Parque Cultura da Memória - Mogi Mirim. Ocupação do Espaço Residual da Pedreira Degrava.

PARQUE CULTURAL DA MEMÓRIA - MOGI MIRIM Ocupação do Espaço Residual da Pedreira Degrava 1

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS – POÇOS DE CALDAS Graduação em Arquitetura e Urbanismo

Pedro Buscarioli Rogatto

PARQUE CULTURAL DA MEMÓRIA - MOGI MIRIM Ocupação do Espaço Residual da Pedreira Degrava

Poços de Caldas - MG 2020

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Pedro Buscarioli Rogatto

PARQUE CULTURAL DA MEMÓRIA - MOGI MIRIM Ocupação do Espaço Residual da Pedreira Degrava

Monografia apresentada ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

Orientador: António Carlos Rodrigues Loretti

Poços de Caldas – MG 2020

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Dedico este trabalho as esquecidas tribos caiapó, donas das terras devastadas pela mão do colonizador.

Dedico esse trabalho a memória do povo negro que foi arrancado as forças das suas terras e trazido para o Brasil, explorados até seu último suspiro.

Dedico a todo cidadão mogimiriano que desconhece sua própria história, para que um dia possa se maravilhar descobrindo-a.

Dedico postumamente ao meu bisavó, Augusto Buscarioli, um dos muitos homens que trabalhavam como quebradores de pedra na Pedreira Degrava.

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AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente as transformações pessoais que a graduação me proporcionou, não apenas profissional, mas principalmente pessoal. Hoje reconheço o mundo com outras cores e olhares, reconheço o mundo com meus próprios olhos.

Agradeço aos meus pais, Paula e Pedro e a minha irmã Gabriela.

Pelas oportunidades e transformações que experimentamos nestes últimos anos, todo o suporte que recebi de vocês foi fundamental para chegar até aqui. Porém ressalto: ainda há muita água para passar sob esta ponte.

Agradeço a maioria dos professores que caminharam comigo durante os anos da graduação, dando puxões de orelha, apoio e acreditando em meu potencial. Assim como meus amigos, que ao longo destes cinco anos tornaram-se família, aprendemos a conviver e criamos laços que serão lembrados a vida toda.

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“Quem elegeu a busca, não pode recusar a travessia” Guimarães Rosa 6

RESUMO:

ABSTRACT:

Este trabalho tem como finalidade propor um parque cultural para a cidade de Mogi Mirim, com a intenção de demonstrar e promover a importância do papel da cultura e da história da cidade na formação da memória da população, assim como a importância da memória imaterial e não oficial para a preservação e perpetuação dos remanescentes históricos (ex. Arquitetura e paisagem) que a cidade possui.

Este trabalho é composto da contextualização histórica do tema e da cidade de Mogi Mirim, de estudos de caso, nacionais e internacionais, de várias escalas, com a finalidade de identificar e entender projetos que tratam a história local, cultura e tradição como premissa de criação. Também faz parte do trabalho a análise do terreno, suas legislações, sua importância na paisagem, pontos fortes, fracos e história até se tornar a área residual que hoje coexiste com a malha urbana consolidada da cidade. A parte final é composta pela proposta arquitetônica que embasada nas análises melhor se enquadra na situação; e as considerações finais geradas pelo processo de pesquisa e seus resultados.

This work aims to propose a cultural park for the city of Mogi Mirim, with the intention of demonstrating and promoting the importance of the role of culture and the history of the city in the formation of the population's memory, as well as the importance of immaterial and nonmaterial memory. for the preservation and perpetuation of the historical remnants (eg architecture and landscape) that the city has. This work is composed of the historical context of the theme and the city of Mogi Mirim, of case studies, national and international, of various scales, with the purpose of identifying and understanding projects that treat local history, culture and tradition as a premise of creation .

Also part of the work is the analysis of the terrain, its legislation, its importance in the landscape, strengths, weaknesses and history until it becomes the residual area that today coexists with the consolidated urban fabric of the city. The final part is composed by the architectural proposal that based on the analyzes best fits the situation; and the final considerations generated by the research process and its results.

Palavras chave: Memória. História. Paisagem. Parque urbano cultural. Área residual.

Keywords: Memory. History. Landscape. Cultural urban park.

Residual area.

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LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Hyde Park, Londres aberto ao público em 1637.......................................................................................18 Figura 2 – Reprodução de Jardim Egípcio..............................18 Figura 3 – Cartão Postal Passeio Público Rio de Janeiro.......19 Figura 4 – Cartão Postal Jardim da Luz São Paulo.................19 Figura 5 – Parque Ibirapuera SP.............................................20 Figura 6 – Rio Atibaia e Rio Grande.......................................21 Figura 7 - Leste Paulista........................................................21 Figura 8 - Mapa de identificação de Mogi Mirim e Mogi Guaçu 1751............................................................................22 Figura 9 – J. de Villiers de L’ile-Adam, Carta Topographica da Província de São Paulo (1847)...............................................23 Figura 10 – Desenho de Edmund Pink – Primeira Igreja Matriz de São José (Mogi-Mirim, SP) 1823...........................24 Figura 11 – Desenho de Edmund Pink – Perspectiva MogiMirim, SP – 1823....................................................................24 Figura 12 - Vistas gerias de Mogi Mirim de W. J. Burchell em 1827.......................................................................................25 Figura 13 - Vistas gerias de Mogi Mirim de W. J. Burchell em 1827.......................................................................................25 Figura 14 – Café no estado de São Paulo 1901.....................27 Figura 15 – Casa Coronel Guedes – Barão de Parapitingui 1942.......................................................................................28 Figura 16 – Linha tronco da Cia Mogiana..............................28 Figura 17 - Estação de Mogi-Mirim, lado da plataforma, anos 1910.......................................................................................29 Figura 18 - Estação de Mogi-Mirim da Rua Conde de Parnaíba anos 1910..............................................................................29 Figura 19 – Desembarca na estação de Mogi Mirim.............30

Figura 20, 21 e 22 – Bar da Estação de Mogi Mirim. Anos 1920 à 1950...........................................................................30 Figura 23 - Oficina da Companhia Mogiana – Campinas, SP – década de 1930.....................................................................31 Figura 24 - Comboio da Mogiana na estação de Mogi-Mirim em 1953................................................................................31 Figura 25 - Estação de Mogi-Mirim em 1960........................31 Figura 26 - Estação de Mogi-Mirim em 1998........................31 Figura 27 - Abolicionista Joaquim Firmino de Araujo Cunha... ...............................................................................................33 Figura 28 – Família de filhos de imigrantes italianos nascidos em Mogi Mirim.....................................................................34 Figura 29 – D. Pedro II e família no Hotel da Empresa em Poços de Caldas.....................................................................35 Figura 30 – Hospital dos Variolosos foto de 1920................36 Figura 31 – Estação ferroviária construída em por volta de 1988 pela FEPASA..................................................................37 Figura 32 – Construção da Avenida Adib Chaib onde antes passavam os trilhos Ano de 1980.........................................38 Figura 33 – Estação da FEPASA demolida em 2004..............38 Figura 34 – Antiga Estação central da Cia Mogiana atualmente............................................................................38 Figura 35 e 36 – Trilhos e armazéns da Cia Mogiana de Mogi Mirim pouco antes da demolição. Vista da estação ao fundo.

Anos 1980.............................................................................39 Figura 37 – Trilho passando ao lado da Casa de Funcionários da Cia Mogiana......................................................................39 Figura 38 -Vista Geral de Mogi Mirim 1939/1940................40 Figura 39 -Vista Geral de Mogi Mirim ano 2020...................41 Figura 40 -Vista Geral de Mogi Mirim ano 2020...................42 Figura 41 - Trincheira utilizada pelas tropas do em Mogi 8

Mirim.....................................................................................43 Figura 42 – Trem Blindado parado no Estação da Cia Mogiana em Mogi Mirim......................................................43 Figura 43 – Inauguração do monumento aos soldados da Revolução de 1932................................................................43 Figura 44 – Teatro São José, década de 1930.......................44 Figura 45 – Luta livre no palco do Teatro São José..............45 Figura 46 – Sessão Cívica Teatro São José...........................45 Figura 47 – Série de fotos demolição do Cine Teatro São José........................................................................................46 Figura 48 – Vista ao Fundo do Teatro São José início do século XX...............................................................................47 Figura 49 – fachada do Teatro São José com cartazes da época do cinema...................................................................47 Figura 50 – Vista da Praça Rui Barbosa onde aparece o Teatro São José início do século XX......................................47 Figura 51 – Cine São José.....................................................48 Figura 52 – Cine Teatro São José já adaptada para as Lojas Pernambucanas.....................................................................48 Figura 53 -Série de edificações na Rua Conde de Parnaíba que sobrevivem ao tempo apesar das diversas mutilações.............................................................................49 Figura 54 – Edifício na Rua Dr. Ulhôa Cintra em bom estado de conservação.....................................................................49 Figura 55 - Estação de Mogi-Mirim em 1998.......................50 Figura 56 –Estação central da Cia Mogiana atualmente......50 Figura 57 - Exemplo de casa no centro histórico, construída em 1910 e demolida as presas em 2012..............................51 Figura 58 – Foto de 2020 onde estava a Casa Amarela........52 Figura 59 – Logo Centro de Documentação De Mogi Mirim “Joaquim Firmino de Araújo Cunha”.....................................52

Figura 60 - Localização do Município de Mogi Mirim no Estado de São Paulo..............................................................53 Figura 61 - Recorte Macrozoneamento Urbano de Mogi Mirim.....................................................................................53 Figura 62 - Área do Terreno e acessos..................................54 Figura 63 – Pedreira Degrava 1950......................................56 Figura 64 – Notícia da abertura da Rodovia que acessa a Pedreira Degrava...................................................................57 Figura 65 – Notícia de acidente na Pedreira Degrava...........57 Figura 66 – Vista aérea do entorno e do terreno. Ano de 2001......................................................................................60 Figura 67 – Vista aérea do entorno e do terreno. Ano de 2006......................................................................................60 Figura 68 – Vista aérea do entorno e do terreno. Ano de 2012......................................................................................61 Figura 69 – Vista aérea do entorno e do terreno. Ano de 2009......................................................................................61 Figura 70 – Vista aérea do entorno e do terreno. Ano de 2016......................................................................................61 Figura 71 – Vista aérea do entorno e do terreno. Ano de 2019......................................................................................61 Figura 72 – Estrada Antônio Vomero....................................62 Figura 73 – Vista da pedreira, lado da Estrada Antônio Vomero..................................................................................62 Figura 74 – Mata do terreno rodovia Nagib Chaib...............62 Figura 75 – Vista vegetação circundante á pedreira........................................63 Figura 76 – Vista do acesso da Rodovia Nagib Chaib para o lago da pedreira....................................................................63 Figura 77 – Vista de dentro da pedreira, próximo ao acesso da rodovia.............................................................................63 9

Figura 78 – Vista da pedreira parte superior, lado da Estrada Antônio Vomero.....................................................................63 Figura 79 – Cruzamento entre a Rodovia Adib Chaib e a estrada Antônio Vomero........................................................64 Figura 80 – Vista da pedreira parte superior, lado da Estrada Antônio Vomero.....................................................................64 Figura 81 – Pichações............................................................65 Figura 82 – Perspectiva da área da pedreira da Rua Professor Alayde Silva de Mello, no Jardim Patrícia..............................65 Figura 83 – Mapa de uso e ocupação do solo.......................66 Figura 84 – Renda por região................................................67 Figura 85 – Edifícios da ETEC – Escola Técnica Estadual Pedro Ferreira Alves e Secretária de Esporte, Juventude e Lazer e Cultura e Turismo em 1964...................................................68 Figura 86 – Instituições Educacionais....................................68 Figura 87 – Localização das instituições educacionais.

Contexto da Cidade................................................................69 Figura 88 – Centro Histórico..................................................70 Figura 89 – Marcos Urbanos/Referenciais da paisagem.......71 Figura 90 - Proximidade: Centro Histórico x Pedreira Degrava ...............................................................................................72 Figura 91 – Perspectivas da área da pedreira........................72 Figura 92 – Sistema viário de Mogi Mirim.............................74 Figura 93 - Hierarquização viária de Mogi Mirim..................74 Figura 94 – Espaços afim.......................................................75 Figura 95 – Centro Cultural “Prof. Louro Monteiro de Carvalho e Silva......................................................................76 Figura 96 – Instituto ICA........................................................76 Figura 97 – Antiga Casa de Máquinas, hoje sede da Lyra Mogimiriana...........................................................................76 Figura 98 – Recorte mapa zoneamento de Mogi Mirim.......77

Figura 99 – Recorte mapa zoneamento ambiental de Mogi Mirim.....................................................................................78 Figura 100 – Cartaz do filme Fuscão Preto............................80 Figura 101 – Cenas do filme Fuscão Preto............................80 Figura 102 – Louvre Lens.......................................................82 Figura 103 – Planta Louvre Lens............................................83 Figura 104– Planta subsolo Louvre Lens................................83 Figura 105 – Galeria do Tempo Louvre Lens..........................84 Figura 106 – Acervo permanente MASP................................84 Figura 107 – Planta Galeria o Tempo Louvre Lens.................85 Figura 108 – Corte Galeria do Tempo Louvre Lens................85 Figura 109 – Vista aérea Parque Louvre Lens........................86 Figura 110 – Implantação Parque Louvre Lens......................86 Figura 111 - Circulação e acessos Louvre Lens......................87 Figura 112 - Parque Louvre Lens............................................88 Figura 113- Detalhe técnico em corte parque do Louvre Lens........................................................................................89 Figura 114- Execução parque Louvre Lens............................89 Figura 115 – Metropol Parasol..............................................90 Figura 116 – Área antes da construção do Metropol Parasol....................................................................................90 Figura 117 – Metropol Parasol – Foto aérea........................91 Figura 118 – Metropol Parasol– Vista do térreo...................91 Figura 119 – Corte transversal Metropol Parasol..................92 Figura 120 – Museu Municipal de Faro.................................93 Figura 121 – Vista interna Museu Municipal de Faro............93 Figura 122 – Museu Municipal de Faro – Sala O Algarve Encantado..............................................................................94 Figura 123 – Museu Municipal de Faro – Sala do mosaico Romano..................................................................................94 Figura 124 – Museu Municipal de Faro – Sala Pintura 10

Antiga....................................................................................94 Figura 125 – Vista aérea do Parque das Pedreiras...............95 Figura 126 – Foto Pedreira Paulo Laminsk próximo ao lago.......................................................................................96 Figura 127 – Vista aérea da Pedreira Paulo Laminsk em dia de show.................................................................................96 Figura 128 – Vista aérea Pedreira Paulo Laminsk................96 Figura 129 – Foto externa da Ópera de Arame com a cascata ao fundo................................................................................97 Figura 130 – Vista externa da Ópera de Arame...................97 Figura 131 – Vista interna da Ópera de Arame....................97 Figura 132 – Áreas de uso Parque das Pedreiras.................98 Figura 133 – Edifício da Unilivre...........................................99 Figura 134 – Mapa Bosque Zaninelli.................................100 Figura 135 – Entrada Bosque Zaninelli...............................101 Figura 136 - Rampas de acesso no edifício da Unilivre.....101 Figura 137 – Bosque Zaninelli e o Edifício da Unilivre.......101 Figura 138 – Edifício da Unilivre, subida para o mirante...101 Figura 139 – Mapa Rota dos Moinhos...............................102 Figura 140 – Museu do Pão................................................102 Figura 141 – Planta Museu do Pão....................................103 Figura 142 – Museu do Pão e Moinho Colognese............103 Figura 143 – Corte transversal, detalhe das edificações elevadas do solo.................................................................104 Figura 144 – Espaço interno do museu, detalhe das colunas................................................................................104 Figura 145– Museu do Pão.................................................104 Figura 146 – Centro Cultural Cais do Sertão.....................105 Figura 147 – Museografia Cais do Sertão – Trajes pessoais de Luiz Gonzaga.......................................................................105 Figura 148 – Cobogós.......................................................106

Figura 149– Museografia...................................................106 Figura 150 – Planta baixa Térreo Cais do Sertão................107 Figura 151 – Logo Museu da Pessoa..................................108 Figura 152– Estúdio na sede do Museu da Pessoa..........108 Figura 153 – Página do site do Museu da Pessoa.............109 Figura 154 – Casal Montagnana.........................................115 Figura 155 - Casal Buscarioli...............................................115 Figura 156 - Funcionários da Cia Mogiana em Mogi Mirim 1950....................................................................................116 Figura 157 e 158 - Documentos de José Montagnana.......117 Figura 159 – Demolição da linha férrea e construção da Av. Adib Chaib...........................................................................118 Figura 160 - Casa de funcionários da Cia Mogiana – 1950....................................................................................118 Figura 161 e 162 – Foto da sala de aula.............................119 Figura 163 - Benedito Buscarioli.........................................119 Figura 164 - Noiva descendo do carro...............................120 Figura 165 – Saída dos Noivos, Igreja Matriz de São José..121 Figura 166 – Noiva e suas avós...........................................122 Figura 167 – Lua de Mel em Poços de Caldas....................123 Figura 168 – Foto em família na Igreja Nossa Senhora das Dores...................................................................................124 Figura 169 – Visitantes da pedreira Degrava. Perceba a vulnerabilidade das pessoas...............................................128 Figura 170 – Vista da Pedreira Degrava ao nível do lago.

Observar a forte presença das paredes de pedra, da vegetação e do lago............................................................129 Figura 171 – Vista da Pedreira Degrava ao nível do lago.

Observar o espelhamento criado pelo lago estagnado......130

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................14 2 HISTÓRICO....................................................................17 2.1 Histórico do Tema.......................................................18 2.1.1 Parque Urbano..............................................................18 2.1.2 Parque Urbano Cultural................................................20 2.2 Contextualização Histórica da cidade de Mogi Mirim..21 2.2.1 Do pouso de bandeirantes a 6ª Comarca da Província de São Paulo..........................................................................21 2.2.2 A comarca de Mogi Mirim............................................23 2.2.3 Viajantes.......................................................................24 2.2.4 O Índio..........................................................................26 2.2.5 Ouro negro – A fortuna do Café em Mogi Mirim.........27 2.2.6 A Companhia Mogiana das Estradas de Ferro..............28 2.2.7 Escravidão.....................................................................32 2.2.8 Imigração......................................................................34 2.2.9 As três visitas de D. Pedro II e sua corte a Mogi Mirim ...............................................................................................35 2.2.10 Grande Depressão......................................................37 2.2.10.1 O Fim do café em solo mogimiriano.......................37 2.2.10.2 O fim da Cia Mogiana..............................................37 2.2.11 Fim da cultura do Café até os dias de hoje.................40 2.2.12 Revolução Constitucionalista de 1932........................43 2.2.13 Teatro em Mogi Mirim................................................44 2.2.14 Conservação do Patrimônio.......................................49 2.2.15 Situação do terreno....................................................53 3 PEDREIRA DEGRAVA: CONTEXTO HISTÓRICO E URBANO ........................................................................................55 3.1 Topografia..................................................................58 3.2 Corte do terreno.........................................................59

3.3 Atividades Existentes..................................................60 3.4 Levantamento Fotográfico crítico................................62 3.5 Entorno......................................................................66 3.6 Instituições próximas..................................................68 3.7 Edificações tombadas.................................................70 3.8 Planta da cidade com Marcos Urbanos / Referenciais da paisagem.........................................................................71 3.9 Proximidade: Centro histórico x Pedreira Degrava.......72 3.10 Acidentes Geográficos proeminentes: fator de escolha ........................................................................................73 3.11 Corredores de Movimentação: veículos e pedestres ........................................................................................74 3.12 Espaços afim.............................................................75 3.13 Zoneamento Urbano de Mogi Mirim.........................77 4 CURIOSIDADE................................................................79 4 Curiosidade: A Pedreira Degrava e o Filme Fuscão Preto ........................................................................................80 5 ESTUDOS DE CASO.........................................................81 5.1 Museu Louvre – Lens..................................................82 5.1.1 Programa de projeto do edifício do museu..................83 5.1.2 Galeria do Tempo.........................................................84 5.1.3 O parque do Louvre Lens..............................................85 5.2 Metropol Parasol........................................................90 5.3 Museu Municipal de Faro...........................................93 5.4 Parque das Pedreiras..................................................95 5.4.1 Pedreira Paulo Leminski................................................96 5.4.2 Ópera de Arame...........................................................97 5.5 Universidade Livre do Meio Ambiente – Unilivre.........99 5.6 Museu do Pão..........................................................102 5.7 Centro Cultural Cais do Sertão Luiz Gonzaga..............105 5.8 Museu da Pessoa......................................................108 6 LEGISLAÇÃO................................................................110 12

7 ÁLBUM DE FAMILIA ....................................................113 7 ÁLBUM DE FAMÍLIA – EXEMPLO DE ACERVO PARA O MUSEU DA MEMÓRIA DE MOGI MIRIM..........................114 8 PROPOSTA ARQUITETÔNICA.......................................125 8.1 Integração - Parques Urbanos Culturais.....................126 8.2 Parecer sobre a não proposta arquitetônica..............126 8.3 A proposta arquitetônica e seus pormenores............127 8.3.1 Conceito Arquitetônico – Arquitetura como catalisador de emoções e sensações.....................................................128 8.3.2 Partido Arquitetônico.................................................128 8.4 Programa de Necessidades.................................................................131 8.4.1 Museu do Imaginário..................................................131 8.4.2 Mirantes...............................................................................131 8.4.2.1 Torre Expiatória........................................................133 8.4.2.2 Trampolim Maravilha...............................................133 8.4.3 Parque Cultural da Memória......................................133 8.5 Diretrizes Construtivas e premissas...........................134 8.6 Projeto.....................................................................135 8.7 Escolha de Espécies para paisagismo e reflorestamento.............................................................161 8.8 Escolha de materiais.................................................161 9 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................162 REFERÊNCIAS.................................................................165

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1 INTRODUÇÃO O intuito propulsor desse trabalho é: Mogi Mirim precisa de um espaço de salvaguarda da história, representação da memória popular, da história não oficial e promoção da educação pela cultura. Concomitantemente a isto dar destino a área residual abandonada da Pedreira Degrava que é patrimônio da paisagem da cidade. Um Parque Cultural concretizara a ligação entre esses dois fenômenos.

Ao passar dos anos observa-se a história e memória da cidade de Mogi Mirim cada vez mais distante por falta de acesso, conservação e divulgação, junto a isso não existem muitos espaços destinados a estas atividades e os que existem estão em condições degradadas e não suportam as demandas.

Em meados de 2012, quando cursava o ensino médio, ainda sem ter ideia do que era a arquitetura e quantas possibilidades e experiências ela me traria, me deparei com a demolição de um centenário casarão no centro da cidade de Mogi Mirim.

Aquela casa me despertava muita curiosidade, sempre que passava pela rua tentava olhar através das gateiras do porão, não era possível ver nada, mas a imaginação tomava conta.

Era uma robusta construção toda na cor ocre, na esquina ficava a entrada principal, através de uma escadaria chegavase a um pequeno terraço que antecedia a porta, esta por sua vez toda em madeira e talhada à mão. Os gradis da escadaria e do jardim frontal eram em ferro batido no estilo art nouveau. Janelas venezianas em madeira com vidros desenhados em serigrafia opaca, como se fossem laços de fita contornando as esquadrias dotavam aquela construção

de delicadezas e graciosidades.

