PUNK HARDCOREprejudiceFANZINE NO BORDERSNOWALLS oppression Discrimination repression hate issue 1 BG ,










Para além disto tudo, também as contribuições do Ricardo Dias aka Congas (For The Glory), o Rafa (M.E.D.O/ Anymal Racional) com grandes textos e ainda umas reviews a uns discos à escolha do Igor Marques.
No Borders No Walls surge como o nome para a zine muito pela forma como encaro a vida e também como sinto o Hardcore. Cada vez mais a nossa sociedade caminha por tri lhos sinuosos onde as palavras, indiferença, egoísmo, egocentrismo, preconceito e ódio reinam, palavras estas que não entram no vo cabulário da nossa cultura, então achei que o nome NBNW mostraria logo ao que a zine vém. O Hardcore também é estar em alerta, um movimento que foi levantado contra as regras do sistema, contra a exclusão social, opressão, que aponta o dedo às injustiças e aos podres da nossa sociedade, onde a música é o veículo para a mensagem da nossa cultura.
Não há fronteiras nem muros dentro da nossa cena (não o deveria haver em qualquer parte do mundo), o sentimento chave é partilha, inclusão, liberdade e é isso que eu quero que a zine transmita a quem a ler!
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Este texto é para deixar alguns pensamentos e falar um pouco sobre a No Borders No Walls. A fanzine aparece durante este período de pandemia que atravessamos onde muita coisa foi posta em causa, muito do que dávamos como adquirido passou a ser incerto e muita da nossa liberdade acabou por ser "acorrentada". Como consequência destas cenas todas, acabamos (infelizmente para muitos) por nos ver fechados em casa e com tempo em excesso por gerir, então foi uma forma de o aproveitar para fazer algo produtivo e positvo.
A toda esta malta o meu muito obrigado por aceitarem participar na zine.
Nesta primeira edição da zine temos entrevistas a algumas das bandas do nosso underground, umas mais recentes e outras já bem vincadas na cena. Para além disso, e fazendo jus ao nome da zine, está a entrevista a Escuela de Odio banda de Espanha já com muita bagagem, são 25 anos de HC. A entrevista com o Alex vocalista de Last Hope da Bulgária, um dos impulsionadores da cena por lá, integrante de uma das bandas mais marcantes dos Balcãs e com imensas tours com muita malta da cena HC mundial, está power! O Hardcore é mais do que música e para provar isso temos uma grande associação de apoio à luta contra o cancro no país vizinho que tem o Hardcore/Punk e Metal como pedra basilar para todo o trabalho desenvolvido.
Acabei por me apaixonar pela cultura Hardcore como muitos de nós e este sentimento de pertença sempre me fez querer dar/contribuir/retribuir para o movimento HC então decidi faze-lo também através desta fanzine. NOBORDERSNOWALLSHCFZINE@GMAIL.COM
NBNW TALKS



"KEEP YOUR HEART AND MIND STRONG GIVE LOVE! LIVE LIFE! CARRY THE TORCH! IT WILL NEVER GET EASIER" - DEVIL IN ME FOTO - POST_PEIONE



Quando ouvi falar em PMA, tal como qualquer outra pessoa que desconheça o termo, a minha primeira reacção foi ‘o que é o PMA?’. Confesso que na altura desconhecia por completo a existência de uma banda chamada BAD BRAINS e, como tal, era tudo bastante novo para mim. Era um puto ingénuo, cheio de vontade em descobrir o punk/hardcore mas na altura o que conhecia eram os tugas X-ACTO, NEW WINDS e 31 e de fora de portas apenas BIOHAZARD, MADBALL, SUICIDAL TENDENCIES e pouco mais. Na realidade, um facto curioso é que conheci BAD BRAINS através de um mano amigo meu que era do reggae, o Ricardo ‘Rasta’. Tal vez porque BAD BRAINS seja muito mais que apenas uma banda, é acima de tudo um culto (no bom sentido da palavra) e um marco na história underground a nível mundial. Daquelas bandas que só surgem 1 vez na vida; os BAD BRAINS surgiram e permaneceram até à banda de hardcore iniciada hoje. A junção do punk, hardcore, reggae, dub, etc, nos seus discos fez com que alcançassem o mundo até porque a sua men sagem era… PMA! E isso era motivador para uma cena de contra-cultura que na realidade estava mais preocupada em passar alguns ensinamentos aos mais novos do que a ter exposição e fama a nível global. Se os BAD BRAINS surgissem hoje muito dificilmente teriam impacto porque precisariam de boa imagem, bons followers nas redes sociais e dependiam de visualizações nos seus vídeos e acredito que mesmo nos dias de hoje se estariam bem a cagar p’ra isso! Mas naquela altura não havia nada disso. Não havia internet, nada de redes sociais, a informação passava de k7 em k7 e de boca em boca. E das zines… ai, as zines! Nostálgico. Parece que foi há 3 séculos.
O PMA para mim é aquela máxima do ‘energias positivas atraem resultados positivos’ e ‘energias negativas…’, já se sabe. Às vezes dou comigo a pensar ‘isto vai correr mal’ e eventualmente caba por correr porque na realidade estou a atrair a parte negativa dos re sultados. Mas quando me recordo do impacto do PMA penso ‘isto não vai correr mal porque não quero’ e as coisas têm tendência em correr bem. Digamos de passagem que o ‘correr mal’ é relativo porque por vezes sentimos necessidade de ver o que não correu como pensámos e muitas dessas vezes é 10% negativo, ao pé de tudo o resto que correu bem. Como se rematássemos 10 x’s à baliza, mar cássemos ‘apenas’ 9 golos e disséssemos que o jogo correu mal porque falhamos um remate. Irónico, não é? Mas acontece. Bastante.
O PMA são os 9 remates que acertaste porque quando pontapeaste a bola pensaste ‘esta não falha’.
pma &
Na cena punk/hardcore underground (e não só!) fala-se muito de termos como PMA e DIY. Mas afinal o que é o PMA e o DIY? Para muitos o PMA nasceu com os BAD BRAINS e para quem pesquisar no wikipedia o PMA re mota a 1937 ao livro ‘Think and grow rich’ da autoria de Napoleon Hill que definiu o PMA (Positive Mental Attitude) como uma filosofia baseada em que encarar cada situação de forma optimista vai atrair energias positivas e melhores resultados. Para mim o PMA nasceu de pessoas como o Rafael Madeira e o David Rosado que foram os primeiros a citar-me essa expressão que até então desconhecia. Estávamos em 1999 a iniciar um percurso musical que dura até aos dias de hoje; na altura com Pointing Finger (o nascimento do straight edge em Faro) e actualmente cada um com os seus projectos.
rafaelD.I.Y.r.talks



Entretanto descobri também o DIY. O que é o DIY?
O DIY é o DO IT YOURSELF. É o ‘faz tu mesmo’ porque não dependes de mais ninguém (que esta expressão não seja mal interpre tada porque na realidade acho que todos dependem de todos e o egocentrismo só traz resultados contrários aos pretendidos).
‘Podes ter as roupas certas, podes ter os discos certos, mas se não for do coração… então não é hardcore.’ [ X-ACTO ]
Era o promoveres-te boca a boca sem teres de ‘insistir’ para que a malta aparecesse. A malta aparecia. A malta queria fazer parte da cultura e da mudança. E todos faziam parte: putos, malta mais velha, brancos, pretos, azuis, laranjas, homens, mulheres, gays, sem diferenciação. Porquê? Porque eram esses os valores que o hardcore nos ensinava (e continua a ensinar) e todos tinham orgu lho em fazer parte disso. Todos juntos… uma só voz!
Hoje em dia temos live streamings na internet, na altura o live streaming era in your face num concerto. Querias ver uma banda? Ias ao gig e pagavas para entrar. Hoje em dia isto é estranho… pagar para entrar?! Como assim??? Mas tipo… quando eu era o tal puto ingénuo de X na mão a entrar no circuito hardcore pela batuta dos Pointing Fin ger, dei comigo a ter de gravar, produzir, promover e expandir a minha música e mensagem através de meios inexis tentes. Seriam assim tão inexistentes?! Hoje em dia temos as redes sociais, na altura tínhamos as zines. E sabem que mais? Aprendíamos muito mais informação fidedigna (FUCK FAKE NEWS!) e muito mais interesse em descobrir. Hoje em dia temos softwares para fazer cartazes e flyers, na altura eram recortes de jornais ou feitos à mão literal mente. Hoje fazes um post pago na internet para promover, na altura o post era nas paredes a fugir da bófia. Balde com água, cola em pó, uma trincha e o máximo de cartazes que fossem possíveis de distribuir. A pé! Hoje em dia é fazer upload da nossa música nos diversos distribuidores online (poucos minutos para um disco), na altura era cópia da k7 (muitas vezes as ‘demos’ das bandas eram ensaios, nada de estúdios ‘profissionais’) que passava de mão em mão. O que era um PA? Um monitor? O que era um pro tools ou uma masterização?! Gravava-se onde fosse possível, copiava-se para os amigos e aí tinhas as tuas visualizações, audições e likes. Tenham em conta que vivemos na era digital em que ripar de um formato para outro demora poucos segundos. Na altura era tudo analógico. Um disco de 60m levava no mínimo 60m para copiar (caso não ocorresse nenhum problema durante o processo de gravação). Isto era o DIY. Era o fazeres tu mesmo. Era teres uma sala de ensaios paga à hora para 20 bandas, em que era sempre complicado fazer um horário que desse para todos. Era o marcares um concerto na tua escola com palcos feitos a partir de mesas coladas com fita cola e o sistema de som era… inexistente! Um amp para a voz e tens aí o teu PA!
O DIY (do it yourself) aliado ao PMA (positive mental attitude) era a combinação perfeita : faz tu mesmo com uma atitude mental positiva. E assim era a nossa rotina. O ódio e a discriminação ficavam na ‘sala do lado’ para aqueles que não se identificavam con nosco ou com a dita ‘cena’. Paz e saúde a todos… and always PMA!
Mas tipo… quando eu era o tal puto ingénuo de X na mão a entrar no circuito hardcore pela batuta dos Pointing Finger, dei comigo a ter de gravar, produzir, promover e expandir a minha música e mensagem através de meios inexistentes. Seriam assim tão inexis tentes?! Hoje em dia temos as redes sociais, na altura tínhamos as zines. E sabem que mais? Aprendíamos muito mais informação fidedigna (FUCK FAKE NEWS!) e muito mais interesse em descobrir.


albert fish
Decidiram regravar o vosso primeiro lançamento “Strongly Recommended” ao qual chamaram de “Stron gly Not Recommended”. Que motivos vos levaram a avançar com a regravação?
Rattus – Foi em jeito de celebração, a maioridade do disco e os 25 redondos anos da banda. Sentimos que alguns temas mereciam uma nova roupagem e acabou por ser um estímulo para nós fazer estes arranjos e sentir estes temas com a voz da Inês.
Rattus – Momentos marcantes houve vários, que foram por assim dizer também pontos de viragem para a banda, como o longínquo primeiro concerto na Jukebox em 1995, o primeiro álbum depois de ripar tanta demo-tape na aparelhagem, as várias tours realiza das com especial destaque para a do Brasil, cada disco lançado, cada amigo feito na estrada. Não sentimos que tenha havido algum mais importante que outro, mais especial talvez, mas a história é feita de todos os momentos. Estamos prontos para mais 25 anos, como diz o grande Jorge Palma: enquanto houver estrada para an dar, a gente vai continuar.
Rattus – É fixe sentir que o Strongly Recommended é um disco especial para tantas pessoas, um clássico do punk-rock para muita gente. Deixa-nos muito orgulhosos, muitas vezes sendo o nosso próprio trabalho é mais difícil de nos apercebermos do impacto que teve. Acho curioso que o Strongly continue para muita gente a ser “o álbum” de Albert Fish. A ideia de incluir o original sempre esteve lá, aliás nasceu daí a ideia da regravação como bónus, acabando a regravação por se tornar o prato principal por assim dizer. Mas dado que o disco original já está há muito esgotado, foi uma forma de o tornar novamente disponível.
Como é que foi ver este produto final quase 20 anos depois em comparação com a edição original? E porquê de também a incluirem no disco?
PUNKZONE
O ano de 2020 marca 25 anos de Albert Fish, uma das bandas referência do nosso Punk e do underground na cional. Quando olham para este percurso, quais os momentos mais marcantes para a banda? E estão prontos para outros tantos?




