Lubavitch magazine 2014

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a mulher, o judaĂ­smo e o sĂŠculo 21


Carta do Rebe de Lubavitch

sobrevivência

judaica Setembro de 1964 - Brooklyn, N.Y.

Saudações e Bênçãos, Com referência à sua dúvida sobre ter escolhido o caminho certo etc., confio que você sabe os princípios básicos de nossos sábios, de abençoada memória, que o essencial é o ato que leva ao resultado prático. Similarmente, no seu caso, se você tomou o caminho certo ou não, vai depender de como você utiliza sua graduação: se a faz em direção ao bem e ao sagrado, usando-a para iluminar seu ambiente – isso provará que está no caminho certo. Por outro lado, se suas qualificações e capacidades não forem utilizadas dessa forma, ou forem usadas em outra direção, a conclusão inevitável, com o devido respeito, será que então não é o caminho certo. Uma pessoa não pode ser um observador passivo em seu ambiente e sociedade, para não mencionar um fator negativo.

Ela tem um dever com a sociedade de ser um agente positivo e ativo para aperfeiçoar seu ambiente. E todos têm a capacidade de fazê-lo, pelo menos em certo grau. Se o exposto acima é verdadeiro a respeito de qualquer ser humano, há um aspecto adicional e essencial no seu caso, como judeu. Considere: o povo judeu, cada membro dele, tem sempre se achado na situação ímpar de ser uma pequena minoria entre as nações, muitas das quais não eram amigáveis e frequentemente eram hostis. Nessa circunstância desfavorável, a sobrevivência judaica tem sido sempre um problema e um desafio. Consequentemente, essa situação acarreta um dever especial e sagrado para cada judeu, homem e mulher, a fazer o máximo para fortalecer e assegurar a


sobrevivência judaica. Entretanto, um judeu não deveria olhar esse dever simplesmente como uma obrigação, mas sim vê-lo como sua missão privilegiada e Divina neste mundo, através da qual o judeu atinge a plenitude. Além disso, não é algo que possa ser deixado à escolha do judeu, pois sua única escolha é se ele deseja ou não cumprir seu dever. Mas, aquilo que é seu dever sagrado não é uma escolha sua, pois nasceu judeu. E tendo nascido judeu, chega a este mundo com um rico legado, que o equipa com capacidades especiais, privilégios especiais e obrigações especiais. Não tem o direito de argumentar dizendo que não foi consultado etc., pois seja esse argumento válido ou não, de forma alguma muda a realidade, da mesma maneira que a realidade para todo homem é que, visto como alguém que recebe

da sociedade uma variedade de benefícios positivos, é obrigado a compensar a sociedade com seus melhores esforços. Retrucar dizendo que essas obrigações lhe foram impostas sem o seu consentimento, não serve como desculpa para esquivar-se às responsabilidades. Sinto-me no dever de adicionar mais um aspecto. A sobrevivência de nosso povo judeu e o impacto que isso tem em cada indivíduo, não é algo que deva ainda ser investigado e experimentado. O povo judeu é um dos mais antigos do mundo, e sua longa história como nação tem passado incólume por muitas condições e circunstâncias, a maioria desfavoráveis, conforme mencionado acima. Se alguém deseja saber o segredo da sobrevivência judaica sob circunstâncias que obliteraram nações maiores e mais poderosas, deve


aplicar os mesmos métodos científicos que em outros casos. Em outras palavras, é necessário encontrar o fator ou fatores comuns em todos os vários períodos da história judaica, o que teria que ser considerado como a base da sobrevivência judaica. Se forem encontrados dois ou três fatores, devemos questionar se todos foram indispensáveis à sobrevivência, ou talvez apenas um ou dois teriam sido suficientes. Porém, se apenas um fator comum for encontrado, então não pode haver dúvida de que essa é a única base da sobrevivência. Isso, como mencionado acima, é a abordagem científica e não um problema de falta de fé. Além disso, como em todos os campos da ciência, não importa se alguém entende ou não as descobertas científicas. De fato, em ciências mais exatas, os fatos e fenômenos reais são primeiro verificados, somente então uma explicação científica é procurada. Voltando à longa história de nosso povo por um período de 35 séculos, vê-se que há apenas um fator que tem preservado a identidade e sobrevivência judaicas durante os vários períodos de nossa história. Esse fator não foi o idioma ou país, nem qualquer dos fatores que são normalmente associados com nacionalidade e nacionalismo, pois em todas essas coisas têm ocorrido mudanças radicais de um período a outro, como qualquer um que esteja familiarizado com a história judaica sabe. O único fator, e enfatizando, o único fator, que tem preservado nosso povo judeu através das eras, sob todos os tipos de circunstâncias, tem sido o cumprimento das mitsvot na vida cotidiana, como a observância do Shabat, vestir tefilin e a educação de Torá ministrada às nossas crianças. Essas e todas as outras mitsvot já estão incorporadas na Torá e têm sido cumpridas pelos judeus desde a outorga da Torá no Monte Sinai, e têm sido observadas da mesma maneira no decorrer dos séculos, sem mudanças. Uma prova adicional de que esse é o “segredo” da sobrevivência judaica, se alguma prova mais se

faz necessária, é o fato de que sempre têm havido dissidentes. A própria Torá relata que imediatamente após a outorga da Torá no Monte Sinai, houve os adoradores do Bezerro de Ouro. Similarmente, através do período dos Juízes, Profetas e Reis, bem como no período pós-bíblico do Segundo Beit Hamikdash, e mais tarde. Esses dissidentes tentaram tomar outro rumo, à parte do judaísmo tradicional, mas nunca puderam se enraizar dentro do povo judeu. Até mesmo esses que se desviaram acabaram por perceber seu equívoco e retornaram ao aprisco da observância da Torá e mitsvot, ou então foram completamente assimilados entre as nações do mundo, sem ter mais nada a ver com o povo judeu, menos ainda com a sobrevivência judaica. Baseado no fundamento de que o principal é a ação, como foi citado antes, quero expor a conclusão prática dos pensamentos expressados nessa carta. Isto é, que independentemente de como sua vida diária expressouse no passado, é meu dever, visto que estabelecemos contato entre nós, mostrar-lhe que seu dever consigo mesmo, com o que o cerca e com nosso povo judeu como um todo, é ordenar sua vida em total concordância com a Torá e mitsvot na conduta diária. Desnecessário dizer que entendo que tais mudanças acarretam dificuldades e a desistência de várias coisas, mas certamente é um pequeno sacrifício em relação ao enorme privilégio de cumprir uma obrigação sagrada com nosso povo, em adição à sua obrigação com a comunidade judaica na qual vive com sua família. Possa D’us garantir que você tenha boas novas a dizer sobre tudo que foi discutido acima. Com estima e bênçãos,




editorial Habitamos um mundo povoado por ambos os gêneros, cada qual com seu propósito, suas respectivas potencialidades, habilidades e meios de expressão. No entanto, as pessoas ainda encontram dificuldade em definir a participação e contribuição do público feminino contemporâneo. A tendência no último meio século era de escalar a causa feminista pela inclusão da mulher em uma sociedade estruturada e gerenciada pelos homens, onde o êxito é calculado na medida em que mulheres assumiram posturas e posições masculinas. A Torá sempre valorizou a mulher nos seus próprios termos e enalteceu a sua influência na sociedade encarregando ela da formação das futuras gerações. Lembramos das matriarcas do povo judeu como modelos e a personificação das virtudes femininas. A nossa esperança com a Lubavitch Magazine deste ano é de provocar um olhar objetivo e aberto sobre a participação da mulher atual no judaísmo, sabendo que o escopo desta publicação não permite uma abordagem de todas as suas facetas. Serão muito bem recebidos os comentários e observações de nossos leitores a respeito das questões abordadas. Prestamos uma homenagem singela em nossas páginas sobre a Operação Borda de Proteção, em Israel, aos que deram as suas vidas para proteger o nosso povo e estendemos condolências às suas queridas famílias, das quais fazemos parte. Desejamos que as luzes de Chanucá em 5775 se espalhem e iluminem mentes e corações, casas e ruas, culturas e povos e que sejamos merecedores da revelação de Mashiach já. Feliz Chanucá!

Rabino Mendel Liberow

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ÍNDICE 16 a mulher no judaísmo

34 a mulher no judaísmo

A divisória que não exclui

42 comportamento

Um pelo outro

Já era, e agora?

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a mulher no judaísmo

Contido na semente

28 a mulher no judaísmo

Escolha ou dever

30 a mulher no judaísmo

A mulher sem terra

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comportamento

Além do esforço

58 Vida e sociedade

Go home!

64 operação borda de proteção

Paz a caminho


67 operação borda de proteção

O poder do 1

68 operação borda de proteção

A chamada silenciosa

70 operação borda de proteção

Tudo chega ao mesmo endereço

73 operação borda de proteção

Eu, que estava lá

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PERSONAGENS DA HISTÓRIA JUDAICA

Nos bastidores

1

76 PERSONAGENS DA HISTÓRIA JUDAICA

Sirva-se, por favor

78 PERSONAGENS DA HISTORIA JUDAICA

Regando com lágrimas

80 PERSONAGENS DA HISTORIA JUDAICA

Valores sem fronteiras

82 RELATOS

O encontro que ficou para sempre

86 RELATOS

Minhas esperas e esperanças

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a MULHER NO JUDAÍSMO

Um pelo outro POR sara esther crispe

Eu nunca vou esquecer como me senti no dia em que meu professor de sociologia fez a alegação de que não há absolutamente nenhuma diferença entre homens e mulheres. Olhei à minha volta, chocada com a proposição, e ponderei se alguém sentiu o mesmo. Durante a maior parte do semestre, ele enfatizou repetidas vezes que todas as distinções entre pessoas de diferentes raças, posições geográficas ou habitats não faziam sentido, e que foi apenas a sociedade que insistiu que realmente havia diferenças. Talvez ele estivesse certo, achamos. Talvez nós realmente nos entregássemos à sociedade com suas definições e seu desejo de criar separações. Talvez fosse racismo afirmar que, de modo geral, os homens negros são mais altos que homens asiáticos. E machista sentir que homens são fisicamente mais fortes que mulheres. Mas então, certo dia, quando não pude mais resistir, eu tive que fazer uma pergunta. Se fôssemos realmente iguais, quero dizer, praticamente idênticos, então por que mulheres nascem com um ventre e a capacidade de carregar e ter filhos, e os homens não? E se as diferenças físicas são tão claramente evidentes e

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incontestáveis, então como poderia ser tão absurdo supor que, talvez, ao lado dessas diferenças físicas existam diferenças emocionais, psicológicas ou espirituais também? Acho que a minha pergunta só serviu para enfurecer o meu professor, que não podia acreditar que eu ainda era tão ignorante ao ponto de atribuir às diferenças físicas algo mais do que o físico. Mas para mim, essa pergunta foi um ponto decisivo na minha vida. Se eu tinha habilidades e capacidades que os homens não têm, eu precisava descobrir o poder daqueles aspectos em mim, por que eu os possuía e o que significavam. Embora a ideia do meu professor de que uma mulher poderosa era alguém que dificilmente poderia ser distinguida de um homem, eu queria celebrar as diferenças inerentes aos gêneros, em vez de diminuílos. E eu não apenas queria desvendar os mistérios do que significava ser uma mulher, mas ainda mais importante, o que significa ser uma mulher judia. E assim a minha jornada começou. . . Eu iniciei a minha busca com a primeira mulher na Torá. O nome dela é Chava, em hebraico conhecida como “Eva”. Ela é


referida como “a mãe de toda a vida” e foi criada logo após o primeiro homem, Adão, no sexto dia da Criação, pouco antes do Shabat. Seu propósito era de ser um “eizer kenegdo”, que pode ser traduzido de duas maneiras: ou “uma companheira para ele” ou “uma companheira contra ele”. Os sábios explicam que em um relacionamento há momentos em que é mais importante dar apoio ao seu cônjuge e estar ao seu lado e há outros em que a ajuda necessária requer contrariar seus desejos e suas opiniões. O objetivo é saber quando cada posição é apropriada. Parece, então, que uma mulher foi criada com o único propósito de ajudar um homem. Pode-se perguntar: “A definição de ser uma mulher judia é apenas em termos de sua relação com outros?” E, na prática, como isso seria feito? A resposta óbvia seria: casar e ter filhos. No entanto, encontramos algo fascinante. Na lei da Torá, uma mulher não é obrigada a fazer nenhum dos dois. Ela não tem nenhum requisito legal que o exija. Mas o homem tem. Ele é obrigado tanto a casar como ter filhos. É subentendido que ele não pode fazer isso sem uma mulher que seja sua esposa e mãe de seus filhos, mas ela não é obrigada a fazê-lo.