Em uma manhã de feriado municipal onde comemorávamos o aniversário da cidade, botaram tudo abaixo, sem o menor ressentimento, as máquinas passaram por cima de tudo.

Naquele dia foi-se embora mais uma parte da história da cidade de Mogi Mirim e junto com ela o objeto que despertava a minha imaginação, resta hoje memórias.

Percebendo a graveza da situação, foi decidido os seguintes objetivos específicos: • Promover a história da cidade em todos os seus aspectos, principalmente aquela comumente descartada dos livros oficiais ou abordados com menor importância. A história do negro, do índio, as lendas, mitos e a tradição.

• Registrar a memória relatada do povo para com a cidade, fonte fundamental para entender as transformações que ocorreram ao longo do tempo.

• Contar a história oficial de maneira crítica, salientando que quem a escreveu foi a o homem branco, sendo assim sob um único ponto de vista, muitas vezes injusto, sempre ou quase sempre tratando o índio como selvagem cruel, apenas documentando o negro como mercadoria e quase nunca retratando a figura da mulher na sociedade em situações de importância. Eram outros tempos, porém as criticas devem ser pertinentes e atuais.

• Ocupar o espaço da pedreira com a finalidade de promover a educação pela cultura.

• Dar a cidade um novo espaço de lazer. Reinserir e ressignificar a presença e o convívio humano, com intensão de preservar a paisagem natural que se formou ao longo dos anos.

• Disponibilizar acesso gratuito para a população e priorizar 14

o público de baixa renda fazendo isso através de atividades gratuitas e de qualidade.

A área residual de mineração de pedra abandonada, escolhida para a implantação do parque tem forte influência na problematização do estudo. A área se localizada dentro do perímetro urbano consolidado da cidade de Mogi Mirim, está fora do centro histórico e comercial e próximo as áreas mais populosas e de menor acesso a informação em geral da cidade. É um local de fácil acesso, caracterizado por paisagem natural o qual atrai a população, porém ao mesmo tempo sujeito a crimes e acidentes fatais devido a falta de segurança.

Inserir o novo Parque Urbano Cultural nessa área promete a cidade de Mogi Mirim um novo centro de cultura e lazer, unindo a preservação e divulgação da história, cultura e memória; reinserindo o convívio humano em uma área antes degradada, colaborando para a preservação da paisagem que ali se formou assim como reintegrá-la no contexto da cidade.

Os objetivos supostos para o projeto arquitetônico são: Museu do Imaginário de Mogi Mirim com o intuito de promover o Acervo de Relatos do povo mogimiriano, onde qualquer pessoa que vive ou viveu na cidade de Mogi Mirim, e possui lembranças e histórias sobre a cidade, pode contribuir com seu depoimento para ampliar o acervo.

Ficando assim responsável, o centro da memória, por promover editais que produzam essas gravações para serem expostas no Museu.

Sede para o Centro de Documentação Histórica Joaquim Firmino de Araújo Cunha (Cedoch), onde poderão ser

conservados documentos históricos, mapas, fotos, objetos e projetos de tombamento arquitetônico.

Ficando responsável por ajudar pessoas que buscam informações sobre a cidade, dando acesso adequado e acompanhado aos acervos. Promover editais a fim de buscar curadores que criem projetos para expor esse acervo em, partes e temporariamente, dessa forma movimentando o museu, uma vez que sempre haverá curadorias novas, novos acervos e assim novas exposições.

Mirante, com o intuito maior de informar a população sobre a história do município e localizar o indivíduo como parte da cidade. Demostrar através da perspectiva os principais pontos da cidade, e os edifícios significativos que já desapareceram, contextualizando historicamente, através das lendas urbanas, dos relatos das pessoas e também da história oficial.

Teatro Municipal de Mogi Mirim: edifício apropriado para receber espetáculos de médio porte, com infraestrutura adequada (acústica, climatização, iluminação, camarins, coxias, fosso, etc.). Junto ao teatro, salas de dança, de teatro e de música. Espaço destinado a atender a população, jovens, adultos e idosos de forma gratuita.

O método utilizado para fundamentar o projeto, foi apresentação do tema e o porque de um Parque Urbano Cultural. Em seguida a contextualização da história da cidade, mostrando pormenores que agregam valor a história local, dessa forma ressaltando a importância da história da cidade de Mogi Mirim no contexto do interior do estado de São Paulo e no Brasil. A contextualização da história da área destinada ao projeto, sua importância para o município e a análise geral do terreno destacando seus aspectos 15

peculiares. O estudo de caso envolvendo projetos nacionais e internacionais, de variadas escalas que trabalham com as características de valorização da história local e memória como premissa de projeto e criação de acervo.

O estudo da legislação municipal com a intenção de entender como é regulamentada a área do projeto, junto a isso foram realçadas as leis referentes a proteção do patrimônio histórico, cultural e arquitetônico e a de proteção a paisagem que dizem respeito a área escolhida e ao tema. E por último a proposta de projeto arquitetônico que melhor se adequa a ocasião.

O trabalho está dividido em: contextualização do tema, contextualização do histórico da cidade de Mogi Mirim.

Apresentação do terreno com contextualização histórica, análise critica dos espaços dentro e fora da área de projeto, assim como os acessos e infraestruturas. Análises da área do terreno em relação a cidade. Estudo de caso, com análises críticas sobre eles. Legislação municipal. Exemplo de uma proposta de exposição levando em conta o acervo de memória e a proposta arquitetônica.

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2 HISTÓRICO 17

2.1 HISTÓRICO DO TEMA 2.1.1 Parque Urbano Os primeiros jardins criados pelo homem tem origem nas antigas civilizações os quais eram utilizados para diferentes finalidades. Na China, possuía caráter religioso e filosófico onde cada elemento representa uma simbologia. Já no Egito eram constituídos com a finalidade básica de amenizar o calor intenso.

Os primeiros parques urbanos surgem no final do século XVII na Europa com a intenção de trazer as áreas verdes características dos campos para o convívio urbano. Devido a revolução industrial e consequentemente a densificação das cidades os espaços verdes se tornam escassos, o que faz com que a vida nas cidades se tornassem insalubres.

Conforme Silva, “a cidade era o berço da poluição, do ar e sonora, e dos maus costumes, e o campo passou a ser um local desejado, uma vez que possuía ar fresco e tranquilidade. Por isso, há o surgimento da valorização do campo e das áreas verdes no urbano […]” (SILVA, 2003, p.

45).

A partir desse momento, onde as cidades da Europa e dos EUA intensamente densificadas e má organizadas, sobretudo por conta da urbanização acelerada e sem planejamento, vão necessitar de forma urgente da construção das grandes áreas verdes para uso público com a finalidade de promover a qualidade e vida.

Figura 1 - Hyde Park, Londres aberto ao público em 1637 Fonte: retirado do site pt.wikipedia.org(2020) Figura 2 – Reprodução de Jardim Egípcio Fonte: Retirado do site clubedejardinagem.com.br (2020)

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No Brasil os parques vão surgir primeiramente nas capitais, como São Paulo e Rio de Janeiro com finalidades muito diferentes dos países do norte do globo terrestre.

Os primeiros parques a serem criados foram construídos ainda no Brasil Império, geralmente eram os jardins dos palácios ou das vilas e quintas que com o passar dos anos foram convertidos para usos públicos. O jardim Botânico no Rio de Janeiro por exemplo foi um espaço criado para estudo de espécies estrangeiras e nacionais e posteriormente adaptado para o encontro da elite da época.

No Brasil o momento urbano era outro, no século XVIII nossas cidades eram mínimas, a maioria da população morava e trabalhava no campo, dessa forma os parques construídos eram para atender a elite emergente da época que controlava a Nação e desejavam aproximar a figura urbana do país com os exemplos ingleses e franceses. É apenas nas décadas de 1920 e 1930, que a população brasileira passa a migrar do campo para a cidade, devido o papel da indústria no país iniciar suas funções, desse forma o cenário urbano das cidades se transforma, se fazendo necessário o uso público e democrático dos parques.

Segundo Bovo (2009, p. 73) no decorrer do século passado a criação de sistemas de parques urbanos foi ganhando cada vez mais importância, sendo que grande parte destas propostas previam que as “cidades do futuro os espaços livres públicos não seriam somente para o lazer da população, mas para a criação de cidades urbanizadas e saudáveis” Figura 3 – Cartão Postal Passeio Público Rio de Janeiro Figura 4 – Cartão Postal Jardim da Luz São Paulo Fonte: retirado do site produto.mercadolivre.com.br

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2.1.2 Parque Urbano Cultural Ao longo dos anos a utilização dos parques e suas estruturas foram alteradas e atualizadas, dessa maneira deixaram de ser apenas espaços para contemplação da natureza e ganharam uma série de atividades funcionando como verdadeiros aparatos urbanos.

Atualmente existem diversas classificações para parques, cada uma delas atendendo uma finalidade, porém mantendo em comum a relação com áreas verdes e a preservação do meio ambiente. Existem parques naturais, que atuam na preservação do meio ambiente, parques lineares, que funcionam parare-los as margens dos rios e córregos, criando infraestruturas e preservando as matas ciliares, parques de recreação com o intuído de funcionar com áreas destinadas a prática de esportes e parques de contemplação que visam a preservação do meio ambiente com a mínima intervenção humana.

O Parque Urbano Cultura, tem como finalidade além da preservação do meio ambiente, que é pré-estabelecida para a constituição de um parque, desempenhar funções sociais e culturais apoiadas no uso educativo, visando em segundo plano o interesse turístico.

Como refere Valente (2012), o conceito de parque cultural, associado ao panorama turístico, é relativamente recente.

Articulado com a proteção e valorização do patrimônio cultural, surge como um elemento chave de ligação entre patrimônio, cultura e paisagem, e assim a preservação da memória do território é um “requisito base” para a criação desta tipologia de parque.

Na perspectiva de Bombico (2009: 2) “os parques culturais pretendem por isso contribuir de forma sustentável para a preservação da paisagem e do seu valor patrimonial e arqueológico. Tendo em conta o local onde se insere o parque pode ser um meio de promoção turística, museológica, pedagógica, educacional, científica e lúdica”.

Os parques surgem assim como uma nova solução para a proteção patrimonial, assim como de novas atividades que possam vir a ser desenvolvidas.

Figura 5 – Parque Ibirapuera SP Fonte: retirado do site theculturetrip.com(2020)

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2.2 Contextualização Histórica de Mogi Mirim 2.2.1 Do pouso de bandeirantes a 6ª Comarca da Província de São Paulo A cidade de Mogi Mirim, surge na região do interior de São Paulo, na antiga rota das bandeiras com destino as minas de ouro de Goiás, ainda no brasil Colônia. Os primeiros registros do surgimento da cidade são de 1682, quando fundou-se o pouso de bandeirantes chamado até então de Pouso do Boigi.

Os pousos eram comum ao longo das rotas das bandeiras, uma vez que as tropas de mulas andavam uma distância determinada durante o dia, necessitavam parar para descansar e passar a noite. Nesses locais de descanso, montava-se acampamentos que com o passar do tempo e a recorrente passagem por aquele mesmo ponto, se transformavam em pouso.

Ao longo dos anos seguintes, os próprios bandeirantes e suas famílias fixaram-se no Pouso do Boigi, dessa forma construindo casas cultivando alimentos básicos para sobrevivência e para o abastecimento das tropas das bandeiras que passavam por ali. A intensa movimentação pela região e a chegada e fixação de novas pessoas, fez com que a cidade cresce-se populacionalmente, sendo assim, em 1743 o Pouso de Boigi é elevado para Arraial de São José de Mogi Mirim, ponto de partida para construir a primeira capela e assim organizar a cidade como se fazia na época.

Logo em 1751, devido ao continuo crescimento da cidade, o arraial é elevado, a Freguesia de São José de Mogi Mirim. Época onde as bandeiras só cresciam, e a região se mostrava promissora para o cultivo possuindo relevo plano, recurso

Figura 6 – Rio Atibaia e Rio Grande Fonte: retirado do site googleearth.com(2020) Figura 7 - Leste Paulista Fonte: retirado da tese de mestrado de Jéssica de Almeida Pollito, 2013. P.23

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hídricos satisfatórias e principalmente uma boa localização geográfica, não tão longe da capital e na rota das principais bandeiras. Em 1769 a então freguesia se emancipa e é elevada a categoria de Município de Mogi Mirim.

Nesse momento da história, Mogi Mirim era uma das regiões mais distantes de São Paulo, existiam territórios em que as bandeiras não haviam desbravado, as terras eram formadas por densas matas e povoadas por diversas tribos indígenas. Com o intuito de regulamentar o território e iniciar um processo de posse sobre a terra, fica atribuído ao Município de Mogi Mirim um território de 40.000 km², o que equivale hoje a 16% do território do estado de SP, ficando delimitado dessa forma até o ano de 1821. Os limites do território de Mogi Mirim se davam a partir do Rio Atibaia até as margens do Rio Grande que faz divisa com Minas Gerais.

No ano de 1849 o município de Mogi Mirim é elevado a categoria de cidade, e seguidos dois anos, em 1852, é instituída como comarca judiciária de São Paulo.

Durante os seguintes anos, devido a dimensão do território de Mogi Mirim as povoações que já haviam se formado e as que surgiam, necessitavam do contato com a sede administrativa, porém a distância territorial era um grande problema, pois as condições da época impossibilitavam a comunicação eficiente. O desenvolvimento desses arraias, ao longo dos anos levaram a seus desmembramentos, sendo assim se desenvolvendo e futuramente se tornando cidades.

Figura 8 - Mapa de identificação de Mogi Mirim e Mogi Guaçu 1751 Fonte: retirado da tese de mestrado de Jéssica de Almeida Pollito, 2013. P.132 htto://objdigital.bn.br/acevoVdiv_cartografia/cart1033415.htm Modificação feita pela autora com base nas informações contidas no Memorial do Padre Antônio Xavier de Mattos, em 1754, publicado na edição comemorativa “260 anos da Paróquia de São José de Mogi Mirim: 1751-2011, p.15.

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Hoje as cidades e distritos que se formaram dentro do antigo território de Mogi Mirim correspondem atualmente as cidades de Mogi Guaçu, Caconde, Franca, Casa Branca, Batatais, São João da Boa Vista, Serra Negra, Pirassununga, Descalvado, Itapira, Pinhal, Santo Antônio de Posse, Jaguariúna, Artur Nogueira, Conchal e o distrito de Martim Francisco.

Não é possível contar a história da cidade de Mogi Mirim sem envolver as cidades que se formaram a partir do desmembramento do seu próprio território. Desse forma, quando tratamos da história da cidade de Mogi Mirim, não tratamos apenas dos seus atuais 497 km², mas sim de toda a região referente ao seu antigo território de 40.000 km², entre o Rio Atibaia e o Rio Grande.

E as freguesias: são Sebastião da Boa Vista (Mococa), Espirito Santo do Rio do Peixe (anexada a Caconde), Mogi Guaçu, Santa Rita do Passa Quatro e Ribeirão Preto. Dessa forma todas as reuniões para deliberação de ordens eram realizadas em Mogi Mirim, ou seja a cidade era sede administrativa da comarca.

2.2.2 A comarca de Mogi Mirim A importância para uma cidade na época do Brasil Império em se tornar comarca era que a partir desse momento a cidade possuiria um juiz de direito, sendo o mais alto cargo de uma província. Ficando não só Mogi Mirim a sua jurisdição mas também todas as outras regiões determinadas pela lei.

Em 1852 as comarcas eram 1ª Guaratinguetá, 2ª Taubaté, 3ª Jacareí, 4ª Capital São Paulo, 5ª Campinas, 6ª Mogi Mirim, 7ªFranca, 8ª Sorocaba, 9ª Itapetininga e 10ª Curitiba (Na época Curitiba fazia parte da Província de São Paulo). A comarca de Mogi Mirim correspondia na época a cidade de Mogi Mirim, as Vilas de casa Branca, São João da Boa Vista, Penha do Rio do Peixe (Itapira), Caconde e São Simão.

Figura 9 – J. de Villiers de L’ile-Adam, Carta Topographica da Provincia de São Paulo (1847) Fonte: J. de Villiers de L’ile-Adam. Carta Topographica da Província de São Paulo.

Rio de Janeiro: Firmin Didot Irmãos, Belin Le Prieur &Morizot, 1847. 1 mapa : litogr. color; 49,5 x 62 cm. Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro.

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2.2.3 Viajantes O Brasil sempre foi curioso aos estrangeiros, as terras brasileiras eram consideradas de fauna e flora exóticas, com uma natureza particular. Vários foram os viajantes que se aventuraram pelo Brasil e muitos deles passaram pelo leste paulista, Mogi Mirim serviu de pouso, o que rendeu relatos em diário de bordo e também desenhos e aquarelas ainda no século XIX. Foram eles, William John Burchell em 1827, Edmund Pink em 1823, o botânico August Saint-Hilarie em 1819, Luiz D’Alincourt também em 1819 e Saint Adolphe em 1835.

A grande contribuição desses viajantes foram deixadas nos registros de bordo, sendo eles em desenhos e escritos. É através desses documentos que temos os primeiras representações em desenhos da cidade de Mogi Mirim, vista de longe e do largo da Igreja Matriz de São José.

Figura 10 – Desenho de Edmund Pink – Primeira Igreja Matriz de São José (Mogi-Mirim, SP) 1823 Figura 11 – Desenho de Edmund Pink – Perspectiva de Mogi-Mirim, SP – 1823 Fonte: retirado do site masp.org.br(2020)

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Os relatos contam a simplicidade da cidade ainda bandeirante, não havia muitas casas, o cenário era autenticamente pitoresco.

A importância dessas representações ainda nos dias de hoje, é devido nos mostrar como era a cidade em seus primeiros traçados, sendo constituída apenas pelo que hoje é a área central. O largo da matriz era oposto ao de hoje, a Igreja do desenho estaria no sentido contrário a matriz atual. Construída em 1942.

Nessa época a igreja e o largo se abriam para o lado em que se chegava até a cidade através da estrada para os Goiases. Com o passar dos anos a igreja terá sua posição invertida, assim possibilitando a ampliação da praça central. Agora o largo da matriz e a praça central abrem-se para o ,até então, novo acesso principal da cidade que era a rua da estação, hoje chamada Rua Conde de Parnaíba.

Figura 12 - Vistas gerias de Mogi Mirim de W. J. Burchell em 1827 Fonte: Localização: FERRRAZ, G. 1981. O Brasil do Primeiro Reinado visto pelo botânico Willian Jhon Burchell 1825-1829. Fundação João Mendes Moreira Salles

Figura 13 - Vistas gerias de Mogi Mirim de W. J. Burchell em 1827 Fonte: Localização: FERRRAZ, G. 1981. O Brasil do Primeiro Reinado visto pelo botânico Willian Jhon Burchell 1825-1829.

Fundação João Mendes Moreira Salles

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2.2.4 O Índio O princípio de tudo em Mogi Mirim foi o índio. Foram encontrados e catalogados 3 sítios arqueológicos no atual território da cidade. Nomeados como Bela Vista 1, 2 e 3 datados com cerca de 10.000 anos, segundo os arqueólogos os artefatos encontrados, como pontas de flechas e cerâmicas pertenceram a tradição Umbu.

As bandeiras que desbravavam as matas em busca de ouro se deparavam com diversas tribos indígenas, na região de Mogi Mirim, o índio Caiapó era muito presente. Eram povos nômades que viviam da caça e da coleta em meio as densas matas. Muitos dos nomes de bairros e ruas da cidade de Mogi Mirim se dão devido a sua presença precedente e simultânea ao crescimento da cidade.

Presencia-se no decorrer da história da cidade uma série de conflitos entre o homem branco e o índio local, geralmente se observa nos registros a forma truculenta como eles eram tratados. Observa-se na história que as tribos Caiapó eram caracterizadas como os povos mais hostis e cruéis, atacando o homem branco sem piedade.

Para se ter ideia da número de povos indígenas e dos conflitos que existiam, no ano de 1772 através de um ofício do governador da província de São Paulo, mandou-se organizar em Mogi Mirim uma companhia de soldados, junto a essa decisão os vereadores da câmara de Mogi Mirim, organizaram um destacamento com cerca de 50 homens com o intuito de combate aos índios Caiapós. Uma vez que tinham suas terras invadidas, e quando capturados eram vendidos como escravos, atacavam para defendê-las lutando até a morte.

A catequização assim como era muito comum na época foi uma das maneiras de “domar” o índio local, dessa forma no ano de 1810 houve a primeira expedição catequista em Mogi Mirim feita pelo Padre Manoel Botelho que durou cerca de 15 anos. Quando o índio era tratado com respeito acabavam sendo convencidos a tal ponto de passarem a fazer parte da cultura branca e também terem suas tradições absorvida pelo homem branco.

Hoje no atual território de Mogi Mirim não existem tribos indígenas, conforme o homem branco foi avançando rumo ao interior do território brasileiro os tribos existentes que não foram dizimadas nem catequizadas se refugiavam no interior das matas, cada vez mais rumo ao interior do pais. Através de estudos acredita-se que os descendentes indígenas dos povos Caiapós que habitaram Mogi Mirim nos primórdios da cidade, hoje se encontram as margens do Rio Araguaia e Xingo, nos estados do Mato Grosso, Pará e Tocantins.

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2.2.5 Ouro negro – A fortuna do Café em Mogi Mirim Por volta dos anos 1830 iniciam-se as primeiras plantações de café na cidade, ainda era muito tímida, disputando terras com a cana de açúcar e o algodão, e com a importância da economia dos garimpos que ainda eram fundamentais para a existência da cidade. A economia do garimpo não existia de forma direta, sendo assim não haviam garimpos no território de Mogi Mirim, apesar de tentativas registradas nos livros oficiais. Funcionava de forma indireta, uma vez que a estrada que levava a essas minas, a estrada dos Goiases, passava por dentro da cidade e do então território de 40.000 km², sendo assim eram cobrados pedágios para atravessar as diversas pontes, arrecadando impostos para a manutenção da cidade, das estradas e das próprias pontes.

A partir de 1867 o café já estava amplamente difundido no território de Mogi Mirim, é nesse momento que as matas passam a desaparecer com maior intensidade, dando lugar as imensas lavouras de café e tendo a sua madeira utilizada na construção. É em 1897 onde o café em Mogi Mirim atinge o seu ápice.

Em um período de 30 anos a cidade desenvolve-se rapidamente não só de forma física, mas também em população, cultura, e economia: abriram-se novas ruas, centenas de prédios foram construídos, os antigos chafarizes foram substituídos por água encanada, melhorou a iluminação pública, os políticos mogimirianos possuíam os melhores cargos no governo paulista, surgiram os primeiros jornais editados na cidade, o comércio expandiu-se acentuadamente, surgiram as primeiras grandes

indústrias e a cidade fundava e inaugurava a Companhia Mogiana das Estradas de Ferro.

Figura 14 – Café no estado de São Paulo 1901 Fonte: retirado do site pt.wikipedia.org(2020)

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2.2.6 A Companhia Mogiana das Estradas de Ferro Foi no ano de 1872 que os aristocratas do café da cidade de Mogi Mirim fundaram a Cia Mogiana das Estradas de Ferro. A primeira reunião para discutir o tema ocorre na casa do Coronel Guedes, na cidade de Mogi Mirim, um dos fazendeiros mais influentes da época.

