Diáspora Nordestina
A migração nordestina para o sudeste no Brasil ao longo dos anos
“Num cotovelo do caminho avistou um canto de cerca, encheu-o a esperança de achar comida
sentiu desejo de cantar. A voz saiu-lhe rouca, medonha. Calou-se para não estragar força.”
― Graciliano Ramos, Vidas Secas
Há mais de um século, centenas de famílias se deslocam da região nordeste do país para a região sudeste
Fugindo de problemas de origens naturais e humanas em uma área historicamente abandonada, buscam por melhores condições de vida nas capitais metropolitanas do sul do país.
A u t o r d e s c o n h e c i d o / M u s e u d a i m i g r a ç ã o d o E s t a d o d e S ã o Pa u l o
Autor desconhecido / Museu da imigração do Estado de São Pauo
As estatísticas do IBGE revelam que o número de nordestinos residindo fora do nordeste aumenta exponencialmente até os dias de hoje
Tendo início no séc. XIX, atingindo um pico entre as décadas de 1950 e 1960, é a partir da década de 1980 que as mobilizações e movimentos de luta por moradia começam a ganhar força. Os anos 1990 são marcados por uma breve redução da migração e percentual de retorno ao nordeste.
Entretanto, o fluxo migratório voltou a aumentar gravemente na década de 2000.
A partir do censo 2010, dados do IBGE e do Instituto Brasileiro de Geografia mostram que 9,5 milhões de nordestinos migrantes são maioria (53%) entre os 17,8 milhões de pessoas que residem em região diferente da que nasceram, sendo 66% no Sudeste.
"Eu me lembro muito bem
do dia que eu cheguei
Jovem que desce do norte pra cidade grande
Os pés cansados e feridos de andar légua tirana
De lágrimas nos olhos de ler o Pessoa
E de ver o verde da cana"
-Belchior, Fotografia 3x4
A u t o r d e s c o n h e c i d o / M u s e u d a i m i g r a ç ã o d o E s t a d o d e S ã o Pa u l o
No séc. XIX, com as condições precárias do nordeste e a demanda por mão de obra no sudeste, famílias nordestinas seguem rumo ao sul para trabalhar no campo.
Naquele momento, havia uma preocupação mínima em alojar os migrantes. Muitos encontravam moradia em hospedarias junto a imigrantes de diversas nacionalidades.
Autor desconhecdo / Museu da imgração do Estado de São Pauo
“Pois não estavam vendo que ele era de carne e osso? Tinha obrigação de trabalhar para os outros, naturalmente, conhecia o seu lugar. Bem. Nascera com esse destino, ninguém tinha culpa de ele haver nascido com um destino ruim. Que fazer? Podia mudar a sorte? Se lhe dissessem que era possível melhorar de situação, espantar-se-ia. Tinha vindo ao mundo para amansar brabo, curar feridas com rezas, consertar cercas de inverno a verão...
João Martns / O cruzero
Fatores naturais são causas decisivas para a migração. A seca no nordeste criam um cenário de fome, escassez e morte. Os períodos de estiagens estão diretamente ligados a momentos de aumento da migração.
É preciso destacar, porém, que os principais fatores são de origem humana. O abandono da região e ausência de projetos de desenvolvimento deixaram sua população a mercê do coronelismo e do banditismo.
Torna-se nítida a baixa expectativa de vida e aumento exponente do percentual de óbito.
J o ã o M a r t i n s / O c r u z e i r o
João Martins / O cruzeiro
Eugênio H. Slva / O cruzero
Em cada esquina que eu passava, um guarda me parava
Pedia os meus documentos e depois sorria
Examinando o 3x4 da fotografia
E estranhando o nome do lugar de onde eu vinha
-Belchior, Fotografia 3x4
João Martns / O cruzero
Eugêno H. Siva / O cruzeiro
No decênio de 1950-1960 registra-se um pico no fluxo migratório. Com o crescimento econômico vindo da industrialização no sudeste, especialmente em São Paulo, famílias inteiras se deslocaram de sua terra natal. Não somente os homens, mas mulheres, crianças e idosos seguem em duras viagens em paus de arara superlotados.
