Escola Secundária de Lousada – Contos em Lousada - Transcrição português

1

Texto em Português Contos em Lousada Escola Secundária de Lousada versus Centro de Dia de Nespereira Observação: a transcrição seguinte está redigida em Português de cariz popular, daí a existência de algumas incorrecções linguísticas ao nível da sintaxe

Sr. Martinho - Estamos aqui em Nespereira, no Centro de dia, contando histórias para passar o tempo.

Marina – Olá! Estamos aqui reunidos para partilhar histórias. Benvindos.

Agora, é a D.ª Celeste.

D.ª Celeste – A história que eu vou contar é a do “Boi Cardil” e de um fidalgo e de um criado e de uma menina muito famosa, muito vaidosa. (risos) “Era uma vez um rei que tinha um criado, em quem depositava a maior confiança, porque era o homem que nunca em sua vida tinha dito uma mentira. Recebeu o rei um presente de boi muito formoso, a que chamavam o boi Cardil. O rei tinha-o em tanta estimação que o mandou para uma das suas tapadas acompanhado do criado fiei para tratar dele. Teve uma ocasião uma conversa com um fidalgo e falou da grande confiança que tinha na fidelidade do seu criado. O fidalgo riu-se: – Porque te ris? – perguntou o rei.

– É porque ele é como os outros todos, que enganam os amos.

– Este não!

– Pois eu aposto a minha cabeça como ele é capaz de mentir até ao rei.

1

Ficou apostado. Foi o fidalgo para casa, mas não sabia como fazer cair o criado na esparrela e andava muito triste. Uma filha nova e muito formosa, quando soube a causa da aflição do pai, disse: – Descanse, meu pai, que eu hei de fazer com que ele há-de mentir por força ao rei.

O pai deu licença. Ela vestiu-se de veludo carmesim, mangas e saia curta, toda decotada, e cabelos pelos ombros e foi passear para a tapada; até que se encontrou com o rapaz que guardava o boi Cardil. Ela começou logo: – Há muito tempo que trago uma paixão e nunca te pude dizer nada.

O rapaz ficou atrapalhado e não queria acreditar naquilo, mas ela tais coisas disse e jeitinhos deu que ele ficou pelo beiço. Quando o rapaz já estava rendido, ela exigiu-lhe que, em paga do seu amor, matasse o boi Cardil. Ele assim fez e deu-se por bem pago todo o santíssimo dia.

A filha do fidalgo foi-se embora e contou ao pai como o rapaz tinha matado o boi Cardil. O fidalgo foi contá-lo ao rei, fiado em que o rapaz havia de explicar a morte do boi com alguma mentira. O rei ficou furioso quando soube que o criado lhe tinha matado o boi Cardil, em que punha tanta estimação. Mandou chamar o criado.

Veio o criado e o rei fingiu que nada sabia, perguntou-lhe: – Então, como vai o boi?

O criado julgou ver ali o fim da sua vida e disse: Senhor! Pernas alvas e corpo gentil, matar me fizeram nosso boi Cardil.

O rei mandou que se explicasse melhor; o moço contou tudo. O rei ficou satisfeito por ganhar a aposta e disse para o fidalgo: – Não te mando cortar a cabeça como tinhas apostado, porque te basta a desonra de tua filha. E a ele não o castigo, porque a sua fidelidade é maior do que o meu desgosto.”

1

E é tudo.

Carlos Abreu – “Esta é a história de um rei e uma rainha que queriam muito ter filhos. Um dia, a rainha pediu a Deus que lhe desse um filho, nem que fosse sapo. O rei espalhou panfletos pelo reino a pedir que lhe tomassem conta do filho, que lhe criassem o filho. Mas, ninguém apareceu. Apareceu uma miúda e o rei aceitou-a.

O sapo foi crescendo, tinha uns olhos e uma fala muito bonitos, um verdadeiro homem. Certo dia, a rapariga sonhou que o sapo era gente e só tinha de perder sete peles. Assim, deveria deitar-se com ele e vestir sete saias e, em cada saia que ela tirasse, ele tirava uma pele. E se transformaria num belo príncipe.

A rapariga foi a correr, para o palácio, contar aos reis que oi seu filho não era um sapo, mas sim um príncipe. Os reis ficaram admirados por poderem ver o seu filho.

Nessa noite, o rei e a rainha foram lá e viram o seu filho como um verdadeiro homem. Ficaram muito felizes.

Todos lhe pediram que deixasse de ser sapo, mas ele disse: - Se eu deixar de ser sapo, o meu pai escolhe na minha noiva e eu não quero isso.