A casa onde foi realizada a reunião para fundação da Companhia e que recebeu e hospedou em Mogi Mirim por três vezes o imperador D. Pedro II, a imperatriz Teresa Cristina e sua Corte, ficava localizada na hoje chamada de Rua Coronel Guedes.

A companhia surge com a necessidade de levar o café ao porto de Santos e a outras regiões de forma mais eficiente, uma vez que até então eram as tropas de boi que faziam esse trabalho, porém levavam muito tempo, perdiam produto e eram consideradas pelos cafeicultores muito custosas. Surge assim a ideia de implantar a ferrovia, e são os ricos cafeicultores de Mogi Mirim que dão o ponta pé inicial, fundando a companhia e vendendo ações para a construção. No total eram 21 fazendeiros os primeiros acionistas. Sendo 15 de Mogi Mirim, 5 de Campinas e 1 de Amparo.

A primeira reunião oficial ocorre dias depois em Campinas, onde ficou localizada a sede da Cia Mogiana. Criou-se a sede em Campinas devido a presença de ferrovia já existir por lá, possuindo ligação com São Paulo através da Cia Paulista. São Paulo por sua vez se ligava até Santos através da São Paulo Railway, e dessa forma o café era embarcado nos navios e exportado para o mundo todo.

Figura 15 – Casa Coronel Guedes – Barão de Parapitingui 1942.

Fonte: retirada do site opopularmm.com.br(2020 ) Figura 16 – Linha tronco da Cia Mogiana Fonte: retirado do site estacoesferroviarias.com.br

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Foi eleito como primeiro presidente da Cia Mogiana um mogimiriano e a construção foi negociada com o governo da província de modo que os fazendeiros construiriam e em troca explorariam as estradas de ferro por 90 anos pagando apenas alguns poucos juros.

As estradas de ferro desde seu início tinham como finalidade além do transporte de carga o transporte de pessoas. Eram o principal meio de deslocamento, uma vez que as estradas eram poucas, muitas vezes pouco seguras e a presença de carros vai ser difundida apenas a partir de 1950. Dessa forma o ir e vir cotidiano ocorria através das linhas férreas.

Nas estações a presença de um bar ou venda era comum, em Mogi Mirim, isso acontecia. Os viajantes após longas horas dentro dos trens, nos minutos entre embarque e desembarque desciam para esticar as pernas e ir até a cafeteria comprar algum lanche rápido, tomar um gole de café e comprar cigarros para seguir viagem.

Aquelas antigas estações que foram por muitos anos a porta de entrada e saída de muitas cidades, presenciavam momentos e ouviam histórias, chegadas e partidas se davam ali. Imagina se as paredes falassem. Em Mogi Mirim a estação de embarque e desembarque possui um bom tamanho, assim como era também a infraestrutura dos armazéns e oficinas de máquinas. Pelo outro lado da linha, no sentido contrário a cidade havia a vila de operários, a casa de chefe da linha e dos mecânicos.

Figura 17 - Estação de Mogi-Mirim, lado da plataforma, anos 1910.

Figura 18 - Estação de Mogi-Mirim da Rua Conde de Parnaíba anos 1910.

Fonte: retirado do site estacoesferroviarias.com.br(2020)

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Figura 19 – Desembarca na estação de Mogi Mirim Figura 20, 21 e 22 – Bar da Estação de Mogi Mirim. Anos 1920 à 1950 Fonte: retirado do livro Mogi Mirim Retratos de uma época de Tóride S. Celegatti.

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Figura 23 - Oficina da Companhia Mogiana – Campinas, SP – década de 1930 Figura 24 - Comboio da Mogiana na estação de Mogi-Mirim em 1953 Figura 25 - Estação de Mogi-Mirim em 1960 Figura 26 - Estação de Mogi-Mirim em 1998 Fonte: retirado do site estacoesferroviarias.com.br(2020)

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2.2.7 Escravidão Mogi Mirim possuiu nos seus registros históricos, como testamentos e atas da câmara, desde os anos de sua fundação mão de obra escrava, primeiramente a mão de obra escrava indígena, onde as bandeiras que adentravam o território, quando não matavam o gentil o escravizavam e posteriormente a mão de obra de escravos negros, que teve o seu ápice na era do café.

A cultura do café era baseada em 3 riquezas fundamentais: as terras, o café e principalmente o contingente de escravos, que chegava a valer muito mais que até mesmo as propriedades.

Para se ter ideia do contingente de escravos que passaram pela cidade, Mogi Mirim possuía duas casas de compra e venda de escravos, ambas na antiga Rua do Rosário, hoje Rua José Alves. Documentos contam que compradores de escravos vinham de várias regiões do país como Minas Gerais , Bahia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Mogi Mirim era considerada o maior mercado de escravos do sudeste e sul brasileiro, famosa pela quantidade e qualidade.

Constam nos registros uma série de tradições que eram mantidas pelos escravos e que eram permitidas pelos seus proprietários e até incentivadas. Trouxeram consigo da África, o batuque, que irá ser substituído pelo samba. Com a influência das rodas de samba baianas consequentemente trazem os instrumentos tradicionais, sendo eles o afoxé e o ganzá. Os sambas eram comuns principalmente nas festas juninas realizadas nas fazendas e sítios da cidade.

Outra comemoração que foi por muitos anos tradicional na cidade, realizada pelo povo negro, foram as congadas. Dela participavam escravos e alforriados. Acontecia no dia das festividades em comemoração a São Benedito, geralmente o desfile acompanhava a procissão do santo.

Segundo o historiador mogimiriano Nelson Patelli Filho, “Em nossa cidade ocorria um fato interessante: todos os escravos eram autorizados a participar das congadas pelos seus donos, os quais faziam questão de vesti-los com a maior pompa; os donos emprestavam aos escravos suas melhores roupas e mais caras joias.

Por orgulho ou ostentação faziam questão de ver seus escravos se destacando nos desfiles da congada, aplaudindo e torcendo por eles.”(2016, pg. 412 ) Infelizmente essa tradição desapareceu e teve a sua última realização entre os anos de 1920.

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A abolição da escravidão em Mogi Mirim ocorre também em 1888 alguns dias antes da proclamação da Lei Áurea pela Princesa Isabel. A cidade já possuía um viés abolicionista, sendo os filhos dos próprios escravocratas essas pessoas, devido muitas vezes possuírem formação nas universidades estrangeiras onde a escravidão já estava destituída à muito tempo, sendo assim pensavam de forma diferente.

O Padre Roque, nome de uma das avenidas principais da cidade, foi um dos cafeicultores mais ricos de Mogi Mirim, porém tratava seus escravos de maneira peculiar, uma vez que todos eram alforriados e trabalhavam a troco de uma remuneração, em seu testamento ele deixa as suas terras ao seus escravos para que pudessem se sustentar.

Outra figura importante na história da abolição da escravidão em Mogi Mirim foi o abolicionista Joaquim Firmino de Araujo Cunha, que foi assassinado no dia 11 e fevereiro de 1888. Sendo delegado da polícia da Penha do Rio do Peixe (atual cidade de Itapira, pertencia até o momento a cidade de Mogi Mirim) se recusava a perseguir escravos fugitivos das fazendas de café ou das casas da cidade. Foi assassinado em uma emboscada feita pelos escravocratas da região que o matam a fim de evitar a abolição.

Porém logo após sua morte, para evitar esse tipo de atitude dos escravocratas, a abolição é decretada e todos os escravos são libertos. A morte do abolicionista foi tão marcante para a época que acabou levando a alteração do nome da então Penha do Rio do Peixe a Itapira, como tentativa de desvincular o nome da cidade ao assassinato.

Chegam até a cogitar que a Princesa Isabel tenha se inspirado na situação ocorrida na província para dar fim a escravidão.

Figura 27 - Abolicionista Joaquim Firmino de Araujo Cunha Fonte: retirado do site Fernando conceição.com(2020)

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2.2.8 Imigração O ano de 1867 marca a primeira imigração de colonos livres em Mogi Mirim. Muito antes da abolição da escravidão, os fazendeiros com medo da falta da mão de obra começaram a trazer colonos dos mais diversos países da Europa para trabalhar nas lavouras das suas fazendas em Mogi Mirim e gradativamente substituir a mão de obra escrava.

Para Mogi Mirim vieram nos primeiros anos portugueses e italianos, nos anos seguintes o número de imigrantes italianos cresceu rapidamente, devido a isso se constituíram na maior colônia da cidade, criando diversas associações italianas de ajuda mutua, que tinham como finalidade discutir a cidade, a economia, e principalmente a cultura.

A imigração continua até a segunda metade do século XX, até esse momento histórico a abolição já havia sido declarada e o apogeu do café havia acabado, mas continuavam chegando imigrantes tendo vários motivos, sendo o principal deles as guerras que ocorriam na Europa. É nesse período que instalam-se em Mogi Mirim espanhóis, libaneses e japoneses.

Precisamente no ano de 1948 imigram muitos holandeses para Mogi Mirim formando uma colônia em uma fazenda onde fica hoje Holambra. É essa colônia que baseada no cultivo de flores se desenvolveram e formaram o atual Município de Holambra.

Figura 28 – Família de filhos de imigrantes italianos nascidos em Mogi Mirim.

Fonte: acervo do autor

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2.2.9 As três visitas de D. Pedro II e sua corte a Mogi Mirim Era comum a visita do Imperador as cidades do império, em Mogi Mirim, como em nenhum outro lugar ele se hospeda na demolida casa do Coronel Guedes três vezes junto a sua corte. Foram nos anos de 1875, 1878 e 1886.

Acredita-se que os motivos para tal ilustre visita seja justamente pelo fato da região ser uma das maiores produtoras de café da época e com o empreendimento da Cia Mogiana o acesso as regiões do interior da Província de São Paulo se torna cada vez mais fácil.

Um ponto importante a salientar é que quem sustentava a corte e o sistema monárquico era a aristocracia do café, a presença dos fazendeiros de café nas câmaras municipais, nos altos cargos do governo era sempre maioria uma vez que coincidentemente possuíam o maior capital econômico, sendo onde a monarquia alicerçava-se.

D. Pedro II viajará a diversos lugares a convite ou de passagem para agradar seus aliados. Assim como fazia também através de honrarias. Dando títulos honoríficos aos cafeicultores como forma de agradá-los. Mogi Mirim foi a terceira cidade da província de São Paulo que mais recebeu títulos, todos eles foram destinados aos barões de café, totalizando 12 honrarias.

Uma dessas honrarias foi dada ao Coronel Guedes, que hospeda D. Pedro II em sua casa nas três visitas a Mogi Mirim, recebendo o título de Barão de Parapitingui.

1ª Visita – 27/08/1875 Vem até Mogi Mirim D. Pedro II a Imperatriz Tereza Cristina, a Princesa Izabel e seu marido, o Conde d’Eu, além da Corte

Figura 29 – D. Pedro II e família no Hotel da Empresa em Poços de Caldas. Da esquerda para a direita: a imperatriz, D. Antonia, a princesa Isabel, o imperador, D. Pedro Augusto (filho da irmã da princesa Isabel, D. Leopoldina, Duquesa de Saxe), D. Luís, o conde D'Eu e D. Pedro de Alcântara (Príncipe do Grão-Pará) Fonte: retirado do site flickr.com(2020)

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Imperial com o primeiro trem que saia de Campinas e rodará até Mogi Mirim, inaugurando a estação.

Na ocasião da visita D. Pedro II toma conhecimento de que o pintor hoje conhecido Almeida Junior, na época estava residindo em Mogi Mirim, conhecendo seu trabalho previamente e acreditando no potencial do artista, assim como era de costume, pede para encontrar-se com Almeida Junior e diz que quando possível iria custear seus estudos na Europa. Meses depois Almeida Junior embarca para Paris onde passa uma temporada de estudos. Hoje é um dos principais artistas nacionais.

2ª Visita 14/09/1878 Como convidado da câmara, D. Pedro II vem a Mogi Mirim e conhece a cidade através dos locais mais significativos.

Visita a cadeia, as escolas, o Hospital dos Variolosos (edifício construído durante a epidemia de varíola para receber os doentes, demolido em 1959) e questiona os governantes as situações das pontes, ruas e praças, o porquê das condições não tão bem conservadas.

3ª Visita – 26/10/1886 Volta a visitar Mogi Mirim após viagem até Poços de Caldas, três anos antes do fim da monarquia.

Nessa visita, vai até as igrejas da cidade (São José, Carmo, São Benedito e Rosário), à Santa Casa, a cadeia, a Câmara Municipal, o gabinete de leitura, o Teatro São José(o qual afirma ser um dos teatros mais bem estruturados da região) e as Escolas públicas. Observa as mudanças desde a última visita e propõe melhorias. Visita Penha do Rio do Peixe (hoje Itapira) pela ramal da Cia Mogiana, onde irá visitar os edifícios públicos e escolas.

Figura 30 – Hospital dos Variolosos foto de 1920 Fonte: retirado do livro Retratos de uma época

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2.2.10 Grande Depressão 2.2.10.1 O Fim do café em solo mogimiriano Devido a quebra da Bolsa de Valores dos Estados Unidos em 1929, o café do Brasil é diretamente afetado, uma vez que entulhado nos armazéns não era comprado por ninguém, acabou de uma vez por todas a sociedade patriarcal do café em Mogi Mirim encerrando assim seu papel no desenvolvimento da cidade.

2.2.10.2 O fim da Cia Mogiana Devido também a grande depressão, a Cia Mogiana passa a ter dificuldades financeiras, uma vez que o café não era mais vendido, consequentemente não era mais transportado. Sem dinheiro para pagar a dívida externa que havia contraído com empréstimos para a construção, expansão dos ramais e melhoramento das estruturas, seu patrimônio passa a envelhecer, efeito reflexo disso é a perda de passageiros para os outros meios de transporte que vinham ganhando espaço no cenário da região.

Anos mais tarde o governo do estado de São Paulo tenta buscar soluções para o problema da falência da Companhia, uma das primeiras medidas é a compra da maior parte das ações da Companhia sendo assim assumindo praticamente o comando da linha férrea que até então era de exploração particular.

Posteriormente em 1971 o governo do estado cria por decreto a FEPASA o que unifica as estradas de ferro do estado de São Paulo, acabando com a tradição da Cia Mogiana. Várias decisões tomadas pela FEPASA aceleram ainda mais o fechamento dos ramais.

De 1971 à 1998, a FEPASA fecha a estação central de Mogi Mirim, deslocando os trilhos para o local onde atualmente se encontram, construindo lá uma nova estação, distante do centro da cidade. Dessa forma acabando com o transporte de passageiros saindo da estação central, apagando a linha do seu traçado original.

A infraestrutura que resistiu até então, com a desativação da linha central e retirada dos trilhos, com o intuito de “reurbanizar” a área onde estava a linha, a prefeitura municipal bota abaixo todos os armazéns, as casas de funcionários e as caixas d'água que compunham o cenário da estação. No lugar abre a Avenida Adib Chaib e doa uma Figura 31 – Estação ferroviária construída por volta de 1988 pela FEPASA em Mogi Mirim fora do centro da cidade. Reparar que é uma simples estação para passageiros, sem armazéns e casas de funcionários.

Fonte: retirado do site estacoesferroviarias.com.br (2020)

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enorme área para a cervejaria Cintra, que na época constrói um enorme galpão onde se localizavam os armazéns da Cia. Restou hoje apenas o edifício da estação central.

Em 1988 a FERROBAN foi criada e assume a FEPASA, 9 anos depois em 1997 sai o último trem de passageiros de Mogi Mirim da estação construída fora do centro da cidade.

Atualmente o pouco que restou da ferrovia, já não possuí o seu traçado original, sofreu uma série de reformas e modernizações, reduzindo o número de curvas. Hoje a linha que passa pela cidade de Mogi Mirim é utilizada apenas para transporte de carga.

No ano de 1999 os trechos correspondentes a Linha Tronco da Mogiana foram passados para a Ferrovia Centro Atlântica (FCA) pela Rede Ferroviária Federal RFFSA, e atualmente é operada pela concessionária VLI Multimodal S/A.

Figura 32 – Construção da Avenida Adib Chaib onde antes passavam os trilhos. Ano de 1980 Figura 33 –Estação da FEPASA demolida em 2004 Figura 34 – Antiga Estação central da Cia Mogiana atualmente Fonte: retirado do site estacoesferroviarias.com.br(2020)

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Figura 35 e 36 – Trilhos e armazéns da Cia Mogiana de Mogi Mirim pouco antes da demolição. Vista da estação ao fundo. Anos 1980.

Figura 37 – Trilho passando ao lado da Casa de Funcionários da Cia Mogiana Fonte: retirado do livro Mogi Mirim Retratos de uma época de Tóride S. Celegatti.

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2.2.11 Fim da cultura do Café até os dias de hoje Com o fim do café, vai embora também o dinheiro e sendo assim a fase de desenvolvimento da cidade de Mogi Mirim é abalada.

A indústria vai conseguir se instalar na cidade precariamente em meados dos anos de 1920, uma vez que até 1909 a cidade não possuía energia elétrica e assim funcionava a partir da energia das máquinas a vapor. Mesmo depois de instalada, a rede elétrica era precária, sofrendo interrupções frequentes e assim gerando retardamento do desenvolvimento industrial.

Não só era precário o abastecimento elétrico, mas também o abastecimento de água e coleta de esgoto. O sistema de coleta é iniciado em 1910, porem o tratamento de esgoto vai ser realizado apenas em 2012, tratando 75% do esgoto do município.

Durante a primeira metade do século XX Mogi Mirim cresce lentamente, inicia o processo de calçamento das vias públicas, a coleta de lixo, etc. Devido a uma série de empréstimos realizado pela administração o município estava sempre endividado e de cofres vazios.

Outra fator que devemos salientar é que durante os 15 anos do governo vargas (1930 à 1945), os prefeitos eram escolhidos diretamente pelo governo federal, eram substituídos anualmente o que gerava problemas na administração devido a descontinuidade dos projetos, um ano de governo era muito pouco tempo para concretizar obras de grande porte.

O abastecimento de água só passa por melhoramentos em 1953. Em 1970 é feita uma nova captação de água no Rio

Mogi Guaçu para abastecer as cidades de Mogi Mirim e Mogi Guaçu e apenas em 1996 é implantado um novo sistema de tratamento tornando-se assim efetivo. Nesse período foi construída também uma nova barragem no rio Mogi Guaçu com a finalidade de captação de água para as duas cidades e contenção de enchentes.

Em 1999 é construída uma nova adutora com o intuito de abastecer as novas industrias da cidade.

Até o ano de 1960 a população era maioritariamente rural, sendo assim a cidade ainda mantinha seu aspecto pacato e interiorano uma vez que os limites da cidade não iam muito além de cinco a dez ruas distantes da praça da igreja matriz.

Figura 38 -Vista Geral de Mogi Mirim 1939/1940 Fonte: retirado do site acomarca.com.br(2020)

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É a partir de 1967 que se inicia a construção dos novos loteamentos formando bairros populares, classe média e alta. A diferença tipológica é nítida até os dias de hoje.

Os bairros próximos ao centro, como a Vila Aurea possuem ruas e calçadas largas, muito verdejadas e lotes entre 500m².

Os bairros populares foram construídos em áreas até então longe do centro e muitas vezes de difícil acesso, com ruas e calçadas mais estreitas e lotes de até 250m².

Entre as décadas de 1970 e 1980 a principal rodovia que corta a cidade, a SP-340 foi duplicada, facilitando ainda mais o acesso e assim trazendo novas industrias e circulação de pessoas. É também no ano de 1970 que surge o primeiro distrito industrial de Mogi mirim, as margens da SP-147, lá irão se instalar várias industrias de móveis de aço, nessa época a cidade fica conhecida como capital dos móveis de aço devido as diversas fábricas do setor na cidade.

A presença do telefone já existia desde os anos 20 e vem crescendo desde então, no ano de 1992 ganha uma central digital e dois anos depois a rede móvel de celular.

A partir de 1973 até 1992 o governo municipal passa por uma série de problemas, muitos políticos da época tiveram problemas na justiça federal, incluindo uma cassação em primeira instância. A partir dos anos de 1980 a cidade sofre novamente uma forte estagnação, uma vez que a agricultura e criação de gado deixam de ser a principal atividade econômica para dar lugar ao comércio e a indústria.

A partir de 1996 com a troca de governo, assumindo um partido de esquerda, o município apresenta um vasto crescimento industrial e dessa maneira consegue uma boa arrecadação de impostos. Em 2004 segue o mesmo partido no governo, devido a gestão passada que foi reeleita

conseguir eleger um candidato do mesmo partido, dessa forma dando continuidade aos projetos iniciados em 1996.

Nesse período o entorno da cidade é reurbanizado, os bairros que antes não possuíam ligação entre si agora são interligados. Continua a fase de industrialização do município, essa gestão é reeleita ficando no governo até o ano de 2012.

A partir do ano 2000 a urbanização se intensifica, com os incentivos municipais promovidos pela gestão da época para a instalação de industrias na cidade. O reflexo na urbanização é imediato, sendo assim novas ruas são abertas, loteamentos, avenidas e rotatórias são criadas.

Atualmente a cidade de Mogi Mirim, vem se reafirmando no cenário industrial, a cidade já conta com dois distritos industriais, com varias indústrias de grande porte significativas para o município.

Figura 39 -Vista Geral de Mogi Mirim ano 2020 do mesmo ponto da figura 37 Fonte: retirado do site acomarca.com.br(2020)

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Mais recentemente a cidade vem sendo caracterizada como uma região de serviço e hospedagem, em cerca de 10 anos o número de hotéis na cidade cresceu. Outra característica em que a cidade busca investir é no setor turístico e cultural, dessa forma em 2017 criouse um projeto de lei com o intuito de classificar Mogi Mirim como uma cidade de interesse turístico, regulamentando e fomentando as características turísticas que a cidade possuí.

Figura 40 -Vista Geral de Mogi Mirim ano 2020 Fonte: retirado do site acomarca.com.br(2020)

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2.2.12 Revolução Constitucionalista de 1932 A revolução de 1932 afeta diretamente Mogi Mirim, o município se torna campo de batalha entre as tropas do estado e o exército getulista. A população com medo dos ataques foge para o campo o que gera êxodo urbano.

No total 18 batalhões se instalaram em Mogi Mirim, utilizando os edifícios públicos de alojamento como as escolas e a prefeitura. A Santa Casa fica a disposição das forças armadas paulistas para alojamento dos feridos.

O antigo aeroclube de Mogi Mirim e a estação da Cia. Mogiana são bombardeados pelas tropas getulistas. A cidade não é bombardeada, as batalhas ocorreram no campo. A última batalha ocorre na antiga estrada que liga Mogi Mirim a Itapira, ali as tropas do estado e getulistas entram em batalha. Perdem as tropas do estado que vão recuar para o interior do estado deixando centenas de mortos e feridos.

A antiga linha férrea da Cia. Mogiana era utilizada como meio de locomoção para os soldados, foi criado um trem blindado para facilitar os ataques até onde as linhas alcançavam. Apelidado de “Fantasma da Morte” pelas tropas getulistas.

Figura 41 - Trincheira utilizada pelas tropas do em Mogi Mirim.

