Administrando grandes empresas e envolvida com instituições que destacam e valorizam a profissão do paisagista, como a Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas, da qual foi fundadora em 1976. Rosa Grena Kliass, ainda carrega o fardo de ser a pioneira do Paisagismo no Brasil e primeira mulher a receber o Colar de Ouro do IAB. Nascida na cidade de São Roque, SP, Título de muito orgulho, em 1932. A Paisagista considera sua infância o estopim de tudo e ainda desafia as questões que na década de XX ainda estavam mal resolvidas, como não só a inclusão do protagonismo feminino, mas também o reconhecimento de que o Paisagismo é importante na Arquitetura e Urbanismo.

No ano de 1958, após sua formatura, a data comemorativa íntima na vida de Rosa, foi a oportunidade de poder projetar, O Largo dos Mendes, em sua cidade 2

natal. A Partir da década de1960, momento em que Rosa começou a traçar os grandes projetos, em Curitiba (PR) e São Paulo (SP). Foi onde sua carreira começou a se consolidar.

Síndrome de deus Rosa Kliass afirma que o Arquiteto Paisagista tem síndrome de deus, que na verdade é o espaço onde cria elementos vivos e independentes. Que ao decorrer dessa intervenção vai influenciar na vida de todas as pessoas que têm acesso aos parques, bosques, orlas, entre outros lugares de recreação. Pensar na distribuição da vegetação, qual a proporção e porte que aquele plantio vai alcançar e desenho característico de cada espécie com a influência do solo e clima. São questões que nem os Arquitetos Paisagistas conseguem prever com muita precisão e assim formando a ideia da frase em representação divina.

Linguagem projetual Uma das Precursora da defesa da preservação do meio ambiente no Brasil.

Em um contexto inicial Rosa e sua parceira Miranda, pela falta de demanda na área de paisagismo, usaram de subterfúgio, o uso de jardins externos e internos para começar a ganhar visibilidade.

A Paisagista ganha força na ideologia em que a vegetação rasteira e cobertura verde são muito bem ornadas.

Sua linguagem projetual contraria qualquer projeto e justificativa que ouse desmatar ou não valorizar a vegetação existente. O desenho sempre tem que instigar uma sensação de liberdade para com a população que transmute pela área ou que aproveite para lazer.

Projeto do Forte/ Macapá Conhecido como, O lugar bonito, entre os macapaenses. Segundo Rosa Kliass, em um estudo de caso. Foi um processo projetual onde houve maior cautela por ser uma área protegida pelo IFAM. 3

Rosa sabia que tinha uma responsabilidade exorbitante em desenhar o paisagismo de um espaço histórico, onde tinha a Fortaleza de São José, última Fortaleza construída pelos portugueses.

Nessa intervenção, por ser uma área de proteção, teve uma grande quantidade de restrição. Predominou-se a vegetação rasteira e desenho de piso porque não podia plantar árvores de grande porte. A planta baixa do projeto, ficou marcada pela sua forte personalidade característica simétrica em formato de estrela japonesa, Shuriken.

A Paisagista com toda sua experiência e cuidado, conseguiu prever um espaço que podia ser construído com um pouco mais de ousadia sem comprometer na vista. Então a partir dessa percepção, assume Rosa que veio a ideia de fazer uma área de recreação infantil com o tema, Água, para ornar com o Rio Amazonas.

Projeto Mangal das Garças O Projeto Mangal das Garças, teve início após a autorização do arsenal em liberar a área para o Estado. Onde segundo a entrevista com Rosa Kliass, disponínel no canal, Arquitetura e Urbanismo para Todos. Paulo Chaves a convidou para intervir no projeto paisagístico ao seu lado. O convite foi feito em virtude da parceria e confiança há anos de obras em Belém.

Rosa em sua visita técnica ao local, notou a presença de uma espécie chamada, ANINGA. Apesar de ser muito comum nas áreas litorâneas, não é muito preservada.