Vai daí que o rei pediu à rapariga que quando ele estivesse a dormir, lhe tirasse as sete peles e que lhas desse para ele as queimar.

No dia seguinte, quando o rapaz se apercebeu que não tinha as sete peles e que lhas tinham queimado, virou-se para a rapariga e disse: - Vou-me embora, quando, se voltares a ver-me dá-me um beijo na boca.

O rei expulsou a rapariga do palácio., deixando-a pobre e triste e sozinha.

Meses depois, meses depois, a donzela encontrou o príncipe junto do rio Jordão, deu-lhe um beijo na boca e viveram felizes para sempre.”

1

Marina – A história que eu vou contar é “sobre um rei que era muito vaidoso e vestia-se muito bem.

Certo dia, apareceram por lá dois trapaceiros que lhe disseram: - Vossa Majestade, sabemos que gosta muito de se vestir bem, bem como ninguém e bem o merece. Descobrimos um tecido tão belo e de tão boa qualidade que só os mais inteligentes o conseguem ver. Assim, conseguirá distinguir os tolos dos inteligentes e aqueles que não servirão para a sua corte.

- Mas que descoberta fantástica – respondeu o rei.

- Tragam-me já esse tecido e façam-me a roupa. Quero ver as qualidades das pessoas que tenho ao meu serviço.

Os dois trapaceiros tiraram as medidas necessárias e daí a umas semanas apresentaram-se ao rei, dizendo: - Aqui tem a sua roupa Majestade!

O rei não via nada, mas como não queria passar por tolo, disse: - Oh! Como é bela!

Os dois trapaceiros faziam de conta que vestiam a roupa, com todos os gestos necessários e exclamaram: - Oh! Como fica elegante! Fica tão bem!

A corte não queria passar por tola, portanto admirava muito a sua roupa.

Até que o rei decidiu mostrar-se ao povo. Toda a gente não queria passar por parva também, dizendo que a roupa era fantástica. Até que uma criança inocente exclamou: - Olha, olha! O rei vai nu.

1

Foi uma risota total. E ele, depois de se aperceber que tinha sido enganado, escondeu-se, arrependido e envergonhado pela sua vergonha, foi esconderse ao palácio.”

Moral da história: cuidado com a vaidade!

Sr. Martinho – "Um cego andava pedindo esmola pela mão de um moço; a uma porta deramlhe um naco de pão e um bocado de linguiça. O moço pegou no pão e deu-o ao cego para metê-lo na sacola, e ia comendo a linguiça muito à sorrelfa. O cego, desconfiado, pelo caminho começa a bradar com o moço: – Ó grande tratante, cheira-me a linguiça! Acolá deram-me linguiça e tu só me entregaste o pão.

– Pela minha salvação, que não deram senão pão!

– Mas, cheira-me a linguiça, refinado larápio!

E começou a bater com o bordão, no moço, pancadas de criar bicho. O moço era ladino e disse lá para si que o cego lhas havia de pagar. Quando iam por uns campos onde estavam uns sobreiros, o moço embicou o cego para um tronco, e grita-lhe: – Salta, que é rego. O cego vai a saltar e bate com os focinhos no sobreiro.

Grita ele: – Ah rapaz do diabo! Que te racho.

Diz-lhe ele: Pois cheira-lhe o pão, a linguiça, E não lhe cheira o sobreiro à cortiça?”

Renata – A história que eu vou contar é a história da velha da cabaça.

1

“Era uma vez uma velha que vivia só na sua casinha na aldeia. Certo dia, recebeu uma carta da sua neta que morava numa terra distante. E essa carta convidada a velhinha a ir ao casamento da sua neta.

A velhinha ficou tão contente e entusiasmada, que se pôs logo ao caminho para não chegar atrasada.

Iniciou a sua marcha quando de repente encontrou o lobo e o lobo disse-lhe com a voz forte: - Ó velhinha que eu te como!

E a velhinha disse: - Não me comas, que eu sou muito magrinha! Vou ao casamento da minha neta e, quando de lá voltar, já venho mais gordinha.

E o lobo achou que a velhinha tinha razão e deixou-a seguir caminho.

Estava a continuar o percurso até que encontrou um urso. O urso, pondo as patas nos ombros da velhinha: - Ai velhinha que eu te como!

A velhinha disse: - Não me comas que eu sou magrinha! Vou ao casamento da minha neta e quando de lá voltar venho mais gordinha. E o urso achou que a velhinha tinha razão e deixou-a continuar o seu caminho.

