#21 - June & July issue

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Director

Francisco Vaz Fernandes francisco@parqmag.com

Direcção de Arte

Alva

www.alva-alva.com Publicidade

Francisco Vaz Fernandes francisco@parqmag.com

Cláudia Santos

claudia@parqmag.com

PARQ Número 21 julho + julho 2010

periocidade Mensal Depósito legal 272758/08 Registo ERC 125392 Edição Conforto Moderno Uni, Lda. número de contribuinte: 508 399 289 PARQ Rua Quirino da Fonseca, 25 – 2ºesq. 1000-251 Lisboa 00351.218 473 379 Impressão BeProfit / SOGAPAL Rua Mário Castelhano · Queluz de Baixo 2730-120 Barcarena 20.000 exemplares distribuição Conforto Moderno Uni, Lda. A reprodução de todo o material é expressamente proibida sem a permissão da Parq.Todos os direitos reservados. Copyright © 2008 Parq.

TEXTOS

Ana Canadas Carla Carbone Cláudia Gavinho Claúdia Matos Silva Davide Pinheiro Francisco Vaz Fernandes Nuno Adragna Margarida Brito Paes Maria João Teixeira Maria São Miguel Miss Jones Pedro Lima Pedro Mota Ray Monde Roger Winstanley Rui Catalão Rui Miguel Abreu

FOTOS

André Brito Javier Domenech Manuel de Sousa Ricardo Gomes Rui Vieira

Assinatura anual 15€.

STYLING

www.parqmag.com

Ana Canadas Juliana Lapa

capa Iasha veste camisa H&M e óculos Chilli Beans. FOTO rui vieira produção kind&naked hair + Make-up kind stylist naked

ilustração

bráulio amado mr. dheo


06 real people

gilles laumonier

por Ana Canadas

54 Central Parq design

wieki somers

por Carla Carbone 08 real people

por Pedro Lima

the correspondents

58 Central Parq design

10 real people

por Francisco Vaz Fernandes

por Roger Winstanley

60 Moda

12 real people

por André Brito

por Maria João Teixeira

68 Moda

14 you must shopping

por Manuel Sousa

tommy ton

sandra e Sílvia

portofoliodays

the caribbean girl

flesh is the colour

por Manuel Sousa 18 You Must 30 Shopping 32 Soundstation

lcd soundsystem

por Davide Pinheiro 34 Soundstation

Hilfiger denim live

por Pedro Lima

Bocca

36 Soundstation

76 Parq Here places

sharon jones

por Rui Miguel Abreu

bica do sapato + swatch

38 Viewpoint

77 Parq Here places

reebok

por Mr. Dheo 44 Central Parq Grande Entrevista

78 Parq Here gourmet - cocktails

por Francisco Vaz Fernandes

absolut+ jameson

48 Central Parq arte

80 Parq Here were where you?

a arte de viajar

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francisco vaz fernandes

Às portas do mundial (que, esperamos, corra muitíssimo bem para que a onda de furor possa invadir todos os ramos da nossa sociedade), já todos percebemos o quanto temos de mudar para alcançar o nível de vida médio europeu que tanto almejamos. Digo isto cheio de esperança, tanto na contribuição da PARQ como dos seus leitores para um mundo melhor. Sem fatalismos, sem resignação e com esse entusiasmo de construir que todos os processos criativos geram. Sociedades que não encontram apoio na massa crítica e na sua juventude são menos dinâmicas e perdem em termos globais. Nos últimos anos, em certos aspectos e em certas áreas, até conseguimos almejar lugares cimeiros com grande reconhecimento mundial. O problema é que todos esses casos acabam por se tornar excepções contribuindo pouco para uma imagem global de um país criativo. Restam poucas dúvidas

de que Portugal não seja uma das principais potências no mundo do futebol. Esse estatuto deve-se às infra-estruturas e a uma cultura que apoia as ambições de muitos jovens, um fenómeno que deveria ser contagiante ao resto da sociedade. É fácil de entender, olhando para o caso do futebol, como se conseguem resultados para os quais toda uma sociedade se empenha. Não fizemos uma edição sobre futebol, outras publicações especializadas o farão, mas não deixamos de ser contagiados pelo entusiasmo e temos alguns artigos que se relacionam com o campeonato do mundo, nomeadamente, um texto que questiona a cultura pós‑apartheid —a cultura que vai receber todos aqueles que este ano forem a África do Sul. Vamos descansar e só voltamos em Setembro por isso, até lá, boas férias e não se esqueçam de levar a PARQ a passear.

conceito x + temporary shop

pedro cabrita reis

por Francisco Vaz Fernandes

Felizmente temos o futebol

74 Parq Here miss jones & Ray Monde

nike sportswear + storytailors

50 Central Parq cultura

82 Dia Positivo

por Cláudia Gavinho

por Cláudia Matos Silva

geração arco-íris

assim na terra como no céu




Porque escolheram Vivienne Westwood para a primeira colaboração com a Lee e por quantas estações se vai manter essa relação? (gargalhada) Penso na Lee como um produto puro e original com uma longa história, tal como a criadora Vivienne Westwood também pode ser apreciada pelo seu lado genuíno e original. Neste sentido, havia uma aproximação natural e, na verdade, ambas as partes experimentaram um certo conforto nesta primeira colaboração, assegurando uma linha de jeans com um verdadeiro valor vintage, como a Vivienne Westwood desejava, com a garantia da Lee. A colecção ficou fantástica, com 50 modelos de pares de calças para homem e mulher.

Parece-me que, no mundo do denim, já tudo foi feito em termos de cortes, técnicas de confecção e lavagens. Hoje, facilmente podemos encontrar um par de jeans a menos de 50 euros. Como esperas manter este teu projecto novo e excitante? Aposto no ângulo da qualidade, acho que temos um público que tem confiança na marca e que reconhece a grande qualidade dos nossos materiais, é daqueles casos que alicerça uma tradição de bem fazer. Além disso, a Lee sempre foi uma marca que esteve do lado da inovação. Fomos os primeiros a pôr um zip num par de jeans e os primeiros a realizar um corte estreito dirigido a um cowboy urbano. As pessoas sabem avaliar a experiência de uma marca com a qual estabelecem laços emocionais. Daí que tenham grandes expectativas sobre o desenvolvimento dos nossos produtos.

s e lil nier g mo aL u +

www. parqmag. com/ blog

www. lee. com

O belga que, em cinco anos, revolucionou a Eastpak, a partir de colaborações com designers de renome, é agora o novo director da Lee Internacional. Começa por coordenar a primeira colaboração desta marca de denim com Vivienne Westwood. Uma colecção que entra no mercado em Agosto que promete ser apenas o primeiro abanão para fazer despertar a bela adormecida que lhe caiu em braços.

006 – real People

Este projecto com Vivienne Westwood é um ponto de partida para futuras colaborações com outros designers? Tem havido muito burburinho em torno do assunto, o que já é positivo para uma marca com um enorme potencial, mas que tem estado adormecida. Esta questão está ao nível do que se passa na indústria de automóvel, onde é sempre necessário dar novas energias às marcas, independentemente do prestígio alcançado. Não temos ainda previsto novas colaborações, nem mesmo com Vivienne Westwood, com quem a resposta, em Milão e Hong Kong, tem sido tão positiva que gostaríamos de continuar nas próximas estações. Estamos em negociação.

Conseguiste que as colaborações funcionassem com sucesso na Eastpak, com Raf Simmons e Rick Owens. Que razão te leva a acreditar que o mesmo poderá acontecer com jeans? Acho que os jeans fazem parte do nosso mundo. Usamos jeans para tanta coisa, tanto em ocasiões de lazer como no trabalho. Por isso, porque não elaborar um produto que tem uma utilidade muito ampla? Não vejo nenhum problema quanto ao nível da aceitação, porque naturalmente já é um produto muito procurado.

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Ana Canadas + Roger Winstaley

Quando é que as peças dessa colaboração com Vivienne Westwood vão estar disponíveis? A primeira colecção será comercializada a partir de Agosto e vai estar nas lojas da Vivienne Westwood e em poucos, mas seleccionados pontos chaves de venda, nas principais capitais.

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Bráulio Amado



s t n e d n ht e espo r r co myspace.com/ thecorrespondentsmusic

A vossa energia parece ser altamente contagiante. Como explicam o frenesim que provocam nos concertos ao vivo? Mr B: Eu apenas fico super excitado e este estado de exaltação, como dizes, pode ser contagiante. Dançar até ficar suado é uma sensação incrível. Penso que a maioria das pessoas tem vontade de o fazer, só precisa de um catalisador adequado. Onde vão buscar a inspiração burlesca de palhaços, Swing e sapateado? Mr C: (risos) Isso, acho que vais ter de perguntar ao Mr. Bruce! Mr B: Bem, eu tento cantar sobre um estilo de vida de cabaret, meio doido e elegante, que aspiro, mas muitas vezes não consigo levar. Neste momento, o meu objectivo é escrever uma canção mais pessoal –uma canção que apele mais ao coração.

The Correspondents é um duo swing-hop britânico, formado pelo MC Mr. Bruce e o DJ/Produtor Mr. Chuckles, que explora um novo conceito sonoro. Hip hop para os anos 30, orquestras jazz apontadas para o futuro, num misto de música de cabaret com roupagem de gentleman, swing, synths e muito sapateado.

008 – real People

A vossa música desafia géneros e períodos de tempo. Como descrevem o vosso som? Mr Chuckles: Essa é traiçoeira. Basicamente, é uma mistura das nossas influências: Jazz, Swing, Hip Hop, Drum & Bass e um pouco de tudo o resto! Mr Bruce: Passados dois anos e meio, ainda não chegámos a uma definição polida! Eu costumo chamá-lo Swing contemporâneo. Electro Swing é um termo que tem sido bastante usado.

Apontam algumas influências, desde Ella Fitzgerald a Fatboy Slim, Billie Holiday a Nightmares on Wax. Esta combinação improvável foi consciente ou surgiu naturalmente? Mr C: Eu comecei a produzir Jazzy Hip Hop há cerca de quatro ou cinco anos, e desde então que comecei a acelerar um pouco a batida. Agora, acho que o Swing é um género perfeito para ir retirando elementos, porque é tão imaculado e tem tanta coisa boa para explorar. Mr B: Acho que para ambos surgiu muito naturalmente. Eu cresci numa dieta saudável de Drum & Bass, mas desenvolvi uma paixão pelo Swing e penso que a minha inclinação por aquela elegância de alta costura que representava surgiu daí. Mas foi só quando ouvi a produção de Mr. Chuckles que percebi que isto podia realmente funcionar.

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pedro lima (stereobox.com)

Depois do EP The Rogue em 2008, quais são os vossos planos para o futuro? Mr C: Temos um álbum em curso. Esperamos que lá para o final do ano esteja concluído. De momento, estamos só a escrever e a tentar definir que direcções queremos seguir e como evitar usar demasiados samples. Mr B: Eu vou estar ocupado a construir engenhos de palco, como uma plataforma elevatória para dançar e coisas do género. Poderia até começar a desenhar uma nova linha de meias de padrões…

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Bráulio Amado



www. jakandjil. com

y m ot m ot n No “Style.com”, tens alguém para organizar a tua agenda de convites? Faço tudo sozinho. Sou muito independente e dispenso motorista. Gosto de manter à minha volta um certo nível básico e prático. Prefiro andar de comboio, de autocarro, ou então a pé. Quando estou a cobrir um evento de moda, nunca aceito boleias nem nunca tenho pressa de sair dos lugares dos desfiles, vou-me mantendo a espera de momentos únicos e importantes. É preciso saber olhar, ser-se paciente porque nunca sabes o que poderá suceder.

Tem direito a um lugar na primeira fila nos desfiles de moda. Contudo, há ainda quem se interrogue sobre a identidade deste jovem canadiano, de origem asiática, fundador do blog Jakandjil. A popularidade das suas fotografias e a sua forma de ver a moda valeramlhe a entrada para a equipa da Style.com, substituindo Scott Schuman do blog Sartorialist, um gesto emblemático que faz de Tommy Ton o blogger do momento.