Fonte: retirado do site acimm.com.br (2020) Figura 42 – Trem Blindado parado no Estação da Cia Mogiana em Mogi Mirim Figura 43 – Inauguração do monumento aos soldados da Revolução de 1932 Praça 9 de Julho - Translado dos restos mortais.

Fonte: retirado do livro Mogi Mirim Nascida da bravura dos paulistas de Nelson Patelli Filho.Pg 263.

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2.2.13 Teatro em Mogi Mirim A primeira estrutura construída para um teatro em Mogi Mirim foi edificada ainda no século XIX, especificamente no ano de 1821. Todo construído em madeira e iluminado a luz de velas de sebo, os teatros eram muito tradicionais nas cidades, uma vez que era uma das únicas formas de entretenimento da população. Recebiam companhias teatrais, cantores, grupos e artistas de palco vindo de outras regiões do pais. Já no ano de 1883 a estrutura de madeira ameaçava ruir sobre as casas vizinhas e devido a isso as companhias de teatro não podiam mais se apresentar no local. Dessa forma a câmara municipal determina a demolição da antiga estrutura e forma uma organização entre o população para angariar fundos para construir o novo teatro.

Foi a organização anônima da sociedade mogimiriana chamada “Progresso Mogiano” que se organiza para a construção do novo teatro. Construído com toda a modernidade que possuía na época. Segundo Nelson, “O interior do teatro compunha-se de 198 poltronas numeradas na plateia e 32 camarotes nos três pisos das galerias superiores. Os tetos e as laterais eram decorados com majestosos frisos dourados. O palco tinha cerca de doze metros de largura, por oito de fundos, com espaço destinado a orquestra entre a plateia e o palco. As poltronas e camarote eram revestidos em veludo vermelho e com aplicações em azul” Nelson Patelli Filho (2016,p. 432).

A imponente edificação do novo teatro da cidade foi construído em novo endereço, na esquina da atual Rua Padre Roque com a sua fachada principal voltada para a

Figura 44 – Teatro São José, década de 1930 Fonte: retirado do site acomarca.com.br(2020)

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Praça Rui Barbosa, ou seja foi localizado na praça central da cidade, em posição marcante.

Ficou encarregado da sua construção Luíz Matheus Mayllasky que morou em Mogi Mirim durante alguns anos, foi um dos fundadores da estrada de Ferro Sorocabana e Sapucaí.

O novo teatro é inaugurado em 1885 com a peça teatral Fedóra, e a partir dai diversas companhias teatrais se apresentam em Mogi Mirim, vindo elas dos mais diversos locais como Itália e Japão. São apresentadas obras tradicionais como O Barbeiro de Sevilha conhecidas até hoje.

A cantora lírica Onélia Menzetri também se apresenta no teatro São José. Os espetáculos eram acompanhados pela orquestra, assim como era comum na época.

Além de peças teatrais estrangeiras a tradição dos grupos de teatro era muito comum nos colégios da cidade, dessa forma os grupos dos colégios também se apresentavam no teatro São José, assim como se apresentavam em teatros das cidades da região. O teatro por sua vez recebia esses grupos teatrais de cidades vizinhas.

O Teatro São José não só servia para os espetáculos e entretenimento da população, era um local para reunião e acontecimentos sociais, como jogos beneficentes, reuniões politicas, abolicionistas e homenagens a personalidades importantes. Foi cenário também de lutas, sendo o ringue montado no palco.

Figura 45 – Luta livre no palco do Teatro São José.

Figura 46 – Sessão Cívica Teatro São José.

Fonte: retirado do livro Mogi Mirim Retratos de uma época de Tóride S. Celegatti.

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No ano de 1910 surge o cinema e é no Teatro São José que as primeiras sessões são realizadas. Em 1920 a Societá Italiana de Mutuo Socorso compra o edifício e o reforma para abrigar de forma mais adequado o cinema e também a sede da sociedade. Passa a se chamar Cine Teatro São José. A estrutura do teatro se adapta bem as novas necessidades do cinema, uma vez que os primeiros filmes eram mudos, sendo assim sempre acompanhados pela orquestra, como o teatro já possuía o fosso para a orquestra bastava instalar a tela e o projetor.

Com o passar dos anos as estruturas do teatro envelhecem, novos cinemas são abertos na cidade e a novidade do cinema toma espaço.

A evolução cinematográfica traz filmes com áudio dispensando necessidade das orquestras, sendo assim infelizmente em 1939 antiga e majestosa construção é demolida.

Figura 47 – Série de fotos demolição do Cine Teatro São José Fonte: retirado do jornal A comarca, 30 de setembro de 2017

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Figura 48 – Vista ao Fundo do Teatro São José início do século XX Figura 49 – fachada do Teatro São José com cartazes da época do cinema Figura 50 – Vista da Praça Rui Barbosa onde aparece o Teatro São José início do século XX Fonte: retirado do livro Mogi Mirim Retratos de uma época de Tóride S. Celegatti.

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Em 1941 inaugura-se no mesmo local o edifício do Cine São José, com arquitetura Art Déco.

Hoje não existem mais teatro nem cinema em Mogi Mirim, a tradição de quase 200 anos dos grupos de teatro foram deixando de ser tradicionais.

Após a demolição do edifício do Teatro São José a cidade de Mogi Mirim nunca mais teve um teatro tão bem estruturado como ele. Hoje a cidade dispõe de apenas um pequeno e precário teatro no Centro Cultural "Lauro Monteiro de Carvalho e Silva“. Uma estrutura já antiga, com poucas poltronas, sem climatização, o palco não possui cortina e nem fosso para a orquestra.

O Cine São José com o passar dos anos vai perdendo espaço, devido principalmente ao surgimento da TV e do rádio . O piso térreo é transformado em ponto comercial, funcionando apenas duas salas no piso superior que em 2012 vão encerrar a suas atividades devido a concorrência com os novos cinemas das cidades vizinhas.

Hoje em dia no antigo edifício do Cine São José ainda funcionam as Lojas Pernambucanas e no piso superior continua as salas do antigo cinema desativas sem uso algum.

Figura 51 – Cine São José Figura 52 – Cine Teatro São José já adaptada para as Lojas Pernambucanas Fonte: retirado do site pt.slideshare.net(2020)

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2.2.14 Conservação do Patrimônio Ao longo da história de Mogi Mirim observamos o processo de construção e transformação da cidade, surgem edifícios importantes, como a Casa de Câmara e Cadeira, as principais igrejas, as praças, a Santa Casa da Misericórdia, a Estação da Cia. Mogiana e não menos importante a casa das pessoas que habitaram o passado dessa cidade.

Percebemos também ao longo dos anos a importância que esses edifícios tinham, muitos deles foram dificilmente executados com arrecadação de doações e muita ajuda da população. Outros foram doações de figurões da cidade que possuíam muito dinheiro e a fim de beneficiar a cidade desembolsavam fortunas. É terrível acompanhar o fim desses lugares, a história e a memória se desmantelaram com o passar dos anos. A vida urbana mudou e principalmente nos últimos 50 anos a cidade se transforma, sobrepondo-se ao seu passado jurando um futuro promissor porém desconhecendo suas raízes. A situação do patrimônio cultural, arquitetônico e da tradição estão as minguas, poucos são os munícipes que conhecem a história da cidade onde moram.

As edificações históricas com muita dificuldade sobrevivem, amparadas por leis municipais de proteção, e em alguns casos por leis federais. Porém mesmo assim edificações de valor histórico vão abaixo, uma vez que por lei a municipalidade a protege, mas sem respaldar o proprietário, os históricos edifícios existem na cidade como ex combatentes de guerra, os que sobreviveram estão em sua maioria mutilados, salva-se alguns, que por sua vez os proprietários guardam recordações e ou por muitos anos

Figura 53 -Série de edificações na Rua Conde de Parnaíba que sobrevivem ao tempo apesar das diversas mutilações.

Figura 54 – Edifício na Rua Dr. Ulhôa Cintra em bom estado de conservação, desocupada e a venda durante anos.

Fonte: acervo do auto

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estão na família, assim os preservam.

Em outros casos, assim como o edifício da estação da Cia Mogiana, de caráter público, foi classificado em grau de preservação máxima pelo CONDEPHAAT em 1984. Anos depois a prefeitura municipal, desconsidera inteiramente essa lei, criando e executando um projeto que descaracterizou totalmente a estrutura, modernizando seu interior e adaptando um centro de estudo de professores, infelizmente subutilizado.

Figura 55 - Estação de Mogi-Mirim em 1998 Figura 56 –Estação central da Cia Mogiana atualmente Fonte: retirado do site estacoesferroviarias.com.br(2020)

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Um fato na história de Mogi Mirim que marcou toda a população foi a demolição da centenária casa amarela da Família Tavares Leite, construída no centro da cidade no ano de 1910 em uma das esquinas da Praça Floriano Peixoto, o “Jardim Velho”, praça pública mais antiga da cidade.

No ano de 2011 os herdeiros da família Tavares Leite decidiram vender a propriedade e dessa forma procedeu-se.

O comprador adquiriu o imóvel visando a boa localização do edifício e o tamanho do terreno sendo assim desejava demolir a casa. Solicita na prefeitura alvará de demolição que em menos de um dia é concedido. Como a casa era muito conhecida pela população, a demolição ocorre no dia de feriado municipal em 22 de outubro de 2012 para evitar impedimentos, em menos de uma hora a casa vai abaixo derrubando fiação e transformadores de energia da via pública.

A notícia da demolição repercutiu pela cidade, desse forma foi aberto processo judicial uma vez que a casa não era considerada por lei patrimônio cultural, mas que era um dos últimos exemplares da arquitetura da cidade e desse modo deveria ser conservada. O desfecho da situação foi que os envolvidos na liberação imediata do alvará de demolição, processo que demora entre 5 dias, foi feito de forma incorreta, uma vez que não houve tempo de análise adequada pelos órgãos competentes. O que gerou multa de 2 milhões para o responsável e corresponsáveis.

Hoje o terreno se encontra desocupado e cercado, uma vez que o processo judicial ainda não teve fim. Tal situação gerou tanta polêmica na cidade que em 2014 surgiu um projeto de lei que visa a preservação do patrimônio histórico, criando uma comissão de profissionais qualificados para analisar.

projetos dessa natureza.

Figura 57 - Exemplo de casa no centro histórico, construída em 1910 e demolida as presas em 2012 para evitar impedimentos da prefeitura. O terreno se encontra até hoje desocupado e cercado.

Fonte: acervo do auto

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O CEDOCH – Centro de Documentação Histórica “Joaquim Firmino de Araujo” é o principal responsável pela conservação do patrimônio histórico e cultural de Mogi Mirim hoje.

Consta no plano diretor atual da cidade o perímetro do centro histórico de Mogi Mirim e os edifícios e estruturas de interesse histórico que devem ser preservados, criado a partir da proposta do próprio CEDOCH. Dessa forma, foi estabelecido através da Lei Complementar Nº 308/15, capítulo VI que toda edificação datada de antes de 1965, que se encontra dentro do perímetro histórico e que ira sofrer novo projeto, reforma ou construção deve ser previamente aprovado pelo CEDOCH, a fim de evitar situações como o da Casa Amarela e do edifício da Estação da Cia Mogiana.

Figura 58 – Foto de 2020 onde estava a Casa Amarela.

Figura 59 – Logo Centro de Documentação De Mogi Mirim - “Joaquim Firmino de Araújo Cunha” Fonte: retirado do site acomarca.com.br(2020)

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2.2.15 Situação do terreno Itapira

Mogi Mirim

Mogi Guaçu

Mogi Mirim

Holambra

LEGENDA: Macrozoneamento Urbano Macrozoneamento Rural

Mogi Mirim localiza-se no interior de São Paulo distante 160 km da capital. Atualmente a cidade possuí uma população estimada de 93.189 habitantes, com um território de 497,708 km².

Figura 60 - Localização do Município de Mogi Mirim no Estado de São Paulo Fonte: retirado do site pt.wikipedia.org Figura 61 - Recorte Macrozoneamento Urbano de Mogi Mirim Fonte: Lei Complementar 308_2015 - ANEXO 1_MACROZONEAMENTO - Formato A1

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O terreno escolhido fica localizado na Rodovia Deputado Nagib Chaib, em Mogi Mirim –SP. Possui acesso de carros e pedestre pela Rodovia Nagib Chaib, que circunda a maior parte do terreno e se cruza com a Estrada Morro Vermelho – “Antônio Vomero”, que também da acesso ao local, sendo essa uma via de menor fluxo. Ligada a estrada Morro Vermelho – “Antônio Vomero”, está a Rua Professor Alayde Silva de Mello. A área total do terreno é de aproximadamente 80.000m².

A Pedreira Degrava esta totalmente inserida nesse terreno totalizando uma área de 13.400m².

A rodovia é o ponto mais baixo do terreno, sendo assim para a instalação da mesma, teve sua superfície alterada formando um barranco que contorna a rodovia até o limite da divisa do terreno, nesse barranco existe uma vegetação densa que deverá ser preservada. A Estrada Morro Vermelho – “Antônio Vomero” é acessada pela Rodovia Nagib Chaib ou pela Rua Prof. Alayde Silva de Mello, sendo o sentido da rodovia para a estrada Morro Vermelho – “Antônio Vomero” aclive até a Rua Prof. Alayde Silva de Mello.

A pedreira possui paredões de rocha com altura variável entre 15 e 20 metros, devido ao declive do terreno pode ser acessada pelo ponto mais baixo, que fica as margens da rodovia, localizado alguns metros a frente do cruzamento entre a rodovia e a estrada Morro vermelho – “Antônio Vomero”. Como formou-se um lago no fundo da pedreira com aproximadamente 4 metros de profundidade, esse acesso é viável na seca, onde o lago diminui seu nível sendo possível acessar a pé. Durante os períodos de chuva é necessário a utilização de barco, uma vez que o nível das água sobe e inunda o canal.

LEGENDA:

Terreno Rodovia Nagib Chaib Estrada Morro Vermelho – “Antônio Vomero” Rua Professor Alayde Silva de Mello Rio Mogi Mirim

Figura 62 - Área do Terreno e acessos Fonte: Google Earth(2020) Editado pelo autor

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3 PEDREIRA DEGRAVA: CONTEXTO HISTÓRICO E URBANO 55

3 Pedreira Degrava: contexto histórico e urbano A área onde hoje se encontra a Pedreira Degrava fazia parte da zona rural da cidade de Mogi Mirim no ano de 1940 quando teve sua exploração iniciada. A exploração foi realizada para extrair rocha para fins de construção civil, transformando o material extraído em brita.

A exploração do local era feita através de explosões por dinamite. O processo era realizado da seguinte forma, durante o dia os funcionários perfuravam a pedra com máquinas perfuratrizes, criando uma sequência de furos ao longo da borda, em seguida preenchiam esses furos com dinamite. No fim da tarde, a rocha era explodida.

Na manhã seguinte, com o pó proveniente da explosão já assentado, os funcionários quebradores de pedra desciam até os montes dos grandes blocos de rocha formados no fundo da pedreira devido a explosão, iniciando uma trabalho manual da quebra da pedra em blocos menores podendo assim transportá-los para fora da pedreira e encaminha-los as máquinas que transformavam esses blocos em pedras menores e brita.

Os funcionários que trabalhavam quebrando as pedras recebiam por metro cúbico de pedra quebrada, sendo assim ganhava mais quem quebrava mais. O trabalho era feito manualmente com marretas pesando cerca de 12 kg.

O fim da exploração da Pedreira Degrava ocorre nos anos 1970. Ao longo dos anos a cidade cresceu e avançou no sentido da pedreira, tornando as explosões incomodas para os moradores. O que determina o fechamento definitivo da pedreira é o afloramento do lençol freático que acaba por inundar toda a área impossibilitando a exploração.

Desde então a área da pedreira está desativada e nenhum destino foi dado ao local. Com o avanço da urbanização a área se encontra dentro da malha urbana consolidada e é ponto de atração a população que comtempla a sua paisagem. Muitas pessoas também a visitam a fim de praticar rapel e escalada. Porém infelizmente, como o local é uma área aberta, tornou-se perigosa visto que se aproximar das margens da pedreira é risco eminente de queda e morte.

Houve também suicídios, e carros roubados lançados no lago.

Sem nenhuma medida de proteção a área continua abandonada e recentemente teve seu acesso facilitado devido a construção da nova rodovia ao seu redor.

Figura 63 – Pedreira Degrava 1950 Fonte: disponibilizado pelo centro de documentação CEDOC – Mogi Mirim (2020)

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A prefeitura de Mogi Mirim tem a vários anos a ideia de transformar a área em um espaço turístico. Pode-se ter ciência desta ideia uma vez que no plano diretor da cidade, consta a área como Reserva Particular de Patrimônio Natural, que deve ser manipulada conforme o Código Florestal em parceria com a Secretária do Meio Ambiente da cidade.

Outro fator que aponta transformar o local em um lugar turístico são as notícias que saíram no jornal a alguns anos demonstrando o interesse da prefeitura em destinar a área a este fim.

Em 2017 a prefeitura de Mogi Mirim organizou um projeto de lei que teve como finalidade classificar Mogi Mirim como Município de Interesse Turístico, que veio a ser aprovado em 2018.

A prefeitura Municipal de Mogi Mirim, no Projeto de Lei Nº 1092, de 30 de novembro de 2017 “Classifica Mogi Mirim Como cidade de interesse Turístico” Mogi Mirim (SP) 2017.

Ficando a Pedreira Degrava caracterizada como recurso turístico, que são bens naturais, hídricos e culturais de um local que ainda não estão estruturados para receber o público.

Figura 64 – Notícia da abertura da Rodovia que acessa a Pedreira Degrava Fonte: retirado do site jornal opopularmm.com.br(2020) Figura 65 – Notícia de acidente na Pedreira Degrava Fonte: disponibilizado pelo centro de documentação CEDOC – Mogi Mirim (2020)

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3.1 Topografia

Escala 1:2600 58

3.2 Corte do terreno

Escala 1:2000

Corte transversal

Corte longitudinal

Escala 1:1000

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3.3 Atividades Existentes Atualmente no terreno não existe uso específico. Ao longo de toda a área não existem edificações. A maior parte é formada por uma vegetação rasteira espontânea.

Pela análise fotográfica dos últimos 20 anos é possível observar que a região ao redor do atual terreno era muito pouco povoada, em 2001 a área era de difícil acesso, uma vez que para acessar a região era necessária entrar por uma estrada de terra. Ainda no ano de 2001 é possível identificar o lote de chácaras que possuem a testada voltada para a Estrada Antônio Vomero, porém o número de edificações era quase inexistente. Os loteamentos residenciais próximos ainda estavam em construção com ruas de terra e poucas edificações, e os condomínios residenciais não existiam.

Figura 66 – Vista aérea do entorno e do terreno. Ano de 2001.

Fonte: Google Earth 2020

Em 2006 a Rodovia Nagib Chaib é construída e observa-se com o passar dos anos a agricultura na vasta área que circundava o terreno e também na própria área do terreno.

Também em 2006 é construído a Faculdade Técnica de Mogi Mirim na área próxima a histórica edificação da ETEC – Escola Técnica de Mogi Mirim Figura 67 – Vista aérea do entorno e do terreno. Ano de 2006.

Fonte: Google Earth 2020

As margens da rodovia e ao redor da área da pedreira existe uma mata de grande porte, com arvores entre 15 metros de altura, o terreno nesse local possui declividade muito acentuada, sendo assim ficou livre de alterações, possibilitando a formação da mata. Observamos ao longo dos anos que desde 2001 a mata ao redor da pedreira já possuía grande dimensão, sendo assim é possível concluir que aquele local já estava em desuso a no mínimo vinte anos, uma vez que a mata já estava bem formada.

Percebe-se também o Rio Mogi Mirim e sua vegetação circundante. Até 2001 possuía a mata ciliar do lado da pedreira muito debilitada. No ano de 2009 e 2012 é possível ver a Rodovia Nagib Chaib finalizada e também o reflorestamento da mata ciliar do Rio Mogi Mirim de ambos os lados da margem.

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Figura 68 – Vista aérea do entorno e do terreno. Ano de 2012.

Figura 70 – Vista aérea do entorno e do terreno. Ano de 2016.

Fonte: Google Earth 2020

Fonte: Google Earth 2020

Figura 69 – Vista aérea do entorno e do terreno. Ano de 2009.

Em 2019 o condomínio está finalizado e dessa forma fica delimitado o atual terreno. Também é possível observar a densificação dos bairros próximos, uma vez que foram construídas mais casas e as ruas estruturadas.

Figura 71 – Vista aérea do entorno e do terreno. Ano de 2019.

Fonte: Google Earth 2020

Em 2016 é possível observar a construção do condomínio residencial Morro do Sol. Esse condomínio é o que faz divisa com a área do terreno, sendo de propriedade dele o único muro de divisa que o terreno possui.

Fonte: Google Earth 2020

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3.4 Levantamento Fotográfico crítico Analisando o entorno do terreno como pedestre é possível observar diversas peculiaridades que a nível macro não é percebido.

O terreno onde a pedreira está inserida permite o acesso apenas por dois pontos, sendo um deles na Estrada Morro Vermelho - “ Antonio Vomero, o qual observa-se a perigosa proximidade com a pedreira, uma vez que os carros passam muito próximos a borda, como a área é apenas rusticamente cercada com arame farpado e a via não tem iluminação é um lugar propício a acidentes.

Figura 72 – Estrada Antônio Vomero

Trilha que acessa a pedreira

Figura 73 – Vista da pedreira, lado da Estrada Antônio Vomero

Placa de perigo de acidenta na margem da estrada

Fonte: Ano 2020 acervo do autor.

Grande parte do terreno as margens da Rodovia Nagib Chaib é presente uma mata já formada, permitindo o acesso através de trilas.

Figura 74 – Mata do terreno rodovia Nagib Chaib.

Fonte: retirado do site GoogleEarth (2020). Editado pelo autor.

Nota-se no local avisos de risco de queda uma vez que é comum a população ir até as margens da pedreira para observar a paisagem. O acesso a esse ponto é feito através de uma trilha, onde existe uma abertura na cerca suficiente para passar uma pessoa de cada vez.

Fonte: Ano 2020 acervo do autor

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Figura 75 – Vista da vegetação circundante á pedreira.

Coqueiros marcando o local da pedreira

O canal que acessa a pedreira existe desde a época de sua exploração, sendo o local onde os homens e máquinas acessavam a área da mineração. Com o afloramento do lençol freático o lago se formou inundando toda a área da pedreira e em parte do ano o canal.

Figura 77 – Vista de dentro da pedreira, próximo ao acesso da rodovia.

Fonte: retirado do site Google Earth(2020). Editado pelo autor.

A pedreira que se localiza no terreno pode ser acessada pelas bordas superiores, através da entrada citada anteriormente ou pela única entrada ao nível da Rodovia Nagib Chaib, que dá acesso diretamente ao lago da pedreira.

Este acesso é possível através de barco no período de chuvas e a pé na época da seca. Atualmente é interditado para acesso da população. No local existe um aviso de entrada proibida.

Figura 76 – Vista do acesso da Rodovia Nagib Chaib para o lago da pedreira.

Fonte: Ano 2020 acervo do autor.