Estava quase a chegar a casa da sua neta quando encontrou uma última fera: o leão.

O também lhe perguntou: - Ai velhinha que eu te como!

E a velhinha disse:

1

- Não me comas que eu estou muito magrinha. Vou ao casamento da minha neta e quando de lá voltar venho mais gordinha. E assim o fez. Deixou-a partir.

Quando chegou a casa da sua neta, ela estava tão assustada que decidiu contar à sua neta o que acontecera durante o caminho.

A neta disse para ela não se preocupar e foi ao quintal e cortou a cabacinha maior que tinha e mais redondinha, fez uma pequena porta e a velhinha lá entrou e voltou a fechá-la.

A aventura começou quando a cabacinha e a velhinha rebolavam pela estrada fora. Rebolaram, rebolaram, até que chegaram perto do leão. E o leão disse: - Ó cabacinha, não viste para aí uma velhinha?

E lá de dentro uma voz fez-se ouvir: - Não vi velhinha, nem velhão. Corre, corre cabacinha, corre, corre cabação!

Rebolou, rebolou, rebolou até que chegou perto do urso e este também pergunta: - Ó cabacinha, não viste para aí uma velhinha?

E, de novo, ouviu-se uma voz: - Não vi velhinha, nem velhão. Corre, corre cabacinha, corre, corre cabação!

E assim o fez.

Rebolou, rebolou. Estava quase a chegar a casa até que viu o lobo esfomeado e o lobo esfomeado perguntou: - Ó cabacinha, não viste para aí uma velhinha?

E, de novo, pela terceira vez, ouviu-se uma voz: - Não vi velhinha, nem velhão. Corre, corre cabacinha, corre, corre cabação!

1

E o lobo ficou furioso e foi-se embora. E a velhinha chegou a casa sã e salva.

Já não havia mais perigo.

Pelo caminho ficaram os animais esfomeados e a cabacinha salvara-lhe a vida.”

DªCélia – Bem, eu vou contar a história do pastorzinho mentiroso.

“Era um pastor chamado João, que guardava as ovelhas nos montes, as ovelhas dos pastores. Os seus dias eram muito aborrecidos e ele passava o tempo sem fazer nada. Só vigiava as ovelhas enquanto estas comiam.

Um dia, ele pensava: - o que hei de eu fazer para passar o meu tempo?

Então, teve uma ideia e disse: - Vou enganar os pastores. E começou a gritar: - Socorro, socorro que vem o lobo. Alguém me acuda, por favor!

Todos os lavradores e pastores da aldeia correram ao monte com as suas enxadas e paus para salvar as ovelhas.

Quando lá chegaram, o que é que encontraram? Nada. Só as ovelhinhas a pastar calmamente.

Foram embora todos zangados.

No dia seguinte, o pastor voltou a fazer o mesmo.

Disse: - Vou enganá-los novamente. Então, começou a gritar: - Socorro, socorro. Acudam que é o lobo!

Os pastores correram ao monte novamente, com as suas enxadas e os seus paus. Quando lá chegaram, o que é que encontraram? Nada. Só as ovelhinhas descansadinhas a pastar.

1

Isto repetiu-se até ao terceiro dia. No terceiro dia, ele voltou a fazer o mesmo. E os pastores, nesse dia, ficaram mesmo muito furiosos e conversaram entre si: - Se ele voltar a chamar, não vamos subir ao monte.

No quarto dia, o pastorzinho estava tão contente, porque nos outros dias tinha enganado os lavradores. Voltou a fazer o mesmo. Só que desta vez, o lobo apareceu mesmo.

O lobo apareceu e ferrou em todas as ovelhas, deixou-as feridas.

O pastorzinho bem gritava: - Socorro, socorro!

Mas, não aparecia ninguém para o socorrer. Porquê?

Porque o pastorzinho tinha enganado os lavradores três dias seguidos.”

Moral da história: quem mente uma vez, duas e três, perde o crédito.

Sr. Martinho – Espero que todos tenham gostado!

Listagem dos contos: 1º Conto do “Boi Cardil” 2º Conto do “Príncipe sapo” 3º Conto do “Rei vai nu” 4º Conto “O cego e o moço” 5º Conto “A velha da cabaça”

1

6ºConto “ O pastorzinho mentiroso”

Listagem das fotografias: Fotografia nº 1 – Escola Secundária de Lousada Fotografia nº 2 – Escola Secundária de Lousada Fotografia nº 3 – Escola Secundária de Lousada Fotografia nº 4 – Ponte nas Ondas!...

Fotografia nº 5 – Grupo de trabalho