Rattus – Relativamente ao álbum, o que podemos adiantar é que irá manter o ADN de Albert Fish, tal vez com algumas letras em português, o que para nós vai ser uma novidade pois os nossos originais sempre foram em inglês.
Passados cerca de 3 anos da entrada de 2 elementos (Inês e Alex) na formação de Albert Fish, enquanto gru po sentem-se mais coesos e com as ideias mais alinhadas para continuar a trilhar novos caminhos?
Algum pormenor que queiram/possam adiantar?
Rattus – O Alex entretanto acabou por sair o ano passado, depois de 3 anos em que dei xou o seu contributo, aliás com uma marca forte no Strongly Not Recommended. Ficou a amizade de muitos anos e o nosso agradeci mento por tudo o que fez pelos Albert Fish, que não foi pouco. Voltou o Daniel, também amigo de muitos anos e já com longa história na banda pois fez parte dela durante muitos anos e gravou connosco o álbum News From The Front, para além de outros EP’s. A ban da encontra-se num momento muito coeso sem dúvida, onde estamos todos em sintonia e com vontade de fazer muitas coisas novas.
Falando em novos caminhos, fizeram uma pré-produção para um novo album. Emque fase está esse trabalho e para quando o disco nas ruas?
Rattus - Estivemos focados na divulgação do Strongly Not Recommen ded, a fazer os vídeos, etc, mas também já a estruturar novas ideias a juntar aos temas que temos na gaveta. Temos temas novos suficientes para um disco novo, mas não estamos na melhor altura para lançar discos novos, com tudo fechado e sem possibilidade de o promovermos ao vivo. Até porque a nossa ideia é voltar também a tocar lá fora. Como tal provavelmente iremos lançar primeiro um EP com um conceito es pecial, enquanto as coisas não estabilizam.





AF é composto por pessoas com calo na cena Punk/HC nacional com passagem por diversas bandas em dife rentes contextos temporais. Acham que o movimento nos dias de hoje está a proliferar? Se não, o que, no vosso entender, poderia trazer malta nova para a cena? Rattus – A pergunta é um pouco ambígua, pois penso que não continuam a faltar salas para tocar, (alguns) concertos cheios, vontade, ban das… a questão do espírito ser o mesmo é que já será outra coisa. Espaços alternativos ao mainstream ou associados à cultura Libertária já escasseiam, bandas com uma postura DIY e com consciência politico-social também já não proliferam. Nesse aspecto seguramente a cena no Porto está mais forte que Lisboa. Mesmo outras cidades como Faro, Coimbra ou Castelo Branco têm um underground mais saudável. Sei que é uma conversa um pouco chata, mas faz falta um maior compromisso com a cena Underground, um espirito mais à antiga, e não simplesmente ir beber um copo e ver um concerto punk, como se de um concerto de covers se tratasse, e depois voltar pra casa e ficar tudo por ali. Ahhh! E fazem falta mais fanzines com bons textos! Only print is real! Alguma banda da nova vaga que queiram fazer referência ou últi mos pensamentos? Rattus – Boas bandas vão surgindo um pouco por todo o lado. Desde o hardcore dos MEDO do Algarve, ao funaná punk dos Scúru Fitchádu de Almada, até ao streetpunk dos tripeiros Grito! Obrigado pela oportunidade da entrevista, estamos todos fartos desta merda do Covid, mas vamos ultrapassar isto juntos e em breve estaremos todos a celebrar. FCK CVD! Obrigado por terem aceite participar na fanzine, continuem em força e que possamos curtir as vossas malhas ao vivo o mais breve possivél.
FOTOS CEDIDAS PELA BANDA






"I will walk through hell with a focused mind and with both my fists I will bring the light to my life" - PUSH! FOTO CEDIDA PELA BANDA



Em 1985 morava na Amadora e estudava no liceu da Amadora, onde existia muita malta do Metal pelo qual comecei a ouvir aquela onda Spe ed/ Thrash Metal através de tape trading. Uma vez chegou-me ás mãos um VHS com o concerto dos D.R.I. - live at the Ritz, aí a minha vida mu dou para sempre. Comecei a ir a concertos Punk no Rock Rendez Vous em Lisboa, frequentar a feira da ladra, trocar discos, tapes com malta do Punk e aí comecei a apanhar já aquele som de bandas que mencionei em cima através das letras, do som e da imagem, comecei a perceber o que era o Punk e o Hardcore, que para mim é um estilo de vida do qual eu pretendo sempre seguir. HC é muito mais que som, é união, respeito, mas acima de tudo, pensares por ti mesmo, questionares as coisas, não seres mais um cordeirinho nesta sociedade.
hardcorebelieve
A Believe Hardcore é uma distro totalmente DIY. O que te levou a criar BHCD? Quais foram os primeiros passos/ideias? Sempre tentei ser activo na cena HC, já em 1998/2000 organizava concertos/ excursões a concertos e tinha tido a Crossover distro, onde tinha em catálogo as demos de Renewal , Sannyasin, T shirts, zines. Umas das coisas que o HC me ensinoufoi o DIY, faz tu mesmo. Fundei a Believe Hardcore distro em Abril de 2018, pois estava com vontade de fazer algo pelacena e depois de uma conversa com o meu amigo Miguel Sarzedas, decidi fazer a distro.
Antes de falarmos sobre a Believe Hardcore, conta-nos um pouco sobre quem estápor trás da label...Sobre a tua história pessoal, hobbies, bandas inspiradoras/mar cantes, etc...
Como foste apanhado pela cena punk/hardcore? O que representa o Hardcore para ti? hobbies, bandas inspira doras/marcantes, etc...
Viva, sou o Humberto, tenho 49 anos, sou de Santa Cruz, Torres Vedras, tenho dois filhos e sou eu sozinho que giro a Believe Hardcore distro. As bandas que mais me marcaram e comecei a seguir neste tipo de som foram os Bad Brains, No For an Answer, Minor Threat, Agnostic Front, SSD, Teen Idles, Warzone, mas a banda de eleição para mim são os D.R.I.




Devido á pandemia, todos os concertos que tinha planeado, tive que adiar. A distro este ano vai-se concentrar mais em lançar mais projetos em vários formatos. Acabei de lançar juntamente com a Backwash a tape ao vivo dos Kontrattack, juntamente com mais 6 selos brasileiros vamos lançar Mordaça no Brasil, estou a ajudar a distribuir o cd dos brasileiros Grinding Reaction na Europa, pretendo lançar mais merch da Believe Hardcore, espero ajudar a distribuir mais zines nacionais e lançar pelo menos mais 2/3 bandas nacionais em CD com o selo da Believe Hardcore. A Believe Hardcore deu um suporte relevante à Sea Shepherd PT (ONG), com o trabalho de “benefit”, atra vés do 1º lançamento da distro. Olhaste para esta conjugação como uma motivação extra para o lançamento do disco (compilação)? O objetivo foi alcançado?
Sentes que é possível ajudar e, sobretudo, fazer a diferença com este tipo de ações solidárias? Claro que sim. O HC é isto mesmo, ajudar, partilhar, tem que ter este papel solidário e todos nós podemos fazer a diferença. Este ano decidi, que parte das vendas , vai ser doado a várias instituições de cariz solidário, assim, ao adquirires algo na distro, não estás só a ajudar a cena HC como a ajudares e a fazeres a diferença. Que planos a curto prazo tens em mente para a BHCD?
Obrigadão por teres aceite participar na zine e continua com o excelente trabalho que estás a fazer com a Believe Hardcore. Obrigado eu pelo apoio e continua a lançar zines, pois fazem muita falta na cena HC, é um veículo de informação essencial. APOIEM
Conheci a Sea Shepherd quando saiu o Split X-Acto/ Ignite e desde então tento seguir o trabalho deles. Com o aparecimento da Sea Se pherd Portugal e com a ajuda da Rita Ramos que na altura era coordenadora da S.S.PT, decidi que era altura de fazer algo. O que tinha planeado era um concerto benefit, mas devido á pandemia, não foi possível realizar, como tal, contactei bandas nacionais que se identifi cassem com o assunto e lancei esta compilação benefit em CD. O objetivo foi mais que alcançado, as t shirts esgotaram e o valor angaria do já foi entregue á Sea Shepherd Portugal. Entretanto, decidiste que ao longo de 2021 irás doar parte das receitas da distro a 12 associações.
A CENA UNDERGOROUND !!! PMA ! ! ! FOTOS RETIRADAS DO INSTAGRAM DA BHCD





CRAB MONSTERS
Crab Monsters é uma banda recente (3 anos). Como é que surgiu a ideia de formar o grupo? Foi uma iniciativa conjunta? Granada (Vocalista) - Não, na verdade a ideia partiu do Tiago Dias, guitarrista da banda, que me abordou a perguntar se eu queria fazer uma banda com ele em que, incondicionalmente, o Christophe tinha de ser o baterista. Aceitei de imediato o desafio, porque o Tiago está no meu TOP 5 de melhores guitarristas do mundo e como é um gajo do melhor que há, mesmo como irmão, foi fácil dizer siga.
Nesses 5 minutos de chamada telefónica ficou óbvio que não havia outro baixista possível a não ser o Batista, não só pelo tipo de som que queríamos, mas também porque o homem co nhece bem as estradas do país e com ele vamos dar a todo o lado (risos). Sem dúvida que era e é a pessoa certa para o cargo! Difícil era conven cer o Christophe (baterista). Mas fiz o telefonema e aceitou de imediato, mesmo não tendo bateria na altura. Mas esse problema está resolvido. Já tinha tido a minha primeira banda com ele e co nhecia bem o animal! Actualmente contamos com dois bateristas. O Christophe e o Jordi, também baterista dos Vai -te Foder e dos Capela Mortuária, entre outros projectos em que vai participando. Na altura não estava a ser fácil dar uma res posta definitiva a várias propostas de concertos que surgiram, devido à profissão do Christophe, e houve a necessidade de, em alguns concertos, contarmos com a participação do Jordi que acei tou o desafio de imediato. Nem o conhecíamos, a não ser de uns videos do youtube! Obrigado ao amigo Duarte Zé de Arco de Baúlhe, que já me tinha falado do gajo. Um concerto passou a três ou quatro e não tivemos, felizmente, alternativa a não ser convidá-lo a ser oficialmente um Crab Monster. Não só por ser um enorme baterista e pela disponibilidade do homem, mas também por ser um elemento que acrescenta power à banda. E também é 5 es trelas enquanto indivíduo. Portanto, temos 2 bateristas potentíssimos e contamos um dia dar uns concertos com os 2 em simultâneo. Quem sabe, um dia. Vai ser bom!




O Tiago Dias, guitarrista, vive em Pousafoles do Bispo, uma linda terra que ninguém conhece e que é governada pelo homem que estiver mais perto da taberna. Distrito da Guarda, concelho do Sabugal. Eu e o Batista vivemos ambos em Castelo Branco. Mas que fique bem claro que o Batista é nascido e criado no Sabugal. Não quero arriscar a minha vida. Também é conhecido por ter sido um exímio jogador do Sporting Clube do Sabugal. Está no memorial, juntamente com o Tiago Dias, como jogadores com mais expulsões da história do clube.
Certo. O Jordi é de Braga, o Christophe vive em Lisboa, apesar de ser Suíço, com residência em Castelo Branco (risos). Tem dupla nacionalida de e tem a sorte de ser albicastrense e de ter passado a sua adolescência em Castelo Branco.
Quanto à questão dos ensaios, composições e gravações, nem sempre é fácil marcar os dias para ensaiar. É muito raro ensaiarmos com o Jordi, por exemplo, devido à distância. Ainda para mais com a puta da pandemia que não dá tréguas à malta. Vamos fazendo o que dá, mas sempre a 300 à hora. Somos uma banda que ensaia relativamente pouco, embora tenhamos alguma facilidade em compor as músicas. Normalmente é o Tiago que traz alguns riffs para os ensaios e vamos compondo a partir daí. Esses riffs, também são enviados com antecedência, por ele, ao resto da banda e ficamos com uma ideia do que vem aí. Por exemplo, ajuda-me imenso com as letras e durante o ensaio e facilita na composição. O Batista, também é autor de algumas músicas. Em fase de composição, nunca fazemos menos de 2 ou 3 malhas por ensaio. Quando temos músicas suficientes, fazemos mais 2 ou 3 ensaios para rever e consolidar as músicas e aí vêm as gravações.
Tenho ideia que vocês não estão a residir na mesma zona, estou certo? Se assim é, como ultrapassam esta questão em termos de ensaios, composição, gravações, etc?
Claro que também há algum trabalho de casa, mas pouco. Ou seja, é necessária alguma eficácia, mas nem sempre as coisas correm como dese jaríamos. Ainda por cima somos uma banda que adora copos, o que nos faz perder imenso tempo durante os ensaios. Mas faz parte e é preciso!
Quanto às gravações, é consoante a disponibilidade de cada um, se bem que devido às medidas e à situação do covid, as coisas se tenham atra sado um pouco, mas estão a caminhar.