O Projeto contava com um muro de contensão próximo ao mar, interrompendo a maré e por fim fazendo um restaurante beiro rio. Esse interesse foi uma verdadeira escória para Rosa, que foi contra qualquer intervenção prejudicial à essa espécie.

Referiu-se Paulo Chaves, que em primeira instância, a ideia de Rosa causou insegurança por excluir a ideia do muro de arrimo, deixando que o rio entrasse.

Esse projeto reforça a tese em que Rosa Kliass é uma arquiteta paisagista sustentável. Um exemplo que pensa a respeito da natureza existente e como funciona o diálogo entre Construção e Paisagem.

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Parque da juventude (OBRA ESCOLHIDA) O Parque da Juventude, localizado na Zona Norte do município de São Paulo, Bairro de Santana, próximo a estação Carandiru. Inaugurado em 2003, conta com uma área de 240 mil m². Como o próprio nome já tem uma conotação muito clara, uma grande área pensada em fluir como um parque.

O Espaço recreativo, antes usado como complexo penitenciário, que foi por 46 anos o maior da América Latina, mudou totalmente o visual paisagístico da Zona Norte. Atualmente é um complexo cultural, recreativo e esportivo.

A principal protagonista dessa revitalização foi Rosa Kliass, que atuou de modo a trazer uma nova impressão sobre o parque. Contando com biblioteca, escola técnica (ETEC), área esportiva, lugares de lazer, pista de esportes radicais e uma extrema intervenção paisagística, que apesar de ser relacionada com ruínas de celas e muralhas preservadas, dialogam muito bem com a natureza.

Afalo e Gasperini. Grupo de arquitetos vencedores do concurso de projetos para transformação do Complexo Carandiru, palco de diversas tragédias. Como diz o escritório de arquitetura, a proposta visava remodelar os dois edifícios existentes, ligados por um parque com momento distinto.

De acordo com Rosa, em sua entrevista ao canal de Arquitetura e Urbanismo para Todos. A ideia era construir um parque memorial de uma prisão.

O que incomodou muito a Paisagista, que em sua visão o parque era sinônimo de liberdade e exploração de sentimentos.

Em uma das inúmeras reuniões concedidas pela associação do parque, A dama do Paisagismo brasileiro, sugeriu, sem muita abertura as críticas, que as quadras poliesportivas fossem sem os alambrados, para que em nenhum momento remetesse a ideia de prisão. Em debate, rebateram e questionaram a ideia com base nas normas. A única proteção feita foi nos limites para a segurança dos transeuntes.

Rosa em uma de suas declarações, quando foi com sua equipe fazer a visita ao local do que seria demolido. Tinham brotado árvores, Tipuanas, como um bosque em sua totalidade. Esse foi o fator determinante para não demolir a construção pré-existente, onde foi transformado em escola técnica e a Biblioteca de São Paulo. Caso ocorresse a demolição, essa espécie seria desmatada.

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O que causou impacto em Rosa foi justamente essas árvores todas juntas como um bosque. Normalmente essas Tipuanas estão em conjunto com outras espécies, a partir desse conflito vegetativo, Rosa mais uma vez prova ser uma Paisagista sustentável.

Figura 1: Croqui feito por Rosa no anteprojeto.

Fonte: http://br.pinterest.com , 2018

Figura 2: Perspectiva por José Luiz Brenna

Fonte: http://vitruvius.com.br, 2007

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Figura 3: Ponte de madeira no meio do mato

Fonte: http://jornalzonasul.com.br, 2013

Paisagismo x depressão e ansiedade A Ciência comprova que o contato com a natureza, a relação com todos os elementos naturais, é um catalisador genuíno com a paz interior. Em termos leigos, quando estamos em posição de estresse, o contato com a paisagem ajuda. Conforme estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS), a terapia do jardim, promove o equilíbrio e pode atenuar a ansiedade, o estresse e a tristeza repentina que são questões muito pertinentes em fases de transição.