Fonte: retirado do site mapio.net (2020) Figura 78 – Vista da pedreira parte superior, lado da Estrada Antônio Vomero Canal de acesso ao nível da rodovia

Fonte: Ano 2020 acervo do autor.

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Com a construção da Rodovia, no ano de 2006, o canal ficou em um nível abaixo da rodovia, na época de seca, o nível da água abaixa e o canal seca parcialmente, porém na temporada de chuva, o nível do lago sobe a ponto de encher todo o canal e consequentemente faze-lo transbordar sobre a rodovia, toda essa água se acumula sobre o pavimento tornando perigoso o tráfego no momento da chuva.

Algumas horas após a chuva, toda água escorre em direção a várzea do rio Mogi Mirim liberando novamente o tráfego.

Apesar de reparos terem sido feitos ainda ocorre em situações de chuvas muito intensa.

Neste sentido podemos caracterizar o canal como se fosse o ladrão do lago da pedreira e a rodovia como um obstáculo no escoamento da água, que por ser uma área impermeável e mal drenada contribuí com as enxurradas.

Outra situação percebida no local é a presença humana, seja para apreciação ou para degradação.

Percebe-se nas paredes de rocha que são acessíveis aos transeuntes, e até mesmo as que não são, a presença de pichações, que desvalorizam a paisagem. Com isso é possível ter noção dos usos deste espaço, como observado é um espaço de contemplação a paisagem mas também um ambiente propício para vandalizações devido a ser um local isolado e sem movimentação pública frequente.

Figura 80 – Vista da pedreira parte superior, lado da Estrada Antônio Vomero

Figura 79 – Cruzamento entre a Rodovia Adib Chaib e a estrada Antônio Vomero

Ponto de alagamento recorrente

Fonte: Ano 2020 acervo do autor

Fonte: Ano 2020 acervo do autor

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Figura 81 – Pichações.

Em alguns pontos da cidade, principalmente na região norte é possível observar no horizonte a vegetação que caracteriza o local da pedreira, composta por uma mata verde e densa e algumas palmeiras e Jerivás.

Figura 82 – Perspectiva da área da pedreira da Rua Professor Alayde Silva de Mello, no Jardim Patrícia.

Vegetação que marca o local da pedreira

Fonte: Ano 2020 acervo do autor.

Fonte: Ano 2020 acervo do autor

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3.5 Entorno O terreno em estudo, está inserido em uma área que vem sofrendo um processo de urbanização recente. No seu entorno imediato observamos a maior presença de áreas residenciais e institucionais.

Cronologicamente dizendo, a área institucional é a mais antiga, tendo seu primeiro edifício construído no início do século XX, onde a região era muito pouco povoada, uma vez que esse edifício era destinado ao Instituto Disciplinar, posteriormente por muitos anos foi sede do Instituto FEBEM e atualmente é sede da Secretária de Esporte, Juventude e Lazer e Cultura e Turismo.

A urbanização para receber loteamentos e condomínios residenciais aconteceu a partir dos anos 1980 e vem se intensificando até os dias de hoje. Como observamos na imagem abaixo o condomínio que faz divisa com o terreno acabou de ser construído no ano de 2019.

Figura 83 – Mapa de uso e ocupação do solo

Legenda: Residencial Institucional Industrial Serviço Misto Terreno Linha férrea Rio Mogi Mirim Limite Centro Histórico

Fonte: Google Earth ano 2020. Editado pelo autor.

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A região possuí uma população mista, sendo caracterizada por renda alta média e baixa, assim como observamos no mapa abaixo.

Tendo maior proporção a população de média e baixa renda.

A localização do terreno é importante uma vez que está mais próximo a uma das áreas de menor poder aquisitivo da cidade, sendo assim o projeto que virá a ser proposto tem como finalidade atender gratuitamente essa população, priorizando-a. Dessa forma a proximidade com o local é fundamental.

Figura 84 – Renda por região.

Legenda: Rende alta Renda média

Renda baixa Terreno Linha Férrea Rio Mogi Mirim Limite Centro Histórico

Fonte: Google Earth ano 2020. Editado pelo autor.

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3.6 Instituições próximas Na mesma rodovia que acessa o terreno existe um número considerável de instituições, sendo a maioria delas de interesse público, como escolas, faculdade, a Secretaria de Esporte, Juventude e Lazer e a própria Secretaria de Cultura e Turismo.

A área que existe ao redor das instituições, tem por lei destino a infraestrutura urbana o que cria um eixo destinado a esse fim. A implantação de um parque destinado a história, cultura, lazer e turismo no terreno que fica poucos metros a frente, reforçaria essa característica e principalmente traria grandes ganhos a estas instituições, uma vez que poderiam trabalhar em conjunto com o novo parque cultural da cidade, criando uma rede de troca de informações e circulação de pessoas.

Figura 86 – Instituições Educacionais.

Legenda: FATEC - Faculdade de tecnologia de Mogi Mirim ETEC – Escola Técnica Estadual Pedro Ferreira Alves APAE Grupo Escoteiro Valentino Balestro Secretária de Esporte, Juventude e Lazer e Cultura e Turismo Instituto Educacional Imaculada Conceição Escola Estadual Ernani Calbucci Terreno Rio Mogi Mirim

Figura 85 – Edifícios da ETEC – Escola Técnica Estadual Pedro Ferreira Alves e Secretária de Esporte, Juventude e Lazer e Cultura e Turismo em 1964 Fonte: retirado do jornal O Impacto de 08/03/2014

Limite Centro Histórico Fonte: Google Earth ano 2020. Editado pelo autor.

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A instalação de um projeto destinado a história, cultura, lazer e turismo, não só beneficiária o seu entorno imediato, mas sim toda a cidade. Para ampliar ainda mais o alcance da repercussão do projeto, as instituições podem formar uma rede municipal de troca de experiências, levando seus alunos as outras instituições tendo o projeto no local da pedreira como mediador.

Figura 87 – Localização das instituições educacionais. Contexto da Cidade Fonte: Google Earth ano 2020. Editado pelo autor.

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3.7 Edificações tombadas Mogi Mirim possuí por lei uma série de edificações históricas que foram protegidas por lei, o que não significa o seu total físico restaurado e preservado.

Infelizmente durante os últimos anos, muitos dos principais edifícios da cidade foram sendo demolidos e substituídos por novos e “modernos”. As tradições construtivas, as técnicas, a arquitetura bem pensada para atender a população duramente deu lugar as construções brutas de concreto e vidro, a maioria ocupando o maior espaço possível dos lotes, não permitindo respiros. As fachadas sufocam as ruas que por sua vez sufoca os passantes.

O desconhecimento da população sobre a história da cidade, o cruel mercado imobiliário que inflaciona os preços, os interesses políticos parciais vem botando tudo abaixo fazendo desconhecido o centro. Em menos de 80 anos, o que foi o berço da pedra fundamental de Mogi Mirim agora se torna uma das áreas mais descaracterizadas.

Figura 88 – Centro Histórico

Localização da Pedreira Degrava

Legenda: 1 – Necrópole Municipal (Quadra do Carmo, Mausoléu do Pres. João Teodoro e Muro de Taipa) Lei 3136/1999 2 – Pavimento da Rua Dr. Olímpio Ferreira Brito Lei 2244/1991 3 – Antiga Estação da Cia. Mogiana Lei 4735/09 4 – Paço Municipal, Câmara Municipal e Pelourinho Lei 4735/09 5 – Coreto da Pç. Rui Barbosa Lei 4219/2006 6 – Pç. São José(entorno da Igreja 733m²) Lei 5309/2012 7 – Matriz de São José Lei 5222/2011 8 – Placa alusiva aos Imigrantes japoneses e cerejeiras da Pç.

Prof. Jamil Bacar Lei 4556/2008 9 – Igreja São Benedito Lei 5200/2011 10 – Igreja N. Sra. Do Carmo e anexos Lei 4812/2009 11 – Cálice da Pç. José Schincariol Lei 4285/2007 Fonte: Recorte da Lei Complementar 308_2015 - ANEXO 7_CENTRO HISTORICO Formato A1

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3.8 Planta da cidade com Marcos Urbanos / Referenciais da paisagem O local onde está o terreno, amparado de uma estrutura com o intuito de criar um observatório possibilita a vista do centro histórico da cidade, assim como os seus marcos urbanos. Facilitando o entendimento e a compreensão do espaço. Somente a perspectiva não surtirá tal efeito, dessa forma para auxiliar no despertar do olhar seriam necessários instruções, mostrar fatos históricos, tornar as experiências e relato de vida do espectador um fato histórico, porque na verdade é, sendo assim gerar significado para o indivíduo, fazendo ele próprio se identificar como parte do todo e perceber sua importância para a cidade.

Figura 89 – Marcos Urbanos/Referências da paisagem Fonte: Google Earth ano 2020. Editado pelo autor.

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3.9 Proximidade: Centro histórico x Pedreira Degrava Como podemos constatar no mapa abaixo, o centro Histórico da Cidade de Mogi Mirim está a 2,36 Km a partir da Praça Ruy Barbosa, onde fica a Igreja Matriz de São José. A linha roxa no mapa abaixo simula a trajetória.

Figura 90 – Proximidade: Centro Histórico x Pedreira Degrava Fonte: Google Earth ano 2020. Editado pelo autor.

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3.10 Acidentes Geográficos proeminentes: fator de escolha Os acidentes geográfico que caracterizam o terreno e a região próxima a ele são o Rio Mogi Mirim e sua várzea, que ficam do lado oposto a Rodovia Adib Chaib, sendo assim propõem ao local uma vista da densa mata ciliar.

O fator principal para a escolha do terreno foi justamente por naquele lugar haver o acidente geográfico gerado pelo homem que deixou uma enorme cratera aberta no terreno e hoje devido a passar dos anos e a situação de abandono, formou uma vegetação característica do local.

O principal valor desse terreno é a paisagem formada pela pedreira e pela vegetação, nesse sentido, o caráter principal do projeto é alterar minimamente o terreno. O segundo fato importante é a vista que a área possibilita para a cidade e principalmente para o centro histórico, sendo um observatório que revisita o passado e mira o futuro.

Figura 91 – Perspectivas da área da pedreira Fonte: retirado do site youtube.com

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3.11 Corredores de Movimentação: veículos e pedestres Observa-se pelos mapas de sistema viário de Mogi Mirim que junto ao terreno existe uma via simples, ou seja, possuí apenas um sentido, em direção a cidade de Mogi Guaçu. Na situação do local, como representada no mapa ao lado, o trecho classificado como via, começa na estrada Morro Vermelho – “Antônio Vomero” e vai em direção a Rodovia Nagib Chaib.

Pela hierarquização viária o terreno está rodeado por uma Rodovia, a Rodovia Nagib Chaib e uma Rua local, chamada de Estrada Morro Vermelho – “Antônio Vomero”.

A Rodovia Nagib Chaib, a partir do segundo cruzamento se torna uma via coletora.

Ambas as vias, sejam elas a Rodovia Nagib Chaib ou a estrada Morro Vermelho - “Antônio Vomero”, estão dentro do perímetro urbano. A rodovia possui calçamento para pedestre de ambos os lados em toda a sua extensão e iluminação pública, já a estrada não possui pavimentação de nenhum tipo, assim como não possui calçadas para pedestres e iluminação.

Figura 92 – Sistema viário de Mogi Mirim

Localização da Pedreira Degrava

Figura 93 - Hierarquização viária de Mogi Mirim

Localização da Pedreira Degrava

Fonte: Recorte Lei Complementar 308_2015 - ANEXO 6_Hierarquização Viária - Formato A0 Fonte: Recorte Lei Complementar 308_2015 - ANEXO 4_SISTEMA_VIARIO - Formato A0

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3.12 Espaços afim Na cidade de Mogi Mirim, existe uma série de locais que tem potencial para se tornar espaços destinados a cultura e lazer, assim como o terreno escolhido.

A maioria deles já é constituído como espaço público e abriga usos destinados a população, porém o grande problema é o mau estado de conservação, falta iluminação, mobiliário urbano, segurança e principalmente os usuários perceberem que aquele espaço é parte da cidade que ele vive, sendo assim, aquele espaço também é dele.

Existe a profunda necessidade de ressignificar esses locais para a população, quando ela desconhece a história e o contexto daquele local, o espaço se torna menos importante, mais fácil de ser esquecido e assim degradado. É recorrente consertos e limpeza nesses espaços, porém são ineficazes, uma vez que utiliza recursos públicos e não sana suas necessidades.

Devido ao estado degradado a população se distanciou desses ambientes colaborando ainda mais para a sua marginalização.

Em especial a área da voçoroca, que é o único local onde não existe nenhuma infraestrutura para receber a população, é um ponto de atração, uma vez que a mata que se constituiu em meio as fissuras abertas no solo pela erosão, se tornou destino para a população que gosta de fazer trilhas ou que vai ao local apenas para observar a paisagem.

Essa análise possibilita perceber que a cidade pode criar uma infraestrutura de parques, tomando como exemplo a intervenção na pedreira, fazendo isso apenas melhorando os aparatos urbanos já existentes. O fator primordial para que esse novos projetos funcionem é tratar o usuário e a história local como peça chave para projetar.

Figura 94 – Espaços afim.

Legenda: Estação Experimental de Mogi Mirim – Instituto Florestal

Zoológico Municipal “Luiz Gonzaga de Amoedo Campos” Complexo Lavapés Praça José Schincariol Voçoroca NIAS – Centro Esportivo Espaço Cidadão Praça Floriano Peixoto – “Jardim Velho” Terreno Linha férrea Rio Mogi Mirim Limite Centro Histórico Fonte: Google Earth ano 2020. Editado pelo autor.

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Analisando o contexto da cidade de Mogi Mirim no aspecto de promoção cultural, a cidade possuí três espaços destinados a desenvolver atividades culturais e artísticas.

Sendo eles o Centro Cultural "Prof. Lauro Monteiro de Carvalho e Silva“, o Instituto Educacional ICA e a Lyra Mogimiriana.

O Centro Cultural "Prof. Lauro Monteiro de Carvalho e Silva“ é custeado pela prefeitura de Mogi Mirim e oferece a população atividades relacionadas a cultura, como aulas de dança, teatro e música.

Figura 96 – Instituto ICA

Figura 95 – Centro Cultural “Prof. Louro Monteiro de Carvalho e Silva Fonte: retirado do site acomarca.com.br.

A Lyra Mogimiriana também é uma organização não governamental e se mantem através do apoio de diversas empresas da cidade de Mogi Mirim e região. Seu trabalho funciona através da música, educando crianças, jovens e adultos através dos instrumentos. Possui vários projetos, como o coral Municipal, a Banda Lyra etc.

Figura 97 – Antiga Casa de Máquinas, hoje sede da Lyra Mogimiriana

Fonte: retirado do site mogimirim.portaldacidade.com.

O Instituto Educacional ICA é uma Instituição não governamental, voltada para crianças e adolescentes com o intuito de promover a educação, cultura e arte através de uma formação mais humana. Funciona através de doações e apoio de empresas da cidade de Mogi Mirim.

Fonte: retirado do site acomarca.com.br.

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3.13 Zoneamento Urbano de Mogi Mirim Segundo o zoneamento vigente de Mogi Mirim, o terreno escolhido para a área de intervenção se classifica dentro de duas zonas. Sendo a área onde a pedreira está e seu entorno imediato ZEIA - Zona Especial de Interesse Ambiental e o restante do terreno ZPR02 - Zona Predominantemente Residencial 02.

Figura 98 – Recorte mapa zoneamento de Mogi Mirim

Localização da Pedreira Degrava

Legenda: Zona Exclusivamente Residencial – ZER Zona Predominantemente Residencial 01 – ZPR01 Zona Predominantemente Residencial 02 – ZPR02 Zona Predominantemente Comercial 01 – ZPC01 Zona Predominantemente Comercial 02 – ZPC02 Diretriz para Zona Predominantemente Comercial 02 – ZPC02 Zona Exclusivamente Industrial – ZEI Zonas Especiais de Interesse Social – ZEIS Zonas de Núcleos Urbanos Isolados – ZNUI Zonas Especiais de Interesse Ambiental – ZEIA 1, 2, 3, 4 e 5 e ZIA Zona de Ocupação Urbana Prioritária – ZOUP Zona de Expansão Urbana – ZEU Zona de Integração Urbana – ZIU Zona de Integração Urbana/Rural – ZIUR Fonte: Recorte Lei Complementar 308_2015 - ANEXO 3_ZONEAMENTO_ATUAL - Formato A1

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Segundo o Mapa de Zoneamento Ambiental de Mogi Mirim a área da pedreira é subclassificada como ZEIA 03 ou seja, zona especial de interesse ambiental definidas como RPPN - Reserva Particular de Patrimônio Natural.

Figura 99 – Recorte mapa zoneamento ambiental de Mogi Mirim

Localização da Pedreira Degrava

LEGENDA: ZEIA01 – APA - Área de Preservação Ambiental ZEIA02 – APP – Área de Preservação Permanente ZEIA03 – RPPN – Reserva Particular de Patrimônio Ambiental ZEIA04 – Predomínio de Uso Institucional ZEIA05 – Passiveis de Sofrer Degradação Ambiental ZIA – Zona de Interesse Ambiental Fonte: Recorte Lei Complementar 308_2015 - ANEXO 3_ZONEAMENTO AMBIENTAL_ATUAL - Formato A1

Qualquer medida adotada em relação a área de RPPN deve ser prevista previamente em um Plano de Manejo para a área especificada. O Plano de Manejo de uma RPPN é o documento técnico que, por meio do estudo da área, estabelece o zoneamento, regramento e normas dos usos previstos para esta categoria de unidade de conservação (pesquisas científicas e visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais) e o manejo dos recursos naturais (proteção, recuperação) bem como da infraestrutura necessárias à boa gestão da reserva.

Compete à Fundação Florestal aprovar o plano de manejo das RPPN instituídas pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente, por meio de Portaria do Diretor Executivo publicada no Diário Oficial do ESP, conforme estabelece o Decreto Estadual nº 60.302 de 2014.

Pelo Código Florestal Brasileiro, a RPPN traz uma série de benefícios para o meio ambiente, como aumento das áreas de unidades de conservação. Para o município, que recebera maior retorno financeiro através do ICMS Ecológico recolhido e também beneficia o proprietário da área através da redução de impostos e isenções fiscais, assim como também as atividades que ele poderá desenvolver em uma área ecológica reconhecida pelo governo.

Dessa forma a área é muito interessante a população, onde além de poder visitar o local, com infraestrutura adequada e segurança, pode se informar sobre assuntos pertinentes, constados no Plano de Manejo da área.

As Reservas Particulares de Patrimônio Natural devem obedecer as normas do Código Florestal – Lei Federal nº 12.653, de 25 de maio de 2012.

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4 CURIOSIDADE 79

4 Curiosidade: A Pedreira Degrava e o Filme Fuscão Preto No ano de 1983 a Pedreira Degrava foi cenário do filme Fuscão Preto. A atriz principal foi Xuxa Meneghel ainda no início da Carreira.

O filme foi gravado nas cidades de Mogi Mirim Mogi Guaçu e Espírito Santo do Pinhal. A trama do filme retrata a vida interiorana, mostrando o meio urbano, com suas festinhas, conversas de bares e clubes e o meio rural, com suas modas de viola, a vida na fazenda, e seus personagens ingênuos.

O Fuscão Preto é a personificação de um carro, o personagem que o dirige nunca aparece no filme.

A personagem Diana, (interpretada pela atriz Xuxa Meneghel) se apaixona pelo carro misterioso que é mal visto pelos moradores da cidade. Diana estava prometida ao filho do prefeito, que queria substituir a criação de cavalos da mãe de Diana por uma plantação de cana-de-açúcar e juntos, o prefeito e a mãe de Diana, construiriam uma usina de álcool.

A grande cena final é quando em uma emboscada feita pelo filho do prefeito e seus amigos, o Fuscão Preto encurralado, se atira dentro do lago da Pedreira Degrava para fugir.

Todos imaginavam ser o fim do Fuscão Preto, porém ele emerge do fundo do lago e sei da pedreira pelo canal, nesse momento Diana o esperava e eles fogem juntos.

Figura 100 – Cartaz do filme Fuscão Preto.

Fonte: retirado do site adorocinema.com.

Figura 101 – Cenas do filme Fuscão Preto.

Fonte: retirado do site youtube.com.

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5 ESTUDOS DE CASO 81

5.1 Museu Louvre – Lens Louvre Lens é uma das filiais do Museu do Louvre de Paris pelo mundo. Este, no caso, fica na própria França, na cidade de Lens a cerca de 250 km da tão conhecida sede de Paris.

Lens é escolhida como sede da nova filial respaldada por dois princípios dos administradores franceses: o primeiro, por consciência do governo francês de que o acesso a cultura deve ser democrático e descentralizado, proporcionando acesso a arte a toda a população sem privilegiar os grandes polos do país. Sendo assim Lens, com apenas 36 mil habitantes era o cenário perfeito para tal escolha. Já o segundo princípio, tão importante como o primeiro, é que além da necessidade de acesso a cultura, a cidade de Lens possuía uma taxa de desemprego de 16%. Receber uma sede de um dos maiores museus do mundo ajudaria a reestruturar a cidade e reestabelecer novas trocas econômicas, incentivando o turismo e assim fazendo a economia local se reestabelecer novamente, dessa vez tendo o turismo como protagonista e o edifício ícone do Louvre de Lens como objeto principal dessa transformação.

Na escolha do local do edifício, também com o intuito de

participar na conservação da área de mineração da cidade de Lens, que remete a história do seu passado industrial, é destinada ao projeto uma área de 20 hectares, a qual no passado foi explorada por uma mina de carvão, ficando abandonada desde o termino da exploração em 1960.

A área construída do museu é de 28.000 metros quadrados.

Projetado em 2012 pelo grupo de arquitetos japoneses SANNA, com custo de 150 milhões de euros a estrutura do museu estende-se por 360 metros, composta totalmente de aço, vidro e alumínio polido e anodizado, na perspectiva parece fundir-se na paisagem que é praticamente plana.

O conceito principal do projeto, segundo a equipe de criação é não criar uma mega estrutura que sobreponha a paisagem, mas sim uma estrutura baixa e de fácil acesso, capaz de se misturar a ela, chegando até a passar despercebida, apesar de sua grandeza e complexidade. Materializam a transparência literal e figurativa, foco principal do projeto.

O conjunto obra e paisagem pode ser considerado um grande espetáculo, porque se pelas fotos podemos sentir a conexão entre natureza e edifício, empiricamente a sensação deve ser ainda mais forte.

Figura 102 – Louvre Lens Fonte: retirado do site louvrelens.com

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5.1.1 Programa de projeto do edifício do museu Percebe-se através da implantação do Louvre Lens a harmonia dos ambientes.

O edifício é composto por um pavimento térreo, onde se encontram as atividades abertas ao público, sendo as salas de exposições principais e as áreas de serviço, como lanchonete, loja, restaurante e administração.

O segundo pavimento é um subsolo, que se ajusta sob o edifício térreo se acomodando ao terreno de maneira a altera-lo o mínimo possível. Nesse espaço estão localizadas as atividades restritas, como centros de treinamento e especialização profissional, áreas de reservas técnicas, áreas para treinamento de funcionários e oficinas de restauro.

Figura 103 – Planta Louvre Lens.

Fonte: retirada do site archdaily.com.br(2020)

Figura 104– Planta subsolo Louvre Lens.