Recentemente saiu uma edição limitada em Vinyl do High on Guts, como decidiram avan çaram com este exemplar em Vinyl? O que acharam do produto final?
Desde a qualidade do material, do artwork do qual o Diogo da Pé de Ladrão é responsável, excelente profissional, tem sido impecável trabalhar com ele, e claro está, à qualidade do rock and roll a 300 à hora produzido e maste rizado pelo nosso Tiago Dias. Ficámos muito contentes com o resultado. Além dessa edição limitada, há ainda uma edição mais limitada, resultante da parceria com a Hellxis Records, que pode ser adquirida através do site da loja Clockwork Store, de vinil colori do. Está brutal! Cheguem-se à frente! Precisamos de pagar o próximo álbum! Bem, a proposta surgiu a convite dos responsáveis pela editora Voraus Records, Daniel Alves e Nuno Guerra e isso deixou-nos muito satisfeitos. Não só porque já os conhecíamos e por sermos amigos, o que facilitou bastante, mas também porque ser uma boa oportunidade que aceitámos de bom grado. Nunca tínhamos lançado nada em formato vinil e ficámos muito satisfeitos com o resultado final. Produto de qualidade!



Sim, ultimamente têm havido imensos concertos na região, incluíndo vários em Castelo Branco. Não agora, claro. Felizmente temos espaços incríveis e esperemos que não acabem. Considero que tem havido um esforço natural por parte de elementos ligados à cena musical da cida de e não só e, que têm vindo a desenvolver bastante as oportunidades das coisas se fazerem, sem fugir à natureza do espírito underground ou DIY. Por exemplo, Castelo Branco tem dezenas de bandas, consideremos de garagem ou não, mas com características muito diferentes umas das outras. Há, acima de tudo, muita qualidade e boa onda entre todos, o que facilita as coisas acontecerem.
Temos o André Almeida, vocalista da banda Pussy Lickers, com a sua Chaos Factory que tem proporciona do bons eventos de punk rock à malta, o Miguel Newton vocalista dos Mata-Ratos, que vive actualmente na aldeia da Fatela e tem organizado com grande categoria a Fatela Sónica, entre outros projectos discográficos que tem desenvolvido, o bar Livre Cor e toda a malta responsável pela produção dos concertos, um espaço incrível gerido por pessoal dinâmico e multifacetado, que nos facilita imenso as coisas, o grande bar do Re lógio, um espaço a ter em conta dentro da cena metal mundial, entre outros.
Se formos falar de bandas activas e rapidamente vou mencionar algumas como, além de CRAB MONSTERS; WAKADELICS, QUEERS OF ROCK AND ROLL, PUSSY LICKERS, THE HALFZEI MERS, DEAD MEAT, LVI, MAD MOJO GROOVE, ARTCASE, THIRDSPHERE, CALIGARI, GARY YAMAMOTO & SACI PERERÊ, estes últimos que apesar de serem do Sabugal, estão muitas vezes connosco, entre outras que agora não me estou a recordar e peço desculpa. Ou seja, aqui existe quase um circuito por si só. Mas sim, é inegável que a Beira Interior está um pouco deslocada do circuito hardcore nacional, por exemplo.
Sendo que a banda tem raízes na região Beirã, um pouco deslocada do “circuito”, acham que isso possa dificultar, ou vocês próprios criam essas “oportunidades”, com concertos ou fests na região?





Vai ser dentro da mesma linha do High on Guts?
Não digo dentro da mesma linha, mas vai no seguimento do primeiro. Talvez ligeiramente mais pesado, embora mantendo as ideias da banda e a sonoridade característica. Há que ter em conta que no primeiro álbum o Jordi ainda não pertencia aos Crab Monsters e, naturalmente, isso é mais um contributo importante para definir o nosso som, ainda que este álbum, tenha sido intei ramente gravado pelo Christophe (bateria)!
A masterização estará a cargo de Carlos Rocha, também baterista dos Devil in Me, que aceitou o desafio e está a fazer um excelente trabalho! Se tudo correr pelo melhor, estará por aí nos inícios do verão! Ideal para prevenir o distanciamento social na praia.
No fundo é um crossover que vai desde o rock and roll ao punk, hardcore, thrash e metal. É uma mistura de tudo, mesmo que ao primeiro ouvido não o pareça. O importante é no fim de ouvirmos o disco, sentirmos: esta merda é Crab Monters!
Ainda assim, temos feito um esforço para divulgar a nossa música e muito o devemos também à Hellxis Agency e ao Emanuel a quem agradecemos desde já as oportunida des que nos tem dado dentro do panorama nacional e, por ser um tipo íntegro, coisa rara estes dias. Sem este apoio seria muito mais difícil para nós. Seja como for, aca bamos também por ser uma banda que vai construíndo o seu caminho sem termos de necessariamente depender de quem seja.
No fundo é um crossover que vai desde o rock and roll ao punk, hardcore, thrash e metal. É uma mistura de tudo, mesmo que ao primeiro ouvido não o pareça. O importante é no fim de ouvirmos o disco, sentir mos: esta merda é Crab Monters!
Acaba por ser um pouco aquela história do fazer das fraquezas, forças para continuar. Revelaram um dos temas Uncomplicated Man, do vosso próximodisco, Pisswizard. Em que ponto está o trabalho? Têm ideia dequando o vão conseguir pôr a circular? Sim, lançámos recentemente a malha Uncomplicated Man, que fará parte do novo álbum “PISSWIZARD” e a coisa está a andar! Não ao ritmo que pretendíamos devido à situação, mas nunca parados! O disco está feito e é só levar ao forno! Este álbum contará com a par ticipação de algumas caras e vozes bem conhecidas do panorama Punk/Hardcore nacional e estamos entusiasmados para ouvir o resultado final! As baterias estão feitas, as guitarras estão-se a vestir e o resto vai num instante.
A pandemia deixou tudo em stand-by em termos de shows, têm a data com Granka po e M.O.D. Qual é a expectativa em relação a este concerto? Não digo dentro da mesma linha, mas vai no seguimento do primeiro. Talvez ligeiramente mais pesado, embora mantendo as ideias da banda e a sonoridade característica. Há que ter em conta que no primeiro álbum o Jordi ainda não pertencia aos Crab Monsters e, naturalmente, isso é mais um contributo importante para definir o nosso som, ainda que este álbum, tenha sido inteiramente gravado pelo Christophe (bateria)!





Se precisarem de remodelar a casa, ou de alguém para vos passear o cão, não contem connosco, mas sempre que haja um palco para patinhar, apitai para cá! Não se esqueçam dos puros, porque para patifes, já bastamos nós! Um abraço para todos os leitores!
Para fechar, se quiserem dizer mais alguma cena força. Obrigadão pela vossa disponibilidade em contribuir para a zine, desejo que continuem a malhar forte e que nos consigamos encontrar o mais breve possível num show vosso.
Talvez esse nos tenha aberto algumas portas para termos chegado até aqui e é isso que continuaremos a fazer. A arrombar portas por aí fora e a levar a nossa música às pessoas. É por nós e por quem curte a banda que cá andamos. Mal não fazemos, mas para fazer bem ao mun do, já há muitos!
Muito obrigado à No Borders No Walls zine pela entrevista, em especial ao Pedro Nevado, por esta oportunidade! Valeu!!! Que toda esta situação do vírus se resolva o mais rápido e melhor possível, para voltarmos a estar juntos. Sentimos a falta de 40 finos a deslizar pelas goelas e de 300 toneladas de decibéis a rebentar-nos os tímpanos!
Se não for abusar muito, podemos nomear dois? Isto por considerarmos que ambos foram importantes para o nosso, ainda curto percurso.
O segundo foi em Lisboa no Popular Alvalade, com os amigos BAD!, das Caldas da Rainha e com Slapshot, mítica banda de Boston. Esse concerto marcou-nos mais, talvez porque já estávamos um pouco fora da nossa zona de conforto, mas não pareceu nada, porque demos um concerto do caraças para segundo ou terceiro da banda.
FOTOS CEDIDAS PELA BANDA
O primeiro, foi o primeiro, dia 25 de Janeiro de 2019. Consideramos o primeiro concerto importante, não só por ter sido no Relógio bar emCastelo Branco, um espaço ideal para qualquer banda dar o primeiro de muitos concertos, mas por estar repleto de gente a assistir, maioritariamente malta amiga a apoiar o arranque dos Crab Monsters. Tocámos o set 2 vezes e foi um concerto memorável que nos deu mais do quemotivos suficientes para percebermos que estávamos no caminho certo! Conseguem nomear um show que vos tenha marcado mais, que tenha dado aquela pica extra?




WALL BREAKER Os Wall Breaker são um um potencial tesouro escondido no hardcore da East Coast e que não estão a re ceber o amor que merecem. São baseados em New Jersey, mas a banda acaba por ser um algomerado de malta daquela zona da Costa Leste, com membros de Baltimore e de Washington DC. O CV musical também é já considerável, sendo “só “ mais uma banda onde estão gajos que andaram pelos incontornáveis Coke Bust. Sick Fix, WarxGames ou Snake Bite são outras bandas anteriores dos actuais elementos de Wall Bre São uma banda política, first and foremost. Foram criados na ressaca da vitória do Trump, em 2016, e o nome é uma evidente referência a isso mesmo. A linha, não sendo “radical” (acho que nem para os padrões estado-unidenses), é legit qb. Boas dicas para o Trump e para os Trumpistas, Q-Anon incluído. Tendo em conta a “neutralidade” que muita malta tenta impôr ao género, não está nada mau. O único LP da banda intitula-se “Democracy Dies” e acho que isso diz tudo. de Wall Breaker. São straight edge mas não são sXe. O som é mais parecido com bandas da To Live a Lie Records ou da mítica Slap A Ham do que da Revelation ou da Equal Vision. Aliás, não por acaso, a base de fãs está mais namalta do fastcore/powerviolence do que, propriamente, do East Coast Hardcore mais tradicional
IGOR E OS
Para começar a participação nesta zine, pareceu-me apropriado que a primeira banda sobre que falar fossem uns gajos que tivessem um nome que se adequa à zine.
CENASUNDERDOGSSEMOAMORDEVIDO
O som não tem muito a dizer, quem conhecer SSD, Waste Management, Slapshot, Life’s Blood ou Lack Of Interest já sabe o que esperar dali. A discografia é uma demo de 2017 (aparentemente, com temas já escritos antes da criação da banda), lançada pela Bleeding Edges (Pure Disgust, The Flex ou Black SS também andaram por lá), um LP de 2018, o “Democracy Dies”, lançado em CD pela Absolute Contempt e em vinil pela alemã Refuse Records. Já em 2020, um EP de 3 faixas, “Resurrect”, self-released mas com a promessa de nova edição, no futuro. Uma banda a ter em conta para quem quiser umas chapadarias à antiga, um dia destes, ao vivo.
THE OLD BREED Ouvir The Old Breed é fazer uma viagem no tempo e no espaço. É ir até aos EUA da década de 1930, em plena Grande Depressão, e a uma fábrica barulhenta ou a um bar cheio de operários com scally caps a beber pints de cerveja e shots de whiskey. São de Toledo, no Ohio, conhecida como “Glass City”, devido à histórica indústria vidreira naquela cidade. Para além disso, é também uma cidade portuária e uma cidade com uma história rica em lutas laborais. IMAGENS - BANDCAMP