010 – real People

Porque que motivo o teu blog tem o nome Jak &Jil? Em 2005, quando comecei o meu blog, queria atingir o público masculino e feminino e Jack and Jill, personagens do meu universo infantil, representavam esses dois mundos. Infelizmente, não podia patentear esse nome porque já existia, daí que tivesse que retirar algumas letras, conservando a mesma sonoridade e assim manter o meu propósito. Recentemente, tenho‑me questionado sobre a razão de manter esse nome que hoje até me parece de gosto duvidoso. Mas o certo é que Jak & Jil se impôs e conseguiu estabelecerse como uma marca que está para além do blog. Eu suponho que Tommy Ton possa já representar alguma coisa no mundo da moda. Mas, na verdade, as pessoas procuram no essencial a marca Jak & Jil. Agora que estou demasiado focado no “Style.com”, tenho tido queixas dos que seguem o blog, mas também tenho que pagar as contas e “Style.com” é o meu principal empregador.

Achas que as empresas preferem actualmente os bloggers para fazer as suas campanhas publicitárias ou catálogos porque acham que são algo inovador ou apenas como resposta à influência da net junto dos consumidores? Concerteza já perceberam o poder e influência da blogesfera e é muito natural que alguém como Sartorialist fotografasse a campanha de Donna Karen e de muitas outras marcas. Contudo, não deixei de ficar surpreendido quando a Lane Crowford de Hong-Kong se lembrou de mim para fazer a campanha deles. Acho que me escolheram porque as minhas fotos e o meu blog se dirigem a um público que está realmente interessado na moda. Queriam que a sua nova campanha apelasse exactamente ao que o meu blog representa: high fashion com fotos dos grandes nomes da moda. Sabem que posso atrair um certo tipo de público para o site deles.

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Roger Winstanley

Publicaste recentemente imagens da Tavi para a Vogue Paris. Como foi a experiência? A coisa que mais queria no mundo desde que comecei a ter pretensões em tornar-me fotógrafo era publicar algo na Vogue Paris. Mesmo se fosse só uma imagem, entraria em êxtase e sentiria cumprida a minha missão. Por isso este primeiro convite foi de um grande simbolismo para mim e sinto ter concretizado um sonho que me enche de orgulho. Mandaram‑me um e-mail e perguntaram-me se queria fazer essas páginas. Por acaso era Tavi* que tinha que ser fotografada, por isso tive que voar para Chicago e foi engraçado porque ela é parecida comigo. É uma criança dos subúrbios que adora o universo da moda e que quer partilhar essa paixão através do seu blog.

*Tavi é uma adolescente que criou um blog de moda que se tornou um sucesso de popularidade quando tinha apenas 13 anos.

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Bráulio Amado



w l ww d oj . co e s a m ta r.

a r d n sa ílvia S &

Em 2009, Sandra e Sílvia decidiram mudar de vida e criaram a Loja de Estar, onde cabe tudo, mas em forma de sonho. Já marcam presença assídua nos sites e blogues de tendências internacionais e são, actualmente, um projecto incontornável da blogosfera.

O que faziam até à Loja de Estar? Sílvia Silva: Pulava para dentro e fora da caixa, entre um trabalho nas áreas da gestão e uma paixão pelo teatro numa companhia amadora. Sandra Gouveia: Tenho um curso porque sim e depois, ao sabor da vida, tornei-me aprendiz de consultora.

012 – real People

Como surgiu esta ideia? SS: Para mim, este tipo de projecto sempre foi um sonho que trazia na carteira. No entanto, até o iniciar com a Sandra, nunca tinha feito nada de concreto por ele! Mais do que ter uma loja, desde sempre pensei em criar conteúdos, fossem eles produtos, palavras, histórias, músicas ou ambientes. A Sandra surgiu de repente com a possibilidade de criar uma pequena loja física que não se materializou, mas depois dessa esquina que afinal se revelou uma rotunda percebemos que juntas tínhamos um potencial que não queríamos perder. A partir daí, foi sempre a partir pedra e a andar para a frente! Partilhamos um conceito de vida e um conjunto de objectivos que passam por viver perto e perto das pessoas que amamos, uma vontade de conseguir criar um trabalho que seja mais do que um emprego. Um modo de vida, que se misture com o nosso dia-a-dia e com quem nós somos de forma natural.

Que momentos consideram mais importantes para a afirmação da loja? SG: O reconhecimento dos clientes, dos fornecedores, dos autores de blogs trend makers, como o swiss miss ou o designworklife, ou o lovely package no nosso primeiro produto de criação própria! Todos aqueles que gostam do que nós criámos e vamos criando sem sequer terem visto a nossa cara. Dá-nos uma força tremenda! Reforça e conforta as nossas escolhas. Se o mercado, no sentido lato, tivesse olhado para nós com indiferença, provavelmente acabaríamos por concluir que estávamos a fazer o que os outros todos já fazem. Essa é a nossa grande vitória: estamos a cimentar uma posição diferenciada que é reconhecida como tal. Qual o conceito que vos orienta? SS: tudo começou por um projecto a que na altura chamámos Foradacaixa (que hoje é uma das marcas registadas da loja). Não foi possível usar o nome para a empresa, pois já não estava disponível. Sendo ainda um local virtual, procurámos criar um ambiente visual que consiga, nem que seja por breves segundos, transportar o visitante para o espaço que imaginámos. Não somos “orientadas ao conceito”, fazemos as coisas porque gostamos e como gostamos. SG: E é um projecto em forma de sonho. Um espaço onde tu vais rir e chorar com os amigos ao som de música apropriada. Ou onde vais ouvir um tipo a falar sobre como conseguir equilibrar a loucura de ter um papel social e profissional que todos assumem que tu ÉS, mas que não te satisfaz, que vestes e despes todos os dias, porque o que tu queres mesmo é fazer escultura e pintar com as mãos.

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Maria João Teixeira

Que caminhos vão desbravar a seguir? SS: A curto prazo, pretendemos essencialmente desenvolver as duas marcas associadas à loja, a Foradacaixa e as Raparigascomonos. Esta última é um projecto mais pessoal, mas que não deixa de estar inserido na Loja de Estar. Num futuro bem mais alargado, queremos ter uma porta gigante de madeira azul traineira para abrir, um pequeno palco, um jardim nas traseiras, uma boa exposição solar e gente, muita gente. Ah, e não ter de consultar a conta da loja cada vez que fazemos uma encomenda (risos).

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Bráulio Amado



014 – You Must shopping

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manuel sousa

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ana canadas


b o n f o r f o t o

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Mala LOUIS VUITTON óculos de Sol MIU MIU garrafa de vidro,copo de gelado óculos COSTUME NACIONAL na óptica Sacramento mala rosa DIESEL porta moedas SPORTSWEAR sapatos brancos da REPETTO sandálias MELISSA BY ISABELA CAPETO de corpo e creme solar DIOR óculos CHLOE lenço ANDY WARHOL BY PEPE JEANS

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e dome branco AREA pulseira LOUIS VUITTON vestido H&M boleira da produção da ANDY WARHOL By PEPE JEANS calções da H&M óculos da D&G tenis rosa da NIKE compacto de maquilhagem com perfume NARCISO RODRIGUEZ perfume, creme hidratante sandálias HAVAIANAS

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016 – You Must shopping


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Manta vermelha da AREA tenis verde menta da NIKE SPORTSWEAR copo preto AREA bola da ADIDAS oficial do Mundial tenis pretos da ADIDAS ORIGINALS óculos cinzentos RETROSUPERFUTURE camisa ANDY WARHOL BY PEPE JEANS óculos da THAKOON tenis da CONVERSE garrafa vermelha AREA laço preto da produção perfume ISSEY MIYAKE perfume PRADA chapéu REPLAY mala castanha DIESEL câmara LOMO lenço ANDY WARHOL BY PEPE JEANS saco cinzento DIESEL ténis da MERRELL ténis Cohibas óculos THAKOON gravata em malha da produção

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O festival Próximo Futuro, que decorre de 18 de Junho a 11 de Julho na Fundação Calouste G u l b en k i a n é, este ano, dedicado ao que de mais moderno e contemporâneo se faz em África e na América Latina.

+ info

www.parqmag.com/blog

próximo futuro

os gémeos t

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francisco vaz fernandes

francisco vaz fernandes

Comissariado por A ntó n i o Pinto Ribeiro, o festival funciona como uma mostra de manifestações artísticas e culturais destes países. No campo das artes visuais, destaque para as obras de arte pública dos brasileiros Barr ão e Kilian Gl aser, da portuguesa Inês Lobo e do camaronês Barthélemy Toguo. Das muitas palestras e conferências, destaque para a do antropólogo e sociólogo argentino Néstor Garcia Canclini. Haverá ainda filmes de realizadores africanos e sul‑americanos e muita música. A não perder, o concerto voodoo funk de uma orquestra do Benim e a voz da portuguesa Lula Pena.

fundação calouste gulbenkian 18 de junho a 11 de julho

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www proximofuturo gulbenkian pt

Os irmãos Gustavo e Otávio Pandolfo, de 35 anos, conhecidos por Gémeos, começaram a pintar nas ruas de São Paulo. Com um percurso semelhante ao de qualquer grafiter, viram em 1998, graças ao seu traço único, a influente galeria Deitch Project de Nova Iorque, colocá‑los no estrelato. Desde então, os brasileiros não pararam de circular entre os mais prestigiados centros de arte e os pedidos de colaboração das empresas são contínuos. Fizeram várias colaborações para a Nike, durante o último mundial, inserido no projecto “Joga Bonito”, que celebrava a arte de jogar à bola dos brasileiros. Há dois anos, desenvolveram um grande mural, que cobria a Tate Modern de Londres e, no ano passado, fizeram o mesmo, mas no castelo escocês Kelburn. Em boa hora chegam a Lisboa, onde são praticamente desconhecidos. A convite do Museu Berardo, criaram uma instalação desenvolvida em duas grandes salas. Nesta exposição, aparecem alguns aspectos recorrentes na sua linguagem plástica, como superfícies recicladas. Desta vez, portas de madeira, mas também instrumentos de som ou transmissores antigos são a base plástica onde, depois, desenvolvem 018 – You Must

as suas pinturas. São essencialmente trabalhos bidimenssionais, sem perder o sentido de mural, mas algumas vezes subevertidos por aspectos tridimensionais ou de mudança de escala. Os Gémeos são detentores de um traço facilmente identificável que os afasta dos tradicionais grafiters. A sua força plástica é baseada num desenho com grande expressividade poética, fundado numa realidade descritiva e por cores suaves que transmitem uma certa melancolia. Em geral, as suas personagens de cor amarela e membros finos, baseiam-se na sua vivência e, por isso, são pessoas reais, emblemáticas com as quais o público se identificar. Algumas vezes, são acompanhadas de frases discretas, como segredos ou soluços da vida. Eles são os vilões do bairro, os inocentes, os destraídos, pais, mães, velhos e novos, um mundo pintado em cores de pastel, capaz de deixar transparecer a doçura que os artistas brasileiros nutrem pela vida em geral e, em especial, pelo mundo caótico e cheio de discrepância que se vive no Brasil.

Centro de Arte BandjounStation,

museu berardo. até 19 de Setembro

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12 gémeos, no museu berardo, 2010 3 Barthélemy Toguo,

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www museuberardo com

Costa do Marfim, 2007



fest i va l cu rta s vila do conde t

francisco vaz fernandes

À falta de conceito uniforme, podemos considerar uma curta-metragem um filme com duração inferior a 30 minutos. Muitos ainda as consideram uma espécie de parente pobre das longas, nada de mais errado! Talvez a insistência de Festivais como este e o reconhecimento internacional dado a Arena , de João Salavisa, venham consolidar uma perspectiva diferente. Vila do Conde volta este ano a dedicar‑lhes nove dias, com a preocupação em divulgar trabalhos experimentais, alternativos, por vezes muito arredados do mainstream. A sua programação é diversificada e surpreendente. Muito para além de simples sessões de curtas. Haverá cinema, música, exposições e combinações improváveis. 020 – You Must

Haverá diversas competições, nacionais e internacionais, olhares retrospectivos, e oportunidade de apresentar longas quem já lá apresentou curtas. A destacar? Difícil, mas tentem ver Amália Remix, espectáculo multimédia do projecto Dead Combo com o cineasta Bruno de Almeida, dia 10 de Julho. Destaque também para uma retrospectiva da obra singular dos irmãos Larrieu, na secção In Focus, e para a exposição dedicada ao realizador Ken Jacobs, pioneiro do cinema de vanguarda norte-americano. Ao todo, são nove dias, a não perder em Vila do Conde.