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a MULHER NO JUDAÍSMO

Então, a única maneira para ele poder cumprir suas responsabilidades é se a mulher estiver disposta a ajudá-lo ao preencher esses papéis. De acordo com a filosofia cabalística, os seres humanos foram criados em duas categorias, homens e mulheres. No entanto, geralmente os textos referem-se a traços masculinos e femininos, e não declarações sobre homens e mulheres. Isso significa que ambos possuem características masculinas e femininas. Geralmente um homem é predominantemente masculino e uma mulher predominantemente feminina. Porém, sempre há exceções e por isso nem toda mulher deseja naturalmente o que é considerada uma propriedade feminina, e nem o homem uma propriedade masculina. As diferenças entre masculino e feminino são grandes e vastas. E essas diferenças afetam a forma como homens e mulheres pensam, sentem, falam e agem. As diferenças são de natureza psicológica, emocional, física, intelectual e espiritual. E, ao mesmo tempo em que podemos ser uma combinação de ambos os traços, masculinos e femininos, no fim, nós somos ou homem ou mulher. No entanto, as nossas diferenças não foram feitas para causar distância entre nós, mas para nos aproximar, para equilibrar um ao outro e se conectar, ao se tornar motivos de celebração, não de separação. A maior diferença entre um homem e uma mulher, ou mais apropriadamente, entre o masculino e o feminino, pode ser vista nas primeiras duas qualidades intelectuais de um ser humano. A filosofia Chassídica ensina que existem três propriedades intelectuais,

juntamente com sete propriedades emocionais. A primeira das propriedades é a de chochmá, traduzida livremente como “sabedoria”, que é um princípio masculino. Chochmá é descrita como o conceber de uma ideia. Fisicamente falando, é comparada à semente de um homem. É o começo de toda a vida, a fundação. Sem ela, nada é capaz de existir e, assim como uma semente enterrada, é invisível a olho nu. Ela não tem forma nem sentido. Ainda não. Ela tem potencial, um potencial incrível, mas ela não pode se desenvolver, crescer ou formarse por si só. A próxima propriedade, a de biná, é feminina. Livremente traduzida como “entendimento”, a biná é o desejo de se unir a sabedoria e dar-lhe sentido. É o processo de formação, o vínculo, o desenvolvimento. Em um exemplo físico, biná é a gravidez. Ela literalmente abriga a semente e, em seguida, faz com que cresça, se desenvolva e se forme, até que esteja pronta para nascer e existir por si só. É a biná que recebe o potencial da semente e a cultiva, tornando-a algo tangível e significativo. É uma situação em que cada um é dependente do outro para criar uma realidade. A semente não pode se tornar qualquer coisa por si só. Da mesma forma, sem a semente, biná não pode criar nada, pois não lhe foi dada a matéria prima com a qual trabalhar. Espiritualmente, a mulher também tem a propriedade masculina de chochmá, assim como o homem tem a propriedade feminina de biná. Mas na prática, uma mulher não pode produzir sementes, e um homem não pode dar à luz. A criação física de um bebê é a representação

As diferenças entre masculino e feminino afetam a forma como homens e mulheres pensam, sentem, falam e agem.

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mais profunda e eterna do amor e da união entre homem e mulher. É o melhor dos dois mundos e é a representação do futuro, a realização do potencial de seu pai e sua mãe. Fisicamente, os órgãos reprodutivos de uma mulher são internos, ao passo que no homem são externos. Essa capacidade de internalizar e desenvolver dentro de si é, mais uma vez, entendida como uma questão além do meramente físico. Uma das indicações mais claras disso é a diferença entre as obrigações judaicas de homens e mulheres. As mitsvot que o homem é incumbido a cumprir são designadas em um tempo determinado, como também são externas e físicas. Por exemplo, o homem usa kipá, tefillin, talit, lembrando-o sempre que D’us está acima, e a sua obrigação de cumprir os 613 mandamentos. Outro exemplo é o dever do homem rezar três vezes ao dia em um minyan, um grupo de dez homens. Em essência, tudo isso significa que outras pessoas possam testemunhar se o homem está cumprindo ou não as suas obrigações. Os preceitos da mulher, no entanto, são particulares e internos. Quase todos são realizados dentro de casa; em alguns casos, ninguém além dela está ciente do fato. Um exemplo disso é manter uma cozinha casher; a mulher conta com a total confiança de seu marido e família. Talvez o exemplo mais pungente disso seja em relação às leis de pureza familiar e imersão no banho ritual da Micvê. Essas leis, que são consideradas a fundação do casamento, dos filhos e da casa, estão completamente entregues à sua confiança. Sua palavra cria uma nova realidade, e a sua palavra deve ser confiável. Portanto, ao contrário do masculino - que é o aspecto externo do nosso eu e pode ser visto por outras pessoas - o feminino é completamente interno, não envolvendo mais ninguém, entregue a ela apenas. Considerando que as propriedades masculinas são externas, o homem necessita maior retificação. Ao contrário de uma mulher, a ele não é dado esse mesmo

tempo e oportunidade para reflexão, interiorização e contemplação. Este é o processo feminino de biná, em hebraico bein, “entre” o que está em sua mente e o que emerge através de sua ação. Essa é a fase da gravidez, o meio-termo da concepção e do nascimento. E esse é o tempo do desenvolvimento e da retificação. Por essa razão, nos é ensinado que, assim como a mulher precisa do homem para a concepção, o homem precisa da mulher para a gestação, o desenvolvimento. Essa não é apenas uma realidade física, mas espiritual também. É por isso que a Torá afirma que uma mulher exemplar é aquela que “ossá retzon ba’alah”, uma frase em hebraico que tem algumas camadas de tradução. A primeira é: “ela faz a vontade de seu marido.” Mas, em hebraico, o verbo ossá pode ser traduzido tanto como “fazer” ou “formar”. Assim, a frase pode ser entendida também como a mulher é quem “forma (ou seja, determina) a vontade de seu marido”. Mas, nenhuma dessas possibilidades é muito saudável em um relacionamento. Se um parceiro é obrigado a fazer a vontade do outro, sem nenhuma participação, isso não é uma relação; é uma ditadura. Da mesma forma, se um determina a vontade do outro, isso implica que não há nenhuma troca de comunicação ou equilíbrio entre os dois, uma vez que um decide pelo outro. A principal diferença entre os dois é apenas quem é que manda - o homem ou a mulher - sendo que ambos são problemáticos. Isso nos traz de volta ao início da nossa discussão, o significado de “eizer kenegdo”. Será a mulher uma companheira para ele, ou contra ele? Quando traduzimos ossá como “fazer” ou “formar”, ela é o oposto dele. Os ensinamentos Chassídicos esclarecem o significado dessa palavra. Rashi, o proeminente comentarista talmúdico revela que o termo ossá, quando usado na Torá tem outro significado, que é “corrigir.” A retificação é o equilíbrio entre “fazer” e “formar”. Ou seja, quando uma mulher está usando

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seu potencial de forma adequada, ela é capaz de se conectar ao seu cônjuge e ajudar a corrigi-lo. Através de sua capacidade de desenvolver, ela pode receber dele as suas ideias, seus talentos, seu potencial, e internalizá-los, tornando-se impregnada deles, até que estejam prontos para nascer de forma pública, externa. E assim ela se torna uma “eizer kenegdo” adequada, uma companheira para ele. Com isso voltamos a um dos primeiros pontos que foram levantados: No judaísmo, a mulher é definida em termos de sua relação com o homem? A resposta é sim e não. Se cada ser humano é um composto de ambos os traços, masculinos e femininos, então devemos compreender como essas duas qualidades extremamente diferentes podem coexistir e complementar uma a outra dentro de cada um de nós, e reconhecer que os dois devem trabalhar juntos. Isso nos ensina que o verdadeiro caminho para nos definir, e vir a compreender e revelar nosso potencial, é através do foco no outro. Às vezes, isso é um “outro” dentro de nós mesmos; às vezes, é o “outro” fora da gente. Porque cada mulher, solteira ou casada, com ou sem filhos, é capaz de dar frutos, é capaz de ser um “eizer kenegdo”. Quando usamos nossos talentos para criar, através de quaisquer meios – através da nossa arte, escrita, poesia, música –cumprimos o mandamento de “ser frutífero e multiplicar-se”; criar e trazer mais luz a este mundo.

Dentro de um casamento, a relação íntima é a nossa oportunidade de cumprir essa lei, a primeira na Torá, de forma física. Mas, não é apenas cumprida ao dar à luz filhos, pois infelizmente nem toda mulher consegue. O Zohar nos ensina que na intimidade de um casal, almas são criadas. Às vezes, essas almas entram em um corpo físico, outras vezes elas permanecem na esfera espiritual, mas mesmo assim são criadas. E cada vez que criamos, ocorre um processo de dar e receber. Uma parte de nós deve ser capaz de abrir mão, soltar, para dar ao outro; e uma parte deve ser capaz de se abrir, para receber, aceitar e nutrir o que foi dado. Quando a nossa preocupação não é sobre o que somos obrigados a fazer, mas sim sobre como podemos ajudar o outro a cumprir as suas obrigações, é apenas então que brilhamos e revelamos a nossa verdadeira força. Mas temos de começar olhando para dentro, através da compreensão de nós mesmos, nossas forças e as nossas fraquezas. Assim ajudando a nós mesmos. E quando reconhecemos que somos capazes de dar e receber, e que ambos são papéis muito ativos, somente então podemos nos alegrar com as qualidades e atributos que são exclusivamente nossos, como mulheres, e começar a celebrar o que somos, em vez de competir com quem não somos.

ao contrário do masculino o feminino é completamente interno, não envolvendo mais ninguém, entregue a ela apenas.

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a MULHER NO JUDAÍSMO

CONTIDO NA

SEMENTE POR yaakov brawer

O estado de pré-Redenção atual do mundo é comparado em fontes judaicas a um sonho. Sonhos consistem em uma mistura de acontecimentos desarticulados em que a verdade e a ilusão estão inexplicavelmente misturadas. Em nenhum lugar a analogia de um sonho é mais aplicável do que na interação entre os gêneros. A relação entre homens e mulheres é, e tem sido, caótica, confusa e contraditória. Nenhum outro domínio da vida tem os opostos de atração-repulsão, dominânciasubmissão, amor-ódio, tão entrelaçados. A questão do enigma masculino-feminino tem dominado os campos da psicologia, literatura e agora sociologia e política. Embora muitas soluções impressionantes estejam sendo propostas, o paradoxo dos gêneros continua sendo tão intratável como sempre. Nem Freud nem Friedan fizeram a menor diferença. Eles simplesmente propuseram novos equívocos, desencadeando cascatas de novas frustrações e problemas sociais. Casamentos e famílias continuam a falhar, enquanto homens e mulheres persistem em não entender a si mesmos e uns aos outros. Por que as espécies são divididas em dois gêneros?

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O que significa ser homem? O que significa ser mulher? Podemos logo eliminar as explicações biológicas óbvias, uma vez que essas não são as respostas, e sim outros aspectos da pergunta. Acontece que masculinidade e feminilidade são construídas no próprio tecido da existência. Originam-se em dois distintos modos de manifestação Divina, a interação da qual compõe o processo da Criação. O conceito de criação surgiu como uma consequência da vontade de D’us de dar e de fazer o bem. Obviamente, a fim de satisfazer o desejo para dar, deve haver alguém para receber. O problema é, no entanto, que D’us é um só. Não há nada além d’Ele e, portanto, não há ninguém a quem dar. A solução de D’us para esse problema é a criação, o surgimento de seres autoconscientes, aparentemente independentes que estão dissociados de Seu ser. Isso é provocado por uma diversificação ou uma particularização da vontade essencial de D’us, o que resulta em dois modos diferentes de expressão Divina que colaboram entre si para produzir a criação. Essas duas influências aparecem infinitas vezes em diferentes


© Robertoarti

formas em toda existência. Assim, sempre parece ter dois de tudo, por exemplo, sol e lua, natural e sobrenatural, sagrado e profano, finito e infinito etc. Além disso, os “dois” não são apenas diferentes um do outro, eles são opostos e, portanto, aparentemente incompatíveis uns com os outros. No entanto, surpreendentemente, eles são casados e os filhos desse casamento são a criação. Talvez a maneira mais fácil de abordar o papel desempenhado por essas duas categorias de emanação Divina no processo criativo é examinar outra metáfora conhecida para a criação, a fala. Conforme consta em Gênesis, D’us criou o mundo através da fala. Embora as

crianças, e muitos adultos, tendam a retratar os vários componentes do mundo estalando do nada, produtos de um truque espetacular de magia cósmico, não é isso que significa a fala Divina. O uso da metáfora antropomórfica na Torá, neste caso a fala, permite-nos abordar ainda que indiretamente, o fenômeno fundamentalmente inefável da Criação, usando a linguagem humana como modelo. Do vasto leque de potenciais humanos, a fala é o único que é desprovido de conteúdo intrínseco. O significado ou o conteúdo da fala é fornecido por outras faculdades. A faculdade da fala recebe informações ou revelações de outras partes da

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a MULHER NO JUDAÍSMO

mente. Uma pessoa é capaz de expressar-se em uma notável variedade de maneiras, a partir das mais altas percepções intelectuais até as emoções mais intensas. Sentimentos e pensamentos são gerados constantemente pela mente e estes produzem um mundo interior rico e único que revela o pensador a si mesmo. Na verdade, a atividade da mente e o pensador são realmente uma realidade inseparável. A pessoa é o seu pensamento. Poucas pessoas se contentam em viver com os seus pensamentos, ou seja, consigo mesmos. As pessoas querem fazer uma diferença, dar de si mesmos. O problema é a forma de exteriorizar ou concretizar o espaço interno de autoexpressão de modo que outras pessoas possam receber.