Este lançamento foi self-released. No meio disso aparecem ainda numa excelente compilação (Oi! The Tape) lançada pela Crowd Control Media, juntamente com bandas que viriam a tornar-se refe rências actuais do Oi! dos EUA (The Hardnocks, Seaside Rebels ou Bad Assets). Em 2020 lançaram duas faixas que, segundo os próprios, fariam parte de um split que acabou por não sair. Uma banda que vale a pena ouvir enquanto se trabalha, para não nos sentirmos sozinhos no mundo opressivo do trabalho assalariado. Ao vivo devem ser uma grande festa, mas dificilmente virão àEuropa (ou pelo menos a este cantinho).
O som é o que se espera de uma banda operária: punk rock de bar e de fábrica, com nervo e guitarras rasgadas, melodia qb e um midtempo que não cansa. É um Oi! clássico da escola dos EUA, talvez sem a abordagem hardcore que costumamos ouvir nas bandas da carecada de lá. As letras também não surpreendem ninguém. Working class life nos EUA do século 21, o dia a dia como working poor no Rust Belt, homenagens às grandes lutas operárias dos anos 30, álcool e amizade. Diria que é o tema lírico genérico do “street rock n’ roll”, mas a tónica na sua condição de classe e as referências históricas às duras lutas laborais (coisa pouco comum no punk, mesmo no Oi! mais operário e consciente) de um tempo em que havia sindicatos e esquerda nos EUA, adicionam um tempero especial.
São de Toledo, no Ohio, conhecida como “Glass City”, devido à histórica indústria vidreira naquela cidade. Para além disso, é também uma cidade portuária e uma cidade com uma história rica em lutas laborais. Uma espécie de cruzamento entre Setúbal e Marinha Grande. Fala mos, portanto, de uma banda saída das entranhas do Rust Belt (se não sabem o que é, google it), com tudo o que isso tem. Não há muito a dizer sobre o background da banda. Aparentemente, os seus elementos, apesar de veteranos na pequena cena HC/punk local, tiveram uma ou outra banda antes, nada que te nha deixado grandes registos. Não há muito a dizer sobre o background da banda. Aparentemente, os seus elementos, ape sar de veteranos na pequena cena HC/punk local, tiveram uma ou outra banda antes, nada que tenha deixado grandes registos. Juntaram-se em meados da década passada e começaram a abrir o seu caminho pelo underground do punk do Midwest. Pelo caminho, largaram uma ou duas faixas online e em suporte físico, antes do lançamento do primeiro álbum em 2016. De lá para cá (ou até 2020, digamos), continuam a ser uma banda mais de palcos do que de estúdio, fazendo inúmeros we
A discografia resume-se a dois LP’s. O “Legend By Monday Morning”, de 2016, lançado pela CrowdControl Media (editora indispensável para quem quiser conhecer Oi! contemporâneo dos EUA). Umdisco ainda “artesanal”, com uma produção um pouco abaixo do que devia estar, mas com temasque, com outro alcance mediático, seriam quase hinos. Em 2018 lançam o Working Class Life, umdisco bastante sólido e até mais agressivo.
IMAGENS - FACEBOOK BANDA





IMAGENS - FACEBOOK BANDA
Quando se fala em hardcore britânico, há 3 correntes que saltam logo para cima da mesa. O original (Discharge, Heresy, The Exploited etc), a cena beatdown dos 2000’s (as bandas da LBU e da Rucktion Records, que todos conhecemos) e a NWOBHC, encabeçada por Arms Race, The Flex, Big Cheese e etc. Mas tende-se a esquecer o que aconteceu nos anos 90. Certamente que Stampin’ Ground é um nome que ring some bells em malta mais velha e, se quisermos, ainda podemos juntar Raging Speedhorn ao saco de grandes nomes do hardcore da ilha. Mas...nunca se fala em Voorhees e, para mim, esta é A banda de hardcore inglês dos anos Voorhees90.aparece em 1990 em Durham, uma cidade pouco relevante do nordeste inglês, de onde não saiu banda nenhuma com nome. O background do grupo não tem muito de re levante, apenas um par de bandas locais que, possivelmente, nem gravaram nada. Mas os elementos eram uma espécie à parte na cena hardcore britânica que estava a nascer. Voorhees, para quem não sabe ou não se lembra, é o apelido do Jason dos filmes “Sexta Feira 13”. E, logo por aqui, já se percebe que não estamos perante uma banda qualquer de hardcore. Uma banda com este nome é serious business. As impressões que começara a deixar na cena, desde o início, eram de alguma estupefacção. Aparecem logo com dois EP’s bem pesados, o Everybody’s Good at Something…(1991) e o Violent…(1993). E é com este último, e juntando às suas performances ao vivo, que o culto nasce. Numa época em que os breakdowns estavam a ganhar espaço na estrutura musical do hardcore, em que a política (ou, pelo menos, a intervenção) começa também a ganhar algum peso na cena, com os Earth Crisis ou os Strife a liderarem a nova vaga, dos confins de Inglaterra aparecem uns gajos a replicar o que se fazia em Boston uns anos antes (SSD e Negative FX são influências óbvias) e com um imaginário horror-movie. As letras mais pareciam de uns Autopsy ou de uns Macabre do que de uma banda de hardcore. O culto dos Voorhees era um pouco polémico, justamente pela diferença, quase oposição, em relação ao que estava na moda, na época. Quando, em 1994, lançam o clássico Spilling Blood Without Reason, já o caldo estava en tornado. Nos anos seguintes (até 98), fazem várias tours na Europa e nos EUA, lançando apenas um EP (What You See is What You Get) e um split com Stalingrad. Eram uma banda para duros e para misfits, que se identificavam com os Negative Approach ou os Cold As Life quando o que estava a bater eram os Madball ou os H2O.
Voorhees é uma daquelas bandas que adoraria ver ao vivo e que, bem enquadrados, dariam um show me morável em Portugal, mesmo para quem pouco conhecer desta icónica, mas quase esquecida, banda britânica.
VOORHEES CENAS SEM O AMOR DEVIDO
Até 2001 (ano em que decidem separar-se), lançam vários registos. Pessoalmente, destaco um EP de 1998, o Fireproof. 5 temas de vio lência e rebaldaria, com o ponto alto logo na segunda faixa, cujo título diz muito sobre a banda e o contexto em que estava: More Violence in Hardcore. Como disse, em 2001, depois de lançarem o último LP, Crystal Lakes Legacy, a banda “acabou” mas tem-se reunido pontual mente, para concertos. Em 2004 saiu ainda um split com Radio Alice, com um line-up feito propositadamente para esse lançamento.





FOTO RETIRADA FACEBOOK DA BANDA
"I see their faces every time looking down in disbelief its’s every time when someone else would rise up from the gutter but I know one thing for sure my loyalty is tested living by this code, the code of ethics, the only way I know" - Last Hope



Pirri - Sim, como tu bem dizes, de Astúrias para o mundo. Passa o tempo, olhas para trás e já passaram 28 anos. Acredito que o segredo para man ter uma banda durante este tempo é a paixão pela música, a confiança em defender ideias, o companheirismo que há entre nós, entre toda a equipa, não só os músicos, mas todas as pessoas que trabalham e são próximas aEscuela de Ódio, que sentimos como uma grande família. Sobre continuar mos a ter uma mensagem para transmitir, digo-te que enquanto existirem injustiças no mundo teremos essa mensagem. Uma mensagem que se mantém tão atual como há 28 anos, senão mais.
escuela de odio
Das Asturias para o mundo vocês já contam 28 anos. Uma longevidade assinalavel, muitas bandas não o conseguem. Qual o segredo para estarem ativosestes anos todos? Sentem que ainda têm mensagem para transmitir?
Sabi - Quando começámos isto, fazíamos os próprios slogans e proclamaçõesde bandas americanas "Hardcore is a way of life" "Hardcore is a lifestyle" eoutros...Naqueles momentos, com a ilusão e a energia da juventude abraçávamos aquelas proclamações sem estar muito conscientes do que realmentesignificavam...Trinta anos depois, continuamos abraçar essas proclamações, masnão mais como uma promessa ou um juramento pois já é a constatação do que temsido a nossa vida durante quase três quartos desta a juntar ao que ainda temos pelafrente.Anossa vida gira em torno do hardcore, da banda e continuar no ativo é em umapalavra, viver! É como se me perguntasses, qual é o segredo para seguir vivo todos estes anos? Pois é simples, não quero morrer. É um instinto de sobrevivência.
Quase que poderia fazer a pergunta ao contrário, algum dos problemas de há 30anos que denunciamos, desapareceu? Ou foi resolvido!? Nós acreditamos que não,pelo contrário, todos esses problemas continuam aí, e alguns, com a passagem dotempo enraizaram-se mais ou até se complicaram mais... Temas como o racismo,a rendição da classe trabalhadora, acreditamos que estão mais fortes agora do quenos anos 90, costumamos dizer #laluchacontinúa e assim é infelizmente...





Pirri - Em todos estes anos fizemos várias tours, visitamos várias vezes a América Latina, fizemos tours pela Europa e pelo nosso país, visitamos quase todas as cidades e os principais festivais. Mas é verdade que é especial visitar a América Latina pela conexão única que temos entre a banda e o públi co. Vivem a música de uma forma muito intensa e muito louca e isso faz com que os concertos sejam muito especiais. É sempre um grande prazer e esperamos em breve voltar lá, bem, quando tudo isto acontecer.
Ao longo deste anos já realizaram bastantes tours e passaram por outros continentes (América Latina). Como foi atuar para este pessoal que transmite uma vibração única e intensa?
Sabi - O espírito lá é o mesmo que aqui, o que muda é como levam a vida em geral, são pessoas que vivem com mais paixão, quem sabe, talvez pelas coisas que lhes tocaram desde a infância, não sei, mas vivem os concertos como se fosse o último... O que aconteceu foi simplesmente brutal!! Estamos acostu mados a stagedives, windmills, mosh, wall of death etc, mas ver toda uma au diência entregue gritando cada sílaba de cada letra de cada canção desde o início até o final do concerto... Simplesmente é algo que se têm de viver! A verdade é que já temos vontade de lá voltar...






Pirri - Todos os concertos foram gloriosos, tanto os que fizemos no Chilecomo na Colômbia e no México. Quando gravamos o DVD era a segundavez que visitávamos o Chile e queríamos fazer uma tour mais profunda, conhecer diferentes cidades, uma passagem mais longa de norte a sul. A ideiasurgiu porque o Marki guitarrista da banda há alguns anos vive no Chile egraças aos contactos e bons amigos que ali temos decidiu-se fazer a gravação. Nós divertimo-nos muito nesse concerto, aquilo caiu para baixo e ficougravado nas câmaras.
Sabi - Em geral, todos os nossos shows no México, Colômbia e Chile são super intensos, a ligação com o público é brutal bem como a forma como nos acolhem, mas, há algo no Chile, em Santiago...As nossas duas datas foram memoráveis, o nosso primeiro concerto no Chile foi em setembro de 2014 e deixou-nos cho cados! Durante toda a viagem de volta vínhamos a pensar que era uma pena não ter gravado, assim ficou claro que nosso amigo Ramón (beatfilms) nos ia acompanhar para preparar várias gravações com os nossos irmãos do Chile e assim foi.
O Marki na época vivia em Santiago do Chile e conhecia as promotoras, também as pessoas que estavam ligadas à organização do concerto e foi assim que nos propuseram fazer a gravação. No final de contas foi editado e pode ver-se o espírito dessa cidade e dos povos vinculados à cena hardcore e punk de Santiago. Dizer-te também que a Arena recoleta, o local onde gravamos o concerto, é um ponto de encontro da cena hardcore, não só no Chile senão em toda a América Latina. Foi um grande prazer.
Terá sido dos concertos mais intensos e memoráveis para vocês? Porque decidiram gravar este show?
Aliás, vocês gravaram em DVD/CD o concerto no Chile (Chile Arde!, 2016) que é de uma atmosfera brutal.







Os vosso discos/temas que a banda aborda, são na maioria sobre questões politicais, sociais, humanitárias. Quaisos vosso motivos para abordar estes temas? Estas são as fundações para as vossas musicas?
Pirri - Todos os discos de Escola de Ódio estão carregados de conteúdo social e político. Temos que perceber que a EDO nasceu noano 93 em Astúrias e nesses primeiros ensaios Astúrias era um barril de pólvora. Havia a luta dos trabalhadores pelo encerramentode empresas, encerramento da mineração, do sector naval, uma repressão policial brutal e tudo isso marcou a identidade da banda.Sentimos a música como algo mais. Temos que estar lá, sabemos a nossa posição. A classe trabalhadora é o nosso lugar.Não podemos cantar canções que falam de flores porque não nos sai. Nosso entorno é ter esse fogo dentro que nós que incendeia quando tocamos ao vivo. E esta raiva contra as injustiças é refletida em nossas canções. Também temos outras letras pessoais, mas o conceito que temos como banda é transmitir esta mensagem político-social desde o pri meiro momento. O nome da banda diz tudo.
Sabi - Os temas que tratamos alimentam-se da música que tocamos e ao contrário, cres cemos a ouvir bandas de hardcore, punk e metal que tinham conteúdo político nas suas letras e, simplesmente, para nós não há ou tra forma de fazê-lo. Não entendemos esta música, esta banda, esta cena sem luta, sem protesto, sem denúncia! Eu não vou criticar ninguém por não tomar este caminho que nós assumimos, mas en tendo que há que abordar uma mensagem e con teúdo nas letras. Não podemos olhar para o outro lado e fazer uma canção de amor (por exemplo), para isso estão outros artistas. Pode que a nossa mensagem se repita de forma irracional e que não cale, mas é o que como banda podemos fa zer e no que podemos colaborar. Não cabe outra forma para nós!
É assim que vêem o Hardcore, como um movimento que pode contri buir muito contra a repressão, opressão e ódio? Pirri - Sim claro, todos na banda encaramos desta forma o Hardcore. É um movimento que nasceu vio lando as regras, as regras estabelecidas pelo sistema e contribui muito para a luta contra a repressão, opressão, contra o ódio e toda a merda que nos ro deia. É um movimento e uma cultura que faz parte de nossas vidas. Fora a opressão, fora o fascismo. O movimento é uma arma contra tudo o que é podre, que nos transmite o sistema, contra o capital contra as regras impostas pelo poder. Em tudo isto está também o hardcore. Não é apenas disfrutar da músi ca, mas também estar em alerta.
Sabi - Um pouco como tinha dito na pergunta anterior, assim deveria ser, mas infelizmente nem sempre é assim e mesmo dentro do Hardcore há muitas bandas que atacam ou cri ticam os que têm conteúdo político nas letras. São bandas que respeitamos, embora não compartilhem a nossa mensagem, pois têm também uma mensagem de sobrevivência que não é incompatível com a nossa, embora eles não se apercebam disso!