Fonte: retirada do site archdaily.com.br(2020)

É interessante ressaltar a forma como o térreo se conecta com o subsolo.

O acesso de caminhões e abastecimento do museu, como a chegada de novas exposições e troca de acervo é feito por um acesso em rampa, onde a carga e descarga ocorre pelo subsolo, lá eles preparam as obras e as transportam para as galeria de exposição através de elevadores. Devido a isso o subsolo se conecta ao térreo em pontos diversos, em cada galeria de exposição existe um acesso através de escadas e elevador.

No hall central, existem diversos elevadores, tanto para visitas a reserva técnica, quanto para o centro de recursos que ocorre no térreo e no subsolo, se conectando também através de um elevador e escada designado para esse fim.

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5.1.2 Galeria do Tempo A Galeria do tempo do Louvre Lens é a área do museu onde está a maior coleção. Este espaço foi concebido pela equipe de arquitetos Imrey Culbert, como um grande salão de 125 metros de comprimento, com fechamentos laterais e cobertura em vidro e alumínio. As obras são dispostas cronologicamente, neste único salão, sendo assim possível observar peças que possuem a mesma idade, mas que tem origens distintas. Dessa maneira facilitando a compreensão da arte no tempo pelos visitantes.

Ao dispor as obras dessa forma e ao criar um museu onde o espaço reflete os objetos de forma desfocada, cria-se uma nova percepção do museu, indo totalmente de encontro com a tradicional e formal maneira de expor do Louvre de Paris. Permite ao observador uma nova experiência de se encontrar em meio aquele jogo de imagens e objetos.

O que é feito na galeria do tempo em Lens é muito semelhante ao acervo permanente do Museu de Arte de São Paulo, o MASP, o qual foi a inspiração.

A arquiteta Lina Bobardi, no MASP, cria os cavaletes de cristal, dando um novo significado a forma de expor dos tradicionais museus.

Pela primeira vez ela dispõe as obras em cavaletes de vidro os quais dão a sensação das obras flutuarem. As distribui em um grande salão de forma cronológica sem divisões e permite as vistas externas inundarem o espaço tornando-se parte do espetáculo.

Figura 105 – Galeria do Tempo Louvre Lens.

Fonte: retirada do site arcoweb.com.br(2020) Figura 106 – Acervo permanente MASP. Fonte: retirada do site melhoresdestinos.com.br(2020)

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É possível observar na planta da galeria do tempo e na planta geral do edifício do Louvre Lens o seu formato curvo.

Provavelmente os arquitetos desenvolveram essa estrutura pensando no princípio da êntase, uma vez que conceber um retângulo com esses dimensões e com paredes retas e paralelas causaria uma distorção ótica que poderia ser percebida e incomodar os visitantes mais observadores.

Dessa maneira a estrutura é concebida em curva eliminando a distorção ótica, uma vez que agora ela é proposital. É possível reparar no corte da galeria do tempo que o seu piso possui um desnível direcionado as obras. Como o terreno já possuía tal desnível, os arquitetos fizeram proveito dessa condição e, dessa forma o desnível se da no sentido das obras, guiando o espectador.

Figura 107 – Planta Galeria o Tempo Louvre Lens.

Figura 108 – Corte Galeria do Tempo Louvre Lens.

Fonte: retirada do site archdaily.co.br(2020)

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5.1.3 O parque do Louvre Lens O paisagismo do parque foi concebido pelo escritório francês Mosbach Paysagistes com a ideia de ser uma extensão do museu, onde foi priorizado a preservação da memória da paisagem industrial, dessa forma preservando e evidenciando vestígios da mina de carvão que ainda existiam no terreno.

Pelo fato de Lens ser uma pequena cidade de tradição mineradora a presença do passado minerador é muito presente e recente, segundo os arquitetos paisagistas desconsiderar esse fato levaria a um desastre de projeto.

Com o final da atividade mineradora a atual área do parque ficou abandonada desde 1960, desse forma vegetações diferenciadas se adaptaram ao solo de resíduos, formando uma paisagem única a qual foi manipulada pelo projeto paisagístico de forma a evidenciar essa beleza natural, encaixando-a no novo desenho da área.

O parque teve como referência histórica de projeto os antigos parques franceses e italianos, que promoviam passeios entre a floresta, gramados, esplanadas e espelhos d'água. Agora com uma paginação e desenho atualizado.

Uma premissa do escritório Mosbach foi transformar a área isolada de 20 hectares da antiga mineradora de carvão, onde apenas os trabalhadores da mina eram permitidos, em um espaço de lazer aberto e convidativo para a população da cidade.

Figura 109 – Vista aérea Parque Louvre Lens.

Figura 110 – Implantação Parque Louvre Lens.

Fonte: retirada do site louvrelens.com(2020)

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A partir da implantação geral do parque, podemos observar a forma como a circulação ocorre. Como o parque possui uma área de 20 hectares as entradas e caminhos são variados. O parque possuí trilhas de caminhada e ciclovias para esportes, é nele onde ocorreram também os acompanhamentos com os educadores do museu, de forma a tornar a dinâmica mais atrativa ao visitante.

Ao redor do parque existem vários pontos de ônibus e 5 bolsões de estacionamento.

Figura 111 - Circulação e acessos Louvre Lens.

Fonte: retirada do site louvrelens.com(2020)

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Figura 112 - Parque Louvre Lens.

Fonte: retirada do atelierld.com(2020)

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Detalhes técnicos da execução do paisagismo do parque. O projeto realizado pelo escritório Mosbach Paysagistes foi considerado inexequível pela primeira empresa contratada, uma vez que as formas eram tão características que não conseguiam executá-las.

Devido a isso foi contratada uma empresa que estudou e desenvolveu o projeto para torná-lo executável e assim o fez.

Figura 113- Detalhe técnico em corte parque do Louvre Lens.

Figura 114- Execução parque Louvre Lens.

Fonte: retirada do atelierld.com(2020)

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5.2 Metropol Parasol Metropol Parasol, em português guarda-sol metropolitano. Popularmente conhecido em Sevilha como Setas de Sevilla (Cogumelos de Sevilha) é um projeto do escritório alemão J. Mayer H. Architects. O projeto foi o vencedor de um concurso público promovido pela prefeitura de Sevilha para a Plaza de La Encarnación no centro histórico, área qual a muitos anos esperava por um destino.

A conclusão da obra em 2011 colocou Sevilha a par das cidades históricas da Europa que possuem uma grande intervenção arquitetônica contemporânea em seu núcleo histórico.

A área onde está a estrutura, desde o ano de 1968 é tema de discussão, existia nesse local o Convento de La Encarnacion e o mercado municipal, ambos foram demolidos nos anos 1980 devido a problemas de transito e higiene. A área se transformou em um estacionamento de carros, devido não darem destino específico ao local de forma imediata, o que caracterizava a região como um dos locais desvalorizados do centro de Sevilha.

A edificação é toda concebida em madeira laminada e colada, ligada por peças de aço aparafusadas e finalizada com pintura no tom creme para a proteção da estrutura contra o calor e a chuva. A fundação e base são feitas em concreto aparente, e o acabamento do piso da praça é em granito.

A área total da intervenção é de 11.250 m². Possuí 75 metros de largura, por 150 metros de comprimento com a altura total de 28 metros.

A estrutura que se torna um grande marco no centro

Figura 115 – Metropol Parasol.

Fonte: retirado do site itsliquid.com(2020) Figura 116 – Área antes da construção do Metropol Parasol.

Fonte: retirado do site publicspace.org (2020)

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histórico da cidade resolve o problema do espaço subutilizado da antiga praça, respondendo a demanda de um grande ponto de encontro multifuncional.

A estrutura que revitaliza o espaço é composta por subsolo, o qual abriga o museu arqueológico, chamado Museo Antiquarium de Sevilla. O nível térreo, abriga a estrutura do novo mercado municipal. Sobre o mercado municipal, sendo assim, abaixo dos cogumelos, se encontra a praça elevada, com aberturas em claraboias de vidro para o subsolo, permitindo a entrada de luz. A praça é aberta ao público, acessada pelas largas escadarias ou escadas rolantes, é um espaço para feiras e eventos, protegida do sol pela sombra criada pela estrutura quadricular do cogumelo.

A estrutura do cogumelo é acessada por elevadores, o qual dá acesso a um restaurante onde é possível ver parte da cidade e uma passarela que percorre a parte superior de toda estrutura permitindo a vista 360º da cidade de Sevilla sobre as edificações históricas do centro.

Houveram muitas críticas durante e após a entrega da nova estrutura a população. Primeiramente por conta dos gastos e atrasos, uma vez que ao escavar a antiga praça foram encontrada ruínas históricas, sendo assim o projeto teve ser repensado, e dessa forma os custos subiram alguns milhões de euros. O tempo de atraso para a entrega da obra foi de quase 4 anos. Há pessoas controversas ao projeto e aos custos. Uma vez inserido no centro histórico da cidade, ele destoa com as edificações históricas.

Hoje se observa que a população se adaptou aquela nova estrutura, uma vez que trouxe novas oportunidades as pessoas que residiam ali por perto. De qualquer maneira foi um projeto muito bem pensado e executado e por conta disso se tornou um ícone.

Figura 117 – Metropol Parasol – Foto aérea.

Figura 118 – Metropol Parasol – Vista do térreo.

Fonte: retirado do site vitruvius.com.br(2020)

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Figura 119 – Corte transversal Metropol Parasol

Elevação Metropol Parasol

LEGENDA: Subsolo – Museu Antiquarium de Sevilha

Nível 2 – Restaurante

Térreo – Mercado Municipal

Passarelas

Nível 1 – Praça elevada

Acessos

Fonte: retirado do site archdaily.com.br(2020). Editado pelo autor.

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5.3 Museu Municipal de Faro O museu municipal de Faro, fica localizado no largo D. Afonso III, número 14, na cidade de Faro na região do Algarve em Portugal. A edificação era destinada a um convento feminino que à muitos anos sofreu alterações.

Hoje a estrutura está totalmente preservada e abriga diversas exposições permanentes e temporárias.

A edificação do museu é tradicional dos claustros da igreja católica, possuí uma planta quadrada com um jardim central contornado por corredores de arcadas, o qual dava acesso aos aposentos. Possuí também uma pequena capela que era aberta a população, as freiras em clausura máxima não tinham acesso ao exterior.

Hoje o edifício foi restaurado e adaptado as funções do museu municipal de Faro. O acervo é dividido em 5 salas: Caminhos do Algarve, Sala do Mosaico Romano, A Casa Islâmica, Pintura Antiga e O Algarve Encantado na Obra de Carlos Pórfiro. Todas tem em comum a cidade de Faro e a região do Algarve, mostrando fragmento de ruínas romanas, antigos mosaicos, objetos da antiguidade árabe e o registro das lendas através da recolha oral.

A Sala destinada a exposição permanente Algarve Encantado na Obra de Carlos Pórfiro é uma das mais inusitadas de todas. A exposição foi montada através do livro O Algarve Encantado de Carlos Pórfiro que buscou coletar e registrar relatos de lendas, contos e mitos através da população da região. A sala destinada a exposição é montada por desenhos que ilustram as lendas e mitos contadas nas histórias.

Figura 120 – Museu Municipal de Faro.

Figura 121 – Vista interna Museu Municipal de Faro.

Fonte: retirada do site cm-faro.pt (2020)

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Figura 122 – Museu Municipal de Faro – Sala O Algarve Encantado.

Figura 123 – Museu Municipal de Faro – Sala do mosaico Romano.

Figura 124 – Museu Municipal de Faro – Sala Pintura Antiga.

Fonte: retirada do site portugaltravel.org(2020)

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5.4 Parque das Pedreiras Parque das pedreiras é o nome dado ao complexo cultural que abriga a pedreira Paulo Laminski e a antiga Pedreira Gava onde está a Ópera de Arame. Localizam-se na Rua João Gava, 970 no bairro Abranches em Curitiba.

A área escolhida para abrigar o Parque das Pedreiras, na verdade era uma grande questão urbanística para os governantes de Curitiba nos anos precedentes ao projeto. A pedreira Paulo Leminski começou como pedreira municipal e depois passa a ser usina de asfalto e depósito. Com o rolar dos anos e o crescimento urbanístico da cidade, a área acabou ficando dentro da malha urbana, sendo assim, teve de ser desativada entre os anos 1970 uma vez que oferecia riscos a vizinhança por conta das implosões para a retirada de pedra. Já a pedreira Gava, onde fica a Ópera de Arame, era uma pedreira particular, que fica ao lado da pedreira Paulo Leminski que foi desativada pelo mesmo motivo.

Conectam-se través de uma “garganta” criada pela exploração, com o intuito de drenar a água da pedreira, ponto por onde os lagos se encontram através de uma cascata.

O buraco deixado pelas antigas atividades, localizado entre dois bairros de Curitiba, cria uma barreira entre eles.

A solução pensada foi transformar aquela área em um centro de promoção a cultura, tendo como foco o ideal de acupuntura urbana muito empregado durante a gestão de Jaime Lerner tanto como prefeito de Curitiba, como governador do Paraná. Sendo assim a preservação do meio ambiente e pensar o projeto de forma sustentável se tornaram premissas para o projeto, a paisagem regenerada

que havia se formado no local, caracterizada pelas grandes paredes de rocha, a vegetação de grande porte e o lago deveriam ser preservados e considerados nos projetos.

Figura 125 – Vista aérea do Parque das Pedreiras.

Fonte: retirada do site g1.globo.com(2020)

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5.4.1 Pedreira Paulo Leminski A Pedreira Paulo Laminsk é um projeto bastante simples, idealizado por Abrão Assad. É composta por uma grande área aberta para shows com capacidade para 30 mil espectadores ao ar livre e um palco coberto de 480m². Buscou-se aproveitar as condições naturais do terreno sem necessitar de grandes movimentações de terra. Foi inaugurada em 1990 e desde então é cenário de grandes shows.

A pedreira Paulo Laminsk é o palco que classifica Curitiba como uma das cidades brasileiras dentro do circuito de shows internacionais. É interessante perceber a presença monumental da natureza, que assume papel principal no contexto do parque.

Figura 126 – Foto Pedreira Paulo Laminsk próximo ao lago.

Fonte: foto de Marcia Mitsi retirada do site flickr.com.br(2020)

Figura 127 – Vista aérea da Pedreira Paulo Laminsk em dia de show Fonte: retirada do site g1.globo.com(2020) Figura 128 – Vista aérea Pedreira Paulo Laminsk.

Fonte: retirada do site bemparana.com.br(2020).

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5.4.2 Ópera de Arame A Ópera de Arame foi concebida pelo arquiteto paranaense Domingos Bongestabs. O edifício da Ópera de Arame foi concluído no ano de 1992 com 4.000m² e capacidade para 1572 pessoas.

A partir da premissa, o arquiteto Domingos Bogestabs cria uma estrutura totalmente em aço tubular e telas com fechamento em vidro e policarbonato. Pousa a estrutura circular sobre o lago, tocando a água em pequenos e diversos pontos, dando a sensação de toda a estrutura flutuar. A transparência gerada pelas grandes aberturas permite a natureza invadir visualmente o auditório interno se tornando parte do show.

Figura 129 – Foto externa da Ópera de Arame com a cascata ao fundo.

Fonte: retirada do site noarcomunicação.com.br(2020) Figura 130 – Vista externa da Ópera de Arame.

Fonte: retirada do site bemparana.com.br(2020) Figura 131 – Vista interna da Ópera de Arame.

Fonte: retirada do site bemparana.com.br(2020)

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Analisando a implantação dos edifícios do Parque das Pedreiras podemos observar a distribuição dos elementos no espaço, sendo assim, a maneira como foram pensados.

Como ambos os espaços tem características para receber grandes públicos, foi necessário criar entradas independentes, sendo uma para o público e a outra para o corpo técnico e equipamentos.

O Parque das Pedreiras ficou durante vários anos fechado, uma vez que os shows que aconteciam no local incomodavam a vizinhança que através da justiça conseguiu o fechamento do local. Vários anos se passaram e o espaço volta a funcionar novamente através de acordo entra a população e os eventos. Para que a estrutura pudesse funcionar sem atrapalhar a vizinhança os eventos deveriam acabar no máximo as 22h. Assim foi feito e o espaço funciona sem demais problemas.

1 - Ópera de Arame 2 - Passarela 3 - Portaria 4 - Bilheteria 5 - Loja 6 - Estacionamento 7 - Portal 8 - Administração 9 - Sanitários 10 - Saída de emergência 11 - Ambulatórios

Figura 132 – Áreas de uso Parque das Pedreiras.

Fonte: retirada do site curitiba.pr.gov.br

12 - Palco 13 - Heliponto 14 - Lago 15 - Cascata 16 - Farol do Saber 17 - Espaço Paulo Leminski 18 - Espaço para eventos 19 - Elevador 20 - Rocha da Fama / Café da Ópera 21 - Sede de manutenção 22 - Estacionamento de serviço

Acesso área técnica Acesso público 98

5.5 Universidade Livre do Meio Ambiente – Unilivre A Universidade Livre do Meio Ambiente foi projetada por Domingos Bongestabs no ano de 1992, possuí uma área de 874 m². Localiza-se na Rua Victor Benato, número 210 no bairro Pilarzinho em Curitiba - PR. O projeto da Unilivre localiza-se no Bosque Zaninelli que é uma área de 6.000 m². Área verde regenerada naturalmente após ter sido explorada para a retirada de granito desde 1947 o que originou um grande paredão de pedra e um lago.

Torna-se bosque municipal de preservação em 1992 através de decreto.

O localidade da edificação funcionou como papel principal para recuperar uma antiga área degradada da cidade de Curitiba. Desativada à muitos anos, a pedreira ficou abandonada, sendo alvo de marginalizações e violência.

Anos se passaram, pensavam em vários destinos para a pedreira, aterro sanitário era uma das possibilidades, uma vez que as autoridades não sabiam como resolver aquele problema.

O edifício da Unilivre foi a solução dada por Domingos para salvar a área, e inseri-la novamente na história de Curitiba.

Abrigando uma organização não governamental voltada para o meio ambiente, a paisagem e a construção sustentável, feita de postes elétricos de madeira reutilizados, foram os elementos fundamentais para transformar aquele espaço em um local seguro destinado ao lazer e estudo.

Figura 133 – Edifício da Unilivre .

Fonte: retirada do site kekanto.com.br (2020)

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O Bosque Zaninelli concebido a partir de um projeto ecologicamente correto utiliza da madeira para criar os acessos para o parque. Ao entrar no parque é como visitar um jardim secreto, a mata fechada sobre o deque de madeira que dá acesso a área central da pedreira cria um ar de mistério e curiosidade.

Ao acessar do estacionamento através do deque, caminhasse alguns metros pela mata fechada até alcançar o centro da pedreira com uma vista incrível da mata, do paredão de pedra que se formou devido a exploração, do lago e do edifício da Unilivre.

O edifício da Unilivre, todo concebido em madeira de eucalipto, localiza-se muito bem em meio a mata. A estrutura é acessada através de uma rampa que sobe em espiral ao redor do corpo principal da estrutura, permitindo assim o espectador uma vista em 360º do bosque, mudando gradativamente os níveis e os vistas. O final dessa rampa dá acesso as áreas educacionais do parque onde são realizadas atividades voltadas a temática do meio ambiente. E desse ponto é possível acessar também o mirante que fica a alguns lances de escada acima.

Além da rampa o edifício pode ser acessado por escadas localizado no eixo central do edifício, tanto a rampa como a escada são abertas para o ambiente, ficando sujeita as variações climáticas.

Figura 134 – Mapa Bosque Zaninelli

LEGENDA: Bosque Zaninelli Unilivre Estacionamento Acesso pelo deque sob a mata Rua Victor Benato

Fonte: retirado do Google Earth 2020. Editado pelo autor.

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Figura 135 – Entrada Bosque Zaninelli.

Figura 136 - Rampas de acesso no edifício da Unilivre.

Figura 137 – Bosque Zaninelli e o Edifício da Unilivre.

Fonte: retirada do site unilivre.org.br(2020) Figura 138 – Edifício da Unilivre, subida para o mirante.

Fonte: retirada do site kekanto.com.br (2020)

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5.6 Museu do Pão O Museu do Pão é considerado o coração dos museus integrantes do Caminho dos Moinhos. O Caminho dos Moinhos é uma rota turística, cultural, rural e gastronômica criada com o intuito de preservar os espaços da memória e patrimônio imaterial da cultura italiana na região onde está inserido (Vale do Taquari - RS), assim também como a preservar o saber e a tradição da molinologia.

O projeto do caminho dos moinhos se estende por 70 km e integra vários moinhos, sendo eles, Moinho Dallé em Anta Gorda, Moinho Burille, Moinho Castaman, Moinho Fachinetto em Arvorezinha e Moinho Marca em Puting.

Um dos fatos característicos desse projeto foi utilizar da ferramenta de promoção do desenvolvimento local sustentável para gerar economia para essa região que totaliza cerca de 25 mil habitantes.

Esse processo gera movimentação cultural, gastronômica, preservação ambiental, arquitetônica e promove o turismo, sendo assim um centro de promoção de conhecimento e de uma potente rede de relacionamento e transformação sociocultural dentro da comunidade em que está localizado.

O Museu do Pão está localizado na R. Sete de Abril, s/n Centro, Ilópolis – RS. Possuí uma área de 330 m² e foi construída no ano de 2007.

A estrutura do museu projetada pelo escritório Brasil Arquitetura, está localizada no terreno do Moinho Colognese, se conectando a ele. O moinho com cerca de 200 m², que é o princípio de todo o projeto, é uma estrutura histórica e tradicional da região, com o fim de evidenciar a sua importância foi completamente restaurado e colocado em funcionamento para produzir farinha de milho.

Segundo Brasil Arquitetura o museu foi pensado para que não fosse apenas de forma contemplativa e estagnada, sendo assim, junto a estrutura do moinho restaurado e produzindo, foi agregada o Museu do Pão e a Escola de Padeiros.

Figura 139 – Mapa Rota dos Moinhos.

Fonte: retirado do artigo O Museu do Pão e o Caminho dos Moinhos Figura 140 – Museu do Pão.

Fonte: retirado do site caminhodosmoinhos.com(2020)

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Dessa forma o complexo do moinho, museu e escola fazem parte, os cursos de panificação que são realizados no local, proporcionando uma formação completa e única a quem se interessar pelo curso, mas também ao visitante que deseja apenas conhecer a história e tradição local.

LEGENDA:

A estrutura do museu e da escola é muito característica dos projetos do Brasil Arquitetura, trabalhando sempre o concreto aparente, a madeira e estrutura planas e longas.

Uma característica arquitetônica muito ligada ao brutalismo, mas a todo tempo conectada ao contexto que está inserida.

A estrutura do moinho é concebida em sua totalidade por madeira de araucária, muito característica na região onde se localiza o museu.

A leitura feita pelo escritório de arquitetos permitiu uma união harmônica entre o antigo e o novo, ambas as estruturas coexistem sem destoarem.

Auditório

Moinho Colognese

Escola do Padeiro

Museu do Pão

Acessos

Figura 141 – Planta Museu do Pão.

Figura 142 – Museu do Pão e Moinho Colognese.