Estoril Fashionart Fest i va l t

maria joão teixeira

A Moda Lisboa pode até ter voltado para a capital, mas o Estoril não foi esquecido. A moda volta a pisar os palcos de Cascais no Estoril Fashionart Festival, um projecto que se inicia este ano e que tem como objectivo não apenas dar visibilidade aos designers de moda, mas também a outros artistas. Esta estreia está marcada para dia 30 de Junho, com uma dezena de instalações ao longo do eixo Estoril‑Cascais, onde se podem assistir a desfiles, debates e exposições, até dia 14 de Julho.

Curtas Vila do Conde 18 Festival internacional de Cinema 3 a 11 de Julho

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www curtas pt

Hombressenfalda é a exposição que

todos querem ver. Depois de Madrid, Valência e Sevilha, os 110 manequins

de saia estarão expostos na marina de cascais. Nomes como Ana Salazar, Dino Alves, Filipe Faísca, Nuno Baltazar e Ricardo Dourado criaram modelos exclusivos especialmente para esta exposição, que já conta com saias históricas, como as usadas pelos bailarinos Joaquin Cortés e Rudolf Nureyev. Fazem também parte do programa uma exposição de camisas costumizadas e um desfile de um criador espanhol. Um festival a não perder, onde Arte e Moda se expõem lado a lado, dando‑nos a perceber como são, cada vez mais, duas disciplinas que se cruzam, na medida em que constróem ambas reflexos perfeitos da cultura e da sociedade!

1 dino alves 2 filipe faísca 3 ricardo dourado F Pedro Ferreira M Rodrigo Santos {Best Models}

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F ricardo gomes Styling ana canadas M Ioana {l'agence} Make-up sara menitra Hair flávio passos {facto lab}

reis de portugal t

Após um período de ausência na Moda Lisboa, classificado de estruturante, já que passou por uma mudança e concepção de um novo espaço de criação, Lidija Kolovrat apresentou uma colecção cápsula — Heritage & Futurism— que tem por base um padrão constituído por estampagens dos reis de Portugal. Foram impressos em lona, algodão ou seda e permitiram a produção de t-shirts, lenços, almofadas, candeeiros e sofás. Segundo a artista, a padronização dos reis de Portugal 021 – You Must

francisco vaz fernandes

surgiu num processo de pesquisa sobre a formação de padrões psicológicos, tanto individuais como colectivos. Só no decurso da investigação, começou a analisar o caso português e a desejar expressar as suas convicções a partir de um padrão impresso. Para Lidija Kolovrat, o carácter colectivo português mantém uma relação muito forte com a sua história e como os seus líderes, daí a padronização ter recaído nos retratos oficiais dos reis de Portugal. É um trabalho de grande

impacto visual porque, como explica, o padrão estabelece inconscientemente uma relação entre a forma e a emoção, desencadeando uma forte reacção emocional. Longe de ser um manifesto monárquico, até porque a artista de origem bósnia não tem qualquer relação directa com a história de Portugal, este projecto apela à dessacralização dos padrões antigos, propondo uma presença descontextualizada das figuras reais em t-shirts ou lenços. Neste sentido, usar os reis do nosso

passado torna-se uma forma de construir o presente, com irreverência, individualidade e liberdade, elementos que estão na base de toda a reflexão deste trabalho.

kolovrat store Rua Dom Pedro V, nº 79 (ao Príncipe Real) Lisboa


novo clássico cohibas

keds champion sneakers t

gas xxv years t

maria são miguel

Durante a Feira de Design de Milão, no mês de Abril, a Gas apresentou um livro comemorativo dos seus 25 anos, resultado de um encontro entre responsáveis da marca com 15 jovens criativos de diferentes áreas, recrutados através de um concurso. Durante um mês, estes jovens viveram em comunidade numas instalações, criadas na sede da marca, em Vicenza, e puderam reflectir sobre o legado da marca, projectando-a para o futuro. O livro é constituído por nove capítulos, 022 – You Must

simbolizando as nove fases da máquina por onde passa a produção de um par de jeans. Há capítulos com entrevistas com responsáveis e simpatizantes, manifestos e intenções, projectos dos criadores, para além das memórias da Gas. A apresentação do livro segue um périplo por várias lojas chave da Europa.

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www gasjeans com

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maria são miguel

A KEDS foi a primeira marca a criar sapatos com sola de borracha, fruto de uma ideia genial da US Rubber Company. Estávamos em 1916. Entre os seus modelos, ficariam imortalizados o Champion , um sapato em lona usado para o desporto e para actividades ao ar livre, que depressa seria adoptado pelas estrelas de cinema como Marilyn Monroe, Paul Newman, Ginger Rogers e Audrey Hepburn entre outros. A história da Keds confunde-se com a própria história do calçado tipo sneakers, porque diz-se que estes ténis silenciosos eram ideais para sneak (espiar), nascendo assim o termo que nos EUA acabou por ficar para sempre associado a quaisquer ténis. Para esta estação, para além das recriações do Champion , em diferentes cores fortes, existem ainda modelos com estampagens, assim como um modelo de cano alto.

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www keds com

maria são miguel

Ao contrário da indústria têxtil, a produção de calçado soube aliar a tradição ao desenvolvimento tecnológico que um novo design exige. Neste panorama, uma das marcas nacionais que mais se tem destacado é a Cohibas. Capaz de se diferenciar pela produção de sapatos em pele que procuram reconstruir linhas clássicas com carácter desportivo a partir de transformações e inovações tecnológicas que permitem maior leveza e conforto. Nesta estação, destacamos da sua colecção os sapatos com peles brilhantes envernizadas com manchas de desgaste, assim como as camurças, ou ainda as texturas. Os perfis baixos e biqueira arredondada acompanham as orientações internacionais. Em sola de borracha ou sola, mais desportivo ou clássico, o calçado Cohibas é sempre um elemento de distinção, dirigido a um público urbano que gosta de seguir tendências.

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www evereste pt


havaianas t

maria são miguel

Para que este mês de Junho não tenhamos que escolher entre o Verão e o Mundial, a Havaianas lança uma nova colecção, que representará os 32 países que participam no Mundial. 32 modelos inspirados no equipamento dos grandes jogadores (com o número 10 nas costas, claro!) e indicados para todos os que querem descobrir uma nova forma de viver o chamado desporto-Rei. O futebol, como se sente no Rio de Janeiro, descalço na areia, com Havaianas marcando a baliza, e o futebol como o vive a Havaianas, onde tudo é possível, onde o sentimento pelas cores da selecção é maior e a liberdade de aproveitar a espontaneidade do espírito brasileiro está ao rubro.

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www havaianas com

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A Compal Light lança sumos com novos sabores e pede a 4 criadores de moda portugueses para desenharem as suas embalagens, de acordo com o seu universo pessoal. Este produto, que pode ser encontrado nos supermercados, leva assim uma nota de “moda” a todos aqueles que se preocupam com a beleza. Luís Buchinho criou uma ilustração para o sabor tropical cenoura com um toque de Miami Vice. Não faltaram raparigas de cabelo solto, entre palmeiras, para sugerir um cenário de férias em paragens exóticas. Foi o único criador que pensou a sua bebida para um final de tarde, depois de uma ida a praia, naquele momento em que apetece ter à mão um sumo fresco e hidratante. Já os Storytailors optaram por criar uma embalagem com um ambiente retro, com referência a tatuagens. Tendo-lhes calhado o sumo ananás/ côco jogaram com a palavra inglesa pineaple e criaram uma pin-up , tal como aparecia em muitos produtos alimentares dos anos 50, indo assim também ao fundo das suas referências enquanto criadores. 023 – You Must

fashion

maria são miguel

A sensualidade de outros tempos também está presente na proposta de Bruno Baltazar, conhecido pelas suas criações românticas, muitas vezes ligadas às divas do cinema americano. Procurou dar ao sabor morango/maçã um apelo sensual, associando-o à imagem de Marilyn Monroe a cantar Diamonds are the girl’s best friend , criando para a embalagem uma gravitação de brilhantes facetados. Este aspecto de preciosidade também esteve na mente de Miguel Vieira, que tinha que trabalhar o sabor manga/ laranja. Sem grandes referências ao conteúdo do pacote, Miguel Vieira preferiu reproduzir num fundo branco uma das suas jóias em ouro branco e onde o característico logo do criador do Porto se evidencia. Pacotes para verdadeiros fãs da moda.

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www compal pt


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F— ricardo gomes jonathan moron {just models} — M— joana hamrol {dxl models} Make-up sara menitra Hair flávio passos {facto lab}

rare prints t

cláudia gavinho

Foram concebidos durante a Segunda Guerra Mundial para os pilotos da Força Aérea nos EUA mas, actualmente, os óculos Ray-Ban são imprescindíveis em qualquer guarda-roupa. Modelos lendários, como os Wayfarer e os Clubmaster, que já conhecíamos com cores vivas e exuberantes, chegam-nos agora com pinturas raras —Rare Prints— gravadas no interior ou no exterior das armações. O modelo Wayfarer surge com um estampado floral, disponível em várias cores, ou com um estampado do mapa do metropolitano de Nova Iorque. O modelo Clubma ster aparece com riscas coloridas, criando um estilo que combina o revivalismo da década de 50 do século XX, com uma imagem forte dos dias de hoje. Para ambos os modelos, há ainda um estampado “Ray-Ban mania” que decora, de forma nova e divertida, os clássicos modelos da marca, destacando-os no meio da multidão e tornando-os absolutamente únicos.

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www ray-ban com

024 – You Must


uslu airlines t

maria são miguel

O ambiente disco da Saturday Night Fever está de volta, até porque para curar a ressaca económica a palavra de ordem é Party e se for com uma maquilhagem vistosa, melhor! Quem o diz é Feride Uslu, uma maquilhadora que domina os grandes eventos nocturnos de Berlim e que agora promete aplicar as suas capacidades criativas na costumização de sneakers, numa colaboração proposta pela Reebok. De origem turca, viveu em Madrid e em Nova Iorque, estando a sua arte dos pincéis regularmente em foco em várias revistas de moda. Contudo, foi a sua imagem e a constante presença na noite que a ajudaram a tornar-se uma figura pública e a lançar uma linha própria de cosmética, a Uslu Airlines. A assinatura da sua marca aparece ao lado da Reebok, tanto no modelo Bal , que faz lembrar uma bola de espelhos, como num outro pack anterior, que se destacava pelo seu padrão florescente. São dois modelos diferentes, mas ambos para atmosferas feéricas e que nascem da mesma base: um Reebok Retro Pop Mid . Se o brilho dos espelhos do Bal não chegar para expressar a tua personalidade exuberante, este pack feminino traz ainda um outro argumento, um frasco de verniz da Uslu Airlines, com uma cor fiel à tendência Disco Party.

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www reebok com

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www ferideuslu com

025 – You Must

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margarida brito paes

O 201 é um dos modelos mais antigos da Levis e aparece como uma das peças chave nesta colecção Fall10. Seguindo a filosofia da marca, Product with Roots, estas calças distinguem‑se facilmente dos outros modelos da Levis por não serem um clássico “5 pockets”, por apenas terem um bolso traseiro, como era habitual nas calças da classe trabalhadora americana, que optava no labor oficinal pela resistência do denim. As 201 que aparecem nas primeiras colecções da Levis foram agora modernizadas, ajustadas na perna, mas mantém um gancho amplo que fazem com que se conserve bastante folgado em torno das ancas. Perfeitas para conseguir um look vintage, relaxado e onde nem faltam as habituais virolas ao fundo, adaptando as calças ao tamanho de perna pretendido. Um perfil para se manter simples e descontraído.

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www levis com


sapato de vel a t

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maria são miguel

flash

maria são miguel

Para brilhar nesta estação, a Furla apresenta-lhe a colecção Flash , com malas feitas totalmente de borracha que nos fazem lembrar o experimentalismo dos anos 60, nomeadamente as criações de Courrèges. Em cores primárias: amarelo, laranja e vermelho, podemos reviver o futurismo utópico neste bem sucedido modelo da marca italiana.