a “alma” pode se manifestar. Linguagem, então, é um produto da sinergia entre duas funções necessariamente distintas. O poder de revelar o que está escondido nas faculdades intelectuais e emocionais da mente ou da alma é o componente masculino. O poder de receber iluminações de potenciais da alma e de concretizá-los é o aspecto feminino da linguagem. Para compreender melhor a natureza e o significado de “homem” e “mulher”, devemos considerar outra analogia, complementar à da linguagem. Suponha que você tem um querido amigo que aprecia imensamente a beleza da cerejeira na primavera. Devido à sua grande amizade por esse amigo, você envia no seu aniversário o caroço de

masculinidade e feminilidade originam em dois distintos modos de manifestação Divina, a interação da qual compõe o processo da Criação. A resposta óbvia é a linguagem. Pode-se revestir ideias ou sentimentos em letras e palavras de fala. A faculdade da linguagem, assim recebe revelações de uma rica variedade de potenciais criativos e fornece “vestes”, ou seja, palavras em que as autorrevelações se concretizam e transformam em algo objetivamente real, que pode ser apreciado por outros. Linguagem, então, é um ato milagroso de criação em que uma iluminação da alma, por assim dizer, é separada da sua fonte e recebe uma vida independente. Não só pode essa faísca da alma sobreviver à sua origem, mas a sua influência pode ser superior ao imaginado pelo autor. O ponto essencial é que a linguagem é composta por dois elementos distintos. A “alma” da linguagem, o seu conteúdo, consiste de revelações abstratas e não verbais das faculdades intelectuais e emotivas. O “corpo” da linguagem consiste de palavras, roupas tangíveis em que

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uma cereja que você acabou de comer. Seu raciocínio faz sentido. O caroço contém todas as características, componentes e possíveis cenários de desenvolvimento de uma árvore de cereja do brotar até morrer. Tudo está lá: raízes, galhos, flores, cerejas e mais caroços de cereja. É um pacote de informação perfeito e completo. No entanto não é provável que agrade o seu amigo. O raciocínio dele também faz sentido. Você de fato não lhe deu nada, ou melhor, nada palpável. A cerejeira, com suas flores, é apenas uma possibilidade latente dentro do caroço. É puro potencial. A fim de libertar as inúmeras revelações contidas no caroço da cereja, é preciso fazer uma coisa muito estranha; deve-se enterrálo na terra. A terra não contém nenhuma informação. É, no entanto, capaz de receber toda e qualquer revelação diversificada do mundo vegetal (sementes) e dotá-las


com realidade objetiva. A terra pode desenvolver uma cebola tão facilmente como uma banana, um repolho tão prontamente como uma orquídea. Mãe terra, então, assim como o aspecto feminino da linguagem, é um receptor. Ela não tem nada de si própria. Isso, à primeira vista, poderia ser entendido como uma deficiência. No entanto, a razão pela qual o elemento criativo feminino carece de propriedades definitivas é porque sua fonte é ilimitada e transcendente. A proveniência da fala, por exemplo, é a essência da alma intelectual. Em contraste, as várias revelações do intelecto ou emoção que informam e animam a fala (elementos do gênero masculino) são originárias de faculdades específicas que nada mais são do que derivados limitados ou emanações da essência da alma. A faculdade da inteligência só pode produzir inteligência, enquanto a fala pode desenvolver qualquer coisa: inteligência, estupidez, amor, ódio etc. Assim, a contribuição para o processo criativo de elementos masculinos e femininos difere consideravelmente. O componente masculino fornece informações ou iluminação, o produto de um atributo específico. O componente feminino fornece a energia essencial para traduzir a iluminação na criação objetiva. É um poder ilimitado, refletindo a raiz do componente criativo feminino na essência do Criador (ao contrário de um de Seus atributos). A natureza da relação entre essas duas forças fundamentais é determinada pelas suas características definitivas. Assim, é o elemento masculino que é atraído para, e busca ativamente, o elemento feminino. Ele é repleto de possibilidades com as quais ele não pode fazer nada. Uma vez que ele é um aspecto particular do desejo de D’us de dar, sua própria essência reflete essa intenção. Consequentemente, o elemento criativo masculino procura o elemento feminino. Ela, estando arraigada na infinita vontade de D’us, participa do poder criador infinito de D’us e, portanto, pode transformar o potencial do masculino em realidade.

A natureza do elemento feminino reflete a sua origem. Ela se mantém em silêncio e imóvel, à espera de receber possibilidades. Essa característica feminina tem sido muitas vezes mal interpretada como passividade ou submissão decorrente de fraqueza. A extrema visão de seu papel, embora popular e politicamente correta, é a de uma vítima, condicionada pela necessidade masculina de dominar. Essa percepção é superficial, egoísta e errada, como deve ser óbvio a partir da análise anterior. Talvez possamos apreciar melhor esse ponto fazendo um paralelo com o Conselho de Pesquisa Médica do Canadá - MRC. Ele, embora possua esse nome, não faz pesquisa médica, não gera teorias e não faz nenhum experimento. No entanto, como a principal agência de financiamento do governo, o MRC é o poder máximo ao decidir quais pesquisas biomédicas serão realizadas no Canadá. Seus responsáveis sentam calmamente, esperando por ideias. As ideias vêm dos cientistas. Cientistas borbulham com especulações, hipóteses e projetos experimentais. No entanto, mesmo a proposta inovadora mais brilhante conjurada pelo cientista mais ilustre é apenas um sonho não realizado, um potencial frustrado sem o financiamento necessário. Assim, os cientistas buscam agressivamente o MRC. O MRC, no entanto, não procura os cientistas. Sua função é receber possibilidades (pedidos de subvenção) e tornar as que aprovam em realidade, fornecendo o apoio necessário. Como não há ciência médica sem o MRC, a contribuição dessa agência dificilmente pode ser descrita como fraca ou passiva. Podemos levar essa analogia um pouco mais adiante. Sendo que o MRC tem o poder de transformar qualquer formulação teórica em realidade, ele deve agir com extrema vigilância ao decidir quais propostas aceitar. Não é por acaso que os painéis do MRC são compostos das melhores mentes científicas no Canadá. A necessidade de discernimento, inteligência e cautela se aplica a todas as expressões do elemento criativo feminino, incluindo as próprias mulheres. O papel central das influências masculinas e femininas no processo de

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criação pode levar a um grave equívoco. É fundamental ter em mente que esses dois modos não são poderes autônomos, e sim emanações da mesma, e na verdade a única realidade. Não é por nada que a oração de “Adon Olam” enfatiza o fato de que “Ele é um, e não dois ...”. Considerando que os elementos masculinos e femininos são enraizados na unicidade de D’us, eles são, antes de sua evolução como modos separados, uma essência. Isso é aludido na literatura do Midrásh, que descreve o ser humano primordial como um único indivíduo composto de aspectos masculinos e femininos. Os dois elementos foram posteriormente separados, dando origem ao homem e a mulher. Assim, quando o

homens e mulheres. Uma vez que tudo o que existe é o produto da interação entre o masculino e as forças criativas femininas, esses dois modos são onipresentes. No entanto, o objetivo final da criação deste mundo material, e tudo que há nele, são homens e mulheres. Na verdade, a intenção principal de D’us é que homens e mulheres utilizem suas respectivas competências para criar Divindade na Terra. Em outras palavras, a interação máxima entre o modo masculino e feminino é destinada a ser realizada por nós, vivendo e concretizando a Vontade Divina conforme estabelecido na Torá. Nós, então, somos responsáveis por transformar o mundo em uma “nova”

a interação máxima entre o modo masculino e feminino é destinada a ser realizada por nós, vivendo e concretizando a Vontade Divina conforme estabelecido na Torá. elemento masculino, sob qualquer forma e em qualquer nível de existência encontra e “se casa” com sua contraparte feminina, a unidade original é restabelecida. Casamento, por conseguinte, não é uma união de dois indivíduos diferentes, mas sim uma reunião das duas metades de um único ser. Isso não é, no entanto, apenas um retorno ao estado inicial. A dissociação original de dois elementos um do outro permite a cada um desenvolver e expressar os seus próprios potenciais. Assim, quando eles finalmente são reunidos, cada um é dotado de qualidades específicas e únicas necessárias para realizar o milagre da criação. Agora que temos uma ideia da natureza, origem e comportamento dos dois elementos criativos primordiais podemos aplicar essa informação para a relação entre

criação, cumprindo assim a intenção original de D’us. Quando contemplado nesse contexto, muitos aspectos da vida judaica que tenham sido sujeitos a críticas podem ser compreendidos e apreciados. A família judia, então, é fundamental para alcançar o objetivo final da Criação. É essa a entidade que está destinada a realizar a Vontade de D’us, que é sinônimo de Sua Torá. O noivo traz para o casamento uma capacidade de revelar a Divindade. O dote da noiva é a força de concretizar essas revelações Divinas. Juntos, eles são capazes de revelar a essência de D’us, uma realização que vai trazer alegria abundante para o seu Criador, para si, para o povo judeu, e de fato para o mundo.

Adaptado de “The Loving Friends”.

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© Baloncici

a MULHER NO JUDAÍSMO

Escolha ou Dever?

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Por que o Judaísmo não oferece às mulheres a opção de participar dos rituais religiosos limitados aos homens, como minian, tefilin etc? Na verdade, a questão é mais ampla: ou você acredita que o Judaísmo é concedido por D’us ou acredita que é feito pelo homem. Seja como for, não há sentido em as mulheres fazerem o que os homens fazem. Se o Judaísmo é dado por D’us, então suas leis são absolutas e não podem ser mudadas. E não deveriam ser mudadas, porque D’us sabe o que está fazendo. Se o Judaísmo afirma que os homens colocam talit e leem a Torá, e as mulheres não, isso não é discriminação ou injustiça. Ao contrário, recebemos diferentes papéis porque D’us – que criou homens e mulheres diferentemente – sabe o que cada um precisa para sua realização espiritual. D’us não é machista. Outros dizem que o Judaísmo é feito pelo homem e, portanto, suas leis são mutáveis. Segundo essa opinião, seria justo presumir que o Judaísmo discrimina as mulheres, porque as regras foram feitas por homens que viveram muito tempo antes que se ouvisse um grito pelos direitos da mulher. Todas as culturas antigas eram injustas e opressoras, portanto, por que um Judaísmo feito pelo homem seria diferente? Porém, se esse de fato é o caso, por que as mulheres desejariam adotar práticas que foram planejadas por homens misóginos há três mil anos? As mulheres realmente se realizam imitando práticas masculinas? Isso parece insultar as mulheres, em vez de libertá-las. Essas práticas são Divinamente ordenadas e devem continuar como sempre foram ou são invenções humanas e devem ser substituídas? Eu acredito que o Judaísmo é Divino. Não precisa de

atualização. Precisa que nós nos aprofundemos ainda mais no sentido de encontrar sua mensagem para o nosso tempo. Entendemos então que a Torá é Divina, mas será que não resta espaço para escolhas individuais? Temos que definir as palavras, escolha e mitsvá. Literalmente, mitsvá significa mandamento, removendo-o da liberdade de opção. Quem for incumbido pela mitsvá é obrigado a observá-la, como também é responsável por negligenciá-la. Por definição, escolha e mitsvá são antitéticos, um equiparado a opção, o outro além de opção. Eu não tenho nenhuma “escolha” no que diz respeito ao uso de tefilin; é exigido de mim. Se eu posso aceitar ou rejeitar uma ação específica, não é um dever, mesmo se eu escolher aceitá-la. Em última análise, se sou eu quem decide; não é um mandamento. Nós não estamos brincando com palavras ou semântica, mas trabalhando com ideias e são elas que fazem com que os seres humanos sejam humanos. No conceito da Torá o homem tem liberdade de tomar decisões morais, de “escolher o bem ou o mal”, de observar ou violar mitsvot. Escolha e liberdade consistem na decisão de aceitar ou fugir do dever, não na liberdade em defini-lo, definindo “bom” e “mal”. Não somos livres para dizer: “O assassinato não é um pecado”. Não devemos confundir “consigo” com “tenho permissão”. Podemos pecar, mas não devemos. Somos abençoados por viver em uma geração na qual as mulheres recebem toda a oportunidade para descobrir por si mesmas aquilo que o Judaísmo tem a oferecer. Que a voz feminina do judaísmo seja escutada, pois o mundo precisa agora mais do que nunca. Adaptado das obras de Aron Moss e Zalman I. Posner