Fonte: retirado do archdaily.com.br(2020)

Os detalhes do conjunto arquitetônico são de extrema delicadeza. A nova edificação, assim como o moinho são elevados do solo sobre pilotis de concreto, as paredes e lajes são feitas in loco com formas de madeira, dessa forma ao desmoldar as paredes, fica no concreto impressa os desenhos das tábuas.

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Outra característica marcante são os capitéis das colunas que sustentam a laje da cobertura. Foi criado um desenho onde a conexão entre a laje e a coluna é feita através de peças de madeira, mostrando dessa forma a resistência desse material, e assim criando uma conexão com a resistência do moinho todo concebido em madeira, através do tempo.

Figura 143 – Corte transversal, detalhe das edificações elevadas do solo.

Figura 144 – Espaço interno do museu, detalhe das colunas Figura 145 – Museu do Pão Fonte: retirado do archdaily.com.br(2020)

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5.7 Centro Cultural Cais do Sertão Luiz Gonzaga O Centro Cultural Cais do Sertão está localizado na Av. Alfredo Lisboa, número 10 em Recife-PE. Foi desenvolvido pelo grupo de arquitetos Brasil Arquitetura.

Com uma área de 5.000 m² e concluído em 2018. O Cais do Sertão é um conjunto arquitetônico que propõe uma arquitetura baseada no acervo do museu, tendo ambos como tema o sertão. Criados simultaneamente, arquitetura e museografia tornam o conjunto uma obra de arte.

O projeto faz parte do plano de requalificação urbana do centro histórico de Recife, a área destinada ao projeto situase próximo ao marco zero da cidade, onde está também o porto e os antigos armazéns existentes que tiveram seus usos reconvertidos pela requalificação da área, que busca como caráter principal a preservação da cultura e das tradições não só da cidade, mas de todo o povo pernambucano. Um desses armazéns foi destinado ao Cais do sertão, juntamente com uma área livre, onde foi criado o novo edifício.

O intuito principal da requalificação urbana foi tornar o berço da cidade de Recife, rodeado de prédios históricos, em um lugar destinado as pessoas. Dessa maneira os arquitetos criam um edifício que busca fundamentar-se justamente no convívio humano com os espaços da cidade.

A estrutura do museu, tanto do edifício quanto da museografia possuem alta tecnologia. O edifício foi totalmente concebido em concreto armado em cofragem de tábuas de madeira, o que deixa estampado na superfície do concreto os veios da mesma. Junto ao concreto foi misturado pigmento ocre o que dá a tonalidade de solo do sertão. A nova estrutura se conecta ao antigo armazém (onde está o

Figura 146 – Centro Cultural Cais do Sertão.

Figura 147 – Museografia Cais do Sertão – Trajes pessoais de Luiz Gonzaga.

Fonte: retirado do archdaily.com.br(2020)

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museu) deixando um vão livre de 65 metros, entre eles o que só é possível devido ao uso de concreto protendido.

Sob essa estrutura ficou uma praça seca, aberta para a população, sendo um área destinada a eventos e feiras, ou somente como refúgio para algum transeunte se proteger do sol. O vão gerado abre a vista do centro histórico para o cais de Recife, enquadrando a vista dos arrecifes próximos a região, assim também enquadrando a vista dos barcos e navios que passam pelo porto todos os dias.

Contornado a estrutura de concreto, afastada cerca de 2,5 metros criou-se uma espécie de renda branca, feita de cobogós gigantes de concreto geopolimero, esse estrutura é o logotipo do cais do sertão, uma vez que as origens históricas do cobogó no Brasil são da cidade de Recife. A estrutura auxilia a manutenção térmica do edifício destinado ao auditório e galerias de exposição temporária em seu interior, impedindo que o sol atinja a superfície de concreto ocre, aquecendo e assim transferindo calor para o lado interno do ambiente. A estrutura lembra também o solo seco e rachado do sertão, como também recorda os galhos secos da vegetação característica do interior de Pernambuco.

O cobertura sobre toda a estrutura é transformado em teto verde, ajudando novamente no equilíbrio térmico. Esse teto verde é também jardim, onde existe um restaurante, ambos com vista para o mar e a cidade de Recife.

O Centro Cultural Cais do Sertão busca trazer o homem sertanejo, nas suas diversas formas até a beira do mar; a música, o cotidiano, a realidade sertaneja é homenageada, sendo assim a biografia do ícone sertanejo Luiz Gonzaga compõe grande parte do acervo e dessa forma o centro cultural leva seu nome.

Figura 148– Cobogós.

Figura 149– Museografia.

Fonte: retirado do archdaily.com.br(2020)

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Figura 150 – Planta baixa Térreo Cais do Sertão Mar

Legenda: 1 – Praça do Juazeiro e acesso museu 2 – Acolhimento 3 – Vitrine com objetos pessoais de Luiz Gonzaga 4 – Sala de espetáculo multimídia 5 – Ocupar: a história de ocupação do sertão 6 – Viver: objetos de uso cotidiano e filme sobre comidas do sertão 7 - Cantar: exposição contando a história de Luiz Gonzaga

8 – Trabalhar: instrumentos de trabalho 9 – Migrar: exposição com o tema de migrantes sertanejos 10 – Praça do Mandacaru: ponto de encontro e descanso 11 – Crer: exposição destinada a crenças sertanejas e religião 12 – Criar: cultura material sertaneja, Mestre Vitalino e obras artísticas e artesanato do sertão 13 – Exposição sobre a vida e obra de Luiz Gonzaga 14 – Vão livre

Planta baixa Mezanino Cais do Sertão Mar

Legenda: 1 – Administração e acesso ao museu 2 – Conexão ao Programa Pernambuco Nação Cultural e aos espaços culturais 3 – Instrumentos musicais para experimentação e oficinas 4 – Estúdios de gravação e experimentação

5 – Vazio 6 – Exposição discografia completa de Luiz Gonzaga e intérpretes 7 - Área destinada a exposições temporárias, auditório e acessos

Fonte: retirado do arcoweb.com.br(2020). Editado pelo autor.

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5.8 Museu da Pessoa O Museu da Pessoa é um museu totalmente virtual e colaborativo, ou seja cada um que deseja contribuir com sua história de vida pode fazer parte do acervo.

Foi criado em 1991 através de uma exposição que aconteceu no Museu da Imagem e do Som de São Paulo, a qual tinha o acervo formado através de qualquer pessoa que deseja-se contar sua história de vida.

A filosofia do museu é de criar um museu da humanidade, permitindo que cada pessoa tenha o direito e a oportunidade de ter sua história de vida eternizada e reconhecida como uma fonte de conhecimento e compreensão pela sociedade.

Caracterizando-se pela luta contra a intolerância, através da valorização da diversidade cultural por meio da escuta, o que gera processos de reflexão e entendimento sobre a realidade do outro. Buscando como intenção final a construção de uma cultura de paz.

O museu possuí várias linhas de ação, sendo elas: Preservação e disseminação do acervo, Programa conte sua história, Educativo e Memória Organizacional.

Figura 151 – Logo Museu da Pessoa.

Figura 152 – Estúdio na sede do Museu da Pessoa.

Fonte: retirado do museudapessoa.org.br(2020)

O programa Preservação e disseminação do acervo é o trabalho do museu em realizar a digitalização dos arquivos, ampliação e desenvolvimento de parcerias para disseminar a história do museu, assim como promover o desenvolvimento da instituição para garantir sua sustentabilidade ao longo dos anos. Essa atividade é patrocinada pelo BNDES através da Lei Roaunet.

No programa Conte sua História, as histórias das pessoas podem ser tanto gravadas em estúdio na sede física do museu ou em expedições que buscam gravar as histórias na casa das próprias pessoas. A sede física do museu fica na Rua Natingui, 1100 - São Paulo. Lá ficam a administração e o estúdio de gravação. Pode ser visitada mediante agendamento prévio.

Fazendo parte do Programa Conte sua História, Museu que Anda é um módulo móvel do Museu da Pessoa que pode ser transportado e instalado em qualquer local. A estrutura possui acesso ao acervo do Museu da Pessoa, sendo assim um meio de divulgar e disseminar o acesso ao acervo.

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Educativo é o projeto que vai até instituições educacionais e busca treinar professores para abordar a história da região onde a escola está localizada, trabalhando com as crianças a coleta de dados, registrando com escritos ou desenhos e ao final criando uma exposição no local.

Memória Organizacional é o projeto que empresas, organizações e instituições tem seu histórico registrado e documentado. Para o Museu da Pessoa a história das Organizações é parte da memória do país.

O Museu da Pessoa, não trabalha apenas com memórias relatadas e gravadas através de vídeos. Também aceita doações de fotos e documentos, onde digitaliza, cataloga e cria acervo físico e virtual.

Esse processo realizado pelo Museu gera uma fonte de informação imensa, sendo assim peça chave para criar exposições e desenvolver novas curadorias para disponibilizar ao acesso público. Os pretextos para as novas exposições são variados: aniversário da cidade de São Paulo, eventos públicos, acontecimentos marcantes. É interessante perceber a história das pessoas entrelaçadas as histórias do bairro, da cidade e do país.

Figura 153 – Página do site do Museu da Pessoa.

Fonte: retirado do museudapessoa.org.br(2020)

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6 LEGISLAÇÃO 110

6 LEGISLAÇÃO O plano diretor da cidade de Mogi Mirim aborda vários temas dos quais são necessários tratar no plano de gestão da cidade para que seja possível uma cidade mais organizada, limpa, verde e com qualidade de vida. Em alguns trechos o plano diretor cita diretamente as medidas que devem ser tomadas para o destino da Pedreira Degrava, já em outros propõe diretrizes das quais a área da pedreira se enquadra.

Dentre as partes que serão citadas, também entram as diretrizes de promoção da cultura e preservação do patrimônio.

Das leis que se aplicam a área da Pedreira Degrava e que se referem a preservação e divulgação , são elas, retiradas do Plano Diretor vigente da cidade de Mogi Mirim, Lei Complementar Nº308/15.

Capítulo I – Do Desenvolvimento Social e Econômico, Seção V – Do Desenvolvimento do Turismo, Art. 11. XI “promover a articulação econômica, social, ambiental, e cultural para a definição de ações estratégicas pelo poder público.” XVI - “resgatar e divulgar a história da população tupi-guarani que habitou nosso município.”

Capítulo I – Do Desenvolvimento Social e Econômico, Seção I – Disposições Gerais, Art. 20. VII – “produzir projetos e desenvolver atividades promocionais, contemplando os atrativos naturais e históricos do município.”

Capítulo I – Do Desenvolvimento Social e Econômico, Seção II – Da Promoção da Cultura, Art. 30. X – “ documentar, selecionar, proteger e promover a preservação, a conservação, a reciclagem e a revitalização do patrimônio

histórico e cultural.” XI – “ a divulgar dos bens tangíveis, naturais ou construídos, assim como dos bens intangíveis, considerados patrimônios ou referências históricas ou culturais no âmbito do município.”

Art. 31. III – “promover a descentralização de equipamentos, serviços e ações.” VI – “estimular o desenvolvimento de processos de participação cultural e de formação de uma cultura cidadã.” VIII – “elaborar e aplicar normas para a preservação de bens culturais e referências urbanas.” X – “disponibilizar as informações sobre o patrimônio históricocultural à população.” XII – “incentivar a fruição e o uso público dos imóveis tombados.” XIII-”apoiar a criação de núcleos integrados de atividades sociais em posições estratégicas.”

Art. 32. VIII – “promover a ação cultural descentralizada, conjuntamente com movimentos sociais e agentes culturais.” X – promover, de modo descentralizado, a realização de mostras de cinema, teatro, dança e música.”

XII – apoiar a criação de corpos estáveis de dança, teatro, música, circo, dentre outros, no Centro Cultural e descentralizar suas apresentações.” XIII – “apoiar e incentivar a criação de Centro de Pesquisa das Artes e Grupos de estudo para preservação da história do Município.” VIV – “ criar sistemas de identificação visual de bens tombados e áreas históricas.” XV – “formar e ampliar o público teatral através de acesso a encenação de repertório brasileiro e internacional.” XVIII – “informar e orientar a população sobre patrimônio artístico, arquitetônico e cultural, incentivando assim sua fruição e preservação.” XXV – “participar do adequado controle da interferência visual nas áreas envoltórias de imóveis preservados.” XXVIII – criar 111

mecanismos de captação de recursos e, áreas de interesse histórico ou cultural, visando à sua preservação e revitalização.” XXX – “organizar sistemas de informações e de divulgação da vida cultural e da história da cidade.”

Capítulo II – da Estrutura Urbana, do Uso do Solo e da Regularização Fundiária, Seção I Art. 46. II - “ ocupar e usar adequadamente os vazios urbanos existentes, visando ao efetivo aproveitamento da infraestrutura urbana instalada.”

III – “criar e ampliar os espaços livres de uso comum de todos e áreas de proteção ambiental estruturados em sistema a partir de rede hídrica do município.”

Art. 47 – III criar zoneamento ambiental que estabeleça parâmetros especiais de uso e ocupação do solo para áreas ambientalmente frágeis e espaços livres de uso público, tomando como referência a legislação federal e estadual referente ao tema, tem como os seguintes elementos: a) a escala dos espaços livres e das áreas verdes; b) o grau de inserção dessas áreas no cotidiano do município; c) as restrições ambientais; d) a distribuição desses espaços no território; e) a paisagem resultante da interação entre áreas verdes, espaços livres e o ambiente construído.

Capítulo III – Da Política Ambiental e da Proteção da Paisagem, Seção II – Da Qualidade do Ar de Integridade do Solo, Art. 53. V – “Definir áreas de recuperação ambiental em espaços degradados, aprovar e, no que couber, implantar os respectivos planos de recuperação, priorizar os que possuem excepcionalidade paisagística, entre outras, as áreas da Voçoroca, Rio Mogi Mirim, Represa da Cachoeira do rio Mogi Guaçu, Pedreira Degrava nascentes do Complexo Lavapés, Horto Florestal, antigo Horto do Vergel e o córrego do Toledo, aplicando-se o Código Florestal -Lei

Federal nº.12.651, de 25 de maio de 2012.

Capítulo III – Da Política Ambiental e da Proteção da Paisagem, Seção VI – Da política de Proteção da Paisagem, Art. 61. II – “mapear o patrimônio paisagístico a fim de preservar a memória natural e cultural local.” III – “garantir o acesso visual aos elementos notáveis naturais e construídos da paisagem, controlando o uso e a ocupação do solo, construindo mirantes em locais estratégicos e avaliando o impacto da vizinhança de empreendimentos, a fim de não comprometer a qualidade dos conjuntos paisagísticos e a fruição da paisagem.”

Capítulo III – Da Política Ambiental e da Proteção da Paisagem, Seção VI – Da política de Proteção da Paisagem, Art. 62. I – “elaborar legislação específica capaz de disciplinar a ocupação do território com as prerrogativas de proteção e valorização da paisagem urbana em seus aspectos naturais e culturais.”

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7 ÁLBUM DE FAMÍLIA 113

7 ÁLBUM DE FAMÍLIA – Exemplo de Acervo virtual para o Museu do Imaginário de Mogi Mirim Nesta parte do trabalho faço um apanhado de fotos e documentos pertencentes aos meus familiares. O intuito aqui é exemplificar como seria formado o Acervo de Relatos proposto como acervo virtual do Museu do Imaginário .

Junto as fotos e documentos irão ser produzidos textos a partir dos relatos feitos pelos meus avós, o objetivo é exemplificar uma opção do acervo para ser exposto de forma digital ou física. As exposições podem ser realizadas a partir de diversos temas, não existe regra nem restrições para defini-lo, basta um processo de coleta de relatos e uma curadoria que produza essas gravações, objetos e imagens registrados digitalmente com a intenção de mostra-los e divulga-los.

Reforçando, o intuito desse ideia é dar voz as histórias da cidade contadas pelo cidadão comum, pessoas que jamais se imaginaram como parte do repertório de um museu, sem qualquer tipo de preconceito. Assim como é importante a história da minha família, por mais tradicional que seja, que tem origem nos primeiros imigrantes que vieram para a cidade é igualmente importante a história do ancestral indígena, do ancestral negro que muito pouco são lembrados na história oficial. O Museu do Imaginário é o lugar destinado a essa atividade: dar visibilidade e representatividade a quem, na história oficial e no contexto social atual da cidade, está em segundo plano ou como na maioria das vezes não é sequer lembrada.

Muitas das fotos que vem em seguida são ancestrais dos quais não conheci. Na minha vida conheci apenas duas bisavós, ambas bisavós maternas, e meus avós maternos e paternos. Uma das bisavós ainda é viva, com 90 anos, e meus avós maternos também são vivos.

A história da minha família está entrelaçada a cidade de Mogi Mirim, meus tataravós eram emigrantes Italianos, meu bisavô ( pai da minha avó materna) trabalhou durante toda sua vida na Cia. Mogiana de Estradas de Ferro, minha avó e os irmãos moraram na casa de funcionários da Cia., entre as linhas da estrada de ferro até o falecimento do meu bisavó em 1971.

Meu bisavô (pai do meu avô materno) trabalhou durante a maior parte da vida como quebrador de pedra na Pedreira Degrava, meu avô conta que quando criança todos os dias na hora do almoço levava sua marmita até a pedreira para que ele pudesse almoçar.

114

Figura 154 – Casal Montagnana. Meus bisavós Olivia Bonatti e José Montagnana, pais da minha avó materna. Olivia hoje tem 90 anos e dentre todos meus antepassados ela é a única viva antes dos meus avós maternos.

Figura 155 - Casal Buscarioli. Meus bisavós Ermelinda Rotoli e Augusto Buscarioli pais do meu avô materno.

Este homem, Augusto Buscarioli foi quem trabalhou na Pedreira Degrava durante grande parte de sua vida.

115

Figura 156 - Funcionários da Cia. Mogiana em Mogi Mirim 1950. Meu bisavó, José Montagnana é o homem indicado com a seta azul na foto.

116

Figura 157 e 158 - Documentos de José Montagnana como funcionário da Cia Mogiana em 1946 e 1955, meu bisavô, pai da minha avó, materna.

117

Figura 160 - Casa de funcionários da Cia Mogiana – 1950.

Sentado na escada está meu bisavó pai da minha avó materna. As três crianças são: o primeiro da esquerda para direita, um amigo que morava perto, a menina no centro é minha avó e o último menino ao lado direito é seu irmão.

Figura 159 – Demolição da linha férrea e construção da Av. Adib Chaib.

Na foto acima é possível ver a mesma casa onde minha avó morou na infância e juventude, já em 1980 pouco antes da demolição, na mesma foto observase a construção das novas avenidas no local onde antes eram os trilhos.

118

Figura 161 e 162 – Fotos da sala de aula.

Figura 163 - Benedito Buscarioli, meu avĂ´ materno.

119

Figura 164 - Noiva descendo do carro.

Minha avó, Cleuza de Lourdes no dia do seu casamento que aconteceu na Igreja Matriz de Mogi Mirim em 1960, seu pai José Montagnana, sua irmã mais nova Celma e o sobrinho.

Vemos ao fundo da foto a Praça Ruy Barbosa com seu antigo desenho em estilo europeu.

120

Figura 165 – Saída dos Noivos, Igreja Matriz de São José Meu avô Benedito e minha avó Cleuza, saindo da Igreja depois da cerimônia de casamento.

A Igreja Matriz de São José ainda mantinha o piso original em ladrilho hidráulico.

121

Figura 166 – Noiva e suas avós.

Minha avó na festa do seu casamento, com suas avós maternas. Minhas tataravós.

Regina a esquerda e Paula Leticia a direita.

A festa de casamento ocorreu na mesma casa da foto em que minha avó aparece criança, na beira da linha férrea.

122

Figura 167 – Lua de Mel em Poços de Caldas.

Meus avós em Lua de Mel em Poços de caldas como era costume na época.

123

Figura 168 – Foto em família na Igreja Nossa Senhora das Dores.

Meus avós maternos e a família, já nos anos 1980. A primeira da esquerda para direita é minha mãe Paula Letícia, em seguida minha avó Cleuza, meu avó Benedito e meus tios Giovanna e Maurício. A comemoração é o casamento de um parente, a igreja ao fundo é a Igreja de Nossa Senhora das Dores em Mogi Mirim.

124

8 PROPOSTA ARQUITETÔNICA 125

8.1 Integração - Parques Urbanos Culturais Ao longo do estudo desenvolvido sobre a cidade percebemos que Mogi Mirim necessita de forma ampla e integrada, de intervenções em sua malha urbana tendo como objetivo principal a disseminação e preservação da cultura, história e memória assim como a preservação da paisagem local através do espaço público. A partir dessa constatação nos aproximamos da ideia de acupuntura urbana. Segundo Jaime Lerner “acupuntura urbana é uma série de intervenções de pequena escala, altamente focadas, que possuem a capacidade de criar ou iniciar um processo de regeneração de espaços ociosos ou desqualificados”.(ARCHDAILY, 2020) No decorrer da análise apontamos que a cidade possuí vários espaços afim ao terreno escolhido para a proposta projetual, com grande valor histórico e potencial para se tornarem áreas de uso público. A maioria dos espaços afim ao terreno já são destinados ao uso público, porém carecem de qualidade, os ambientes possuem infraestrutura básica mas estão subutilizados, devido ao mau estado de conservação, o desinteresse da população e da prefeitura o que faz com que estes espaços permanecem fechados e/ou deteriorados.

A ideia da proposta arquitetônica para a área escolhida é dar uma boa solução para o que antes era um espaço problema para a cidade e assim iniciar a ideia de criar uma rede de parques culturais de maneira integrada utilizando os espaços obsoletos. O Parque Cultural da Memória seria a “primeira agulha” da acupuntura urbana na cidade de Mogi Mirim, a partir daí seriam sentidos os primeiros efeitos do

projeto, que geraria benefícios diretos e indiretos despertando na população e no governo municipal a necessidade destes novos espaços para a qualidade de vida da cidade.

Como visto anteriormente, o plano diretor da cidade possuí diretrizes específicas para estas áreas e assim respalda a iniciativa. O plano diretor também prevê a descentralização dos espaços culturais, como forma de facilitar o acesso a todos de forma menos desigual possível.

Dessa maneira propor um grande núcleo cultural com um programa projetual muito abrangente naquela única área iria diretamente contra a ideia de descentralização.

A questão mais importante aqui, também já comentada na análise do terreno, é que a área foi escolhida justamente pela excepcionalidade que apresenta, a cratera formada pela exploração de pedra que hoje se tornou parte da paisagem e pela sua localização, possibilitando a vista da cidade em panorama. Dessa forma propor um programa extenso demais para a área facilmente se sobreporia a paisagem.

8.2 Parecer sobre a não proposta arquitetônica O proposta projetual do novo Teatro Municipal de Mogi Mirim suposta na introdução desta pesquisa não será apresentada neste trabalho final de graduação, uma vez que no decorrer do trabalho percebemos a sua importância para a cidade e compreendemos o papel que teve e tem na sociedade de Mogi Mirim, assim como sabemos o caráter de arquitetura monumental que historicamente e tradicionalmente acompanha esse tipo de edificação, podemos concluir que a área da Pedreira Degrava não é a 126

mais adequada para sediar este edifício, pois lá a própria pedreira é o monumento. Esta edificação ícone necessária para a cidade pode ser pensada em uma das áreas afim apontadas na análise feita brevemente, que será melhor estudada e pensada para receber esta edificação de forma a beneficiar o local e o edifício.