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www furla com

026 – You Must

Alternativa aos modelos de lona, os sapatos vela tem-se imposto como uma das tendências mais importantes nesta estação, prevendo‑se que continuem em alta nos próximos anos. A acompanhar esse interesse internacional, entra agora no mercado português a Sperry, a marca americana com maior tradição em calçado próprio para o deco de veleiros. O seu modelo mais emblemático, oTop Sider, foi criado em 1935. Era já então, como hoje continua a ser, um género mocassim azul com sola de borracha branca. Contudo, a colecção da Sperry é muito mais vasta e a sua relação com o universo da moda dá os primeiros passos com reinterpretações desenvolvidas pelos criadores da Band of Outside, que introduziram os seus modelos na semana da moda de Nova Iorque. A conhecer modelos de camurça com solas cor de tijolo ou então um modelo com meio cano, um género de bota com as características de um sapato náutico.

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www sperry com

1 jiwon jahng 2 hampus bernhoff

not just a label t

ana canadas

Not Just A Label é uma plataforma de divulgação criada em Maio de 2009 para a promoção de novos designers de moda. Funciona como uma rede de auto-promoção, disponibilizando contactos e permitindo a venda das suas criações. Começou por ser um website, convertendo-se numa loja online, onde é possível adquirir peças únicas de designers de todo o mundo. Inicialmente, as peças da loja eram seleccionadas por curadores convidados, como Lady Gaga, Beth Dito, Amanda Lepore e Diane Pernet entre

outros. Mas à medida que foi crescendo, passou a permitir aos designers submeterem por email as suas peças para uma selecção mais abrangente e democrática. Fazer parte do projecto é simples: basta criar uma página no site, fazer o upload de imagens relativas a lookbooks, colecções, peças, preencher dados e submeter, eventualmente, trabalhos para a loja online.

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www notjustlabel com


Str awberry fields forever t

maria são miguel

Mia Jafari, recém-licenciada pelas prestigiadas St. Martins College e Goldsmiths, acaba de lançar uma colecção de lenços de seda no mínimo diferente. A colecção Ladybirds— Strawberry Cosmos distingue-se por uma estética uber kitch, muito urbana e divertida, que brinca com os padrões clássicos dos lenços de senhora. Uma explosão inesperada e psicadélica de cores, cupcakes , ferraduras, frascos de perfume vintage e caveiras… Um must‑have no guarda-roupa deste Verão!

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zizi

damasco

Depois de ter aparecido nas páginas da revista New York Times calçada com uns Zizi da Repetto, a actriz Charlotte Gainsbourg relembrou, mais tarde, que a sua preferência vem de uma tradição familiar, porque o pai, Serge Gainsbourg, não calçava outros. Segundo a actriz francesa, o pai tinha uns pés sensíveis, não gostava de andar a pé e nunca calçava botas, preferindo esse sapato em verniz branco ou preto. Com uma pele muito fina e uma sola muito flexível, os Zizi foram criados por uma marca francesa de sapatos de ballet, a Repetto. Originalmente concebida por Rose Repetto para a sua nora a bailarina, Zizi Jeanmaire, veio a ser popularizada por uma boémia Rive Gauche parisiense que escondia os seus cantores de charme entre nuvens de fumo dos seus clubs de Jazz. Daí que esse modelo também seja conhecido como sendo um sapato de Jazz.

Em Julho, início de temporada, chegam alguns dos mais apetecíveis acessórios do desfile de Outono Inverno da Louis Vuitton. Uma colecção marcada por um revivalismo dos anos 50, com amplas saias rodadas, a lembrar um look imposto por Chistian Dior na era Eisenhower, em pleno sonho americano. No que diz respeito às malas, a speddy foi provavelmente a maior constante entre os coordenados do desfile. Mas o realce vai para os tons metálicos do tecido adamascado que surge em grande parte dos modelos. Foi um dos pontos chaves para a construção de um look retro-chic, com um apontamento folk, magistralmente interpretado por Marc Jacobs.

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maria são miguel

margarida brito paes

www miajafari co uk

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www repetto com

027 – You Must

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www louisvuitton com


fashion bike t

margarida brito paes

Estão presentes em todos os sites e blogs de moda, são protagonistas dos editoriais mais cool das revistas. As bicicletas já são, oficialmente, um acessório de moda! Depois de marcas como a Fendi e Chanel, chegou a vez da Gant lançar o seu modelo de bicicleta. Desenhada por Christopher Bastien, o novo homem forte do life style americano, recentemente recrutado para fazer uma linha para a Gant, foi totalmente projectada e produzida pela marca. O guiador leve e os pneus de espessura fina dão a esta bicicleta um conforto único. Mas são os detalhes de couro cozido à mão e a caixa de ferramentas Brooks que a tornam tão especial. Cada exemplar desta edição limitada está numerado e tem gravado o emblema em metal e esmalte. Uma verdadeira relíquia, que está disponível em lojas Gant seleccionadas pelo valor de 685€.

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Sony NEX-3/ NEX-5 t

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miguel moreira

www gant com

As ultra compactas Sony Nex-3 e Nex 5 prometem revolucionar o mercado das máquinas digitais, ao tornar as imagens com qualidade DSLR acessíveis a todos. Esta é a mais pequena e mais leve máquina que permite alterar as lentes, através da aplicação de um dispositivo extra, com mais de 30 lentes diferentes. Também não tem flash, sendo necessário adaptá-lo, como acontecia nas antigas máquinas analógicas. É uma máquina que não tem mais de 25 mm de espessura e consegue imagens a 14 mega pixels, com o atractivo de conseguir produzir imagens 3D. Ao nível prático, é bastante versátil porque fácil de ser utilizada por um principiante da fotografia, conseguindo, no entanto, responder a um nível profissional em condições pouco vistas em máquinas compactas. Ou seja, ideal para que qualquer amador possa crescer com ela. Tudo excelentes razões para olhar com atenção para esta máquina, com um design retro, que estará no mercado a €500 e €600.

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www sony pt

028 – You Must

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sls amg

rui catalão {www.designmyride.blogspot.com}

Há automóveis que nos arrebatam a imaginação. Que nos dão vontade de andar depressa e compreender o extremo a que uma máquina de 4 rodas nos consegue levar. Após o lançamento do seu novíssimo modelo SLS AMG, a Mercedes atira‑nos com uma versão hard core, pronta para provocar arrepios em qualquer pista do mundo. O seu nome: SLS AMG GT3. Um automóvel pensado estritamente para corridas de longa distância e que explora a sua capacidade aerodinâmica com um visual purista e muito diferenciador. Este SLS AMG GT3 é uma homenagem digna ao mítico Mercedes 300 SL Gullwing de 1952, um verdadeiro

vencedor histórico da marca germânica. Nas linhas conseguimos sentir a sua presença através de pormenores, como a abertura de portas em estilo asas de gaivota, e na frente longa e afiada a sugerir uma ideia de agressividade, ideal para devorar o vento. Animado por um motor de AMG V8 de 6.3 litros, muito semelhante à versão de série, este SLS AMG GT3 consegue levar o seu "piloto" a atingir a marca dos 300 km/h. Uma velocidade condizente com esta obra de arte carregada de fibra de carbono e apêndices aerodinâmicos e que faz sonhar o espírito competitivo que existe em nós. Basta esperar pelo Outono para fazer a encomenda.

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www mercedes-benz pt


peles exigentes t

cláudia gavinho

Neste Verão, as fragrâncias feminina e masculina da Burberry surgem re-interpretadas e, por isso, mais leves e frescas. À semelhança das colecções de Christopher Bailey, estas águas-de-colónia assumem um estilo clássico com um toque de elegância descontraída.

Super Écran Solaire Visage SPF 50+, Sisley, 114€

Burberry Summer for Women, Eau

u ltr a volume, u ltr a brilho

de toilette spray, 100 ml, 56€ Burberry Summer for Men, Eau de toilette spray, 100 ml, 46€

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alta protecç ão t

cláudia gavinho

Mais do que oferecer alta-protecção, a nova geração de solares da Lancaster tem uma função anti‑idade. Sun Age Control protege a pele contra os danos causados pelos raios UVA e UVB ao estimular a reparação do ADN, atrasando o envelhecimento como um verdadeiro produto de cuidado anti-idade. A pele fica protegida graças a uma combinação de filtros foto-estáveis e a um complexo anti-oxidante exclusivo, que bloqueia até 95% dos radicais livres. Esta nova 029 – You Must

cláudia gavinho

A Sisley lançou um novo ecrã solar, que alia protecção a uma hidratação optimizada. Ideal para condições extremas (sol dos trópicos, neve ou montanha), para fototipos muito claros, zonas do corpo extremamente sensíveis ou intolerantes ao sol ou, simplesmente, para as primeiras exposições a um sol intenso. A protecção solar UVA e UVB reforça as defesas naturais da pele contra os radicais livres. A manteiga de karité, o extracto de pepino e os óleos essenciais acalmam, protegem e regeneram a pele. A linha solar inclui ainda produtos específicos para o rosto e corpo.

summer fragance t

tecnologia protege e repara os danos provocados pelo sol, preservando o capital de juventude da pele. A linha, composta por seis produtos, inclui solares com SPF 15 e 30, bálsamo para olhos e lábios, creme reparador après soleil e tratamento para peles maduras com SPF 30 e 50.

cláudia gavinho

Inspirada nos backstages dos desfiles de John Galliano para a Dior, a nova linha Addict Ultra-Gloss vai mais longe e reinventa-se, conciliando os extremos com audácia: brilho espectacular, volume oversize e uma paleta de cores envolvidas num voile de uma suavidade incomparável. Tyen, o Diretor Criativo de maquilhagem da marca, volta a reinventar uma colecção de 18 tons couture, reforçada com três efeitos: glow, pearl e flash. O resultado é uma gradação em vários tons (nude, rosa, framboesa, pêssego, bronze, ameixa) frescos, audaciosos e ultra‑vibrantes. Três acabamentos e dezoito cores diferentes garantem um conforto absoluto e um brilho espectacular de longa duração.

Sun Age Control SPF 30, Lancaster, 54,33€

Dior Addict Ultra-Gloss, Dior, 26€


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1 Vans 2 Nike Sportswear 3 Ray-Ban 4 Louis Vuitton 5 Reebook 6 Nike Sportswear 7 Fred Perry 8 Adidas Originals 9 Lacoste 1 0 Cohibas 1 1 Reebok modelo Brasil 1 2 Havaianas

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031 – Shopping


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c d sou n dsyste m e assim acontece...

De entre as centenas de bandas que vêm aos festivais de Verão, os LCD Soundsystem são uma das que vale realmente a pena ver. Não só porque o novo álbum This Is Happening é uma reflexão sobre o presente como também pelo já anunciado fim da banda, algures no tempo.

É impressionante como uma música que faz da citação uma ferramenta de trabalho pode soar tão personalizada. Quanto aos LCD Soundsystem, o objectivo já era a reflexão mas o de um presente em que as bandas hipster pop se serviam da década de 80 para criar. James Murphy, o patrão da DFA, tem certamente a discografia completa dos Talking Heads e dos New Order em vinil, até pela sua faceta de DJ, mas os LCD Soundsystem sempre foram mais do que isso. Do krautrock à cena disco nova-iorquina, sempre tiveram na ideia produzir canções de dança com cabeça. A brincadeira primordial tornou‑se mais séria e o que seria um colectivo sem pressões tornou-se num dos principais responsáveis pela crença na frescura que a música ainda pode transmitir, ao contrário do que muitos dos que Murphy observava sugeriam. A seriedade com que se passaram a levar obrigou This Is Happening"a ser anunciado como o epitáfio, numa discografia curta –apenas três álbuns– mas em que cada momento foi representativo de um tempo.

032 – Soundstation

A visita ao Optimus Alive! 2010, em que vão actuar na derradeira noite de 10 de Julho, reveste-se de capital importância sobretudo se tida em conta a possibilidade de se poderem finar enquanto banda, entretanto. Uma das razões pelas quais os LCD não vão poder lançar mais achas para o futuro poderá explicar-se pela transição para a década de 90 que os anos 10 se estão a encarregar de reproduzir. Não é essa a praia de Murphy, ainda que classificar o trabalho de um homem que é responsável por ter posto no mapa The Rapture, The Juan Maclean, Hot Chip, Hercules & Love Affair, Yacht ou Holy Ghost como meramente derivativo mereça punição severa. Para além dos LCD Soundsystem, quantos foram aqueles que nos fizeram acreditar que nem tudo foi inventado? Muito poucos. E mais do que ditarem tendências, ainda foram capazes de reflectir sobre o presente, não só da música propriamente dita como também da sua capacidade de ser uma bússola de comportamentos sociais. O single de apresentação do novo álbum, Drunk Girls, é a prova se dúvidas ainda restassem.