H e n r i B a l l o t / O c r u z e i r o
Eugêno H. Siva / O cruzeiro
Em ambiente de transformações das grandes metrópoles e aumento das desigualdades sociais, os trabalhadores nordestinos eram submetidos a marginalização e ausência de moradia. Se instalavam em cortiços e dando origem ás favelas. A urbanização e a indústria imobiliária em ascensão não permitiam espaço aos migrantes (construtores civis, domésticas, comerciantes e serventes), e portanto, viviam afastados de seus locais de trabalho.
Eugêno H. Siva / O cruzero
"Queria apenas viver E tudo que um homem almeja
Queria também ser dono De alguma propriedade
Pois havia percebido
Que no campo ou na cidade
Um homem que só trabalha
Não tem qualquer qualidade"
"Estava já aprendendo Que São Paulo é como o Norte Com todo o povo sem nada Vivendo à beira da morte E os donos do dinheiro São donos também da sorte."
-João Batista de Andrade, O homem que virou suco - Foheto de cordel.
Eugênio H Slva / O cruzero
Ba ot / O cruzero
Henri
Henri Ballot / O cruzeiro
Eugêno H. Siva / O cruzeiro
"A minha história é talvez É talvez igual a tua, jovem que desceu do norte Que no sul viveu na rua"
"E que ficou desnorteado, como é comum no seu tempo
E que ficou desapontado, como é comum no seu tempo
E que ficou apaixonado e violento como, como você"
-Belchior,
Fotografia 3x4
Eugêno H. Siva / O cruzeiro
Henri Balot / O cruzeiro
E u g ê n i o H S i l v a / O c r u z e i r o
"Severino foi jogado
Numa rede e retorcido
Morreu ali esmagado
E seu sangue recolhido
Em garrafas de vidro fino
Virou suco de nordestino
E assim foi consumido."
-João Batista de Andrade, O homem que virou suco - Folheto de cordel.
Eugênio H Slva / O cruzero
Em 1980, o saldo bruto de migrantes do nordeste em São Paulo estava na casa dos 6.602.458 indivíduos. O discurso sobre a moradia para os migrantes era quase nulo.
Com a expansão d situação de prec nordestinos, aum hostilidade e preco
Ceber Dias / Museu da imigração do Estado de São Pauo
das favelas e a ariedade dos mentava-se a nceito regional.
A partir do processo de redemocratização do país, começavam a ganhar força os movimentos pelo direito a moradia.
"-Isso aqui é São Paulo, entendeu? -Grande bosta."
-João Batista de Andrade, roteiro de O homem que virou Suco.
Arquivos centro de estudos migratórios (CEM
João Batista de Andrade / Embrafime
Os números atuais revelam a persistente disparidade na concentração demográfica do nordeste em relação as demais regiões. O número de pessoas vivendo fora da região de origem permanece alto. É o retrato de um problema histórico ainda presente na realidade contemporânea do Brasil. Visto que, a centralização dos recursos nas regiões sul e sudeste continuam a agravar a desigualdade entre o desenvolvimento das regiões.
"A região nordeste apresentou maior quantidade de saída do que chegada de migrantes na região. Em 2010, o percentual de pessoas naturais da região Nordeste que residiam na mesma região, no ano 2000, era de 97,23%. As demais parcelas da população residente eram compostas por pessoas nascidas nas regiões Centro-Oeste (0,26%), Sul (0,17%), Sudeste (1,70% ) e Norte (0,33%).".
"O comportamento do fluxo migratório em 2010 seguiu o mesmo padrão de 2000, no qual as regiões Sudeste e Sul foram as responsáveis, respectivamente, pelo maior e menor fluxo de entrada e saída dos nordestinos."
Créditos
João Martins / O cruzeiro
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Créditos
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João Martins / O cruzeiro
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João Martins / O cruzeiro
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Eugenio H. Siva / O cruzeiro
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João Martins / O cruzeiro
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João Martins / O cruzeiro
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Eugenio H. Silva / O cruzeiro
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Henri Balot / O cruzeiro
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Henri Balot / O cruzeiro
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Créditos
Henri Ballot / O cruzeiro
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Arquivos centro de estudos migratórios (CEM)
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Eugenio H. Silva / O cruzeiro
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Eugenio H. Silva / O cruzeiro
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Eugenio H. Siva / O cruzeiro
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Diáspora Nordestina: A migração do nordestina para o sudeste no Brasil ao longo dos anos.
Pedro Machado
Reportagem Visual
Fotojornalismo Brasileiro
Curso de Jornalismo
Turma 2023.01
Prof. Michele Pucarelli
Monitora: Laís Reis