A sede para o Centro de Documentação Histórica Joaquim Firmino de Araújo Cunha (Cedoch), também não será proposta neste trabalho final de graduação, justamente pelo seu programa que exige um espaço demasiadamente amplo, com depósitos e armazéns para reservas técnicas e acervos históricos. A área da pedreira comportaria esta estrutura entretanto não é o espaço mais adequado uma vez que seria uma grande estrutura fechada para manter as condições de preservação adequadas, ou seja, não possibilitaria de forma facilitada o acesso de pessoas e a livre circulação, esse edifício pode ser muito melhor inserido em galpões que hoje se encontram abandonados no centro histórico, revitalizando-os e dando novo uso ao local e ao entorno.

formada pelo abandono do local que faz a população se deslocar até a pedreira, com o simples objetivo de OBSERVAR motivados pelo mistério que paira sobre o local e sua beleza natural.

A pedreira revela sensações físicas e psicológicas no indivíduo que estando ali de corpo presente não só observa mas também sente o local. A arquitetura aqui tem finalidade de colaborar nesse processo de catarse, facilitando o acesso ao local, tornando seguro e universal. Porém o papel arquitetônico aqui não é apenas facilitar o acesso, o que talvez tornaria o percurso até a paisagem menos interessante. As pessoas se deslocam até lá pela jornada, pela energia que aquele ambiente proporciona, sendo essa energia: mistério, medo, curiosidade, frio, insegurança, calma, relaxamento...

A arquitetura aqui tem o plano de potencializar a tríade: PAISAGEM - OBSERVADOR – SENSAÇÃO Figura 169 – Visitantes da pedreira Degrava. Perceba a vulnerabilidade das pessoas.

Fonte: acervo do autor(2020)

8.3 A proposta arquitetônica e seus pormenores Faz parte da proposta arquitetônica para a Pedreira Degrava o Museu do Imaginário de Mogi Mirim e os Mirantes, juntos configurando o Parque Cultural da Memória de Mogi Mirim.

A proposta arquitetônica leva em conta que A ROCHA, O LAGO e A VEGETAÇÃO são anfitriãs no terreno escolhido, dessa forma são essas características que se encarregam do ESPETÁCULO. A arquitetura proposta será mínima e essencial, sendo assim, não irá se sobrepor. É a paisagem 127

8.3.1 Conceito Arquitetônico – Arquitetura como catalisador de emoções e sensações A proposta arquitetônica já denuncia o conceito. Como ficou definido que a arquitetura neste projeto tem o plano de potencializar a tríade: PAISAGEM - OBSERVADOR – SENSAÇÃO, a arquitetura deve colaborar e se fazer presente no sentido de estimular as emoções e sensações no usuário.

Para ajudar no entendimento sobre o conceito de arquitetura catalisadora, segundo o dicionários Michaelis: catalisar ca·ta·li·sar vtd 1 FÍS-QUÍM Causar a catálise de ou em; agir sobre (uma reação) como catalisador; juntar um catalisador: Os grãos catalisam o organismo dando-lhe mais energia. vtd 2 FIG Atuar (às vezes de forma não consciente) ou servir (pela própria existência) como elemento estimulador ou dinamizador desencadeando um processo ou situação qualquer; incentivar: As novas medidas catalisarão o processo educacional do país.

ETIMOLOGIAder de catálise+ar1, como fr catalyser.

8.3.2 Partido Arquitetônico O partido arquitetônico está embasado nas análises feitas ao longo deste trabalho final de graduação, das quais geraram anteriormente a proposta arquitetônica que se caracteriza por uma arquitetura de intervenções mínimas na área de projeto, visto que a paisagem é anfitriã e espetacular por si só. O conceito definido como arquitetura catalisadora de sensações e emoções está estreitamente ligado ao fato de as intervenções serem mínimas.

O partido arquitetônico nasce no momento em que as duas informações se completam, o edificado deve ser mínimo e neutro, já o entorno, que é a paisagem, evidente. Para resolver as questões de intervenção mínima, tudo que for edificado deve se camuflar ao ambiente, com formas e materiais que não se sobressaem no espaço e sim se tornam parte dele.

As soluções para atingir uma boa arquitetura porém que não se destaque visualmente são: o uso de materiais que se camuflem, linhas retas, perfis delgados, estruturas que possibilitem o crescimento da vegetação e/ou que sirvam de apoio para as mesmas.

Outra medida eficaz que faz parte do partido e que servirá para alcançar a proposta é trabalhar com o paisagismo.

Devido a disponibilidade de espécies que variam em tamanho, cor e cheiro é possível produzir um espaço que naturalmente se funde a paisagem presente e tem força para tornar o espaço único sem descaracteriza-lo.

128

Figura 170 – Vista da Pedreira Degrava ao nível do lago.

Observar a forte presença das paredes de pedra, da vegetação e do lago.

Fonte: acervo do autor(2020)

129

Figura 171 – Vista da Pedreira Degrava ao nível do lago.

Observar o espelhamento criado pelo lago estagnado.

Fonte: acervo do autor(2020)

130

8.4 Programa de Necessidades 8.4.1 Museu do Imaginário O Museu do Imaginário é parte virtual, uma vez que seu acervo é gravado ou digitalizado podendo ser reproduzido tanto digital quanto fisicamente. O que tem a vantagem de poder ser visto e multiplicado milhares de vezes de diversas maneiras e sob olhares diferentes.

Com o intuito de promover um Acervo de Relatos do povo mogimiriano, onde qualquer pessoa que vive ou viveu na cidade de Mogi Mirim, e possui lembranças e histórias sobre a cidade, pode contribuir com seu depoimento para ampliar o acervo, ficando assim responsável o museu por promover editais que produzam essas gravações para serem expostas.

A população também pode contribuir com fotos e documentos que serão digitalizados e guardados no arquivo em nuvem do Museu do Imaginário, sendo assim podendo ser acessado de qualquer local do mundo por quem desejar, através da plataforma virtual do museu.

A parte física do museu é nada mais nada menos que o cenário espetacular da Pedreira Degrava, portanto o museu do imaginário é um museu a céu aberto. Isso é possível através das diversas opções de projeções de vídeo, como projeção mapeada, utilizando as paredes de pedra como tela, projeções de vídeo em brumas ou cortinas de água.

Esse tipo de intervenção temporária na pedreira possibilita uma nova exposição de tempos em tempos, uma vez que a nuvem de memórias sempre está sendo alimentada com novas informações. Servindo assim de base para criação de novas exposições.

O local também possibilita não só exposições virtuais, mas também instalações artísticas ao longo do lago, em balsas, barcos, esculturas que saem de dentro da água ou até esculturas apoiadas nas rochas. Uma vez que essas instalações são temporárias e removíveis o cenário natural da pedreira não se alteraria de forma definitiva. Outra possibilidade também é a criação de espetáculos com água e luz, transformando o lago em uma imensa fonte luminosa.

O conteúdo das exposições aqui pode ser variado, mas como temos um local espetacular por natureza e enigmático, abordar exposições que intensificam esse adjetivo reforçam ainda mais a relação do observador com o local.

Pode ser criado também um museu submerso, que tenha como foco as lendas urbanas da cidade e utilize do trabalho de artistas locais, a finalidade seria criar um museu no fundo do lago que é possível ser visitado através de mergulho com equipamento apropriado.

8.4.2 Mirantes A ideia de criar os mirantes tem em vista informar a população sobre a história do município e localizar o indivíduo como parte da cidade. Demostrar através da perspectiva os principais pontos da cidade como o centro histórico e suas transformações, os edifícios significativos que já desapareceram, contextualizando-os historicamente através das lendas urbanas, dos relatos das pessoas e da história oficial da cidade.

Nos mirantes a memória e o imaginário se misturam, são lembranças e novas sensações, em uma experiência única 131

despertada pelo revelar do panorama da cidade dificilmente visto devido as características planas da cidade. Uma vez que cada indivíduo tem memórias particulares e também produz seu imaginário de forma particular, a experiência de cada um é única.

8.4.2.1 Torre Expiatória A Torre Expiatória fica localizada na borda norte da pedreira, entre a vegetação, sendo acessada pelo deck do lago da pedreira.

A estrutura se inicia no deck e terminando no mirante criado sobre a própria estrutura alguns metros acima da copa das árvores. Formada por uma escadaria acompanhada de elevadores panorâmicos e patamares amplos a cada lance, o observador pode subir ou descer observando o lago e a exposição que estiver na paisagem da pedreira. A torre é aberta para o ambiente, dessa forma é possível ter contato com a natureza que circunda a estrutura. O topo da torre termina no mirante, onde o visitante consegue observar a perspectiva de toda a cidade com a sensação de estar entre a copa das árvores. Dalí percebe a paisagem em 360º de uma forma que nunca havia visto antes.

A saída pode ser feita descendo novamente toda estrutura até o deck da pedreira, que continua através do canal de acesso ao lago, até alcançar a calçada da rodovia que circunda o terreno, nesse local haverá um centro de informações do parque, que tem a finalidade de acolher a população convidando-a conhecer o local e controlando o fluxo e pessoas. Também pode ser feita pelo nível médio da torre o qual dá acesso para a parte alta do terreno próximo

a mata existente no local, dali é possível acessar as trilhas sob a mata e os caminhos que levam em direção a sede do Museu do Imaginário que por sua vez está próximo aos acessos pelo lado sul do terreno.

A torre leva o nome de Torre Expiatória uma vez que a palavra expiatório tem o significado relacionado a purificação das faltas pelo sacrifício. A jornada das escadarias seria o “sofrimento” pelo qual se repara a “culpa” de não conhecer sobre a história da própria cidade. O mirante que mostra a cidade seria a recompensa pela jornada. Porém a palavra expiatório quando pronunciada deixa por entender que a finalidade da torre é espiar, ver a cidade de outro ângulo. Ambas as expressões atendem a proposta da edificação.

8.4.2.2 Trampolim Maravilha O Trampolim Maravilha fica localizado na borda sul da pedreira, acessado pela Estrada Morro Vermelho – Antônio Vomero. Consiste em uma estrutura suspensa que se inicia a partir da borda dos paredões de rocha e avança em balanço cerca de 10 metros. A estrutura deve ser o mais limpa possível, sendo projetada em aço, madeira e vidro. A intensão é fazer com que ela pareça se desmaterializar a medida que avança em direção a extremidade da plataforma.

Para intensificar a sensação de que a estrutura se desmancha no ar, na extremidade da estrutura será criado uma fina cascata, que cairá dentro do lago, a intenção é fazer com que ela não chegue a tocar a água como uma cachoeira, mas que durante a queda se transforme em 132

névoa e pela incidência solar crie um arco íris.

A ilusão que se quer passar ao observador é que a estrutura se desmancha transformando-se em água, em seguida em névoa e ai desaparecendo, momento que surge o arco íris pela incidência solar. Esta estrutura seria a representação física do próprio imaginário que não é constante, não é lógico e tem início e fim inesperados.

A estrutura além de tudo, coloca o observador em um ponto de vista novo sobre a pedreira, intensificando e gerando novas sensações estimuladas pelo cenário e pela estrutura, onde observa-se a área de uma maneira quase vulnerável.

O nome trampolim maravilha não só remete a forma, mas também a ideia de mergulhar, de saltar sobre o lago, o qual é o grande cenário do museu do imaginário. A sensação que se cria é de que o observador mergulha no mundo imaginário, maravilhado pela sensação simultânea de encanto e assombro gerada após andar sobre a estrutura e o seu “súbito desaparecimento”.

embarque e desembarque de pessoas. Haverá um único estacionamento, que será acessado pela entrada sul. Este estacionamento é destinado a vagas especiais para portadores de necessidades e idosos, ônibus e vans que possivelmente venham visitar o parque.

A entrada sul da acesso ao edifício do Museu do Imaginário que estará próximo ao Trampolim Maravilha, ambos estarão conectados por uma praça, essa praça tem a finalidade de conectar o museu, o trampolim maravilha e o acesso, tornando o espaço mais seguro.

A entrada oeste ficará ao lado do canal de acesso da pedreira.. Ali ficará o ponto de apoio, o qual funcionários do parque tem a função de orientar os visitantes pela exposição explicando o contexto e a história do local. A mata será minimamente alterada, onde houver necessidade deverá ser feito o reflorestamento com espécies nativas e características da região, como se encontra sobre uma área de aclive acentuado apenas serão abertas pequenas trilhas para a passagem de pessoas que desejam se aventurar por ali.

8.4.3 Parque Cultural da Memória O Parque Cultural da Memória, que da nome a este trabalho contextualiza a união das estruturas explicadas anteriormente, as conectam entre si e as relacionam da melhor maneira com a mata e o vazio da Pedreira Degrava.

O parque não será cercado de nenhuma forma, apenas as margens da pedreira serão protegidas a fim de evitar o risco de queda. Existirão dois pontos de entrada para facilitar o acesso, serão chamados de entrada sul e oeste. Todas as entradas serão equipadas com bolsões para ônibus e 133

8.5 Diretrizes Construtivas e premissas As diretrizes e premissas para o projeto tem como base as legislações municipais, que já foram levantadas e comentadas nas fases anteriores deste estudo. Ficam apontadas aqui normas e diretrizes que regulamentam e asseguram a construção civil, sendo elas: • Código Sanitário • NBR 15220 norma zoneamento bioclimático - Conforto Ambiental Acústico e térmico • NBR 9050 – Acessibilidade • NBR 9077 – Saídas de Emergência • Desenho universal Soluções de baixo impacto: • Uso de biodigestor institucional para tratamento de esgoto e reaproveitamento da água tratada para irrigação da vegetação circunvizinha ao edifício através de sumidouro.

• Coleta de água da chuva para irrigação.

134

8.6 Projeto 135

Implantação 0

25

50

75

100 125

Legenda: 1. Museu do Imaginário 2. Torre Expiatória 3. Trampolim Maravilha

2

3 1

136

Implantação 0 10 20 30 40 50 4

7

Legenda: 1. Museu do Imaginário 2. Terraço e Almoxarifado 3. Torre Expiatória 4. Edifício apoio 5. Deck 6. Trampolim Maravilha 7. Abrigo ônibus e guaritas 8. Estacionamento 9. Caixa d´água 10. Praça 11. Ponto de Coleta de Resíduos

3

5

2 9

6 1

10

8

7 7

11

137

1

2 4 10

9 8 7

3 5

21 11 13 11 14 11 12 15

6 22

23

16 Ac

es

so

ca

rg a

17 18

19 13 18

laç

ão

de

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de

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20

21

Planta Museu do Imaginário e entorno - Nível +629 0

10

20

30

40

50

ed

es

21

Ci rcu

Legenda: 1. Almoxarifado/Manutenção 2.Técnica/Produção 3. Câmara anti ruído 4. Sala de Gravação 5. Coordenação e Criação Museu 6. Hall de espera 7. Cantina 8. Cozinha 9. Despensa 10. Área de alimentação 11. Sala de Reunião 12. Recepção e informativo 13. Limpeza e apoio manutenção 14. Coordenação e Administração Parque 15. Sala de treinamento 16. Vestiário para equipe 17. Refeitório e área de descanso equipe 18. Sanitários para o público 19. Fraldário e banheiro acessível 20. Auditório 21. Áreas de uso livre 22. Trampolim 23. Estacionamento acessível

138

ca

rg a

7

5 2 4

1 3

6

Legenda: 1. Banheiro 2. Cozinha apoio 3. Guarita 4. Limpeza e apoio manutenção 5. Bebedouro público 6. Área coberta para espera 7. Bicicletário

Planta tipo Abrigo Ônibus e Guarita - Nível +625,3 0

5

10

15

139

Planta tipo Torre Expiatória e Planta Edifício Apoio - Nível +631,16 0

5

10

1 4

2 1

15

3

Legenda: 1. Sanitários para o público 2. Fraldário e banheiro acessível 3. Limpeza e apoio manutenção 4. Bebedouro público 5. Área coberta para uso livre 6. Elevadores 7. Deck

5

6 6

7

140

Localização do corte A na implantação:

Corte A 0

5

10

15

20

25

Corte A com vegetação 0

5

10

15

20

25

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Localização do corte B na implantação:

Corte B 0

5 10 15 20 25

Corte B com vegetação 0

5 10 15 20 25

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Localização do corte C na implantação:

Corte C - Parte 1 0 5 10 15 20 25

Corte C com vegetação - Parte 1 0 5 10 15 20 25

143

Localização do corte C na implantação:

Corte C - Parte 2 0 5 10 15 20 25

Corte C com vegetação - Parte 2 0 5 10 15 20 25

144

Entrada principal prรณximo ao Museu do Imaginรกrio

145

ElevaçãoMuseu Museudo doImaginário Imaginário Elevação

146

Entrada Museu do Imaginรกrio

147

Cantina do Museu do Imaginรกrio

148

Vista do Terraรงo

149

Praรงa que da acesso ao Trampolim Maravilha. Vista a partir do Museu do Imaginรกrio

150

151

Vista do Trampolim Maravilha para a Pedreira Degrava

Vista do Trampolim Maravilha para a Pedreira Degrava

152

Vista do Trampolim Maravilha para o Museu e a praรงa no seu entorno

153

Vista do acesso do Museu do Imaginรกrio para o entorno

10 154

Perspectiva do Lago da Pedreira, sendo possĂ­vel visualizer o Trampolim e a Torre ExpiatĂłria

155

Acesso para a Torre ExpiatĂłria a partir do deck ao nĂ­vel da rodovia

156

Vista do lago da Pedreira a partir do deck

157

Vista do Lago da Pedreira a partir do deck

158

Vista do topo da Torre ExpiatĂłria, sendo possĂ­vel visualizer todo o parque e a cidade

159

Plataforma de acesso da Torre Expiatรณria para a parte alta da pedreira

160

8.7 Escolha de Espécies para reflorestamento.

paisagismo e

A escolha de espécies para o paisagismo e reflorestamento estão ligadas diretamente as condições do local e adaptabilidade das espécies, sendo estes fatores determinantes para o crescimento sadio das mudas. Dessa forma, todas as espécies utilizadas para o reflorestamento das matas e paisagismo entorno do edifício central são de espécies nativas brasileiras e presentes na região da cidade de Mogi Mirim, tornando as chances de reflorestamento da mata maior devido não necessitarem de cuidados específicos, uma vez que já são adaptadas ao clima e solo.

Não menos importante, as espécies escolhidas remetem a história da cidade ou do país. Um exemplo dessa escolha é a utilização de Palmito juçara no paisagismo, uma espécie muito comum na região que foi muito explorada para construção de casas em taipa de mão e hoje na região é dificilmente encontrada.

Dentre as espécies escolhidas, são elas: Ipê Rosa, Ipê amarelo, Ipê Branco, Ipê Roxo, Pau-brasil, Mulungo, Angico Vermelho, Jequitibá Rosa, Pau-ferro, Aldrago, Jatobá, Sibipiruna, Palmito Juçara e Jerivá.

8.8 Escolha dos materiais Os materiais utilizados para conceber o projeto serão basicamente: pedra, madeira e aço patinável e concreto.

A escolha desses materiais foi feita a partir de vários critérios, sendo eles: durabilidade, grande resistência comparado a esbeltes das estruturas e mesclarem-se a paisagem devido a cor e a textura rústica.

Figura 172 – Exemplo de deck de madeira Fonte: retirado do site esquadriascasanova.com.br(2020) Figura 173 – Exemplo de gabião.

Fonte: retirado do site br.freepik.com(2020) Figura 174– Exemplo de aço patinável Fonte: retirado do solucoesindustriais.com.br (2020)

161

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS 162

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS As análises geradas das ideias iniciais de preservação da história da cidade de Mogi Mirim e ocupação do espaço residual da Pedreira Degrava criaram um longo processo de estudo e entendimento, porém gratificante e de forma ampla.

O fruto gerado do estudo da história local, da situação de sua divulgação e das áreas destinadas ao lazer público de Mogi mirim foram: a história é desconhecida por praticamente toda a população local e sobretudo desvalorizada. O espaço público é “terra de ninguém”, onde sem valor pessoal deixa de ser cuidado e utilizado.

A partir das análises dos projetos referenciais percebe-se que sempre quando a história local é evolvida na concepção do espaço, o usuário é condicionado a perceber coisas que não era sabido e sendo assim passa a valorizar e preservar o espaço que vive e frequenta.

Inserir a memória do povo no espaço expositivo, criando um acervo de relatos sobre sua história pessoal é fazer com que o usuário se sinta importante e fundamental para a existência da cidade. Quando ele percebe que faz parte da cidade passa frequenta-la. Quando estabelece um uso frequente, surge a sensação de pertencimento, assim cria vínculos psicológicos, percebendo que a cidade esta ligada a sua ancestralidade, dessa forma deseja preserva-la, pois assim preserva a sua própria história. O resultado desse aflorar de sensações e de sentimentos é divulgar a sua história para perpetuar sua existência, como a sua história está atrelada aos lugares que viveu, a história da cidade se preserva simultaneamente.

É nesse momento que se torna fundamental a existência de uma rede de Parques Urbanos Culturais para a cidade de Mogi Mirim, eles serão responsáveis pela união da história e do lazer sendo a peça chave para a preservação da memória e descentralização da disponibilização da cultura.

A Pedreira Degrava é o destino perfeito para dar início a essa união (cultura e lazer) e iniciar o sistema de parques culturais. É parte da paisagem histórica da cidade alterada pelos antepassados e possui valor de área verde necessária para a concepção de um parque destinado ao lazer e contemplação. Deixaria de ser um problema dentro da malha urbana de Mogi Mirim para se tornar o exemplo de como abordar o espaço público na cidade.

O Plano Diretor de Mogi Mirim prevê por lei diretrizes que fomentam a divulgação e preservação da história local, da preservação do patrimônio arquitetônico e do conhecimento da história do índio, prevê também a área da Pedreira Degrava como área de preservação ambiental e a descentralização dos centros de cultura. A junção destas atividades resolve o problema da preservação e divulgação da história, assim como da destino adequado a área residual da Pedreira Degrava.

O projeto além de satisfazer as duas questões apresentadas no início da pesquisa abre espaço para novas oportunidades, como: tornar-se um foco turístico com capacidade e qualidade para atender a demanda, uma vez que o governo municipal vem adotando medidas que classificam a cidade de Mogi Mirim como município de interesse turístico, para isso a cidade necessita de infraestrutura adequada e de locais que contem a história da cidade.

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Descentraliza e diversifica a disponibilidade de acesso a cultura pela população.

A cidade de Mogi Mirim cresce muito mais rápido hoje do que a 20 anos, desse forma iniciar um processo de urbanização consciente é essencial para manter a qualidade de vida característica das cidades do interior. Utilizar da infraestrutura verde dos parques é uma medida eficiente para solucionar o problema das enchentes urbanas que são recorrentes devido a falta de planejamento urbano.

Transformar o entorno da área do projeto como área destinada a universidades, uma vez que já está próximo das instituições técnicas e colégios municipais.

E a mobilização de universidades para a cidade acarreta na vinda de estudantes para a região, consequência disso é o crescimento urbano e populacional, dando a cidade a chance de crescer de forma gradual e segura, fomentando o caráter comercial do centro histórico da cidade que poderá se manter preservado e mais uma vez mobilizando o turismo.

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