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a MULHER NO JUDAÍSMO

© elenathewise

POR ZALMAN I. POSNER

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O assunto gera curiosidade, opiniões, mudanças e muito debate, mas a pergunta é muito simples: qual é o lugar da mulher no judaísmo? Essa questão pode ser vista de forma mais ampla. Se nos questionarmos qual a instituição central na vida judaica, logo se pensa na sinagoga – afinal, toda semana passamos algumas horas lá. Mas, ironicamente, a vivência do nosso povo ao longo dos milênios, mostra uma realidade diferente. Não é a sinagoga e nem o centro comunitário, não é o colégio judaico e nem a dança israeli, não é a arrecadação de fundos e nem a “defesa” de ameaças, mas sim a casa, a família. Assim como o coração é o íntimo do indivíduo, podemos chamar a família, o coração da comunidade. Quem é a pessoa fundamental na família, em casa? Quem cria o astral do lar, para ser mais do que um hostel lanchonete? Quem tem a influência mais profunda sobre os filhos, especialmente durante os anos de formação? Quem decide e geralmente implementa as observâncias judaicas seguidas na casa? Claro, certamente é ela. Assim, a contribuição singular para tornar a casa mais importante do que a sinagoga, é da mulher, da mãe. E o que nós, judeus ocidentais, fizemos? Esvaziamos a casa de qualquer vestígio de judaísmo, sem deixar nada que possa distinguir o lar judaico de outro que não seja. Nós simplesmente roubamos a mulher judia de sua função, destruindo o lar judaico. Soa muito mal, não é? Sim. E seu consolo é que agora ela é contada no minyan, agora ela pode ter uma aliyá na Torá, agora ela pode ser um rabino ou um cantor. Nas palavras de um velho ditado ídiche, “se não fosse a minha corcunda eu iria rir também”. A mulher judia tem algumas sérias acusações a fazer. “Eu sei hebraico tanto quanto o meu marido, e muito mais. Eu frequento os serviços religiosos mais que ele. Ele não coloca tefilin e eu também não. Ele não usa o talit e eu também não. Ele nunca estuda Torá e eu também

não. Então, porque ele é mais do que eu? Mas, quando vamos para a sinagoga, ele é o tal.” Que sentido faz isso? Então, qual é a resposta para as suas alegações? Em vez de incentivar o marido a ir à sinagoga, colocar talit e tefilin e estudar a Torá, a resposta à sua queixa perfeitamente justificada foi de contá-la no minian, aceitar que ela use talit e tefilin e desempenhe um papel importante na sinagoga. Com isso ela seria importante. É questionável pensar que o prestígio das mulheres tem sido enaltecido. O prestígio do minian não foi, já que nem os homens nem as mulheres parecem se importar em frequentar os serviços. Isso, eu suspeito, é o verdadeiro problema, o declínio do status do minian, do tefilin, ser chamado à Torá e assim por diante. Homens claramente não dão a mínima para nenhum deles. Em sua magnanimidade eles consentem em conceder esses “privilégios” para as mulheres, honra essa que os homens têm rejeitado facilmente. A concessão de igualdade ou escolha em assuntos sem valor e sem sentido nada acrescenta para as mulheres. Temos abandonado o slogan “a casa é o centro da vida judaica”. Assim, destruímos a função da mulher e em troca lhe damos um brinde: que ela seja um rabino, um cantor, contada no minyan de alto status para o qual não se consegue dez homens para participar, que use um talit e tefilin que um homem só usaria quando não consegue evitá-lo. Nós criamos uma nova sociedade “sem-terra”, a da mulher judia. E independente do que uma pessoa possa ter, se ela não tiver uma casa, diz o Talmud, algo está faltando em sua humanidade. Mas o que é, em última análise, o lugar da mulher na vida judaica? Em várias ocasiões perguntei a grupos de mulheres religiosas, qual proporção da vida religiosa de seus maridos acontece na sinagoga, e qual em casa. Diga-se de passagem, que esses homens frequentam a sinagoga todas as manhãs e todas as noites, religiosamente, é claro, e passam lá horas

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ChanucĂĄ

vivenciando milagres.

Que cada um encontre

o

seu.

Xandel Weinstein & FamĂ­lia 32

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regularmente em estudo. Sugeri 60% em casa. Elas ficaram indignadas, 90% em casa! Então, essas horas diárias de preces e estudo são apenas 10 por cento. Qualquer sugestão de que ela poderia invejar o homem por seu papel superior seria rejeitado. É amplamente aceito que o principal âmbito da religião é no interior da pessoa, o coração, os sentimentos, a alma, em vez do visível, o externo, o público. Essas mulheres sabem o que é importante para o judeu, homem e mulher, e que o particular prevalece sobre o público. E é isso que elas mantêm para si, o interior, o pessoal. Esse é o lugar da mulher na vida judaica. Macho e fêmea, homem e mulher. Essas palavras

seja uma realidade, não um símbolo. Esse é o desafio do judeu contemporâneo, da comunidade judaica atual. Ignorar ou fugir do problema, passar a bola até que ela pare em lugar nenhum, não é opção. Há um pressuposto aqui, que o judaísmo não é uma consideração periférica ou secundária. Aqui está o problema. Se outros cálculos transcendem o judaísmo na tomada de decisões e na formulação de valores, como acontece tantas vezes, então temos um judaísmo truncado. Então, a pergunta “qual é o lugar da mulher no judaísmo?”, deve ser reformulada para qual “o lugar da mulher em um judaísmo periférico?”. Tentativas de dar “cidadania de primeira classe” para

a contribuição única para tornar a casa uma instituição mais importante do que a sinagoga é da mulher, da mãe. descrevem indivíduos, mas também um relacionamento. O masculino não existe sem o feminino, assim como suas funções também existem em relacionamento. Quando a mulher judia vê os homens no seu meio – pai, marido, irmãos, filhos – cumprindo o papel do homem judeu, ela não tem problema algum em identificar e valorizar seu papel como uma mulher judia. Ela não tem dúvidas sobre sua importância. A relação sinagoga/casa e sua centralidade comparativa também não estão em questão. Ela e os homens da sua família sabem muito bem onde é o “mundo real”, e é onde as pessoas vivem, na casa. Nenhum de nós, pelo que eu saiba, mora na sinagoga. Mas é absolutamente crucial que esta área da vida judaica, a família/casa,

as mulheres, significa oferecer o serviço de primeira classe em um judaísmo de classe econômica. Difícil tornar isso significante. Podemos enfrentar esse desafio em seus próprios termos, mas devemos estar sempre conscientes da base de toda a questão. Nesse contexto podemos começar a entender como foi sábia a campanha do Rebe de Lubavitch promovendo o acendimento das velas de Shabat. O Rebe sabia que a luz da mulher precisaria ser acesa para levar sua família de volta ao lar, para que pudesse lembrar-se daquilo que é importante na vida judaica. A mulher judia precisa ser lembrada de que no Judaísmo seu lar vem primeiro; e ela está sempre na primeira classe.

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© freerlaw

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a divisória

que não exclui 34

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Rabino, essa insistência da exclusão por gênero já durou demais. O que pode ter sido bom para a antiga Babilônia e Europa medieval não vai rolar no mundo de hoje da equivalência e igualdade. Começando com a sinagoga, quanto tempo mais vai durar o clube do bolinha? Rafael. Meu caro, Todas as práticas judaicas têm seus motivos simples, bem como explicações mais profundas e espirituais. Um benefício óbvio dos assentos separados na sinagoga é que isso ajuda a assegurar que o foco principal seja na prece e não no gênero oposto. Não há dúvida que agimos de maneira diferente em um público misto e em um do mesmo gênero. Não há nada de errado com isso. É bom e saudável que sejamos atraídos uns pelos outros, mas durante as preces não deveríamos tentar impressionar ninguém, exceto D’us. Além disso, uma sinagoga deve ser um local aconchegante e receptivo. Ninguém deve se sentir deixado de fora. Muitos solteiros sentem-se desconfortáveis em uma função ou evento no qual todos parecem estar com um parceiro, exceto eles. Ninguém deveria sentir-se dessa maneira numa sinagoga. Quando homens e mulheres se sentam separadamente, não há discriminação entre solteiros e casais, e sempre haverá a chance de os solteiros se conhecerem depois, no Kidush. Porém, a questão é mais profunda. Homens e mulheres são seres bastante diferentes. Não apenas fisicamente. Nossos processos de raciocínio, estados emocionais e psicologia são distintos. Isso porque nossas almas são diferentes – elas vêm de fontes complementares, mas opostas. Para as mulheres, as emoções fluem espontaneamente,

enquanto os homens têm dificuldade com isso. Toda a modalidade da prece é uma expressão feminina. Os homens não gostam de chorar, admitir desamparo, expor seu “eu” interior e discutir as suas verdadeiras necessidades. Essas são coisas que geralmente associamos com mulheres. E, a propósito, os homens têm mais receio ainda quando há mulheres por perto. Assim, as diretrizes da prece têm de criar um contexto em que os homens possam fazer tudo isso. Uma metáfora ilustrativa poderia ser um vestiário. Quando homens e mulheres trocam de roupa, é necessária uma separação. E quando homens e mulheres se despem espiritualmente, também há uma vulnerabilidade e uma intimidade que precisam ser resguardadas e protegidas. Portanto, a separação – conhecida como mechitzá que separa homens e mulheres na sinagoga – é necessária. Certamente, se estamos assistindo a um show, ou até a uma apresentação importante e significativa, poderíamos nos sentir bem sentando juntos. Mas, quando estamos verdadeiramente nos despindo em prece – louvando, pedindo e agradecendo em reverência e humildade – nossa alma está nua. E a sinagoga, com sua cortina cerrada, é um “vestiário”. Só que estamos trocando algo mais profundo que nossas roupas. A experiência da prece deve ser uma oportunidade para sentir o seu íntimo eu, de comunicar-se com sua alma. Homens e mulheres precisam de espaço uns dos outros para ajudá-los a ficarem sintonizados com seu ser mais elevado. Ironicamente, é sentando separadamente para a prece que somos capazes de nos unir em outras áreas de nossas vidas; porque é somente quando as energias feminina e masculina florescem que somos completos como indivíduos, como famílias e como comunidade. Adaptado das obras de Aron Moss, David Nessenoff e Tzvi Freeman .

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comportamento

Jรก era,

E AGORA? POR ARON MOSS

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© kenfotos

Pergunta: O que está feito está feito. Fiz um aborto anos atrás. Fiz isso para evitar a vergonha, mas sinto-me coberta de culpa. Embora eu não possa reverter o que foi feito, existe alguma maneira de aliviar o fardo que estou carregando? Posso de alguma forma consertar isso? Estou condenada a uma vida inteira sentindo culpa? Resposta: A culpa é para a alma aquilo que a dor é para o corpo. A dor em si não é algo bom, mas tem um propósito positivo. Alerta você sobre um problema que necessita de ação, e a faz procurar sua fonte para aliviá-la. A culpa também serve a um propósito positivo. A culpa que nos devora é sem sentido. Porém, a culpa também pode ser usada como um catalisador para tornar a pessoa melhor, quando nos alerta a reconhecermos os erros que cometemos, assumir responsabilidade por eles e não culpar os outros – mesmo que os outros tenham uma parcela de culpa – e então resolver melhorar por causa da experiência. Devemos transformar os sentimentos negativos para que possam nos impelir a fazer o bem.

No caso de alguém que fez um aborto, talvez uma maneira de canalizar a culpa em algo positivo seja entrar em um projeto que cuide de crianças abandonadas ou indesejadas. O melhor, na verdade, seria adotar uma criança assim, mas isso nem sempre é possível. Aqui estão algumas sugestões: trabalhe como voluntária ou doe dinheiro a um orfanato; torne-se uma “grande irmã” para uma criança que precisa de apoio extra; ou ajude um amigo ou membro da família que esteja criando os filhos com dificuldades, como uma mãe solteira ou alguém que tenha uma doença grave. A culpa cria um vácuo na alma. Preencha esse vácuo com algo significativo. Redirecione sua energia a um novo empreendimento que beneficie alguém com necessidades. Dessa maneira você não apenas alivia sua culpa, como a transforma em uma força para o bem. Você não pode trazer de volta o potencial que foi perdido. Não deixe que a culpa a paralise por mais tempo. Peça perdão a D’us. Então transforme a sua culpa em um trampolim para ações positivas. Faça daquilo que foi um capítulo negativo em sua vida a introdução para um novo, um capítulo direcionado para amor e vida.

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comportamento

Além do esforço POR ARON MOSS

Se realmente confiamos em D’us, por que trabalhar para ganhar o sustento? Se ficarmos sentados esperando o dinheiro cair do céu, isso não significa fé – significa falta de fé. Esse tipo de atitude significa que estou basicamente dizendo: se o dinheiro cai do céu, é de D’us; porém, se o dinheiro é ganho por meio de investimentos inteligentes ou trabalho duro, D’us não o fez, fui eu que fiz. Eu limitei D’us relegando Seus poderes ao sobrenatural. Estou dizendo que quando eu faço alguma coisa da maneira natural, eu a fiz por mim mesmo; D’us nada teve a ver com isso. O Judaísmo diz o contrário: aquele que realmente acredita é aquele que trabalha, mas sabe que o sucesso ou falha de seus esforços não está em suas mãos, mas nas mãos

de D’us. Nossos esforços são o recipiente, mas é D’us que preenche o recipiente com Sua bênção. Essa filosofia é tanto libertadora quanto exigente. Ela nos liberta de preocupações com o resultado – que está nas mãos de D’us. Porém, coloca o ônus sobre nós – temos que fazer o trabalho para que D’us nos dê Sua bênção. Isso não se aplica apenas a ganhar o sustento, mas em todas as áreas do esforço humano. Quer estejamos procurando nossa alma gêmea, a cura para uma doença ou sendo atacados por um inimigo, não esperamos que D’us faça um milagre. Nós nos levantamos e fazemos o que precisa ser feito, sabendo o tempo todo que o sucesso de nossas ações vem do Alto. Em última análise, quando fazemos o esforço, mas damos o crédito a D’us, até nós podemos fazer milagres.

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Festividades

Chanucá

A comemoração foi realizada na praça Sílvio Ughini, em dezembro de 2013, com a presença do prefeito José Fortunati. No evento foi lançada a Lubavitch Magazine e os convidados saborearam sushis kasher do Sushi Drive.

Créditos: Léo Platcheck e Tuti Flores

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Festividades

PURIM

A festa aconteceu no Hotel Laghetto Viverone Moinhos, em março. Durante o almoço foi feita a leitura da Meguilá. A ocasião contou ainda com atividades especiais para as crianças.

Créditos: Tuti Flores

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Festividades

queijos e vinhos

Em maio o Hotel Laghetto Viverone Moinhos recebeu mais de 120 pessoas em comemoração ao Lag Baomer. O evento contou com a apresentação de vídeo sobre Israel e um buffet de queijos e vinhos.

Créditos: Alex do Amaral Bandeira

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Festividades

SELICHOT

E INSPIRAÇÃO

O evento, realizado em setembro, é uma preparação ao ano Novo Judaico e contou com mais de 200 presentes. Durante a comemoração o jovem pianista Marcelo Ratzkowski tocou canções tradicionais para os convidados. Á meia-noite foi realizada a reza de Selichot.