T his Is Happening é a síntese perfeita de uma década, tal como California, dos Mr. Bungle, reflectiu a ideia de caos nos anos 90. Por isso, podemos usá-lo para uma temporada de festivais em que há características que sobressaem: a aposta inteligente da maioria dos promotores em alguns dos mais importantes e interessantes produtores de música electrónica; a recuperação da década de 90 à boleia de Pearl Jam, Alice In Chains, Faith No More, Deftones ou Skunk Anansi, no Optimus Alive! 2010; a pop sintetizada no Super Bock Super Rock, quer com os clássicos Pet Shop Boys, quer com os contemporâneos Empire of The Sun e Cut Copy.

Esses são cada vez menos, pelo que os festivais se obrigam a viver essencialmente de conceitos. O Optimus Alive! 2010 –provavelmente aquele que tem um alinhamento mais completo e estimulante– é como se oscilasse entre o novo revivalismo da década de 90 e o desfile de alguns dos fenómenos indie mais aguardados como XX, La Roux ou Florence & The Machine. Voltando à casa de partida, é no meio de muita gente com inspiração que os LCD Soundsystem vão infiltrar o disco.

Aparte o já terminado Rock In Rio e em tempo de férias dos festivais –a excepção é o Ericeira Surf Fest– motivadas pela paragem cerebral a que o Mundial de Futebol praticamente obriga, há mais talento em bruto no horizonte do que nomes capazes de arrastar milhares e milhares de espectadores.

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davide pinheiro


james murphy

033 – lcd soundsystem


h i lfi g er den i m li v e uma noite no paraíso

A antiga igreja transformada em club foi local de peregrinação para os amantes do indie-rock e do electro, numa noite em que moda e a música dançaram lado a lado na festa Hilfiger Denim Live.

No passado mês de Maio, a Parq esteve em Amesterdão, no Club Paradiso, para assistir à festa organizada pelo designer de moda Tommy Hilfiger. O evento voltou a marcar presença na cidade, numa festa que fundiu de forma única a música e a moda, o rock e as batidas electrónicas, através de performances excepcionais de artistas americanos como Matt & Kim, The Drums, Major Lazer ou French Horn Rebellion e holandeses como os Kraak & Smaak, Le Le, Parra Soundsystem ou Dj Arnold.

Desde cedo inspirado pelo rock, o designer norte-americano tem apostado, em particular na sua linha Hilfiger Denim, nesta fórmula vencedora, associando talentos da cena indie-rock às suas campanhas publicitárias e oferecendo-lhes lugar de destaque nestes eventos. Foi o que aconteceu com a dupla dance-punk Matt & Kim, cabeças de cartaz da edição deste ano e protagonistas da campanha Primavera/Verão 2010 da marca.

034 – Soundstation

A noite, marcada por vários momentos altos, contagiou os três pisos desta antiga igreja, palmilhada por centenas de pessoas, empenhando roupagens trendy e looks aprumados, em perfeita sintonia com o estilo de vida rocker. Deixámo-nos levar pelo batimento cardíaco da festa em ebulição.

O espectáculo ainda agora estava a começar e explodiu-nos na cara com a entrada de The Drums, a “nova banda mais cool de Nova Iorque”, segundo a revista NME. O quarteto, conhecido pelos seus concertos de energia contagiante, rapidamente conquistou o público em euforia com a sua sonoridade surf-pop e indierock anos 60, em temas como Let´s Go Surfing, Best Friend ou Forever and Ever, Amen. Destaque especial para as coreografias teatrais de Jonathan Pierce e Jacob Graham, curiosamente reminiscentes de António Variações, que fizeram soltar os dançarinos mais tímidos.

Com uma sala no limite das suas capacidades, foi a vez da banda por quem todos estavam à espera, o duo revelação Matt & Kim, que voltou a arrastar a assistência até ao estado de insanidade, numa performance grandiosa. Kimberly Schifino, poderosa na sua bateria, apresentou-se com uma expressão plena de felicidade, com um sorriso epidémico que não passou despercebido. Matt Johnson, nas teclas e voz, saltou, trepou colunas, agarrou o público arrebatado numa hora de concerto suado, com os temas do mais recente álbum Grand, Lessons Learned e Daylight, a serem cantados de peito aberto. Um live emotivo e memorável, com direito a stage diving, com Kim a sobrevoar a sala em braços, e um fecho apoteótico, ao som de Final Countdown dos Europe.

Sem tempo para recuperar o fôlego, passámos do punk ao afro-beat, com os Major Lazer e a suas batidas electrónicas a mostrarem as garras de animal feroz. DJ Diplo fez-se acompanhar pelo artista reggae jamaicano Vybz Kartel e duas bailarinas implacáveis nas suas coreografias, que cantaram e dançaram num ritmo visceral de fusão ska, dubstep, hip-hop e pop. Com as notas a surgirem em jeito de armada, o produtor levou um público rendido ao transe, num espectáculo de alta tensão a rondar a demência, com crocodilos insufláveis a saltar de mão em mão, um dançarino vestido de cão de peluche, samples de Ace of Base e uma massa humana a terminar em peso em cima do palco.

Saldo positivo para esta noite de êxtase, que contou ainda com apresentações de nomes como French Horn Rebellion, Le Le, Javelin, Parra Soundsystem ou o trio de veteranos Kraak & Smaak, num set de DJing inspirado no electro funk e disco, que deu tréguas às batalhas campais que aconteciam no andar de cima. A Hilfiger Denim Live vai estar, ainda este ano, em Itália, Alemanha e Dinamarca e promete continuar a ser, sem sombra de dúvida, um evento a não perder.

t pedro lima {www.stereobeatbox.com}


matt&kim

035 – hilfiger denim live


s ha ron jon e s rainha da soul

Sharon Jones esteve em 2005 em Portugal para um dos mais incríveis concertos que a memória alinhada com o groove guarda. Regressa agora para o Super Bock Super Rock, com um novo e incrível álbum na bagagem: I Learned The Hard Way.

Quem esteve presente no Santiago Alquimista a 11 de Julho de 2005 guarda certamente na memória um dos melhores concertos a que se assistiu em Portugal nesta década. E não há uma grama de exagero nesta frase: Sharon Jones e os fiéis Dap Kings trouxeram, nesse dia, a boa nova até aos devotos seguidores do groove e deram uma lição inesquecível de soul e funk, arrasadora de tão intensa, apaixonante de tão sensual. Sharon Jones, percebeu-se aí, era a filha que James Brown nunca tinha tido, a herdeira do espírito de Vicky Anderson, Marva Whitney ou Lyn Collins. Sharon Jones, mais até do que tudo isso, era o próprio espírito americano –cantou na igreja em criança, fez funk e disco sem sucesso nos anos 70, foi guarda prisional na notória Ryker’s Island até que, nos anos 90, ajudou Philip Lehman e Gabriel Roth a navegarem contra a corrente oferecendo a voz a uma série de singles de vinil que não passavam de exercícios de fantasia de quem achava que a soul e o funk não precisavam de ficar encerrados no passado. Agora, uma dúzia de anos depois, Sharon Jones edita com os Dap Kings a sua primeira obra-prima– I Learned The Hard Way, o seu quarto álbum ou a verdade feita música.

036 – Soundstation

De certa maneira, pode pensar‑se que Gabriel Roth e a sua Daptone –a editora que criou depois de desfazer a parceria que tinha com Philip Lehman na Desco Records– passaram a maior parte desta década a tentar encontrar um som. O arranque da Daptone coincidiu igualmente com a edição do primeiro álbum de Sharon Jones & The Dap Kings –Dap Dippin’ With (2002)– e logo aí se percebeu que o rigor estético professado por Roth se traduzia num certo fundamentalismo tecnológico: gravadores de fita, processadores analógicos, nada de computadores. Na verdade, esse voltar de costas às possibilidades tecnológicas da era pró-tools estava simplesmente ligado à procura de uma certa verdade sonora, tentando encontrar no grão e no calor da fita magnética o carácter que sempre foi claro nas velhas gravações, com que Willie Mitchell surpreendia o mundo nos anos 60, a partir das espiras dos seus lançamentos na Hi Records, incluindo os discos de um tal Al Green. Essa demanda da verdade marcou praticamente todo o catálogo da Daptone e sobretudo os álbuns da ponta‑de‑lança da casa, Sharon Jones: além da já citada estreia de 2002, Naturally (de 2005, o álbum que veio na altura promover a Portugal) e 100 Days, 100 Nights (de 2007). Na verdade, essa investigação da autenticidade do groove e da arquitectura clássica do som foi o que conduziu Mark

Ronson até Gabriel Roth e ao seu estúdio de Brooklyn. Do encontro, Ronson trouxe seis canções para a jovem cantora que se encontrava então a produzir: Rehab e You Know I’m No Good são dois dos temas do segundo álbum de Amy Winehouse – Back to Black – que incluem a mestria instrumental dos Dap Kings. O sucesso massivo de Amy Winehouse deixou claro que a arquitectura clássica da Daptone poderia produzir efeitos tremendos se combinada com as canções certas. Gabriel Roth, de facto, aprendeu da maneira mais difícil –judeu apaixonado por música negra, a escrever canções para formações de gospel, a tocar em igrejas baptistas, a reinventar o seu mundo, apresenta agora a sua obra-prima.

I Learned The Hard Way vai ser um

dos factos mais importantes de 2010. Um álbum desmedido onde Roth, os Kings e Jones encontram, finalmente, o equilíbrio perfeito entre a forma e o conteúdo, entre a arquitectura e o design interior das canções, com as palavras e as melodias certas para elevarem aquele groove até aos céus. Esta é a verdade. De The Game Gets Old a Mama Don’t Like My Man, Roth consegue a proeza de equilibrar sofisticação e alma, com arranjos complexos mas transparentes e carregados de luz, pensados exclusivamente para fazer a canção brilhar e a voz de Sharon Jones

encaixar-se nela como uma luva. Há cordas, há espaço, atmosfera e canções absolutamente tocantes: Better Things, Money, She Ain’t a Child No More… Na verdade, esta enumeração é escusada, porque o álbum não possui uma falha. Todas as canções merecem estar neste alinhamento. Todas as canções têm mesmo que estar aqui. Sob pena de afectar um delicado equilíbrio. Claro que Roth mantém os ouvidos colados aos clássicos –os Impressions de Curtis Mayfield, os Delfonics, a Motown e a Hi, os Four Tops, os Isley Brothers… –mas Sharon canta como nunca, com alma na garganta e coração nas mãos. E o material que tem disponível –as palavras e as melodias– são do tamanho das maiores pérolas que a soul nos foi dando. Ainda há espaço para a perfeição! E todos a poderão testemunhar no próximo dia 18 de Julho, no Super Bock Super Rock.

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rui miguel abreu


037 – sharon jones


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042 – viewpoint


Mr.Dheo esteve sempre ligado à Arte. Aos três anos de idade começou a copiar frases de jornais e revistas e a desenhar sozinho. Sem frequentar qualquer curso de arte, como autodidacta, o seu primeiro contacto com o graffiti surgiu aos quinze anos e rapidamente os seus desenhos transformaram‑se em inúmeros estudos de letras. Hoje –depois de dez anos de trabalho contínuo– Mr.Dheo colabora com conhecidas marcas e empresas internacionais apesar de eleger a rua como o local perfeito para criar. Versátil, dedica-se sobretudo a produções foto realistas que, conjugadas com componentes gráficas, lhe conferem um estilo próprio em constante crescimento e desenvolvimento.