Pirriouvir!-Muito obrigado por todo o teu apoio e por nos abrires uma porta no nosso querido país vizinho, espero que vos possamos visitar em breve!!!!!!!
FOTOS CEDIDAS PELA BANDA
Nague - A verdade é algo que cada um tem que criar. Tu não podes ouvir sempre na mesma direção, aliás pode sempre haver mais de uma verdade ou é isso que nos querem fazer pensar. A única coisa que sabemos com certeza é no que acreditamos, no mais profundo dos nossos cora ções. Aí está a nossa verdade, e isto é o que quisemos refletir neste disco e com este título "E nada mais que aSabiverdade".-Éuma frase usada em Espanha nos julgamen tos, quando uma testemunha ou acusado vai para um julgamento o juiz lhe pergunta: "Jura dizer a verdade, toda a verdade e nada mais que a verdade?". A frase completa é muito longa daí que o título comece com pontos suspensivos, já toda a gente sabe o que vem antes! Como vão as gravações? Estão prestes a terminar?
Entretanto, estão a trabalhar num novo disco "E nada mais que a verdade". Porquê este título para o álbum?
Nague - Já está terminado. Tem sido uma longa viagem desde que começamos a gravar a demo em Breakdown Studios, o novo estúdio de Nefta, até que terminamos de gravar o disco nos Ovni Estúdios pela mão do Dani Sevillano e Pablo Martinez. A pandemia fez com que nos reinventássemos para compor os temas. Tive mos que usar ferramentas digitais para gravar cada um em sua casa e passar o material de uns para os outros. Tem sido um trabalho duro mas valeu a pena e estamos ansiosos por mos trar o Muitoresultado.obrigado por participarem na fanzine. Que venha daí o novo disco de Escuela de Odio, que estou com muita vontade de o





Foi quando descobri que havia uma cena de pequena por lá. Tudo aquilo era novidade para mim, e também para aquela malta. Havia a Guida, as Gémeas, o Eskilo, o Anarka, o Mauro e também o Martins (penso que era Martins). O Martins foi meu penpal, trocámos imensas cartas e tapes e cenas. Perdi contacto... Aliás perdi contacto com muita gente dessa altura. A Duda também tem família lá da zona, então chegámos a ir para lá e ter com pessoal. Tenho imagens muito difusas sobre isso. A cena da Guarda era punk fodida, tinha um gajo que tinha um casaco cheio da pregos, tinhas punks de crista... aliás, o último concerto de x-Acto foi na cidade da Guarda. Em 1997 ou 1998 fui nunca viagem com o Rattus a Castelo Branco ver um festival de hard-core punk. Foi nesse dia que conheci o Luis Branco dos Day Of The Dead / Onion Basement. Esse foi o meu primeiro contacto com a realidade Albicastrense.Nesse fim de semana conheci o Chico, o Veiga, o Sérgio, a Ritinha, etc etc.. e criou-se uma ligação. Havia ali qualquer coisa de mágico, seria a calma que transparecia naquelas gentes, seria a minha ingenuidade de estar apenas a 200km de casa e achar que estava no outro lado do Mundo. Para mim era mágico, que fora de Lisboa houvesse gente a sentir o mesmo que eu. Eles mais ligados à cena das bikes, ouviam Snapcase, Earth Crisis, Strife.. wtf!
A minha família do lado materno é Beirã, espalhada entre a Serra da Estrela e a cidade mais alta do país - Guarda.
Estudei aí até aos 17 anos, foi ali que despertei para muitas coisas que ainda hoje trago comigo. Momentos e memórias, algumas que quero apagar outras que guardo com o maior carinho. Passei a minha juventude no eixo Loures-Lisboa. Uma auto estrada que nos separava de tudo o que acontecia no centro da Capital, e claramente que sendo um jovem suburbano, ávido por co nhecer novas tribos urbanas, essa auto estrada de 10km não era barreira. O fascínio começa pela música, pelas ideias, pelo look e à medida que ia descobrindo uma coisa, ia descobrindo mais e querendo chegar a mais.
Quando para lá ia, pensava para mim "será que aqui também há malta a curtir o punk hc?". Que ganda salganhada! Foi nesta salganhada que me defini, que me des cobri e fui escolhendo o que queria para mim e me transformando. No meio disto tudo, com quem eu tinha ido as primeiras vezes aos con certos, essas pessoas foram para outras cenas, eu ia conhecendo cada vez mais pessoas fora da minha área geográfica com quem partilhava esse gosto comum. Mas achei que deveria de haver mais do que apenasLisboa.Omeu maior RESPEITO aos pioneiros, aos que trilharam o caminho pelo qual caminhei. Era Mundo novo. LVHC, MSHC, SPOC HC, Sacavém, Queluz, Sintra, Straights, anti-straights, Ritz Club, Juke Box, Pi nheiro de Loures, Ponto de Encontro, Ginjal, etc... tanta coisa ao mesmo tempo, tanta diferença e ao mesmo tempo tanta semelhança em termos culturais urbanos. Almada e Loures e os seus grafs por todo o lado, skaters, rappers, tudo misturado... Loures mais groove, Almada mais nu metal, Linda a Velha mais punk hc, Sacavém e Linha de Sintra mais
Ocontemporâneos...meunomeéRicardo
Dias, alguns de vocês conhecem-me como Congas. Sou um jovem nascido em Lisboa, mas suburbano... de Loures.
descentralizar
ODIVELAS





Aliás, só uns anos mais tarde vim a saber que o Quim Meireles era de Castelo Branco mas estava radicado em Sacavém, liguei os pontos todos e ver que apesar de não ha ver internet, o poder do “passar a palavra” levava as ideias e as músicas, as letras e a cultura, a transpor a barreira da dificuldade de veicular a mesma. Até hoje, mantenho contacto com todas as pessoas de Castelo Branco que mencionei. 1999 foi a primeira vez que fui ao Algarve. A auto estrada terminava em Ourique e fo mos tocar a Faro com os Punk-kecas e com os Pointing Finger. Man foi ai que conheci os Rafas (o Madeira e o Rodrigues), o David Rosado, o Poli e o Miguel. Man, incrível como estamos a falar de coisas de há 22 anos. Estava em Faro e ali estavam pessoas que sentiam o mesmo que eu... cada dia e cada viagem eu ficava mais entusiasmado por saber que havia tanta gente como eu. Não estava sozinho! Foi só em 2001 que fui pela primeira vez ao Porto. Fui ao HC em Gaia ver o Unity tour com Ignite, Agnostic Front, Shutdown, etc... interessante como a cena do Porto sempre foi mais punk até ali 2003/2004. Havia pouco hard-core, era tudo mais aquela onda metal e punk. É a ideia que tenho. Talvez esteja molda da pelo facto de que a maior banda do Porto seriam os Renegados de Boliqueime e eram aquele drunk punk, com letras anti straights. Que tempos! Curioso que, fast forward, o Porto foi a segunda casa dos FTG de 2006 para a frente. Foi das cidades onde mais tocámos, uma cena cresceu de 2004 em frente.Houve noites e concertos no Porto mesmo memoráveis. No entanto a cena do Porto não era tão politizada como Lisboa, Torres ou as outras das cidades menores. Entretanto corriam os anos da KASA mas eu já conhecia o Sarzedas desde os late 90's do Ritz e sabia que era de Torres Vedras. Torres está a 35km de Loures e apesar de estar perto, quando és puto parece outro Mundo. O efeito que Torres teve em mim foi muito parecido com o de Castelo Branco - Um grupo de jovens sedento por marcar a diferença e malta que partilhava os mesmos gostos, que tinha um grupo de miúdos que tinham acesso a coisas através do nosso "veiculo informal de comunicação".
Torres, no entanto, era mais activo. Tinha mais bandas, tinha colectivos, tinha encontros de pessoal, a malta passava férias juntos em Santa, havia salas de concertos, quando não havia criava-se. Foram tempos de descoberta incrível. Torres tinha Time to Claim, Convicção, Five on TV, Dreaming Aloud, Release, Though These Eyes e a banda punk Incriminados!A simbiose entre punks e hardcores era linda em Santa!A minha paixão pelo Oeste vem destes tempos! Mais terras se seguiram, com For The Glory tive a possibilidade de ver com os meus olhos as pequenas/grandes cenas que se foram criando no Porto, Viseu, Viana, Aveiro, Caldas da Rai nha Odemira, Portimão, Pombal, São João da Madeira, Paredes, etc e por aí fora.
RICARDO DIAS - ABRIL 2021 KONFLITO SOCIAL - GUARDA OUT STANDING - CASTELO BRANCO THROUGH THESE EYES - TORRES VEDRAS
A cultura Hard-Core estava/está espalhada por tanto lado, por tantas pessoas diferentes. A importância e a força de um movimento vê-se pela forma como ele se espalha e descentraliza. O Hardcore estava descentralizado, pode até ter levado uns anos a que chegasse a algumas cidades, pode ter sido muito incompreendido, mas quando vejo bandas a saírem de terras fora do normal.
Quando tenho o privilégio de escrever para uma fanzine com raízes em Foz Côa (que passou pela Bulgária e está de arraiais assentes em Viseu), traz-me um sorriso de orelha a orelha. Hard-core é comunicação, hard-core não tem fronteiras nem barreiras, não tem cores, não tem géneros, do campo à cidade, de norte a sul.. É o nosso Folclore!





"I KNOW THAT THERES'S NO REASON - THERE'S NO ONE BETTER IT´S EASY TO JUDGE THE UNKNOWN" FOTO - INSTAGRAM DA BANDA "OUR DIFFERENCE MAKE US STRONGER ALL IN ALL WE ARE JUST ONE" - FOR THE GLORY



Sabemos que és co-proprietário de uma loja de Tattos - Sofia Hardcore Tattos,como tem corrido?
Hoje em dia é raro ver bandas sem tatuagens - mangas ou corpos tatuados são algo muito mais comum de encontrar, mas naquela época era raro! Claro que isto foi antes de entrar no Hardcore. Lembro-me muito bem do dia em que vi um artigo numa revista alemã de metal, sobre o Hardcore de Nova Iorque... Eu não sabia o que era, mas havia fotos de Agnostic Front e de Cro-Mags e fiquei completamente impressionado com a imagem deles! Nunca ti nha visto nada parecido, eles tinham tatuagens loucas e foi a primeira vez que vi bandas de música em que os membros tinham bastantes tatuagens. Aquela malta parecia assustadora, mas ao mesmo tempo brutal. Eu tinha provavelmente 12 anos e disse para mim mesmo "Um dia eu quero ser assim, vou ter mangas – nada de tatuagens pequenas ou de tamanho médio, mas sim, mangas completas" haha!
O meu nome é Alex e algumas pessoas podem conhecer-me da minha banda, Last Hope, ou de outras atividades como tours, marcação de shows, do meu programa de rádio, etc... Para além de fazer tours com Last Hope, grande parte da minha vida é trabalhar, ou seja, a realizar tours com outras bandas (a maioria americanas) ou, pelo menos, foi até ao ano passado (2020) quando o apocalipse zombie atingiu o mundo.
Mas antes desta pandemia louca, estava constantemente em tour com bandas como Agnostic Front, Cro-Mags, Gorilla Biscuits, entre outras, atuando principalmente como tour manager. Por norma, passo entre 3 a 6 meses, por ano, na estrada.
Fala-nos um pouco sobre ti, o que fazes no dia a dia, hobbies etc.
alex
Atualmente, trato da minha loja de tatuagens, treino e vou tentando descobrir o que mais posso fazer, dentro desta situação atual, no mundo de hoje em dia. Também te nho uma nova banda com alguns amigos meus (Vendetta e B.F.D.M.), que se chama Adult Crush e está a deixar-me bastante animado. Estamos a trabalhar em material para um álbum, que esperamos que esteja pronto em breve. Acho que não posso reclamar do meu dia-a-dia, pois ainda é interessante, mesmo sem tours.
Boyadzhievlasthope(bg)
Sim, sou fã de tatuagens desde tenra idade. No passado, as tatuagens eram quase como um tabu no meu país e geralmente associadas a prisioneiros, criminosos e, definitiva mente, era algo que a sociedade "normal" não aceitava. Não existia nenhuma cultura de tatuagem aqui na Bulgária, mas foi começando a mudar lentamente no início dos anos 90, após o fim do regime comunista. Lembro-me de quando era criança, talvez com 1112 anos, comecei a perceber que as tatuagens eram realmente fixes, felizmente para bandas de música e metal era algo mais banal. Sempre que eu tinha a oportunidade de conseguir algumas revistas de heavy metal, ficava sempre impressionado com as fotos das bandas que tinham elementos tatuados, pois não era uma cena comum.