Créditos: Alex do Amaral Bandeira

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VIDA E SOCIEDADE

Go Home! © piccaya

POR POR DAVID NESENOFF

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Era o início de maio de 2010 e eu estava sentado à mesa em meu escritório em casa olhando para a tela do computador. Eu tinha sido um rabino conservador por 20 anos, mas todos nós temos o nosso momento, ou momentos, em que avaliamos a vida e refletimos sobre o nosso propósito, quando nos fazemos essas grandes questões: o que eu realmente quero fazer? O que é importante para mim? O que vou realizar no meu futuro? Enquanto contemplamos esses pensamentos profundos podemos até começar a pensar que estamos perto de uma resposta. Nesses momentos é tão difícil lembrar que a história já foi escrita. A Terra de Israel estava em minha mente. Minha esposa Nancy e eu tínhamos retornado recentemente de lá; e eu chorei no avião. Estou com vergonha de dar detalhes, mas sempre ao sair, eu choro. Decidi que queria fazer alguma coisa por Israel. Gostaria de fazer clipes de vídeo de judeus que falam sobre o país. Eu perguntaria: “Tens algum comentário sobre Israel?”, e eles diriam o quanto eles gostam da espiritualidade, ou do falafel, ou da arqueologia, ou das praias. Pensei em colocar os comentários pró-Israel no meu site, e pronto, todo mundo iria assistir. Todos os males e preconceitos seriam corrigidos. Na época, eu estava usando o meu site, RabbiLIVE. com, para transmitir serviços religiosos para os soldados judeus americanos no Afeganistão, no Iraque e em portaaviões, e também para alguns judeus muito preguiçosos em Boca Raton, Flórida. Achei que isso seria o melhor lugar para postar meus clipes do falafel de Israel. Gostaria de empurrar esse botão mágico “vídeo viral” no meu teclado e ajudar as relações públicas de Israel no mundo. Enquanto isso, meu filho adolescente, Adam Natan, estava em seu quarto, também ocupado (nós o chamamos de Adam Natan, porque ele foi o primeiro homem no lado da minha esposa em 90 anos). Ele tem o seu próprio site para adolescentes conhecerem e discutirem temas judaicos. Ele é um jovem bastante notável - foi para Washington por si próprio e transmitiu toda a conferência

AIPAC ao vivo em seu site. No mesmo mês, Adam contatou a Casa Branca e pediu para participar da celebração de Chanucá oferecida pelo presidente, no próximo dezembro (de algum jeito ele sabe como entrar em contato com as pessoas certas). Perguntaram se ele estava confuso: “Tem certeza que você quer dizer a festa de Chanucá e não a celebração da herança judaica no fim do mês?”. “Ah, a celebração da herança judaica”, ele respondeu (é um momento de orgulho para pais quando nossos filhos aprendem o poder de uma mentira branca). A assessoria de imprensa da Casa Branca teve a gentileza de fornecer credenciais de imprensa para Adam, seu amigo Daniel Landau e eu. Tirei um tempo da minha agenda lotada de contemplar a minha vida e fui com os dois adolescentes comemorar o Mês da Herança Judaica com o presidente. Talvez esse fosse um bom lugar para encontrar um grupo de judeus para minha pergunta “Tens algum comentário sobre Israel?” e colocar um holofote sobre a minha preciosa terra natal. No dia 27 de maio de 2010, eu estava na sala de imprensa da Casa Branca com o meu celular, ligando para toda e qualquer pessoa que eu conhecia, me exibindo, “Você nunca vai adivinhar onde estou”. De repente vi o ex-presidente Bill Clinton passar. Todos correram para a porta quando ele passou. Ele nos cumprimentou rapidamente enquanto caminhava e eu me virei para a pessoa ao meu lado e disse: “Esse é o Bill Clinton”. O homem respondeu: “Eu sei. Eu sou Joe Biden”. Participamos da primeira conferência de imprensa do presidente Obama em 10 meses, no Salão Leste da Casa Branca. O tema foi o vazamento de petróleo no Golfo. Nós três tínhamos perguntas brilhantes preparadas para fazer caso fôssemos chamados, mas infelizmente, não tivemos essa sorte. O salão estava lotado de repórteres experientes do mundo todo e apenas a um punhado foi dada a honra de fazer uma pergunta. Helen Thomas, diretora de imprensa da Casa Branca, foi uma deles. Após a sessão tínhamos uma hora até a celebração da

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VIDA E SOCIEDADE

Herança Judaica. Pensamos em sair do complexo da Casa Branca para um pequeno passeio. À medida que nos dirigíamos à porta notei que Helen Thomas caminhava em nossa direção. Estávamos prestes a cruzar. Eu dei ao meu filho e seu amigo um rápido resumo: “Ela é uma das repórteres mais famosas do mundo e tem atuado na Casa Branca desde os tempos de Eisenhower e Kennedy”. Ela era o único membro da imprensa a ter um assento próprio designado na primeira fila, no centro, na sala de imprensa da Casa Branca. Ela era uma jornalista por 60 anos, eu era um jornalista por 60 segundos. Achei que era hora de nos conhecermos. Então a paramos e trocamos gentilezas. Minhas câmeras estavam na Casa Branca, mas eu tinha uma mini câmera de vídeo comigo e comecei a filmar. Ela olhou diretamente para a lente e deu alguns conselhos graciosos sobre o jornalismo: “Você sempre vai manter as pessoas informadas e você vai sempre continuar aprendendo”. Eu estava esperando o final do dia para largar a minha pergunta sobre Israel para os convidados da celebração judaica, mas algo me fez começar um pouco mais cedo. “Tens algum comentário sobre Israel?”, falei à Helen. Providência Divina. O Criador-Mestre dessa história, e de todas as histórias, colocou em minha câmera o trecho de vídeo que ajudaria Israel e mudaria a minha vida. “Diga a eles para darem o fora da Palestina”, disse ela. Se eu estivesse em um beco de Nova York e um skinhead me dissesse isso, ia dar porrada. Mas estávamos na Casa Branca, ela tinha 89 anos e, se você já viu a minha foto, eu sou o skinhead. Foi tudo muito confuso. Então eu decidi ser jornalista e lhe perguntei: “Para aonde eles devem ir?”. “Para casa”, ela falou. “Onde é a casa deles?”, eu perguntei. “A Polônia e a Alemanha”, ela disse. De volta para casa, para a Polônia e Alemanha. Quem me dera poder voltar para os shtetelach e shtiebelach da Polônia. A cidade dos meus avós, Drobnin, onde na sextafeira à noite o cheiro de chalá sem dúvida permeava a

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cidade, e as velas brilhavam nas janelas de cada casa. Eu gostaria de poder voltar. Mas não tem um shtetl, uma vela, ou um judeu sequer ainda lá. Os antissemitas os apagaram. Nós voltamos para Nova York com esse vídeo. Liguei para um escritor do jornal The Jewish Week e lhe contei o que aconteceu. Ele falou apenas duas palavras: “No story”. Eu senti antissemitismo no gramado da Casa Branca e agora eu experimentei apatia judaica secular, em Nova York. Eu queria postar o vídeo imediatamente no meu site. Mas, mesmo se você for um CEO bilionário, com jato particular e milhares de funcionários, você precisa contratar um adolescente para descobrir como colocar algo em um site. Eu precisava do meu filho para postar o vídeo e, infelizmente, ele estava amarrado com provas finais e autoescola. Uma semana inteira se passou e o vídeo ficou na minha câmera. Providência Divina. Algo aconteceu no Oriente Médio nessa semana. Isso trouxe Israel para as manchetes. Em 31 de maio de 2010, soldados israelenses embarcaram para averiguar alguns barcos que insistiram em desafiar o bloqueio de segurança da Faixa de Gaza. Os “pacifistas” em um dos barcos bateram nos israelenses com hastes de metal e os atacaram com facas. Vários dos ativistas foram baleados durante o confronto. O mundo inteiro estava contra Israel. Helen Thomas estava na Casa Branca, poucos centímetros à frente do presidente, diante de toda a imprensa internacional, e disse: “Foi um massacre deliberado por Israel contra ativistas da paz em alto mar”. Naquela noite, meu filho tinha algum tempo. Nós postamos o vídeo em torno das duas horas da madrugada de sexta-feira. Repassamos para algumas pessoas, incluindo o blogueiro judeu Jeff Dunetz, editor do blog “Yid With Lid”. Meu filho viajou no fim de semana para um Shabaton juvenil. Depois do Shabat liguei o computador para ver se


alguém tinha assistido ao vídeo. Eram mais de 700 mil visualizações. No domingo se tornou viral, alcançando os milhões. No momento em que as notícias da flotilha alimentavam os pontos de vista poluídos de pessoas anti-Israel e antissemitas, o meu vídeo limpou o ar. Helen Thomas foi forçada a se demitir em vergonha, seu coautor e agentes literários a abandonaram. Ela foi banida da Casa Branca; seu nome foi retirado do lugar na primeira fila e de vários prêmios em todo o país. Cada meio de comunicação no mundo se dirigiu a mim, o bom, o mau e o feio. Recebi mais de 25 mil e-mails de ódio e ameaça. A polícia e agências privadas se

o que a nossa mensagem deve ser?”. Eu pensei por um momento e disse um nome. Logo o meu filho me entregou o telefone para falar com Elie Wiesel. Conforme o conselho de Ari, eu perguntei: “Professor Wiesel, qual é a minha mensagem para o mundo?”. Ele disse que tinha lido no jornal que eu frequento o Chabad todas as manhãs e ele sugeriu que eu procurasse saber o que o Rebe gostaria que eu dissesse. Eu não sabia o que me deixava mais confuso e surpreso: que Elie Wiesel me aconselhou a descobrir o que o Rebe de Lubavitch gostaria que eu dissesse, ou que eu estava agora em um mundo surreal, onde Elie Wiesel estava lendo sobre qual minian eu frequento, tomando o seu café da manhã.

Quem me dera voltar para A cidade dos meus avós, Drobnin, onde na sexta-feira à noite o cheiro de chalá permeava a cidade, e as velas brilhavam nas janelas de cada casa. envolveram. Todos queriam saber sobre o cara por trás da câmera. Minha caixa de entrada foi inundada com toda a imprensa internacional pedindo uma entrevista. Sentado em frente ao computador no quarto do meu filho, com o papel de parede de bola de futebol e a pequena mesa, eu estava sobrecarregado. Eu pensei que esse seria um bom momento para uma Providência Divina. Então o telefone tocou. Era Ari Fleischer, o secretário de imprensa do ex-presidente Bush, da Casa Branca. Ele me aconselhou a manifestar uma mensagem definitiva. Era importante que eu soubesse qual era a mensagem que eu queria transmitir ao mundo. Meu filho chegou da escola e eu lhe contei que Ari Fleischer tinha ligado. Meu filho disse: “Eu sei. Fui eu que falei para ele te ligar” (quem é esse garoto?). Ele falou: “Pai, tu pode falar com qualquer pessoa no mundo. Para quem queres que eu ligue para te aconselhar sobre

Liguei para o meu rabino Chabad e lhe disse que Elie Wiesel havia me aconselhado a descobrir o que o Rebe gostaria que eu dissesse. “Ok, vamos descobrir”, disse ele, sem qualquer hesitação. Contatamos um renomado rabino Chabad, uma pessoa que conheceu o Rebe e tem um grande conhecimento de seus ensinamentos, bem como da política mundial e da mídia. Perguntamos a ele o que achava que seria a mensagem do Rebe nessa situação. “Se você tem um amigo e você não o vê por um tempo, ele ainda é seu amigo. Mas, se você não o vir por 50 anos, você não tem como saber com certeza se ele ainda é seu amigo”, disse ele. “Agora, se o seu filho vai embora por pouco tempo, ou se o seu filho vai embora por meses e até mesmo anos, ele ainda será seu filho. E se D’us não o permita, você não vê o seu filho por 50 anos, ele continua sendo seu filho. Nós não somos amigos de Israel.