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www mrdheo com

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044 – Central Parq | Grande Entrevista


A partir da Europália, em 1994, Pedro Cabrita Reis soube aproveitar essa primeira presença internacional para solidificar uma teia de relações que o levariam até à Bienal de Veneza. Actualmente, é raro expor em Portugal e tornou-se uma figura ausente da vida social e cultural lisboeta. Na véspera da inauguração de um projecto simultâneo em duas galerias de Lisboa, fomos encontrálo junto à varanda da galeria Caroline Pagès, um local que qualifica de origem já que viveu toda a sua infância e adolescência naquele espaço. Foi numa dessas salas que pintou as primeiras telas. Como foi ali também que, uns anos antes, gravitava o seu centro das brincadeiras com os miúdos dos prédios traseiros. 045 – pedro cabrita reis

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francisco vaz fernandes

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javier domenech


Galeria Caroline Pagès Rua Tenente Ferreira Durão, 12-1°Dto, Lisboa www.carolinepages.com

Há muito tempo que não expunhas em Lisboa, pelo menos num espaço comercial. Tem sido uma vontade deliberada ou apenas uma contingência? Como todas as coisas boas da vida, acabou por acontecer por acaso. Não conhecia a Caroline e bati a porta porque queria ver a minha antiga casa. Apresentámo-nos e da conversa e da circunstância de estar numa espaço que me trazia tantas memórias, achei que deveria fazer um projecto na galeria. Nasceu então a ideia de fazer qualquer coisa a propósito desta revisitação do lugar. O projecto acabou por se alargar, tinha andado há algum tempo a fazer um inventário das imagens da minha vida e chegámos à conclusão que era necessário alastrá-lo ao vizinho mais próximo, a galeria Miguel Nabinho. O tema da memória é um tema recorrente na tua obra. Andavas a procura deste local para uma exposição cujos contornos estavam já definidos? Não propriamente. Tinha, de facto, a ideia de desenvolver a revisitação de um local de origem, mas estava a pensá-lo mais ao nível dos objectos, como aqueles restos que ficam nas casas: tachos, panelas pratos... Neste caso particular, achei que o mais interessante seria cingir o projecto, quer no Miguel quer na Caroline, ao suporte plano, a algo mais mental. No caso da galeria do Miguel, a proposta é um inventário excessivo e obsessivo de imagens. Na Caroline, há um trabalho sobre a própria planta da casa. Ambos estão ligados a uma das fontes mais evidentes do entendimento do meu trabalho, que é uma aproximação à memória, esta nunca entendida como exercício de nostalgia, mais sim como exercício de identificação. É uma memória que se projecta para

a frente, que perscruta o caminho e é esse caminhar que te vai dar o teu lugar no mundo. De certa forma, a história é mais correcta pelo que não se escreve nas obras dos artistas, dado que ela identifica a humanidade que eles representam, pois há tudo aquilo que é o resto, ou seja a guerra, os efeitos políticos, os incidentes religiosos, etc. Voltando ao exercício de memória, qual a lembranças mais forte que este espaço onde viveste te desperta? São memórias difusas e fragmentadas, como sempre a memória o é. Estamos aqui nesta sala que hoje é o escritório da Caroline e estamos a olhar para essa varanda corrida e lembro‑me perfeitamente que ali era o palco de brincadeiras sem fim, de cowboys e índios, com dois amigos que viviam nos prédios traseiros. Cavalgámos muita pradaria nesta varanda! Foi o lugar de um círculo infinito de sonhos e de brincadeiras de criança. Aqui, fiz o meu primeiro carro de rolamentos, experimentado no Jardim da Estrela. Construi também aqui um trenó…

Quando fazias esses trabalhos oficinais, já te imaginavas um artista? Nessa altura ainda não. Mas nesta mesma casa, numa das salas da frente, montei um pequeno ateliê onde pintava. Lembro-me perfeitamente do cheiro a tintas quando chegava a casa depois do liceu.

046 – Central Parq | Grande Entrevista

Que idade tinhas? Catorze, quinze anos. Os meus primeiros quadros pintados a óleo são de 1961. Ao contrário do que parece ser costume, eu nunca tive qualquer oposição dos meus pais em relação às minhas aspirações de vir a ser artista e de frequentar um curso de Belas Artes. Não cheguei a terminar o 7º ano do liceu da altura e candidatei-me a Belas Artes porque na altura ainda era possível fazê-lo, com o 5º ano, fazendo a admissão com a prova de Desenho. As memórias desta casa são de coisas que já não existem. Lembro-me de descer a rua, de ir comprar batatas ou cenouras ao senhor José, que ainda vinha com uma carroça. Recordo-me de virem a casa trazer o leite. Por isso, são também memórias de um Portugal que se desvaneceu muito rapidamente e ainda bem.

Ao artista é dado o mundo inteiro para trabalhar, não há constrangimento geográficos não há limites dos meios, tudo pode ser representado tudo pode ser objecto de análise, tudo pode ser objecto de uma obra de arte, desde as coisas mais hediondas até as coisas mais doces e delicadas

Os trabalhos que tens na galeria M iguel Na bi nho baseiam-se em retratos fotográficos teus. As anotações, o carácter de diário, tudo isso parece configurar uma espécie de experiência voyeurista. Concordas? Eu imagino que sim, que possa também encantar por esse lado. A mim interessa-me ver esta obra como uma obliteração do sujeito pelo excesso de representação desse mesmo sujeito. A dada altura, tens tanta informação sobre esse sujeito que se torna impossível descortinar para lá dessa espécie de muro de imagens que aparentemente são oferecidas. No final, fica a pergunta: quem é essa pessoa? Haverá mesmo quem entenda isso como uma forma perversa de criar ainda mais ocultação do que propriamente revelação sobre o sujeito do trabalho. A ocultação tem um propósito, em última análise é o que a arte tem como objectivo. A arte não clarifica, não esclarece, antes pelo contrário, introduz-nos num território sombrio das perguntas e incertezas. Esse é o único território que é potencialmente enriquecedor, é o território que nos leva a origem, ao princípio. O território da clarificação não te dá isso. Esta espécie de escuridão dada por um excesso de informação, ainda assim, leva-te a essa necessidade do princípio.


Galeria Miguel Nabinho Rua Tenente Ferreira Durão, 18B, Lisboa www.miguelnabinho.com

De qualquer forma, este trabalho também se relaciona com um outro tema recorrente que é o auto-retrato. Aliás, é curioso que num dos painéis, relativo a um determinado ano, entre outras coisas, apareça documentado todo o processo que está na base da série de retratos os cegos… Exactamente. Mostra como foram feitos, se bem que não era que não se percebesse. Pode inscrever‑se numa fracção do meu processo criativo, que tem a ver com as questões da representação. Neste caso, levando as coisas mais longe, usando apenas trabalhos feitos por outros. Se os cegos eram feitos por mim, a partir de imagens que outros de mim fizeram, neste caso há uma erosão à erosão do autor, que é apenas o representado feito por outrem. Fica no ar se deveríamos incluir isto na categoria de auto‑retratos. Aqui, já não eram auto-retratos, mas representações a partir de fotografia e tanto o eram que, inclusivamente, eram representações com os olhos fechados, o que contraria, de imediato, o protocolo do auto‑retrato. Acontece-me fotografar-me frequentemente. Fotografo-me nos hotéis, nas casas de banho a partir de espelhos, mas a maior parte das fotografias que aparece neste trabalho pertence a outros. A pergunta é: continuamos a falar de auto retratos? De representação?

047 – pedro cabrita reis

Independentemente desta questão, é evidente a tua presença física. Ela integra em geral a tua obra, é um elemento presente e circunstancial no teu espaço vital. Eu colocaria a pergunta desta forma: como vês esta questão de artistas da tua geração terem uma opção oposta à tua, a de um certo apagamento da marca autoral e dos resquícios do gesto artístico, enquanto tu continuas a cultivar essa marca autoral dentro de uma tradição humanista? São posições antagónicas. Uma baseia-se numa tradição pós‑duchampiana e eu estou numa posição claramente retiniana e aurática. Considero que continua a ser um conceito produtivo e sê-lo-á sempre. Trata-se de um entendimento da aura como inerente ao processo da criação artística, o que implica a unicidade e a individualidade autoral. Não concebo que uma obra de arte possa ser feita em conjunto, a não ser por questões de interesse económico, como acontece com o casal Kabakov. Mas a par destes pequenos cinismos e maldades da vida real, de facto, uma obra é individual, portadora de aura e propõe-se, única e exclusivamente, substituir o mundo. É o mundo inteiro em cada objecto. Eu coloco-me neste território, que é um território demiúrgico, numa perspectiva clássica que vai de Picasso para trás. Recuso a perspectiva de Beuys.

É curioso que tenhas que falado em Picasso porque no alinhamento das minhas perguntas tinha preparado uma para explorar a tua relação com a figura de Picasso. É que encontro alguns traços de personalidade comuns… Para mim, ele é o último grande pintor do Século XIX, assim como e Barnett Newman e Ad Reinhardt partilham a qualidade de serem os primeiros grandes pintores do Século XX e é desse universo que eu parto. É um universo que já vem de Manet, Goya e Velásquez, só para nomear alguns. Encontro‑me, vejo-me e revejo-me e aprendo nessa linha de tradição. Mas aquele culto de génio em Picasso aparece muitas vezes envolto. Não é um traço que também cultivas? Picasso cultivava a sua própria vida, que é o que eu faço no dia-a-dia. O que há é que porque o faz de uma forma tão autoral, tão própria e por ser tão desabridamente afirmativo e por se estar nas tintas para os cânones que poderiam criar constrangimentos ao seu comportamento, Picasso acabou por se reduzir a um case study, objecto de interesse analítico literário e mediático fora do comum e que, a meu ver, nada lhe acrescentou. Temos que deixar passar uns anos e limpar uma quantidade de lixo que se escreveu em torno dele e da sua obra para voltar a recolocar Picasso no lugar devido. Ultimamente, tens-te referido a ti próprio como pintor. Mas, para além da tua obra inicial, o que vimos foram essencialmente esculturas, mais tarde instalações, que um dia passaram a ter uma relação com a arquitectura. Só em 1997, na Bienal de Veneza, vimos umas peças que tinham umas portas de vidro que eram pintadas, estendendo essa relação da escultura à arquitectura e da arquitectura à pintura… Todas estas componentes foram entrando no meu trabalho em tempos diferentes, com pertinências também diferentes e foram sempre, a meu ver, observadas e vividas a partir do ponto de vista do pensamento da pintura. Hás-de reparar que muitos dos meus objectos tridimencionais são esculturas de parede, mas que continuam a debater questões da pintura. Posso dizer-te, a título meramente de referência, que todas aquelas séries com vidro pintados por trás retomam questões que, aparentemente, não estão ou jamais estarão resolvidas dentro da pintura, que são os problemas da abstracção e da representação. Ao fazeres as pinturas em vidros e ao transformá-los praticamente em espelhos, introduzes a representação do que é exterior através de “reflexo”. E contudo, são pinturas abstractas monocromáticas. São aliás objectos a que as molduras dão uma dimensão escultural. Acabas

por ter ali um objecto que reúne em si todas estas questões que podem ser encaradas como expressão ou contaminação, indo da pintura para a escultura e vice-versa. Nunca me preocupei com as questões das transgressões da interdisciplinariedade. Tudo que me é dado a fazer faço, com os modos e os meios que encontro no momento. Desde a precariedade das coisas que encontro no chão até ao desígnio de um trabalho planificado, entregue a uma empresa para o realizar. Não encontro diferença ética ou de juízo entre uma e outra circunstância ou qualquer outra. Ao artista é dado o mundo inteiro para trabalhar. Não há constrangimento geográficos não há limites dos meios, tudo pode ser representado, tudo pode ser objecto de análise, tudo pode ser objecto de uma obra de arte, desde as coisas mais hediondas até às coisas mais doces e delicadas. O artista tem um pacto com o mundo que é nunca adormecer e ao ter a sua curiosidade e os olhos bem abertos, tem que ver tudo. Tudo inclui o horror e a paz, da tragédia à beleza. A única coisa que tem que fazer é transformar isso numa projecção do mundo. Neste particular, tudo é legitimamente meu. Voltava ao Picasso, quando ele dizia: não procuro, encontro e roubo tudo o que vejo. Todas estas questões têm uma ligação for te com a ideia de construção e do construtor, que tem também a ver com a tua formação ideológica e, mais uma vez, com uma raiz humanista? A ideia da massa humana e a beleza do trabalho são temas que cultivo. Tenho uma inclinação para uma estética que se liga ao mundo do trabalho e da produção e dos valores que supostamente cimentariam uma ideologia para transformar o mundo dado pela massa. Interessa-me mais isto do que qualquer outro dispositivo ideológico.

Nunca foste maoísta no teu tempo de estudante, em pleno 25 de Abril de 74? Começo implicado na política ainda antes do 25 de Abril, quando ainda era estudante do liceu. Gravito em organizações marxistas leninistas, que se viriam a fundir no que ficou conhecido como UDP. Por essa altura, por volta de 77, abandonei qualquer actividade política organizada por ter concluído que o que poderia dar ou fazer para mudar o mundo faria melhor através do meus trabalho, pintando, do que passando dias a fio a colar cartazes e em reuniões.