Gostávamos muito de descobrir bandas novas, estilos, e foi assim que “encontrei” Suicidal Tendencies por exemplo, sem saber nada sobre as suas raízes! Naquela época, todas estas novas bandas estavam a aparecer e o meu gosto musical era bastante eclético, ouvia desde Megadeth, Nuclear Assault, mas também Faith No More, Alice In Chains, passando por Na palm Death, Entombed, mas também Jane’s Addiction etc...
Foi durante a minha adolescência no início dos anos 90, juntamente com a maioria dos meus amigos, estávamos mais dentro do metal e nos restantes subgéneros... Foram tempos muito emocionantes e nós éramos crianças de mente aberta, famintas por música nova.
Mais tarde apareceu Biohazard e fiquei fã no mesmo momento, o que me levou a cavar mais e mais, sendo que ao mesmo tempo os Sick Of It All passavam no Headbanger’s Ball / e também através destes comecei a procurar mais grupos do mesmo tipo. Comprei o CD deles "Blood, Sweat and No Tears", tomei nota de todas as bandas na lista de agradecimentos e depois pro curei por todas elas! Tu sabes como procurávamos música mais underground, quando éramos putos, antes da internet! E eu andava sempre à procura da música underground “mais difícil” de encontrar.
Um dia mais tarde um amigo meu contou-me a história sobre a cena hardco re, deu-me uma cassete com Youth Of Today, Chain Of Strength e Gorilla Bis cuits e foi isto... Fiquei completamente viciado! Esta é a versão curta de uma longa história (risos).
Fala-nos um pouco sobre ti, o que fazes no dia a dia, hobbies etc.
Fiz a minha primeira tatuagem com 16 anos, no início dos anos 90... e depois disso foi sempre a somar! (risos) Passei muitos anos da minha juventude, a curtir com os meus amigos nas lojas de tattoos, isto foi praticamente no início dos tatuadores profissionais na Bulgária. Embora nunca me tenha tornado num tatuador, considero-me parte da cultura e da cena e, mais tarde, durante a minha vida comecei a pensar na ideia de construir o nosso próprio local para cruzarmos culturas, a de tattoos com a cena punk hardcore, e assim nasce Sofia Hardcore Tattoos! É um ponto de refe rência e paragem para as bandas que vêm em tour, viajantes e mesmo pessoal local. É fixe perceber que com o passar dos anos tivemos cá muito pessoal de bandas, gran des e pequenas, de todos os cantos do mundo, para serem tatuados, mas provavelmente o momento mais honroso e divertido, foi quando o Vinnie Stigma passou cá e tatuou o logo “NYxHC” na cabeça!!(risos) Existe alguma “validação” melhor para a SHCT. Não é um negócio que renda muito dinheiro, mas, de alguma forma, conseguimos orientar-nos para sobreviver nestes tempos turbulentos que vivemos.





Tenho testemunhado em primeira mão todas as fases da evolução da nossa cena, des de o seu início sempre existiram diferentes ciclos, altos e baixos, mas, no geral, afirmo que amo a cena como ela é, e sinto muito orgulho nela.
A malta estava "faminta", os concertos sempre cheios, era uma selvajaria, não me parece justo comparar esses velhos tempos com o que temos hoje em dia – era uma altura diferente.
Desde a minha primeira tour europeia, em 2003, com Last Hope, consegui pôr em perspetiva e comparar os diferentes mun dos e caraterísticas de outras realidades da cena Hardcore. Nós já fizemos literalmente centenas de “gigs” na Alemanha, e por toda a Europa, o que é ótimo pois fez-nos viajar e tocar em todos estes lugares diferentes, agradáveis, ricos... Ainda assim, não posso comparar o nível de energia dos concertos aqui em Sofia com qualquer outro lugar no mundo. No entanto, os úni cos locais onde vi algo parecido até certo ponto, foi na Espanha e em Portugal. E claro, na Rússia e na Ucrânia também, uma cena incrível e shows ainda mais loucos, mas esta seria uma história totalmente diferente. (risos)
Não existia uma cena Hardcore em Sofia antes de nós. Aliás, naquela época (início dos anos 90) não havia cena HC em qualquer zona do país. As primeiras bandas de hardco re punk começaram a surgir, numa primeira fase, em Varna. Mais tarde, em Sofia, for maram-se os Face Up (que, posteriormente, se tornaram nos Vendetta), por volta 1993, em 1994 formámos os Last Hope, e em 1995 mais algumas bandas foram surgindo nas duas cidades. Este foi o início da cena Hardcore na Bulgária. Começámos e construímos esta cena do zero e quando digo "nós", refiro-me a aquele pequeno círculo de amigos e bandas de Sofia e Varna. No final dos anos 90 e início dos anos 2000 houve uma explosão na cena, com muitas bandas novas e um porradão de concertos loucos que coincidi ram com os primeiros tempos da internet o que ajudou a espalhar a informação e a chegar a mais pessoal.
Como é que tu a vês a cena HC em Sofia desde o teu primeiro contacto? Diferente? Mais coesa e ativa? Ou pelo contrário mais estagnada?
Como é que tu a vês a cena HC em Sofia desde o teu primeiro contacto? Diferente? Mais coesa e ativa? Ou pelo contrário mais estagnada?Nãotenhobem a certeza, mas sendo que economicamente/geograficamente a Bulgá ria, e mesmo a zona dos Balcãs no geral, são, por assim dizer, o quintal (ou mesma lixeira) da Europa, não existe uma grande conexão (talvez nenhuma mesmo) com a cena do resto do continente, acaba por ser uma cena bastante “local”. Existem aqui bandas que são real mente fantásticas e originais, mas quase ninguém fora da nossa cena local as conhece, com exceção de Last Hope, pois somos das pou cas bandas de hardcore de toda a região dos Balcãs que se mantém ativa, com tours por outras zonas da Europa desde há muitos anos.




A 141 foi uma progressão natural do que temos feito desde o início que estamos juntos. Não existiam clubes, promotores, ou o que quer que fosse, com interesse em trabalhar com as bandas de hardcore, então tivemos que fazer tudo sozinhos. Começámos a organizar concertos, a lançar os nossos pró prios discos, etc... No final dos anos 90, eu e o baterista de Last Hope decidimos fundar a nossa pró pria agência, para marcar concertos de uma forma mais "profissional", ainda éramos muito jovens, ingénuos e inexperientes, mas, de alguma forma, fomos conseguindo melhorar a organização e o booking com as bandas, até que elevámos o nível do hardcore/punk local, o que levou a atrair mais malta para a cena. Mais tarde começámos a trazer alguns grupos mais pequenos, bandas estrangeiras, e pouco a pouco fomos conseguindo fechar algumas das nossas bandas preferidas como Madball, Agnostic Front, Murphy’s Law, Sick Of It All, Integrity etc... O nosso propósito nunca foi ganhar dinheiro, coisa que nunca aconteceu durante estes anos todos, muito pelo contrário, mas marcámos grandes concertos e momentos inesquecíveis. Passado algum tempo, o meu parceiro, Kosio, decidiu que precisava de uma pausa e decidimos colocar Depois disto decidi continuar a fazer as marcações dos shows por mim mesmo, usando o nome 141, que já anteriormente ia usando para uma editora pequena e marca de merchandising de hardcore, por isso é que digo que acabou por ser uma progressão natural acabando por se tornar numa agência de bookings, e já passaram quase 12 anos, se não me engano. Como mencionei, a 141 opera também como uma pequena editora, que até agora lançou alguns dos discos Last Hope, algumas compilações, mas vêm aí mais projetos, num futuro próximo.
Começámos a banda em 1995 (ou no final de 1994 para ser mais preciso), porque queríamos ter um grupo de hardcore e juntar esfor ços para construir uma cena. Éramos uns adolescentes super entusiasmados, ainda no liceu, e acabámos por entrar numa coisa chamada Hardcore. Tudo o que nós queríamos era fazer a nossa própria música, gravar uma demo e tocar alguns shows com os nossos amigos.
O nosso mais recente disco "Peace maker" é, na minha opinião, o nosso melhor álbum até agora, mas já temos algumas músicas novas em andamen to e esperamos conseguir mantermo -nos na mesma direção. A julgar pelo material novo que temos até agora, a coroa será tomada em breve!
Nunca pensámos que nos iríamos manter como banda e tocar durante tantos anos. Mesmo nos nossos sonhos mais malucos, nunca pen sámos que teríamos a oportunidade de viajar por toda a Europa, fazer centenas de concertos e digressões com algumas das nossas ban das favoritas. A banda está bem, ativa, a trabalhar em músicas novas para continuar em frente, mas da formação original apenas resto eu e o Kosio (o nosso baterista). Mas, para uma banda sobreviver mais de 25 anos, penso que seja normal perder alguns dos membros, mas por vezes, a entrada de “sangue novo” dá muita energia à banda. O atual line-up está estável há quase 5 anos e bastante unido, o que nos deixa muito felizes e satisfeitos.
Fundaste a 141 (One Four One), que marca a maio ria dos shows de HC em Sofia. Porque avançaste
Como é que tu a vês a cena HC em Sofia desde o teu primeiro contacto? Diferente? Mais coesa e ativa? Ou pelo contrário mais estagnada?





Digo o mesmo em relação às primeiras vezes de Madball e de Agnostic Front (mais tarde), aqui em Sofia, e como eu te disse foram shows inesquecíveis e viagens maradas. Tive de passar algum tempo com eles a viajar, apanhá-los ou deixá-los na Grécia, Sérvia ou em outros sítios, porque normalmente quando vinham tinham a tour pela zona toda dos Balcãs.
A primeira foi quando Murphy’s Law tocou em Sofia pela primeira vez e a minha banda, Last Hope, abriu esse concerto. Depois do show, o Jimmy G de Murphy’s Law veio ter connosco e disse que ele nunca tinha visto uma reação como aquela para uma banda de abertura e atira: "Quero levar-te em digressão, quero que Last Hope abra os shows de Murphy’s Law, da pró xima vez que fizermos uma digressão pela Europa!". No início pensámos que era uma piada, mas passados alguns anos foi exatamente o que aconteceu, fomos em tour com Murphy’s Law durante 4 semanas por toda a Europa, e foi a melhor coisa que nos aconteceu!
Tivemos que colocar muito esforço, muito trabalho, noites sem dor mir e dias bastante desgastantes, mas digo-te que se não fosse pelas bandas, que realmente queriam vir cá e conseguiram contornar al guns obstáculos difíceis, muitos dos concertos não tinham acontecido.
E qual é que te deu mais gozo ou o que representou mais para ti? É muito difícil dizer, foram tantos os concertos fixes e especiais que marcámos, peque nos e grandes. Mas há 3 shows em particular que eu, definitivamente, nunca irei es quecer. A primeira vez que Murphy’s Law tocou em Sofia, o primeiro show de Madball e a primeira vez que conseguimos marcar Agnostic Front.
Estes três foram, provavelmente, os shows mais selvagens que eu presenciei na minha vida e tenho a certeza que cada pessoa que esteve lá, diz o mesmo! Para além de todos os obstáculos que ultrapassámos, e os esforços que tivemos que empenhar para con seguirmos ter estas bandas aqui, para mim, dada a época em questão, foi uma grande conquista porque eu também era um fã e essas bandas eram os meus heróis musicais absolutos desde o início em que entrei na música e cultura hardcore. Há muitas histórias interessantes, engraçadas e detalhes sobre como es tes concertos aconteceram e a forma de como finalmente acabaram por chegar a Sofia, mas não me vou aprofundar sobre isso porque levaria horas! (risos) As 3 bandas que mencionei têm um significado ainda mais especial, pois acabei por fazer tours com eles diversas vezes.
Acredita que conseguiria escrever um livro inteiro com as experiên cias que tivemos durante os primeiros anos de marcação de shows, alguns deles quase mesmo impossíveis. Talvez seja difícil entender o que passamos olhando através da perspetiva de hoje em dia, mas éramos demasiado apaixonados e determinados para desistir!
Qual dos concertos que marcaste que te colocou mais dificuldades a fechar? Porquê? Mais difíceis de organizar e marcar foram os primeiros que fizemos! Sobretudo nas primeiras vezes que trouxemos bandas maiores como Madball, Agnostic Front... Foi muito difícil em termos de logística e financeiramente também. Imagina há 20 anos atrás, a Bulgária não era de todo um destino para os tours das bandas e como não fazia parte da UE, haviam fronteiras muito duras. Para além disso, geografica mente o país também era “mais” distante dos ciclos de passagem das bandas e foi realmente muito difícil (e caro) trazer bandas maiores!