“Quando a natureza está presente no ambiente, em trabalhos e escritórios, por exemplo, a produtividade, a qualidade de vida e a atividade são melhores. Isso faz com que a própria natureza sirva como uma ótima ferramenta de cura. É importante estabelecer uma conexão do nosso ambiente de trabalho com o ambiente natural, que potencializam nossos sentimentos positivos, como a alegria, tranquilidade e afeição, ao contrário dos ambientes fechados. A sensação de bem-estar faz com que nosso cérebro produza neurotransmissores que serão positivos com a nossa saúde”. (SAULO RIBEIRO, 2020)

Em um contexto em que o isolamento social está integrado a realidade, a importância de inserção do paisagismo é indispensável. Dados afirmam que a pandemia do Covid-19 alavanca casos de ansiedade e depressão. Conforme

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visto em aula, pesquisas mostram a queda no índice de depressão após a intervenção paisagística.

Outra forma de lidar com a depressão e ansiedade é a relação com a música. Em transportes públicos, como um dos exemplos que mais se enquadra, é que quase não se vê pessoas sem fones de ouvido. A razão por trás dessa pesquisa significa pouco mais que curiosidade e conhecimento. Com base em evidências científicas, a liberação da dopamina, substância química que melhora o humor. Quando em contato com a música é quase instantânea. Isso ocorre não só com a música propriamente dita mas com o volume e as batidas apropriando das frequências cardíacas.

Considerações Finais Em virtude dos dados pesquisados, a conclusão não pode ser outra se não afirmar que a Paisagista, Rosa Kliass, ainda em atuação e apresentando projetos, é uma das maiores referências no quesito Paisagismo. Sua linguagem projetual tem um caráter ímpar com noções e conhecimento amplo. Sempre busca priorizar a sustentabilidade e preservação com um desenho que signifique liberdade, a simetria sempre está presente de alguma forma em seus projetos.

Sua carreira vem de uma forte coincidência para se tornar a verdadeira dama do Paisagismo, em sua vida Rosa sempre foi uma pessoa simples, que nasceu em São Roque, depois de Cotia, o fato de ter pessoas de influência positiva ao longo de sua trajetória, não deixou nunca nenhuma dúvida de que estava no caminho certo.

O Projeto Parque da Juventude, em sua enorme escala, existe um gradiente do autônomo e do dependente, como diz Rosa. Por ser um grande parque, a independência cresce junto com a gama de variedades arbórea.

A Arquitetura preexistente é considerada o foco, uma base, para o jardim. Tem que haver uma conversa entre os dois planos.

O efeito que a paisagem tem influência sob o humor está alinhada com a qualidade de melhora que a música proporciona. É extremamente importante o contato com a natureza.

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28 de outubro de 2020. Disponível em: Paisagismo como aliado contra ansiedade e depressão » Jornal Casa da Gente NEVES, Thainá. Rosa Kliass: Biografia e Obras. 05 de fevereiro de 2021.

Disponível em: Rosa Kliass – Biografia e obras - Live (apto.vc) Arquitetura e urbanismo para todos. Entrevista Rosa Kliass. 2014. Disponível em: Entrevista Rosa Kliass - Parte 1 - Bing video / Entrevista Rosa Kliass - Parte 2 - Bing video / Entrevista Rosa Kliass - Parte 3 - Bing video LEAL, Sheilla. Conheça o Parque da Juventude. 04 de fevereiro de 2022.

Disponível em: Conheça o Parque da Juventude - Projeto São Paulo City (spcity.com.br) Afalo e Gasperini arquitetos. Parque da Juventude. Disponível em: Parque da Juventude | aflalo/gasperini arquitetos (aflalogasperini.com.br) Clínica da Gávea. A importância da musicoterapia. Disponível em: A importância da musicoterapia (clinicadagavea.com.br)

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