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Nós somos os filhos de Israel. Estávamos afastados por algumas centenas de anos no Egito, milhares de anos na Pérsia, na Espanha, na América do Norte. Estávamos longe por alguns anos em Auschwitz. Mas nós ainda somos os filhos de Israel. Israel e os filhos de Israel são um. Não importa onde ou quando você nasceu e vive, ou que língua você fala. Somos sempre os filhos de Israel. Nós e Israel existimos um pelo outro; foi dado por D’us. O judeu andando na rua em Nova York, independente de saber ou se preocupar com Israel, está vivo por causa de Israel, e Israel existe por causa dele.” Dois dias depois, eu estava no programa “Reliable Sources” da CNN com Howard Kurtz. Não lembro o que ele me perguntou, mas eu sei que a resposta foi de que os Filhos de Israel e a Terra de Israel são um só e é isso que Helen Thomas e aqueles que querem deslegitimar Israel estão negando. Dois meses depois eu atravessei os Estados Unidos com o meu filho, entrevistando todos, desde Jackie Mason até o Grande Dragão da KKK para um documentário sobre o antissemitismo e o ódio (o filme estreou mais tarde no Simon Wiesenthal Center Museum of Tolerance). Ao voltar para casa fui convidado para ser o orador principal no simpósio inaugural da Universidade de Yale sobre antissemitismo global. Antes da minha fala, o presidente do simpósio, professor Charles Asher Small, fez uma pausa para explicar para a plateia de professores do mundo todo porque eu era o orador principal. Ele explicou que nunca assiste televisão, mas um dia ele foi visitar seus pais e por acaso estava passando o programa “Reliable Sources” da CNN. Ele me ouviu dizer que “os filhos de Israel e a Terra de Israel são um. Nós e Israel existimos um pelo outro; foi dado por D’us”. Ele disse que essas palavras fizeram com que ele me convidasse para falar, pois essas palavras precisavam ser escutadas na

Universidade de Yale por todos os professores reunidos. Providência Divina. Helen Thomas disse: “Vá pra casa”. E eu fui. Depois de ser um rabino conservador por mais de 20 anos, viajei para casa, para as minhas raízes. E a minha família também. No ano passado, meu filho Adam estudou na Yeshiva Mayanot de Chabad em Jerusalém e este ano ele está estudando no Rabbinical College of America, em Morristown, New Jersey. Na festa de Sucot, ele construiu sucót no Guatemala com o programa Merkos Shlichus. Em Pessach entregou matzót e realizou um Seder para os judeus no interior de Cuba. Minha filha Shira está estudando em Nova York no Instituto Machon Chana de Estudos Judaicos para Mulheres e, se D’us quiser, ela vai estudar em um seminário Chabad em Montreal no próximo ano. Minha esposa e eu estamos muito orgulhosos de nossos filhos. Eu não só fui para casa; fui a 100 casas. Tenho viajado e falado em mais de 100 Chabad Houses em todo o mundo. A partir do Chabad House de Sydney e Melbourne para Manchester e Liverpool, de Boca para Boston, de Fairfield a Flamingo à Nova Jersey, eu tenho sido inspirado e eu tenho, graças a D’us, inspirado outros também. Cada vez que eu conto a minha história ofereço minhas conclusões sobre a forma de combater o antissemitismo. Eu digo ao meu público que o caminho para combater o antijudaico é fazendo o judaísmo. Faça Torá. Faça mitzvot. Faça Shabat. Faça casher. Eu sei que isso é o que o Rebe quer que eu diga. A Providência Divina me levou da Casa Branca para mais de 100 Chabad Houses. Há mais de 4.900 para visitar; cada uma me traz mais perto de casa.

Adaptado de um artigo na N’shei Chabad Newsletter, uma revista para mulheres judias de todo o mundo.

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PAZ

a CAMINHO POR ARON MOSS

Eu sou judeu, mas não consigo abraçar o judaísmo como minha religião. A religião é a causa de todas as guerras e eu acredito que estaríamos mais perto da paz mundial sem ela. Basta olhar ao redor do mundo. Será que não seria tudo melhor se não fosse a religião? Rejeitar o judaísmo porque você acredita na paz mundial é como se recusar a entrar em um restaurante japonês porque você gosta de sushi. Simplesmente não faz sentido. Guerra faz parte da natureza humana, já existia muito antes de qualquer religião. A paz não. A paz não é natural à condição humana, tem que ser ensinada. E isso começou como uma ideia religiosa. As duas guerras mundiais são prova suficiente de que as pessoas podem matar sem qualquer justificativa religiosa. O comunismo e o nazismo rejeitaram a religião e, no entanto, tinham como objetivo matar milhões de pessoas. Mas sem religião, o termo “paz mundial” não teria entrado em nosso léxico. Ciente ou não, o seu sonho da paz mundial é de inspiração bíblica. A primeira e mais poderosa visão de paz mundial foi apresentada à humanidade pelos profetas do antigo Israel. Eles previram um tempo em que “uma nação não levantará a espada contra outra nação, e eles deixarão

de aprender como fazer guerra”. Em um mundo que via a guerra como um fato inevitável da vida, a religião judaica introduziu um novo conceito radical: que a guerra é, em última análise, indesejável e a paz é o estado ideal de se alcançar. Judaísmo não é pacifismo. Nós não acreditamos em assistir de braços cruzados enquanto somos atacados, mas sempre consideramos a guerra como uma necessidade lamentável que rezamos para que se torne obsoleta. Isso não é um posicionamento de princípios, é um artigo de fé. Acreditamos que um dia a guerra vai acabar e fazemos todo o esforço para tornar isso realidade. É verdade, a religião tem sido usada por muitos como um pretexto para a guerra. Mas isso não invalida toda religião, da mesma maneira que quando fãs de futebol excessivamente raivosos atacam uns aos outros, não invalida o jogo de futebol. A abolição do futebol não faria nada para promover a harmonia, e livrar o mundo de toda religião não acabará com a guerra. De fato, a religião ainda oferece o argumento mais forte para a paz entre as pessoas: de que todos nós fomos criados pelo mesmo D’us. Que possamos todos viver para presenciar a transformação dessa crença em verdadeira paz.

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O Poder do POR ARON MOSS

Estou me sentindo chateado e inútil em relação à situação judaica no mundo. Israel está cercado por inimigos que tentam nos matar, e o mundo nos demoniza por nos defendermos. A mídia só aborda o outro lado da história, e o antissemitismo voltou à moda. Estamos completamente em desvantagem de todos os lados. Estou sentado aqui a quilômetros de distância de Israel, e eu sinto que não há nada que eu possa fazer para combater isso. Israel tem uma arma secreta. E nós a estamos vendo ser usada neste conflito, talvez pela primeira vez. Essa arma é tão poderosa que faz Israel impenetrável e o povo judeu intocável. Nenhum inimigo pode resisti-la e ninguém mais a possui. A arma secreta é a união. O povo judeu é um. E isso nos dá a vantagem sobre os nossos adversários. Quanto mais unidos nos tornamos, mais forte somos. Judeus, por natureza, discutem bastante. Com frequência,

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nós não concordamos uns com os outros. Mas neste conflito, houve amplo consenso. Os judeus da diáspora estavam unidos com os judeus de Israel. Os numerosos partidos políticos israelenses expressaram uma só voz, apoiando o governo e o exército de Israel. Há uma corrente de solidariedade que tomou conta do povo judeu como nunca antes. Tudo começou com o sequestro dos três meninos, quando o povo judeu trancou a respiração e rezou por seu retorno seguro. Todos nós lamentamos sua perda como uma grande família e nós sentimos o mesmo sobre cada soldado enviado para a guerra. É impossível essa união existir entre os nossos inimigos. O ódio não é uma força unificadora. Embora diferentes facções possam trabalhar juntas em um objetivo comum, elas não se unem verdadeiramente. Cada um busca o seu próprio interesse. Então, eles continuam indivíduos isolados contra um povo judeu unido. São eles que estão em desvantagem, não nós.

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A chamada silenciosa POR ARON MOSS

Tenho estado muito perturbado desde que escutei uma gravação da ligação de emergência do menino sequestrado. Ele diz claramente: “Eu fui sequestrado”, mas no outro lado da linha não deram importância. Essa ligação só foi relatada horas mais tarde para o exército, quando já era tarde demais. Eu sei que isso não ajuda, mas estou chateado que essa chamada foi quase ignorada. Eu realmente não tenho uma pergunta, já que não há resposta. Acho que só quero saber como posso lidar com a minha indignação. O povo judeu está de luto. Temos vivenciado mais um daqueles momentos trágicos que nos unem na dor. Não podemos trazer os meninos de volta à vida. Mas, nós podemos viver nossas vidas de forma diferente tendo sido tocados por sua história comovente. Podemos tirar uma lição daquele telefonema horrível também. Admiramos a coragem e a presença de espírito de um rapaz de 16 anos de idade para chamar a emergência sob o nariz de seus captores. E nós estamos chocados com a resposta dolorosamente lenta para essa ligação. A polícia está investigando o que deu errado. Mas, para o resto de nós, talvez possamos fazer a nossa própria investigação sobre as nossas respostas aos pedidos de ajuda.

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Ao nosso redor há pessoas necessitadas. Chamam a nossa atenção, mas será que escutamos? Como pais e professores, estamos sempre atentos às necessidades dos nossos filhos? Se eles aprontam, investigamos a causa? Como rabinos e líderes comunitários, percebemos os pedidos de socorro das almas à beira de nossa comunidade? Como amigos e vizinhos, será que alguma vez fizemos vista grossa a uma crise em formação? Nesta era de cada um por si, passamos reto deixando os outros sofrerem sozinhos? Nós todos temos remorsos eu deveria ter visitado aquela pessoa doente antes que fosse tarde demais; eu deveria ter passado mais tempo com o meu filho quando tive a oportunidade; eu deveria ter lido nas entrelinhas e escutado o pedido de ajuda; eu deveria ter dito alguma coisa; eu deveria ter me oferecido para ajudar. Vamos resolver que, deste triste momento em diante, não vamos esperar a crise estourar para reagir. Em vez de nos arrependermos mais tarde, vamos atender ao pedido de socorro e responder com amor e carinho. Aos nossos três irmãos, Eyal, Gilad e Naftali: “Escutamos a sua chamada. Nunca vamos nos esquecer e nunca vamos ficar em silêncio”.


Eyal Yifrah HY”D

Gilad Sha’er HY”D

Naftali Frenkel HY”D

Eyal, Gilad e Naftali Três adolescentes foram sequestrados em Israel no mês de junho deste ano e em qualquer sinagoga que se entrasse, por três semanas, estavam rezando por eles. De Cingapura ao Alaska, desde Palm Springs a Sidney, os nomes desses meninos estavam nos lábios e nos corações daqueles que vinham rezar. Os tweets, a whatsapps, os likes no Facebook vinham de todo o tipo de judeu que se possa imaginar. As pessoas que nunca viveram em Israel, talvez nunca sequer visitaram o local, se importaram. Verdadeiramente se importaram. Um povo que tem sido espalhado por todo o mundo durante dois milênios estava rezando por essas crianças, acendendo velas de Shabat por essas crianças, unidos por essas crianças, porque eles são crianças judias. Porque somos todos um.

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TUDO CHEGA AO MESMO ENDEREÇO POR TZVI FREEMAN

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O rabino visitou a minha clínica hoje e me pediu para colocar tefilin. Ele disse que era para os nossos meninos em Gaza. Então coloquei. Na sexta-feira minha esposa acendeu velas de Shabat - algo que ela não faz sempre. Ela disse que era para os nossos meninos em Gaza. De alguma forma isso fez sentido para ela. E para mim também. Mas agora eu comecei a pensar. Eu sou um homem instruído, um médico, e eu procuro entender as coisas. Pensando bem, percebi que eu não tenho uma explicação. Como funciona esse quebracabeça? Qual é o mecanismo de causa e efeito? E por que isso fez sentido para mim antes de pensar? Um judeu intrigado. Caro judeu intrigado, De fato, um quebra-cabeça é um bom exemplo. Um quebracabeça, onde todas as peças se conectam para formar uma unidade. É a mesma coisa com judeus e mitsvot. Cada um de nós e todas as nossas mitsvot se encaixam para formar um todo único e integral. E cada peça é necessária. Sugiro uma metáfora melhor ainda, algo que você como médico certamente pode compreender. Pense no povo judeu como um único organismo

vivo e assim tudo faz sentido. Um ser vivo não é como uma máquina. Para começar, máquinas são compostas por peças que originalmente não tinham nada a ver uma com a outra. Uma vez construída, a máquina ainda é um amontoado de peças. Porém, um organismo vivo começa como uma única célula que depois se desdobra em uma criatura complexa de tal forma que, mesmo quando totalmente desenvolvida e em funcionamento, mantém a sua singularidade. Em outras palavras, ao contrário de uma máquina, um ser vivo é um ser único. Em um ser único, a localidade é secundária. Aquilo que acontece em uma parte do ser vivo muda imediatamente o organismo todo. O mesmo acontece com o povo judeu. Somos um, essencial e integralmente. Temos um D’us, uma Torá, uma história para contar e um destino a alcançar. Cada um de nós tem a sua parte e, portanto, todo ato e toda iniciativa, imediatamente redefine o estado de todo o nosso povo. Localidade não faz diferença - não se trata de causa e efeito. Não é preciso de tempo para o sinal viajar, ou algum meio para transmiti-lo, e não diminui com o tempo ou o espaço. O povo judeu se espalhou por todo o globo, desde Abraão até você e eu. Somos todos uma singularidade irredutível. Um judeu cumpre uma mitzvá e todo o povo é imediatamente enriquecido, algo que é sentido em cada indivíduo. Isso também responde à sua última pergunta: por que isso fez sentido antes de pensar? Interessante: eu também pedi para muitos judeus colocarem tefillin, acenderem as velas de Shabat ou fazerem alguma outra mitzvá “para os nossos meninos em Gaza”. Qualquer um que pedi logo aceitou. “Claro, é uma mitzvá”, respondem. Porque o judeu sente o efeito da mitzvá e sabe que somos um povo além de tempo e espaço. Nós somos um. Todo o resto é comentário.

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Eu, que estava lá Então é isso...finalmente em casa. Não que eu seja poeta, mas escrevi algumas palavras que resumem este período recente. Eu, que vi eles estirados, heróis e inertes. Eu, que enxuguei com carinho e admiração mãos e rostos. Eu, que encobri meu rosto com uma máscara do trabalho de rotina. Eu, que ouvi os incessantes toques de celular, gritando do bolso, ansiando por uma resposta. Eu, que sobre o dedo vi a aliança, a circunstância e a tragédia pressagiei o desenvolver. Eu, que o nome dele escutei, ainda antes que sua amada família soubesse. Eu, que nos seus bolsos apalpei cartas de amor para mãe, para esposa, para filhos e filhas.