Num sétimo andar de Champs Elysées, com uma vista fantástica sobre Paris, a Louis Vuitton tem um centro de arte dedicado à Arte Contemporânea, com um programa de curadoria a partir do conceito de viagem e que tem acolhido artistas de todo o mundo. Situado no sétimo andar de um edifício Art Déco, em Champs Elysées, o Espace Culturel da Louis Vuitton tem desde Janeiro de 2006 uma programação regular, centrada na promoção de Arte Contemporânea. Com 400 m2, este espaço de exposição merece ser visitado nem que seja pela vista panorâmica. Fica acima da loja da Louis Vuitton, em Champs Elysées, mas o acesso faz-se pelas traseiras, pela rue de Bassano, subindo-se ao último andar do edifício a partir de um elevador criado por Olafur Eliasson, provavelmente o artista convidado do Espace Cultural mais mediático até ao momento. Este artista dinamarquês, que trabalha regularmente com iluminação, fazendo alusão à experiência psicadélica das luzes de discoteca, estendeu a seu projecto às montras da loja, criando formas circulares em luzes de néon que dificilmente passariam despercebidas. Em geral, a programação do Espace Culturel da Louis Vuitton procura reflectir os valores da marca e o conceito de viagem, propondo essencialmente projectos colectivos temáticos, alguns deles, centrados em artistas ocidentais consagrados. Contudo, o projecto mostra-se bastante plural, como não poderia deixar de ser quando se explora a ideia de viagem. Nesse sentido, a programação tem sabido inserir artistas de outras partes do mundo, muitos deles a estrearse a expor em Paris e até mesmo na Europa. São artistas que

não chegam por uma qualquer associação exótica, mas por se inserirem dentro de uma lógica de Arte Contemporânea, ainda que explorem nos seus trabalhos as suas tradições e as questões de identidade, em resposta à pressão de um mundo homogéneo e global. É essa tensão entre modernidade e tradição que muitas vezes está implícita nas obras destes artistas e que foi particularmente visível na primeira exposição do Espace Culturel, que juntou artistas indianos e europeus com conhecimento da Índia. A escolha de uma exposição sobre a índia para inaugurar o espaço não foi ao acaso, já que a Louis Vuitton tem uma longa relação histórica com este país, graças às encomendas de artigos de viagem feitas por marajás. Esta lógica de aliança com locais onde a marca está presente e desenvolve laços comerciais já levou também a Paris exposições de artistas russos e uma de coreanos. Também no que respeita a artistas do Oriente, o histórico trajecto da Rota da Seda foi o propósito para juntar no mesmo espaço chineses, japoneses, afegãos, iranianos e libaneses. Recentemente, surgiu uma abordagem ao Chile, numa exposição que reuniu 11 jovens artistas de uma geração que procura libertar-se do isolamento traumático do regime Pinochet e alcançar o mundo contemporâneo. As relações da Louis Vuitton com a Arte Contemporânea não são recentes. Há alguns anos que vamos acompanhando a edição regular de séries especiais

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dos seus produtos em parcerias com artistas. A mais conhecida aconteceu em 2003, com mediático Takashi Murakami a criar um padrão jovial de flores que se misturavam com os monogramas clássicos da casa francesa, ganhando assim um ar lúdico. A relação da marca com a Arte Contemporânea é óbvia porque na prática traduz-se na aproximação ao seu melhor tipo de público-alvo: culto, informado, ávido de novidades e pronto para receber e se adaptar a novas ideias que tenham um lugar de destaque no mundo. Esse é, de facto, o público que melhor poderá contribuir para a dessacralização da marca que, durante muitos anos, esteve envolvida numa redoma de luxo que não permitia qualquer perspectiva de desenvolvimento e sobrevivência a longo prazo. Neste aspecto, Marc Jacobs tem sido a pílula milagrosa que faltava à marca, pela mais valia da relação privilegiada que mantém com o mundo artístico nova-iorquino e que em muito contribui para que seja apontado como “o Andy Warhol” deste século. E no fundo, a nova Maison Louis Vuitton, que acaba de abrir as portas em Londres, na Old Bond Street, continua a consagrar essa relação com o mundo das artes. Na inauguração, saltaram à vista trabalhos de Gilbert&George, Jeff Koons e Amish Kapoor, algumas das estrelas mais mediáticas do momento. A Maison não foi desenhada para ser uma loja, mas também não é um centro de arte. Ensaia-se aqui um novo conceito de espaço de fusão, onde a experiência destes dois mundos se conjugam.

Provavelmente, porque grande fôlego tem sido dispendido na Maison Louis Vuitton em Londres, a exposição que este Verão poderemos ver no Espace Culturel parece ser de menor investimento. Perspectives reúne o trabalho de duas artistas francesas, uma arquitecta, co‑autora do MACRO, Museu de Arte Contemporânea de Roma, a outra uma artista revelação com alguns prémios recentes. Odile Decq tem um fascínio pelo horizonte e concebeu para esta exposição três instalações que combinam aço, metal e vidro, lançando um desafio à nossa percepção. As peças jogam com a ilusão de profundidade onde ela não existe. Ilusão óptica e surpresa dominam esta obra arquitectónica frontal, sensível e divertida, marcada por uma precisão extraordinária. Já Camille Henrot observa o mundo a partir de uma perspectiva extraordinariamente incisiva e alternativa. Através das suas leituras e criações, construiu uma antropologia pessoal da qual esta exposição é o anfiteatro. Com recurso ao vídeo, escultura, desenho, gravação, fotografia, tecelagem, etc., ela explora as viagens e os mal-entendidos, a compreensão impossível do outro. O seu trabalho consiste na reapreciação de objectos que ela distorce, deforma, expande, tal como telemóvel, o símbolo da modernidade, mergulhado em alcatrão para sublinhar a perda de autenticidade dos objectos.

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www louisvuitton com/espaceculturel

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francisco vaz fernandes


GOLDEN LEGENDS – SAINT AGATHA OF CATANIA, 2010 Engraving on paper, dry-point technique on zinc. 58x71x4cm © Camille Henrot

049 – a arte de viajar


g er ação co-íri r s a A cultur a pós-apartheid

Como em qualquer parte do mundo, há, em Joanesburgo, uma tribo que usa cores garridas, óculos de massa a sair da cara, t-shirts com caveiras estampadas e lenços árabes ao pescoço. Têm um estatuto que foi negado aos seus antepassados: são cidadãos livres. Vivem em democracia e não se envolvem directamente na política. Interessam-se pelas tendências internacionais da moda e da música. Dançam ao som do kwaito e do hip hop. É a primeira geração a atingir a maioridade depois da queda do regime apartheid. É esta a geração arco-íris?

Bloqueio cultural África do Sul é conhecida como a nação arco-íris pela sua diversidade cultural. Dos africanos aos europeus, dos judeus aos muçulmanos, do capitalismo à economia de subsistência tribal, o país alberga realidades sociais muito diferentes. A coexistência dessas disparidades tem sido um longo caminho para a liberdade, como diz o título da auto‑biografia de Nelson Mandela. Hoje em dia, as correntes e as produções artísticas chegam a África do Sul de igual modo que em qualquer outro país democrático: através dos meios de comunicação, de forma globalizada, homogénea e massificada. Concorde-se ou não com a globalização e com os seus efeitos sobre o desaparecimento das culturas locais, a verdade é que seria muito difícil, para não dizer inevitável, escapar a este modelo de economia global

Arte contemporânea neste país. África do Sul pode agora escolher o seu destino. Mas nem sempre foi assim. Durante os mais de quarenta anos de regime segregacionista, encontrava-se dividida entre os que nasciam com e os que nasciam sem direitos. A partir dos anos 60, o país foi alvo de um boicote cultural por parte de actores, escritores, músicos e intelectuais europeus que se recusavam a actuar ou a promover as suas obras enquanto houvesse apartheid. O resultado desta acção de protesto, que durou até à queda do regime, foi um atraso no desenvolvimento das instituições educativas e culturais do país. Apesar de afectar apenas directamente a população branca –beneficiária das melhores escolas e hospitais, ao nível de qualquer país civilizado– o bloqueio isolou a África do Sul do resto do mundo.

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A artista plástica Ângela Ferreira (n. 1958) viveu intensamente esse período. Como tantos outros portugueses de Moçambique, mudou-se para África do Sul depois do 25 de Abril, mais precisamente para a Cidade do Cabo, para continuar os seus estudos. Num país culturalmente isolado e distante dos centros de produção de arte, Ângela Ferreira tomou conhecimento das correntes artísticas de forma indirecta. Apesar da teoria fazer parte dos programas da Escola de Arte da Cidade do Cabo, a sua materialização nunca se chegou a concretizar. Actualmente a viver em Portugal, continua a trabalhar sobre conceitos geopolíticos e a reflectir sobre a prática artística “derivada” dos originais. Da nova geração de artistas sul-africanos, Ângela Ferreira destaca o trabalho de Nicholas Hlobo (n. 1975), que

explora de forma complexa os conceitos de nacionalidade e de identidade. A sua obra tem vindo a ganhar atenção internacional por levantar questões relacionadas com a raça e a etnia mas também com a masculinidade e o género.

As novas indústrias As marcas do apartheid ainda são visíveis, tanto nas comunidades que vivem nos subúrbios das grandes cidades como nas populações do interior do país. Uma das piores heranças do regime é a concentração de terras. A reforma agrária ainda não foi realizada e a terra continua a ser controlada, maioritariamente, por brancos. Os subúrbios são habitados por bairros de lata onde não existem esgotos, água ou electricidade. A taxa de desemprego é altíssima e os dados oficiais revelam que quase metade da população negra vive abaixo da

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cláudia gavinho


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linha de pobreza. As diferenças levam tempo a esbater‑se. Enquanto isso, têm vindo a ser implementadas políticas de igualdade de oportunidades e de integração de jovens negros em sectores sociais e económicos. Uma das indústrias mais fortes de África do Sul, o vinho, tem programas de incentivo para jovens empresários. Outro exemplo é o da escola de cinema Big Fish, em Randeburgo, que aposta no ensino de uma carreira ligada à indústria cinematográfica. Há uma nova classe média emergente e uma nova elite de executivos, de empresários, de artistas e de políticos. Mas ainda há muito a fazer para diminuir as diferenças e as distâncias sociais entre brancos e negros, entre ricos e pobres, entre homens e mulheres. A indústria de moda reflecte o percurso do país. As marcas e os designers incorporam o legado da luta anti-apartheid de forma diversa nas suas criações. A Stoned Cherrie, por exemplo, usa a figura do activista Steve Biko estampada nas suas t-shirts. A Sun Goddess usa tecidos indígenas, a par das tendências internacionais. A dupla Black Coffee, de Jacques van der Watt e Danica Lepen, é a mais conhecida e apresenta as suas colecções nas semanas de moda de Nova Iorque e de Berlim. A herança africana é assumida de forma mais subtil, com uma abordagem pós-moderna de

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I’m Black and I’m Proud Algumas das revoltas e pontos de resistência contra o apartheid estão registados em forma de documentário. Em exibição na Cinemateca nos dias 23 e 24 deste mês chega, através do festival Próximo Futuro, organizado pela Fundação Calouste Gulbenkian, When We Were Black, do realizador Khalo Matabane. O filme conta a história verídica de um adolescente negro que, apaixonado por uma jovem activista política e para ganhar a sua afeição, entra no mundo da luta revolucionária contra o apartheid. Este seu envolvimento político terá como consequência a sua morte precoce a 16 de Junho de 1976, naquele que é conhecido para a história como o “Massacre do Soweto”, uma data simbólica para a comunidade negra sul‑africana. Através desta história, o filme conduz‑nos tanto ao ambiente da luta anti‑apartheid como ao ambiente das ruas do subúrbio, protagonizado por jovens de sapatos de verniz e calças reluzentes, dançando ao som de Stevie Wonder, Marvin Gaye e Aretha Franklin, com penteados afro e a palavra de ordem I’m Black and I’m Proud. Outro registo sobre a resistência é o documentário, ainda em fase de rodagem, Punk in Africa, do jornalista, realizador e produtor Deon Maas. O filme mostra o papel da música punk como forma de luta contra os regimes colonialistas em quatro países africanos: Zimbabué, Moçambique, Quénia e África do Sul. Deon Maas é também autor do documentário Durban Poison, de 2008, que conta a história do Stable Theatre, o primeiro teatro independente fundado por negros na África do Sul, em 1975, na cidade de Durban.

desconstrução e reinterpretação dos trajes tradicionais.