A minha primeira tour a sério foi com minha banda Last Hope, em 2003. Antes disso, tínhamos feito algumas viagens de fim-de-semana para fora do país. Eu digo "a primeira tour a sério" porque foi marcada de uma forma muito profissional, tivemos um tour manager, agenda bastante apertada e fizemos cerca de 20 shows, principalmente na Alemanha, Holanda, Áustria, etc... Tínhamos um con trato com a editora alemã (Superhero records) e, embora se trata-se de uma editora pequena, traba lhava de uma forma muito profissional com uma distribuição adequada, comunicados de imprensa, agência de promoção etc...
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Depois desta primeira tour fizemos muitas outras, umas maiores outras mais pequenas e outras muito DIY e tours de apoio a bandas como Murphy’s Law, 25 ta Life, Yuppicide, Agnostic Front, Madball, Death Before Dishonor, No Turning Back, Born From Pain, entre outras. Escusado será dizer que eu aprendi bastante e ganhei toneladas de experiência na estrada. Entretanto, eu também fazia marcação de concertos aqui na Bulgária e às vezes com as bandas “grandes”, tinha de viajar com eles na tour que faziam em toda a linha dos Balcãs, para ajudar e certificar-me que não existiam contratempos (isto foi no início de 2000). Se surgisse algum problema, por exemplo na fronteira, eu estava lá para tratar. E foi assim que bandas, road-crews e booking agents me conheceram. Num determinado momento comecei a receber ofertas de emprego para trabalhar para outras bandas em tour.
Acabámos por nos conhecermos melhor e, ao longo dos anos, Last Hope fez bastantes shows com Madball e Agnostic Front em diferente lo cais e, então, mais as relações se estreitaram com este pessoal. Uma coisa levou a outra... Em determinada altura comecei a receber ofertas/ propostas para participar nas tours com eles como parte da “road crew”, e claro que aceitei! Acabei por ir com eles nessas viagens e quando me apercebi tinha-me tornado amigo das minhas bandas preferidas, coisa que nunca imaginei que me pudesse vir a acontecer. Entretanto comecei a trabalhar e a fazer digressões com muitos nomes do hardcore, mas Madball e Agnostic Front têm um significado especial porque posso dizer que entrei na cena através deles e o meu sonho era um dia poder trazê-los a Sofia, o que parecia quase impossível, mas aconteceu, e mal eu sabia que era apenas o começo de uma nova jornada para mim, tornar-me amigo dos heróis da minha infância e começar a trabalhar com eles. Tens participado em tours de grande dimensão como o Persistence Tour 2020, com Agnostic Front, Gorilla Biscuits, tour com Terror, entre outros. Como surgiram estas oportunidades?
O meu primeiro trabalho foi em 2004 com Sworn Enemy, foram 4 semanas por toda a Europa, 30 concertos, em muitos desses shows estávamos juntos com bandas como Hatebreed, Walls Of Jericho, E-town Concrete, Throwdown, Terror e, em muitos dos casos, eram festivais de verão. Esta tour foi o meu pontapé inicial no mundo de "tour-profissional", a partir daí comecei a ter mais e mais propostas para diferentes tours. Nessa altura aceitava qualquer trabalho que pudesses fazer na tour, como ser motorista, merch-guy, roadie, stage-tech, etc. Nos primeiros anos eu aceitava a maioria das ofertas, hoje em dia já me posso dar ao luxo de escolher e, por norma, trabalho com bandas que eu conheço. Até hoje, passei 17 anos na estrada e nos últimos 6/7 anos tenho traba lhado principalmente como tour manager.






Devo dizer que sou uma pessoa com muita sorte em relação ao meu trabalho, conheci quase to dos os meus “heróis” da música, fiz tours com eles e trabalhei com algumas das minhas bandas favoritas. Também digo que tenho sorte, porque quase nunca fiquei desapontado com a maior parte dessas bandas e pessoas. Alguns deles acabaram por se tornar ainda mais fixes do que eu esperava. A vida na estrada é interessante, engraçada, mas também pode ser muito difícil e des gastante por vezes.
Como foi conhecer/ trabalhar com este pessoal que integra bandas que são marcos/ícones na cena Hardcore internacional?
Como foi conhecer/ trabalhar com este pessoal que integra bandas que são marcos/ícones na cena Hardcore internacional?
Oh man, há tantas histórias que teríamos de fazer outra entrevista e acho que esta já se esticou muito (risos). Espero que as pessoas não se cansem de tanto paleio que aqui meti! Obrigado pela tua paciência, e respeito por fazer uma fanzine como esta, pois acho que é um dos elementos mais fixes do hardcore e da cultura DIY. Muito obrigado pela tua abertura em participar na zine e espero que continues bem.
A dinâmica das relações em tour é muito eclética porque quando se junta um grupo de persona gens diferentes, num lugar apertado, por um período de 2/3/4 semanas, longe das suas casas, das suas famílias, dos mais próximos, fisicamente cansados e emocionalmente exaustos, por vezes, mesmo sendo as pessoas mais fixes e simpáticas, podem transformar-se em outra coisa, ou em alguém que não se quer conhecer! Já estive em situações bem maradas com muita tensão ou emoção à flor da pele mas, felizmente, nunca voltei de uma tour com gosto amargo, ou pelo menos, não das bandas com as quais me importo. Perdi a conta a todas as tours que fiz, mas as minhas bandas favoritas para “gigs” serão sempre Agnostic Front, Gorilla Biscuits, Cro-Mags, Death Before Dishonor, Terror, Madball, Born From Pain e Terror!











"KEEPERS OF THE FAITH I WILL DEFEND YOUR NAME ONLY TRUE BELIEVERS REMAIN THE BLOOD THE SWEAT WE GAVE" - TERROR FOTO - CALL ME KILLER



mordaca,
Somos 5 gajos amigos que temos como passatem po fazer música, basicamente é isto.Não abdicamos deste passatempo que nos dá força para aguentar a vida do dia-a-dia, os nossos trabalhos e obrigações, as nossas rotinas.Estamos em boa forma, com vontade de tocar e criar. É surreal como já passaram 15 anos. Um caminho com muitos concertos, amizades criadas, muitas maluqueiras e alguma aprendizagem. E relativamente ao movimento HC em/de Linda-a-Velha, como o sentem eveêm atualmente? A banda nasceu do meio onde crescemos, dos amigos que nos rodeavam, da ida a concertos e ensaios da malta em Linda-a-Velha.É um orgulho termos crescido nestas ruas, éuma ligação que mesmo que quiséssemos negar ou omitir, não dava. É o nosso núcleoduro onde nos sentimos em casa.
Fazem parte do histórico movimento do LVHC (Linda-a-Velha) e completaram na viragem de 2020, 15 anos de banda. Falem-nos um pouco dos Mordaça atualmente e deste caminho na cena HC em Portugal até aqui?
O LVHC está em boa forma: temos os Fonte que estão fortes com álbum e videoclip novo; Vale de Vinos D.O.P. com um estilo bem oldschool e com uma nova maquete, esperamos que continuem; os Estalo com um punk'n'roll bem genuíno; e claro os grandes Trinta & Um renascidos das cinzas e cheios de garra a gravar álbum novo.Falta passar esta fase de distanciamento social e ter a nossa academia com concertos regulares.FOTO-FILIPE PINTO
linda
hardcore.a.velha





Sempre tivemos este desejo de chegar ao Brasil, visto cantarmos em Português. Durante a criação deste EP trocámos conversas com a banda Macakongs 2099, de Brasília. Eles também queriam este intercâmbio, acabámos por fazer uma cover deles. Entretanto a portuguesa Believe Hardcore Distro quis ajudar-nos, entro em contacto com a Vertigem Discos brasileira e, para nossa própria surpresa, a Vertigem juntou-se com mais uns selos e as coisas tão a acontecer. É uma alegria enorme pensar que um disco nosso pode ser adquirido Brasil. Seja qual for a dimensão do feedback, para nós será sempre positivo, e só temos a agradecer às pessoas envolvidas.
FOTOS CEDIDAS PELA BANDA
Não há uma resposta acertada para o que se deve ou não fazer, mas se as nossas letras ajudarem e forcarem as pessoas a pensar sobre estes assuntos, como nos ajudam a nós, melhor.
FOTO - JÕAO
Acima de tudo é uma maneira de nós próprios reflectirmos sobre o que nos rodeia, desabafar e exteriorizar essa frustração.
Temos tido um bom feedback, melhor do que estávamos à espera. Claro que faz -nos falta não tocarmos ao vivo, tocar estas músicas novas ao vivo. Mas não ha vendo volta a dar, estamos satisfeitos. Têm nos dado força e vontade para continu Aarmos.sociedade que nos rodeia percorre trilhos sinuosos com determina das manifestações de ideias, problemas sociais (recorrentes), etc. Os temas do EP e mesmo o nome escolhido, contêm uma mensagem neste sentido.Manter o pessoal que vos ouve em alerta para os “Ca minhos Obscuros” da sociedade, é algo que sentem ser importante apontar e dar relevo?
Todos vivemos neste mundo doente, todos nós na verdade temos o nos so lado doente, precisamos de reflectir sobre isso, perceber que cada individuo tem um papel revelante na sociedade, quer queira ou não.
Na fase final do ano lançaram o EP – Caminhos Obscuros. Nesta realidade “covid” a promoção ao vivo está impedida Têm agendada a data no Vagos Metal Fest deste ano, fest que têm uma grande expressão. Qual é a vossa expectativa? Perante a situação actual esperamos que o Fest aconteça, connosco presentes a dar o litro e a partir aquilo tudo. O Vagos é um festival com um ambiente incrí vel e um cartaz de luxo.Estamos mortinhos para que chegue a altura. Alguma última linha que queiram acrescentar? Só agradecer-te pela oportunidade, e desejar longa vida à No Borders No Walls por ser mais um instrumento de consciência social. Obrigado também a todos os que nos apoiam. CAVACO
Recentemente anunciaram que o vosso último EP será também lançado no Brasil, como surgiu essa oportuni dade e como a encararam?




Foi toda uma experiência brutal, é uma zona da europa totalmente diferente do resto. Paisagens brutais, manadas de bufalos selvagens e veados a pausar. Tivemos alguns momentos peculiares ainda assim. A entrada na Roménia com segurança foi tensão (risos), mas correu bem. A malta daquela zona da Europa não estava a espera, apanhámos o pessoal de surpresa e isso jogou a nosso favor, acabamos a causar boa impressão em todo o lado, inclusive no concerto que demos numa casa gigante para 4 pessoas, uma delas cega, foi awkward as fuck, mas os que lá tavam levaram merchandise, o que so pode ser bom sinal (risos).
push!
Vocês têm estado um pouco em stand-by, inclusive o vosso ultimo lan çamento “Dark Dive” faz agora em Fevereiro 2 anos. Contem um pouco do que têm feito… Outros projetos? A vida O Ricardo faz cocktails e fuma ganza, o Noia tem o seu projecto de hip hop com o nome Noiatt, o Roberto está activo com Mad Kepler e Bamboozle, e o Paiva joga videojogos e vê Fucktiktoks.covid e fuck you!
Ainda com o “Dark Dive” fizeram uma tour pela a zona leste da Europa! Querem relatar um pouco sobre esses dias na estrada e dos shows? Como foram recebidos nessa zona?
Estavam a planear uma segunda tour pela Eu ropa em Novembro desse ano, se não estou em erro, que acabaram por não a realizar. Não se reuniram as condições para girar novamente?
:)
O nosso Baterista foi Pai, o que, por motivos obvios, nos difi cultou a viagem.
Em bucareste deu para ver malta tuga, big up para o André (ex no good reason, ex never fail, agora nos TBA) e foi talvez o show mais epic que demos na tourne. O ultimo show teve um mau momento, um gajo resolveu mandar uma saudação nazi ,acabamos o show e bazamos só, fuck that kind of people, nao acreditamos nesse tipo de ideologias, se acreditas, faz um favor a nós e a ti, e não apareças em concertos.