Eu, que as imagens das consequências das batalhas irei recordar e resguardar na minha mochila. Eu sou quem pede a vocês, por favor, amem, vivam e desfrutem esta riqueza – a vida! Cada um na sua fé, afeição, singularidade e imaginação. Uma vez que é concebível que não haverá o amanhã, até mesmo uma hora a mais é um bônus.

Palavras de um soldado reservista, que serve na Unidade de Identificação de Soldados Caídos do DFI, divulgada em redes sociais após a Operação Borda de Defesa, em agosto de 2014. Uma carta curta e dolorosa, onde ele procura transmitir uma mensagem do conflito.

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PERSONAGENS DA HISTÓRIA JUDAICA

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Nos Bastidores

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Existe uma Torá exterior, uma história de homens e mulheres, de guerras e maravilhas. E existe uma Torá oculta, segundo antigas tradições, na qual cada palavra revela sabedoria, beleza e luz insondáveis. Por fora, as mulheres da Torá parecem desempenhar apenas um papel coadjuvante em um drama dominado pelos homens. Vista de dentro, emerge uma história de homens influenciados por mulheres poderosas e criados com valores femininos. Uma história que revela a qualidade interior da feminilidade que transcende a mente do homem. Este é o segredo das palavras da sabedoria do Rei Salomão: “Uma mulher de valor é a coroa do seu marido”. Assim como a coroa fica acima e além da cabeça, também a luz interior da feminilidade possui uma qualidade essencial, em um local que a mente não pode atingir. Vejamos a história de Sara. A fome na terra de Canaã faz com que Avraham e Sara viajem para o Egito. Sara é vista por oficiais do Faraó e, por causa de sua beleza, ela é levada à força ao palácio. Apenas a intervenção milagrosa de D’us a salva. Ela e Avraham se preparam para deixar o país carregados de riqueza oferecida pelo Faraó, tendo realizado com êxito a sua missão na terra. Assim que Avraham e Sara chegam ao Egito, Sara é referida apenas como “mulher”, sem mencionar o seu nome.Para entender isso, vamos analisar os dois nomes de Sara. Seu nome original era Yiská, que na raiz da palavra significa “fitar”, aludindo ao dom de inspiração divina que Sara possuía, o que lhe permitia olhar para o futuro. Yiská também aponta a sua beleza, que atraía olhares. Sarai, por outro lado, foi o nome dado a ela por

seu marido Avraham, e significa “minha princesa e superior”. Avraham chamou-a Sarai, em deferência às suas características espirituais superiores, atributos que em muitos sentidos superou até mesmo sua própria grandeza espiritual. Mas Sara é vista dessa forma apenas enquanto eles estavam em Canaã. A partir do momento que atravessam a fronteira para o Egito moralmente depravado, Sara não é mais reconhecida por suas qualidades de liderança, seus talentos e suas capacidades proféticas aguçadas. Ela é apenas “a mulher”. A diferença entre Avraham e a comunidade egípcia era que, enquanto a civilização egípcia visava as mulheres apenas pela perspectiva física, ele considerava sua esposa como Sarai, “minha governanta”, salientando a verdadeira beleza de sua natureza. A única referência à sua beleza exterior veio ao estarem prestes a entrar no Egito, quando isso representou uma ameaça para suas vidas. Avraham não se limitou à perspectiva física. Pelo contrário, as habilidades proféticas e a comunicação íntima que Sara tinha com D’us, a tornaram uma mentora e mestre para Avraham. E era só em conjunto que podiam alcançar sua missão de transmitir ao mundo seus ideais espirituais. A história de Avraham e Sara desafia nosso sistema de valores, mesmo nos tempos modernos com tantos avanços nos direitos da mulher. O que você vê quando olha para outra pessoa? Você vê apenas os seus atributos físicos exteriores, ou você olha mais profundamente para ver todo o indivíduo, incluindo a beleza e enorme profundidade de sua alma Divina? Adaptado de “Women of the Inner Bible” por Tzvi Freeman e “Was Avraham the first feminist?” por Chana Weisberg.

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PERSONAGENS DA HISTÓRIA JUDAICA

Sirva-se, por favor POR ESTHER VILENKIN

A história do desafio de Eliezer é familiar. Avraham enviou Eliezer com uma tarefa: “Encontrar uma esposa adequada para o meu filho, Isaac”. Como, porém, Eliezer poderia estar seguro de que a mulher que ele escolheu seria de fato digna dos padrões do patriarca Isaac? Para garantir que ele iria encontrar a jovem, Eliezer pensou em um plano. Depois de sua longa viagem, ele pediria a uma jovem moça um pouco d’água e, se ela oferecesse água para os camelos dele também, então ela seria a pessoa certa. Eliezer chegou ao poço junto com seu grupo de homens

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hábeis e não parecia ser um coitado e cansado implorando por bebida. Rebeca, filha de Betuel, o governante da Síria, era uma jovem de nobreza, não uma pobre serva acostumada a puxar água de poços. Mas isso é onde Eliezer foi capaz de obter, precisamente, um vislumbre das qualidades dela. A partir do momento em que ele pediu para tomar um gole de seu jarro, sua generosidade e grandeza irradiaram da maneira mais discreta e despretensiosa. Rebeca imediatamente deu-lhe para beber e então ofereceu e tirou água para todos os camelos dele. Ela viu


uma oportunidade de fazer uma bondade e rapidamente começou a trabalhar. Ela não questionou se era realmente necessário; em vez disso, energicamente continuou enchendo vários bebedouros com água, até que a tarefa de saciar toda uma manada de camelos sedentos fosse concluída, enquanto Eliezer e seus homens assistiam seu trabalho sem ajudar. Ela teve uma única motivação: de dar à outra pessoa com bondade. Esse intenso desejo de atender os outros e estar a seu serviço combinava com o perfil da família de Avraham. No entanto, à primeira vista, a conduta de Eliezer parece surpreendente. Depois de ver que Rebeca passou em seu teste, por que ele ficou parado assistindo ela laboriosamente enchendo os bebedouros de água para todos os seus camelos sozinha? Na verdade, Eliezer considerou isso parte do teste. Existem aqueles que fazem ofertas generosas, mas executam um trabalho inadequado, desistem, ou não persistem até o fim. Há outros que até fazem o trabalho, mas apesar de não terem exigências, eles esperam algum tipo de compensação ou gratidão. Eliezer continuou observando cuidadosamente para ver como ela iria realizar essa tarefa difícil. Ele queria confirmar se a oferta de Rebeca resultou de um desejo genuíno de ajudar ou se houve algum outro motivo subjacente ao seu comportamento. Foi só depois que ela concluiu o seu trabalho, sem ter quaisquer expectativas dele, que ele pôde estar absolutamente convencido de que ela era a esposa ideal.

É mais tarde na história, depois que ela é trazida à tenda de Sara, que notamos a sua elevação espiritual imensa. Os três milagres da tenda de Sara retomaram com a chegada de Rebeca. Quando ela acendia as velas na sexta-feira à tarde, em honra ao Shabat, as velas não se extinguiam no período normal de tempo, permaneciam milagrosamente acesas até a tarde da sexta-feira seguinte. O segundo milagre era quando a chalá que assava para o Shabat se mantinha fresca durante a semana toda. E devido à sua meticulosa observância de Taharat Hamishpachá (Leis de Pureza Familiar), a Presença Divina pairava sobre sua tenda na forma de uma nuvem especial. O desafio e a importância destas mitzvot não podem ser ressaltados o suficiente; elas são os alicerces da continuidade judaica no mais pleno sentido. O relato de Rebeca e o “teste do camelo” devem ser os exemplos que direcionam e nos inspiram quanto às nossas responsabilidades em termos dessas três mitzvot. Rebeca nos ensina a assumir esse objetivo de bondade sem limites e a desafiar-nos com verdadeiro compromisso altruísta. Rebeca nos ensina a tomar iniciativa, a procurar oportunidades onde podemos contribuir, a ser proativos e úteis sem questionar se há outras pessoas ao redor que poderiam ou deveriam fazer o mesmo. O Baal Shem Tov, fundador do movimento chassídico, nos ensina que uma alma pode vir a este mundo para 70 ou 80 anos com o único propósito de fazer um favor a outro. Essa capacidade de ajudar alguém necessitado era o que Eliezer procurava, pois ele sabia que era o traço indispensável que iria determinar a candidata a ser uma verdadeira matriarca da nação judaica.

Rebeca nos ensina a assumir esse objetivo de bondade sem limites e a desafiar-nos com verdadeiro compromisso altruísta.

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PERSONAGENS DA HISTÓRIA JUDAICA

REGANDO COM LÁGRIMAS “Raquel começou a dar à luz. Seu trabalho de parto foi extremamente difícil. Ela estava morrendo e ao dar seu último suspiro, ela chamou a criança Ben-oni (filho da minha tristeza). Seu pai chamou-lhe Benjamin. Raquel faleceu e foi sepultada no caminho para Efrat, agora conhecida como Belém. Jacó ergueu um monumento em seu túmulo. Este é o monumento que está sobre o túmulo de Raquel até os dias de hoje.” (Gênesis 35: 16-20) O triste fim de Raquel durante o parto, dando a vida por seu filho recém-nascido, personifica o papel histórico de Raquel, da mãe por excelência que iria sacrificar-se por seus filhos, até o fim dos tempos. Por que Raquel foi enterrada à beira da estrada, e não na Caverna de Machpelá em Hebron, junto com os demais ilustres casais (Adão e Eva, Abraão e Sara, Isaac e Rebeca, e mais tarde Jacó e Léa)? Hebron não é tão longe de Belém. Jacó não podia fazer um esforço extra para homenagear sua amada esposa e conceder-lhe a dignidade de um enterro apropriado, em um lugar de descanso respeitável, ao lado de todos os Patriarcas e Matriarcas? Jacó conhecia a essência do caráter de Raquel e seu autossacrifício. Mais do que ninguém, Raquel entendia o mérito espiritual e o prazer de ser enterrada em um lugar tão abençoado como a Caverna de Machpelá. Em vez disso, Raquel prontamente aceitou um enterro na solidão, ao lado de uma estrada deserta. Durante sua vida, ela abriu mão de sua própria felicidade, a

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fim de poupar sua irmã, Léa, de constrangimentos. Ela nem sequer hesitou, embora o casamento de Léa com Jacó pudesse ter impossibilitado sua própria união com ele. Depois de tanto sacrifício em sua vida, certamente em sua morte Raquel tinha direito, como a esposa principal de Jacó, de ser enterrada ao lado de seu marido para a perpetuidade. Surpreendentemente, porém, Raquel deixa esse privilégio, a fim de ser enterrada à beira de uma estrada abandonada e deserta. Ela faz isso para o bem de seus filhos, descendentes de Jacó, que viveriam séculos mais tarde. Olhando para o futuro distante, Raquel estava determinada a sacrificar seu prazer eterno para que seus filhos pudessem passar por seu túmulo e para que rezasse por eles. Em nenhuma outra ocasião Raquel implorou a D’us ressaltando seu próprio mérito em permitir que Léa se casasse com seu pretendente. Mas agora, ao suplicar em prol de seus filhos, Raquel implora a D’us que leve em consideração o seu nobre ato. Durante séculos, ela esperou pacientemente, na solidão absoluta de uma estrada abandonada, simplesmente para que eles pudessem encontrar encorajamento ao passarem por seu túmulo. Por quê? O que a levou a tamanho sacrifício? Porque para Raquel eles eram seus filhos. Filhos que podem ter se desviado. Filhos que podem ter caído. Mas, ainda assim, seus filhos. Dignos de amor e compaixão. Com sua infinita misericórdia e compaixão, ela olhou além


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de suas iniquidades e enxergou a integridade de sua essência, a bondade inerente e a beleza de suas almas. Até os dias de hoje Raquel chora por seus filhos. Ela derrama uma lágrima para cada criança solitária, para cada jovem ou adulto que sofre. Lágrimas de uma mãe amorosa, lágrimas que regam as sementes de nossas almas ressequidas, permitindo-lhes dar frutos: “Suas almas serão como um jardim regado, e eles não mais irão pesar”. (Jeremias 31:11) Podemos nós, mães judias, herdeiras espirituais de Raquel, aprender com o sacrifício de nossa matriarca? Conseguimos olhar além dos pecados, falhas ou imperfeições dos outros, e visualizar o que nossa matriarca viu: filhos de D’us, merecedores de Sua

misericórdia e compaixão? A nossa compaixão - por si e pelos outros - deixa a mãe Raquel dentro de cada um de nós fazer o seu trabalho, até chegarmos ao nosso destino, quando “o seu trabalho será recompensado, e eles voltarão da terra do inimigo. Há esperança para o seu futuro”. Enquanto buscamos no nosso íntimo essa visão, que foi personificada por nossa Matriarca Raquel, temos a promessa de D’us: “Seus filhos retornarão para suas fronteiras”.

Adaptado das obras “A Mother’s Tears” por Simon Jacobson e “Rachel” por Chana Weisberg.

