Uma Visão De Lisboa: O Prémio De Chico
Buarque É Um Reencontro Com a História De Portugal E Do Brasil
Paulo Dalla Nora Macedo
Portugal e Brasil vão realizar uma Cimeira em Abril, e Chico Buarque vai receber o Prémio Cames das mãos de dois Presidentes. Isto simboliza a recusa do Governo Bolsonaro em atribuir o maior prémio da literatura portuguesa, instituído em 1988.
Não se deve normalizar a extrema-direita, e não a direita, tentando incluí-la na Janela de Overton. A música "Fado Tropical" de Chico Buarque fez uma crítica social ao Brasil e a Portugal, usando sua arte como ponte de afeto.
Portugal abandonou a ditadura com a Revolução dos Cravos em 1989, inspirando o Brasil a tornar-se um "imenso Portugal". Hoje, o Brasil está em posição de servir de exemplo dos riscos que um governo de extrema-direita representa para as instituições nacionais e para o lugar de Portugal no mundo.
A possibilidade de Portugal renascer como um pólo cultural global não se coaduna com a visão nativista deste arco.
Portugal é um país conservador, paternalista e atrasado, que o ditador escreveu à Coca-Cola na Europa para explicar porque é que não podiam ter a bebida.
A Websummit não chegaria a Lisboa devido aos efeitos dos "ventos" em Portugal em 1990.
Steven Levitsky, professor de Harvard e co-autor do livro "Como as Democracias Morrem", alertou os formadores de opinião do mundo empresarial para não subestimarem o potencial eleitoral e o extremismo de Bolsonaro. Ele afirmou ter o maior índice de autoritarismo entre os líderes mundiais.
As reacções do público dividiram-se, com alguns a acreditarem que Bolsonaro nunca seria eleito e que seria "domado" nos seus impulsos extremistas.
O Professor encontrado em meados de 2018 no Brasil declarou apoio público a Lula, muitos pela primeira vez, em reconhecimento dos riscos do Bolsonarismo. Os sectores económicos, especialmente os extractivos, beneficiaram do projecto bolsonarista, mas não é a regra geral do mainstream.
Os efeitos de um governo extremista não se limitam aos seus quatro anos de governação, nem às suas medidas concretas. Estes efeitos não se limitam aos seus quatro anos de governação.
Christian Lynch definiu o "Reaccionarismo Populista" como uma herança de ódio à cultura, à ciência e aos avanços civilizacionais, em comparação com a glorificação da estupidez e da ignorância como autenticidade. Isto é exemplificado pelos anos Bolsonaro, que foram estudados em profundidade por Lynch.
A Cimeira e a entrega do prémio a Chico Buarque serão momentos de reflexão para que Portugal pense no que deve fazer para não seguir o mesmo caminho do Brasil.