FOTOS CEDIDAS PELA BANDA
Sinceramente não temos qualquer tipo de impressões, no geral temos estado um pouco afastados. Propz aos Take Back que estão quase a lançar um album, sangue novo e com peso. De resto só nos preocupamos com a nossa música.
Esse show foi uma oportunidade para tocar numa das salas que mais queriamos ter CV, o Razmatazz é um clássico do peso e está nos curriculums de quase todas as bandas "maiores".
No entanto, deram um salto a Barcelona para espalhar peso na tour de despedida de Backtrack. Como foi participar nesse show?
Foi um bom concerto, o nosso amigo Kiki safou a bateria e foi sempre a partir. O nosso set foi fixe, a malta estava a mexer e a curtir, ainda andaram la aos ponotes e deu pra ver uns pés no ar. Tight! O after show em barcelona foi uma boa história daquelas com alcool, nudez, indianos, prostitu tas e Quempolicia.quiser um Nu do guitarrista mande mail a banda, vendemos prints a bom preço! Volvido este tempo, têm trabalhado em músicas novas para algum lança mento próximo, ouara já não está nos planos da banda? Temos algumas cartas na manga sim. Sem prazos nem datas. Só com peso. Volvido este tempo, têm trabalhado em músicas novas para algum lança mento próximo, ouara já não está nos planos da banda?







Qual a razão de ter como veículo principal o Hardcore/ Punk etc.?
O que é HCXHC? Hardcore Hits Cancer (HCXHC) é uma associação legalmente estabelecida e sem fins lucrativos que visa ajudar pacientes com cancro, tanto do ponto de vista mental como financeiro com intuito de arrecadar dinheiro para diferentes fundações, especialmente as que ajudam crianças. Todo o trabalho que fazemos também está relacionado com o Hardcore, Punk Rock e Metal, o que ajuda a espalhar a mensagem de que há espaço para a solidariedade neste tipo de música.
Daniel Sadurni - A razão pela qual usei hardcore e punk para a associação é simples, foi basicamente a música que ouvi durante as ses sões de quimioterapia, é o tipo de música que me ajuda a animar e a ultrapassar os momentos mais difíceis. Portanto, era o ideal passar por essas sessões da melhor forma possível. Por este motivo, desde o início que sabia que seria a música a utilizar como o principal do veículo para a associação. Nada disso, somos apenas uma associação sem fins lucrativos dirigida por um grupo de amigos e não recebemos qualquer financiamento público ou privado. Também não temos sede nem escritórios. As pessoas que trabalham nesta associação têm os seus próprios empregos e colaboram com a associação durante o seu tempo livre sempre que podem, seja através da criação de stands em concertos e eventos ou na organiza ção de concertos, cuidando do design gráfico, publicações no site, merchandising, ordens de compra, etc. Realizamos estas atividades durante o nosso tempo livre e, mais impor tante, sem querer lucrar com elas de forma alguma.
Como é que começou?
O HCXHC nasceu de uma ideia há alguns anos atrás, quando o fundador Daniel Sadurni lutou a sua própria batalha pessoal contra o cancro. Durante este processo, a música foi um dos principais elementos que o ajudaram a superar os piores momentos. Depois disso, ele decidiu criar uma associação para contribuir na luta contra o cancro, juntamente com ami gos e colaboradores e com a música hardcore e punk rock como pedra principal.
Temos o nosso próprio merchandising para a associação, que vendemos em concertos, festivais, eventos desportivos, etc. Às vezes somos nós que organizamos esses eventos e outras vezes somos convidados a participar neles. Também publicamos álbuns de covers de hardcore clássico e punk rock, interpretados pelas bandas que colaboram conosco.
MUSIChcxhcTOFIGHTCANCER !!
Como e onde conseguem o apoio financeiro?




IBAN PARA DOAÇÕES - ES49 2100 0153 1302 0046 6061 SITEMERCHHARDCOREHITSCANCER.ORG-LOSTMERCH.COMPARTEDAENTREVISTAFOIRETIRADADAS FAQ DO SITE DA ORGANIZAÇÃO, OUTRA FORAM RESPOSTAS DADAS PELO DANIEL O FUNDADOR DA ORG. IMAGENS RETIRADAS DO INSTAGRAM
Para onde vai todo o dinheiro que andariam?
Daniel Sadurni - O Covid condicionou toda a nossa atividade como para quase toda a gente. A nossa principal fonte de rendimento foi sem dúvi da a venda de merchandising em concertos e festivais. Como não havia concertos onde pudéssemos montar o nosso stand, a nossa única forma de angariar dinheiro foi através de vendas online. Graças à Lost Merch, tivemos a possibilidade de vender todos os nossos artigos através do website, e felizmente continuamos a angariar dinheiro, embora obviamente menos, para poder continuar a fazer os nossos donativos. Até agora, 100% do dinheiro que arrecadamos foi doado para o projeto de Alfanoc, La Casa dels Xuklis O que é a Casa dels Xuklis? A Casa dels Xuklis é um abrigo que foi criado para melhorar a qualida de de vida de crianças desfavorecidas que sofrem de cancro e das suas famílias, que vêm a Barcelona para receber tratamento nos hospitais de referência. As famílias ficam lá com as crianças e podem se concentrar em apoiá-las e cuidar delas, sem o fardo extra de ter que encontrar e pagar por alojamento enquanto durar o tratamento.
A Covid-19 tem uma grande influência nesta nova realidade e muitas das vossas formas de anga riar dinheiro têm sido condicionadas. Como é que inverteram esta situação?





BAD!, malta da xungaria, começou a distribuir pancadaria em 2014. Querem falar um pouco como foi criada a banda, e um pouco sobre o grupo? Diogo “Pé de Ladrão” : Ya, BAD! começou em 2014 sim, na altura decidi falar com algum pessoal amigo para começar com esta banda, que sempre quis ter, uma banda dentro desta onda, mais suja, mais rude, uma banda que de certa forma criasse polémica, ao velho estilo, sem maneiras ahah.
E foi assim que começámos, com umas jams, com entradas e saídas de pessoal que simplesmente não encaixava no perfil que a banda queria, isto também por que nunca nos considerámos como uma banda tipicamente Hardcore, até porque sempre juntámos vários estilos de som, desde o Punk, Hardcore ali com um toque Thrash/Crossover, aquela onda que nós mais gostamos de Boston que nos influen ciaram até agora, ou seja tudo junto se nos quiserem rotular, é Rawcore!
BAD!
Depois de acertarmos na formação foi compor e ensaiar e ao fim de uns meses fomos para estúdio gravar a 1ª demo “EAT YOUR SHIT” que saiu no início de 2015, demos logo aí o nosso 1º gig com Vitamin X e a partir daí nunca mais parámos até hoje (2021). Já passaram por algumas alterações de formação e, re centemente, deu-se a entrada de um novo membro. Podem contar um pouco mais sobre esta mudança? Sim, é verdade, ao início, como estávamos a experimentar e a testar, foi nor mal haver entradas e saídas de pessoal, depois mantivemos a formação du rante algum tempo, pelo meio houve novamente umas saídas e entradas e de 2017 até há bem pouco tempo foi sempre a mesma formação, agora recen temente, já este ano, sim, saiu o guitarrista porque basicamente não estava a dar nada à banda e estava a atrasar os objetivos que temos programados para este ano e entrou um novo guitarrista que também toca em Bas Rotten e estamos de volta à carga, no bom caminho!
Os BAD!, em 6/7 anos, já contam com inúmeros shows, material publicado (splits/demos, etc..) mas só nesta fase avançaram para o lançamento de um disco. Algum motivo em particular, ou as circunstâncias em torno da banda assim o ditaram? Ya, é verdade, mas não foi por nenhum motivo em particular, fomos fazendo as cenas à nossa maneira, houve ali uma fase de abrandamento de produtividade e provavelmente isso também adiou o 1º álbum.




www.facebook.com/badxungabadxunga.bandcamp.com/www.facebook.com/Pedeladrao.booking/ www.instagram.com/pedeladraooficial
Já agora, como estão a correr as coisas a nível de gravações, produ ção…? Têm ideia de quando vai estar a circular nas ruas?
FOTOS CEDIDAS PELA BANDA
Não te consigo dizer quando estará nas ruas, vai depender também desta situação que estamos todos a passar da pandemia, mas será gravado defi nitivamente este ano e depois caso se possa voltar aos concertos ainda este ano aí sim faz sentido avançar na produção física do álbum, se não teremos de aguardar até voltarem os concertos.
Em nome dos BAD! só te posso agradecer pela oportunidade de participar na zine e que nos possamos ver rapidamente aí algures num gig. Um abraço! Diogo/BAD!
Sempre nos estivemos a cagar para o que acham da banda, nunca nos preocupou nada disso, seguimos a nossa linha e o nosso estilo sem nos desviarmos, é o que é, é BAD! ahahah...
Nunca houve uma preocupação em ter de o fazer, depois da demo e do split, fomos par ticipando em compilações, o ano passado lancei pela Pé de Ladrão em formato cassete, uma gravação ao vivo feita nas Caldas da Rainha que esgotou muito rápido felizmente e na verdade fomos sempre criando, aceitação dos concertos a venda de merchandising de certa forma motiva e deu-nos sempre pica para nos começarmos a focar no álbum que tornou-se um objetivo para nós em 2020 pelo facto de não haver concertos, passou a ser o nosso foco e ultimamente e no nosso caso o confinamento de certa forma “obrigou-nos” a fazer o que já queríamos fazer mas como estávamos sempre a dar concertos, nunca tínhamos tempo para nos fecharmos a produzir para o álbum e então esta paragem obrigatória fez com que finalmente começássemos a produzir, a criar e este álbum é um grande orgulho para nós, é o culminar de 1 ano e meio de trabalho.
Em termos de composição, que temáticas decidiram abor dar, que mensagem querem que o pessoal receba ao ouvir o álbum? Não temos nenhuma temática em concreto, isso nunca fez parte da banda, lá está, não somos aquela banda típica, não gostamos de falar sempre dos mesmos assuntos, aqueles que já enjoam e que sinceramente já nem temos paciência para tal, já foram falados pelas bandas to das ao longo dos anos e isso não é para nós, até o podemos fazer mas é mesmo muito raro e se o fazemos certamente que é de forma mais Umagressiva.dos
temas, “Get the Fuck Out!”, que irá fazer parte deste novo trabalho, integra a compilação "Worldwide Bootstompilation", da editora Clockwork Punkda (Russia). Como surgiu esta oportunidade? Sim, a oportunidade surgiu depois de um convite do nosso amigo Bica dos Kontrattack, ele convidou-nos para participar nessa compilação e nós vimos isso com bons olhos, até porque faz todo o sentido, é um “boost” para o pessoal perceber o que aí vem do novo álbum e é uma boa promoção internacional para nós, quantas mais iniciativas destas melhor para as bandas. Para fechar deixo para vocês se quiserem acrescentar algo.
Olha, está tudo praticamente definido, agora andamos a limar alguns pormenores nos sons, a ensaiar ao máximo para irmos bem ensaiados para estúdio, o que te posso adiantar é que vamos para estúdio em Maio (2021), será lançado em CD e cassete pela Pé de Ladrão e depois em vinil também pela PDL e por outra editora, o álbum vai-se chamar “BAD! OR DIE!” e penso que o nome diz tudo do que aí vem. Vão ser 15 músicas ao nosso estilo que nos caracteriza, rápido, bruto, agressivo, letras diretas e sarcásticas a meter nojo vá, som rude, violento, etc,etc...




CORE MARKET



















NO ONE IS ILLEGAL NO ONE SHOULD DIE CROSSING BORDERS EARTH BELONGS TO ALL OF US SOLIDARITY OVER XENOPHOBIA COMPASSION OVER DISCRIMINATION - BY PAURA