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Valores Sem Fronteiras “José era o governador da terra; ele forneceu comida para todos os seus habitantes. E os irmãos de José vieram e prostraram-se diante dele... e José lembrou dos sonhos que havia sonhado com eles...” (Gênesis 42: 6-9) Vinte anos antes, José havia tido dois sonhos que predisseram os eventos daquele dia. No primeiro sonho: “Estávamos atando feixes no campo, quando de repente o meu feixe se levantou e ficou em pé. E

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eis que vossos feixes rodeavam-no e se inclinavam ao meu feixe.” No segundo, José viu: “O sol, a lua e onze estrelas se curvando para mim”. Os irmãos de José, que já tinham ciúmes do carinho especial de seu pai com ele, “o odiavam ainda mais por seus sonhos e suas palavras”. Jacó estava bem ciente disso, contudo “ele manteve o assunto em mente, aguardou e antecipou o seu cumprimento”. (Gênesis 37: 7; Rashi) Para que isso acontecesse, Jacó teve que lamentar


a perda de seu amado filho por 22 anos; José teve que vivenciar a escravidão e a prisão; e seus irmãos, remorso e angústia durante o mesmo período. Vinte e dois anos dolorosos para que os filhos de Jacó pudessem prostrar-se diante do vice-rei do Egito que, sem o conhecimento deles, era o próprio sonhador que haviam vendido como escravo. Por que era tão importante que acontecesse essa submissão? Por que Jacó aguardou e antecipou a realização dos sonhos de José, apesar de estar ciente da séria animosidade que isso provocou entre os seus filhos? Abraão, Isaac e Jacó eram pastores, como foram os filhos de Jacó. Eles escolheram essa vocação, porque consideraram a rotina de pastor - uma vida de reclusão, de convívio com a natureza e com distância do tumulto e das vaidades da sociedade - mais propícia às suas buscas espirituais. Tendendo suas ovelhas nos vales e nas colinas de Canaã, eles poderiam virar as costas para os assuntos mundanos do homem, contemplar a majestade do Criador e servi-Lo com uma mente clara e um coração tranquilo. José era diferente. Ele era um homem do mundo, um “empreendedor fortuito” no comércio e na política. Vendido como escravo, ele logo se tornou gerente dos negócios de seu mestre. Exilado na prisão, ele prontamente foi promovido ao alto escalão da administração penitenciária. Ele passou a ser vice-rei do Egito, perdendo apenas para o Faraó na nação mais poderosa do planeta, e único fornecedor de alimentos para toda a região. No entanto, nada disso o impressionou. Ele se manteve o mesmo José, que tinha estudado a Torá aos pés de seu pai. Escravo, prisioneiro, soberano de milhões, administrador da riqueza de um império - não fez diferença alguma: o mesmo José que tinha meditado

nas colinas e vales de Canaã andava pelas ruas do depravado Egito. Seu ser espiritual e moral veio inteiramente de dentro e não foi afetado em nada pela sociedade, pelo meio ambiente ou pela ocupação que exigiu o seu envolvimento 24 horas por dia. O conflito entre José e seus irmãos foi mais tocante do que uma perfeita túnica colorida ou mesmo o afeto de um pai ao seu filho favorito. Foi um conflito entre a tradição espiritual e uma modernidade mundana, entre uma comunidade de pastores e um político. Os irmãos não podiam admitir que uma pessoa pudesse levar uma existência mundana, sem tornar-se mundano, que uma pessoa possa permanecer com D’us, enquanto habita os palácios e salões do governo do Egito pagão. Durante os primeiros duzentos anos da história judaica, a cultura do pastor dominou. Mas Jacó sabia que se os seus descendentes fossem sobreviver ao exílio egípcio – e aos milênios de futuros exílios: babilônico, grego, romano, oriental, ocidental, econômico, religioso e cultural que a história lhes reservava – eles deveriam se manter subordinados à cultura de José. Se os judeus estão destinados a passar por inúmeras turbulências sociais durante os próximos quatro mil anos, e perseverar como o povo de D’us, eles devem tornar-se sujeitos de José. O caminho de José era o do desafio. De fato, é possível garantir a perfeição de algo, sem antes testá-lo até o seu limite e além? A integridade de José não era a de um pastor meditando em um pasto tranquilo ou a de um erudito recluso nas “tendas de estudo”. Era uma integridade que foi levada às prisões e aos palácios do Egito, colidiu com o comércio e a política, mediu forças com a riqueza e a depravação - e perseverou. Baseado nos ensinamentos do Rebe de Lubavitch - Cortesia de Meaningfullife.com.

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O encontro que ficou para sempre

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Meu falecido pai nasceu na Polônia. Durante a Segunda Guerra Mundial sentiu na própria pele todos os tormentos possíveis e imagináveis do inferno. No decorrer do conflito ele esteve em vários campos de concentração e, por último, em Auschwitz. Após sobreviver aos horrores do Holocausto por uma série de milagres, tornou-se claro para ele que dificilmente haveria restado algum membro vivo de sua grande família. Desgastado física e mentalmente, meu pai chegou ao campo de refugiados na Áustria, onde conheceu a minha mãe, que como ele é sobrevivente do Holocausto, sem amigos e familiares. Eles casaram e um ano depois eu nasci. Embora eles ainda fossem refugiados de guerra (morávamos em um campo de refugiados e ainda estávamos longe da paz e tranquilidade) meu nascimento trouxe aos meus pais uma luz e nova esperança. A nossa família começou a se reconstruir sobre as ruínas do terrível Holocausto. Um ano mais tarde imigramos para os Estados Unidos e moramos no East Side, em Nova York. Meu pai não pertencia à linha chassídica, mas era temente a D’us e sempre foi muito dedicado

a todos os assuntos judaicos. Ele não poupou esforços para me dar uma boa educação judaica e fez questão de me matricular em escolas de alto nível. Apesar de seus esforços para cultivar em mim o amor por estudar a Torá, eu não estava entre os melhores alunos nos assuntos judaicos, para dizer o mínimo. Infelizmente eu não me entusiasmava nesses estudos. Enquanto eu tirava notas altas no ensino laico, fracassei nos estudos religiosos. Eu passava o tempo me divertindo com jogos e brincadeiras. Aproveitei o fato de que meus pais deixavam passar e, na verdade, não aprendi nada. Quando ingressei na oitava série, o nível entre os colegas de minha turma variava muito, mas eu era o que menos sabia. Enquanto alguns conheciam tratados inteiros do Talmud de cor eu sabia um único parágrafo. Embora este fosse um dos parágrafos mais longos que já vi, era apenas um, e eu o havia decorado como castigo por uma malandragem que fiz. Infelizmente a situação não mudou ao longo dos meus anos de estudo em diversas escolas. No inverno de 1960 fiz Bar Mitzvá. Para o meu pai, era um momento muito emocionante. Quatorze anos antes, ele não ousava sequer sonhar com isso e, agora, depois de todas as dificuldades, tendo perdido todos os familiares, conseguiu com grande esforço estabelecer uma bela família. Agora estava comemorando o Bar Mitzvá de seu primogênito. A comemoração do meu Bar Mitzvá foi em dezembro. Certa noite, algumas semanas antes da festa, meu pai me chamou assim que voltou do trabalho e disse que pretendia me levar ao Rebe, a fim de receber uma benção pela ocasião. Ele contou que já tinha marcado um encontro particular com o Rebe de Lubavitch no Brooklyn. Meu pai sempre contava com nostalgia sobre a vida judaica-chassídica na Polônia de “antes da guerra”, de modo que fazia sentido realizar essa visita. Embora meu pai não se considerasse um membro do

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movimento Chabad-Lubavitch, ele admirava muito a virtude inerente desse movimento que é enraizado de amor a todo judeu. Na noite anterior à visita, eu encontrei um dos meus amigos que estudou no Chabad e lhe contei sobre a reunião prevista para o dia seguinte. “Você ao menos sabe qual tratado do Talmud estão estudando agora?”, meu amigo me perguntou provocando. Para minha surpresa, ele disse que é uma prática comum ter uma audiência com o Rebe antes do Bar Mitzvá, que em reuniões desse tipo, ele se interessava em saber que matérias estão estudando, e perguntava sobre o assunto para o rapaz de Bar Mitzvá. No começo eu pensei que ele estava brincando, mas quando entendi que estava falando sério, meu coração começou a bater intensamente. De repente, me dei conta que essa ocasião que deveria dar ao meu pai fortalecimento e ânimo, poderia causá-lo uma terrível decepção. Já era tarde da noite e obviamente eu não poderia vencer tanto material em tão curto prazo. Quando voltei para casa, reclamei que não estava me sentindo bem. Tentei sugerir delicadamente que talvez fosse melhor adiar o encontro, mas meu pai me deu um beijo na testa e disse: “Se precisar, te levamos numa maca”. Eu não tinha humor para piadas. A noite toda me revirei na cama, minha consciência não me dava sossego. Imaginei o olhar suplicante de meu pai enquanto o Rebe me fazia perguntas, e eu envergonhado sem saber responder. O dia seguinte foi para mim uma eternidade. Eu estava muito tenso e meu pai, por sua vez, vibrava com uma emoção especial. Ele chegou do trabalho mais cedo e se preparou com reverência e antecipação. Morávamos então no East Side e, apesar de breve, a viagem está bem gravada na minha memória. No hall meu pai lia os Salmos e eu me sentei ao seu lado sem conseguir me conter, esperando impacientemente para que já seja “depois”. Fomos recebidos pelo Rebe quase à

meia-noite. Só mais tarde ficamos sabendo que o Rebe recebia pessoas até o amanhecer. Quando entramos fiquei ainda mais ansioso. O Rebe estendeu a mão ao meu pai e o convidou a sentar-se à mesa, mas meu pai preferiu permanecer de pé e, é claro, eu também fiquei. O Rebe conversou com o meu pai e depois se virou para mim. Eu senti seus olhos me penetrando. O Rebe me perguntou que língua eu falava e respondi que falo ídiche. Então, sem indagar qual tratado do Talmud eu estou estudando o Rebe começou a me fazer perguntas. Todas elas eram questões sobre aquele único parágrafo que eu havia memorizado, como castigo pela brincadeira que fiz... era um parágrafo especialmente comprido. O Rebe continuou perguntando detalhadamente e eu fui respondendo com orgulho. Respondi a todas as perguntas como se eu fosse “o gênio do Brooklyn”. O Rebe então nos abençoou muito e saímos da sua sala enquanto seus olhos me acompanhavam. Eu não vi o rosto do meu pai durante o teste, porque eu estava focado nas perguntas do Rebe. Mas, quando saímos da sala, meu pai não podia esconder a sua felicidade. Ele me levantou e me deu um longo abraço. Ele não falou nada por um bom tempo. Eu senti como as emoções inundaram todos os cantos do seu coração e encheram-no com sentimentos de alegria, orgulho e satisfação. Mesmo sem palavras, entendi o seu abraço como quem dissesse: “Eu sabia que você é um gênio e prodígio, mas não imaginei que fosse para tanto, de falar livremente com o Rebe, sem preparação”. Quando, de tempos em tempos, eu penso nessa história, me emociono novamente. Nem tanto pela capacidade profética do Rebe, mas por sua genialidade em amor ao próximo.

Um relato de Chaim Slomnicki, traduzido e adaptado do livro “Abba” de Harry Smith.

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Minhas esperas e esperanças POR ENIO LINDENBAUM

Não há dúvida que um dos caminhos que nos traz para a religião é o de nos sentirmos protegidos por forças e energias que vão além da nossa compreensão racional ocidental. Com todos os avanços da ciência e da matemática que sempre nos remetem à divergência da previsibilidade, ainda sobra espaço para a dúvida da fé. Essa é uma dúvida que se avoluma na medida em que mais nos instalamos na zona de conforto e mais nos imaginamos independentes do todo. Mas é só ter um sinal de alerta, e no caso que vou descrever, o de saúde, que parece que somos remetidos ao nosso inconsciente coletivo de pertencimento a um povo, a uma cultura e a uma religião. Como o sistema de premiação ou de meritocracia nesses casos se dá por um julgamento ao qual não temos acesso aos critérios, nessas horas nos colocamos também na mão de D’us. Aliás, queremos que a mão de D’us também guie e ilumine quem está nos tratando. E nesse caso quero falar de outro tratamento. Não físico, mas de um tratamento espiritual. Um conforto e

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uma busca de entendimento e aceitação das provações provocadas pelas doenças. É nesse momento que, além dos amores terrenos, filiais e afins, entra uma figura, um personagem, um benfeitor sabido e sábio. O Rabino. Fazendo justiça à tradição de que não é ele o intermediário dos nossos anseios junto a D’us, mas o nosso condutor pelo melhor caminho para até Ele chegar, não teremos certezas do resultado, apenas de estarmos no caminho por nós escolhido. Nada de previsibilidades. Nada de trocas do tipo você me dá isto e eu te dou aquilo. Simplesmente fazer a sua parte, com o coração, com a fé. Então, estando em um hospital, em uma longa internação, a visita do Rabino era aguardada não só por mim, mas por outras famílias judias que também estavam passando por momentos de grande aflição. O Rabino, no seu desejo mais puro de que pudéssemos entender o momento, aceitar a situação, contribuiu com sua parte na solução e uniu-se a nós como um verdadeiro membro da família, um verdadeiro amigo.


© Pamela Moore

Somou suas orações e pedidos aos nossos. Eu fui um dos abençoados por essas visitas regulares e aguardadas. Uma em especial me encanta até hoje. Era Rosh Hashaná e eis que surge o meu Rabino, com sua longa barba e um pequeno Shofar, após subir uma longa ladeira até o hospital em que me encontrava. Maravilhosamente ele me tocou o Shofar. Não me esqueço desse som que remete a toda a minha vida e não posso esquecer a dedicação e a generosidade

desse homem que comentou sobre a minha solidão naquele momento, e de como ele poderia preencher parte dela e ainda por cima deixar um resquício do som de anunciação do Ano Novo, da renovação. Do seu mais sincero desejo que eu estivesse inscrito no livro da vida. Obrigado.

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