Rugby vs futebol No dia-a-dia, há pequenas coisas que dividem os sul-africanos. Os brancos apreciam rugby, os negros futebol. O filme Invictus de Clint Eastwood, retrata de forma exemplar um episódio que se passou em 1995 com Nelson Mandela, quando quis conciliar e satisfazer os dois lados. Mostrando uma sabedoria política exemplar, o recém‑eleito presidente aproveitou a oportunidade do Campeonato Mundial de Rugby e abriu uma vaga na sua apertada agenda para receber o capitão da selecção nacional de rugby, François Pienaar. A atitude do presidente confundiu tudo e todos. A selecção nem sequer fazia parte do leque das favoritas para ganhar o campeonato e nenhum dos lados entendia o alcance do esforço. Alguns consideravam simplesmente ridículo que o presidente se ocupasse de um assunto desportivo num momento em que o país se debatia com problemas sociais e económicos dramáticos. Mas, contra todas as expectativas, os Springboks venceram a selecção neo-zelandesa e ganharam o campeonato. No fim, o esforço protagonizado por Mandela fora de campo e pelo capitão da equipa, dentro dele, alcançou o mérito de unir o país como até ali


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nunca tinha acontecido. Fica a pergunta: poderá algo semelhante suceder com o Campeonato do Mundo de Futebol?

Geração kwaito Mistura de música de dança com ritmos africanos, o kwaito surgiu em Joanesburgo na década de 90. A chegada do house e do techno uns anos antes favoreceu o cruzamento entre estes estilos e as melodias tradicionais africanas. A maioria dos porta-vozes do kwaito vêm de áreas suburbanas e empobrecidas, como o Soweto, subúrbio da cidade de Joanesburgo, conhecido como um dos baluartes da resistência anti-racista. Um dos primeiros êxitos foi Don't call me kaffir, lançado em 1995 por Arthur Mafokate. A palavra kaffir tem origem árabe e significa infiel ou não-crente e era usada de forma depreciativa, com o mesmo significado da palavra nigger nos Estados Unidos. A letra da música fala sobre a queda do regime e a libertação desse estereotipo. Boom Shaka, Mandoza e Zola, são outros dos pioneiros do kwaito. Cantam as suas músicas em afrikaans, inglês ou em línguas nativas como o zulu e, apesar do aparecimento de novos estilos de música, continuam a ser considerados verdadeiras celebridades, aparecendo constantemente em revistas e em programas de televisão. Actualmente, o kwaito é menos

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influenciado pela música de dança e mais pelo hip hop, onde encontra semelhanças, nomeadamente, na origem (ghetto music), na estética (no uso ostensivo de jóias e diamantes como símbolos de poder) e na objectificação da mulher, aspectos pelo qual é muitas vezes criticado. Outro dos motivos é ser considerado um género apolítico e passar ao lado da temática apartheid. Niq Mhlongo, autor de Dog Eat Dog, um livro que celebra a geração kwaito, conta a sua experiência de crescer no Soweto e de estudar na Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo. Numa entrevista recente Niq afirma: “O fim do apartheid deu origem a uma geração híbrida, a uma geração que se expressa através do afro-pop, unida em torno da luta contra a sida, a pobreza, a xenofobia, o desemprego e a criminalidade”.

Cultura global Funeka Ngwevela, 25 anos, produtora de moda, define o seu estilo como “Vintage, inspirado nas décadas de 20 e de 60, com influências indie rock”. Tem um blogue onde vai colocando regularmente fotografias do seu trabalho www.thequirkystylista.blogspot.com. A sua inspiração é o trabalho do fotógrafo britânico Craig McDean. Como revelou à PARQ, o designer de moda sul-africano que mais aprecia é David Tlale. “Cada peça que ele cria é forte, dramática

e conta sempre uma história”. Em relação à música kwaito afirma: “Pessoalmente, acho que morreu há muito tempo. As coisas evoluíram. África do Sul faz muito bom hip hop e música house. E a banda indie The Parlotones é grande!” Perguntámos a Funeka se a nova geração incorpora, orgulhosamente, a cultura africana nas suas vidas. “A globalização está a ganhar terreno. A nossa cultura está lentamente a dissipar-se e somos, cada vez mais, influenciados pelas tendências globais. Na moda e na música, estamos constantemente à procura do reconhecimento e da aprovação do Ocidente, como se isso representasse uma garantia de qualidade. Para a maioria dos jovens faz mais sentido cortar com o passado e abraçar novas causas e novas lutas, importantes para as suas vidas. Querem dançar e divertir‑se. E isso aproxima-os mais da sua geração de qualquer parte do mundo do que dos valores defendidos pelos seus pais e avós. Mas até ao esbatimento das diferenças sociais, a promessa da nação arco-iris ficará por cumprir.

1 khalo matabane, when we were black, 2006, cor, 240' 2+3+5+6+9 funeka ngwevela 4 nicholas lhobo 7+8 black coffee


Pequenas flores, delicadas e finas, rodeiam as jarras brancas. Fazem de caules e de asas, adornam e compõem as peças, tornando-as subtilmente coloridas. Mostram‑nos como a natureza é frágil. Como as flores colhidas nos despertam a vontade de eternizar cada momento. Pois nada dura eternamente. Nem mesmo a lisura de uma flor.

As flores congeladas evocam as naturais –quase que se pedia que fossem naturais– “são em seda, uma escolha prática, mas parecem‑se com as verdadeiras”, diz-nos Somers. Para a aparência, quase fiel, do gelo, a designer procurou uma resina líquida, UV Topcoat, como é designada: “procurámos uma resina que não endurecesse tão rapidamente. O material, UV Topcoat, só solidifica à luz do dia”. O projecto Frozen in Time partiu da simpatia da designer por um fenómeno que aconteceu em 1987, quando uma chuva de gelo espessa se abateu sobre uma região do norte da Holanda. O fenómeno produziu uma camada de gelo que cobriu tudo: desde flores a ramos de árvores, até roupas penduradas em cordas. Semi-transparente, o gelo ligava as coisas de um

modo poético. Por um dia apenas, os passeios, as bicicletas e as árvores cobriram-se de uma fina camada translúcida e pareceram fundir-se num só. Os carros, esses ficaram subitamente imóveis e colados às estradas. Quando o gelo começou a derreter, os carros continuaram o seu rumo e as árvores desenvolveram os seus ramos. O que intrigou Wieki foram as formas ténues, escondidas por detrás de uma delicada pele transparente. Despertandolhe, com os objectos e plantas assim envernizados, um sentimento forte de melancolia. Paradoxalmente, revelava-se com a cobertura gelada o que até então permanecia oculto. Segundo Louise Schouwenberg, esta tensão entre a superfície dos objectos e o que se esconde para lá da

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superfície dessa pele é um tema que tem acompanhado a carreira de Wieki, como são exemplo as peças High Tea Pot, Bathboat e Merry-goround Coat. Wieki Somers diz-nos, também no texto de Schouwenberg, o seguinte: “Sempre me interessei pelas características e pelas potencialidades dos materiais, porque acredito que neles há estórias que permanecem escondidas e que podem ser libertadas, muito como os escultores clássicos faziam. Não era Michelangelo que dizia que as figuras estavam à espera no mármore justamente para que o artista as libertasse? Em comparação com essa ideia, sempre tive a convicção de que os materiais tinham um significado oculto”.

A Academia de Design de Eindhoven trouxe a Wieki a preocupação de um design conceptual. Um conceptualismo mais concentrado na questão do porquê e menos centrado no como. Wieki parece dar valor a ambos: “existe no nosso trabalho um processo intuitivo de experimentação. Há todo um processo exaustivo de investigação, sobretudo nas qualidades tácteis e funcionais dos materiais e técnicas, suas referências culturais e históricas”. É precisamente por estas referências culturais que Wieki privilegia as memórias que se evidenciam nos objectos.

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carla carbone


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portofoliodays Uma entrevista de tr abalho

Na área do Design, mais do que o curriculum, a experiência e a carreira o que vinga é o espírito criativo e nada como prová-lo a partir de um documento demonstrativo das aptidões que, em geral, conhecemos por portfólio. Para debater este problemática, inserido num concurso dirigido a jovens designers e com a dinamização da Associação Futuro, a Interforma traz ao seu espaço em Alfragide, em Julho, algumas das estrelas do Design Industrial. PORTFOLIODAYS No sentido de dar a conhecer as necessidades que envolvem a edição de peças de design, a Interforma, uma das empresas portuguesas líderes na comercialização das marcas de prestígio que representa, a Hulsta e a Rolf Benz, oferece a 15 jovens portugueses a oportunidade de partilharem com alguns experts da área do design as suas experiências acumuladas. Vão poder estabelecer contacto com Bern Gobel, Filipe Alarcão, Henrique Ralheta, Orlando Almeida, Bettina Hermann, Franco Polie, Stefan Heiliger, Carla Cardoso e Namalimba Coelho, agentes activos na criação, produção, comercialização e promoção de objectos de design industrial. Todo o programa se desenvolve a partir da selecção dos melhores portfólios enviados através deste concurso público que habilita os pré-seleccionados a discutir formas e processos de apresentação dos seus projectos com um júri, constituído por profissionais da área. Com eles, no primeiro dia de Julho, vão poder analisar os seus próprios trabalhos, tendo como instrumento base um portfólio. Obviamente que é apenas um pretexto para que os jovens profissionais possam, sem intermediários, entrar em discurso directo com os problemas e as perspectivas reais das empresas do meio e, assim, poderem

responder melhor às expectativas do mercado. Ou seja, será um momento único onde, rodeados dos grandes profissionais que os avaliam, podem medir as reais possibilidades de passarem esquiços do papel para uma outra escala, testarem as suas visões em fases de produção e de comercialização. A consciencialização de todas as limitações que envolvem a produção de um projecto e o seu sucesso são essenciais para a compreensão e gestão de um carreira numa área tão desejada e para o qual poucos reúnem todas as aptidões necessárias. Destes dias de discussão, de portfólio e da fase de workshop, no dia seguinte (02 de Julho) sairá a atribuição de um prémio aos dois melhores: a oportunidade de estagiar na Hulsta e na Rolf Benz, apesar de todos os elementos seleccionados serem convidados a participar numa exposição itinerante, que, entre Setembro e Dezembro estará nas diversas lojas de norte a sul da Interforma.

Workshop Em termos de programa, um dos pontos altos para os candidatos será sem dúvida o workshop, a cargo de Bettina Hermann, um dos membros do júri internacional, em representação da Interforma. Bettina Hermann é Licenciada em Design Industrial pela Universidade

058 – Central Parq |design

de Artes Visuais de Hamburgo, estudou Arte na Universidade da Califórnia, em San Diego (EUA). Em 1966, criou o Atelier Centrale, com Dirk Danielsen, dedicado ao planeamento de Design de Interiores, Design de Produto, exposições e apresentações de lojas. Desde 2003 que coordena o Departamento de Gestão de Produto da Rolf Benz, sendo a responsável pela concepção e desenvolvimento de mobiliário da marca alemã. Bettina Hermann fica com a missão crucial de orientar os candidatos, dando‑lhes a oportunidade de interrogar e aperfeiçoar os seus portfólios. O workshop revelase um momento determinante no processo de selecção e decisão das propostas vencedoras, cabendo ao júri a derradeira escolha dos dois premiados.

Conferência A conferência é o momento culminante dos 3 dias de intensa discussão e é também o momento público, aberto a todos os interessados, profissionais, estudantes ou simples curiosos. No dia 3 de Julho, na loja da Interforma, em Alfragide, reúnem‑se todos os participantes e o público em geral para assistirem a diferentes palestras, debates com a apresentação de casestudies, tratados por alguns dos protagonistas do Design nacional e internacional, bem como CEO’s de empresas, convidados para o

evento. As palestras começam com Miguel Rios, um jovem designer com um percurso já consolidado e que se tem distinguido por um trabalho experimental que questiona as próprias fronteiras do design. Seguem-se dois designers de renome: Franco Poli, que marcou o design italiano durante três décadas, conhecido pelas texturas e pelo preciosismo técnico das suas criações –grande parte lançada pela Tonon– e Stefan Heiliger, conhecido por algumas das cadeiras mais icónicas do Século XX. As suas criações assimétricas resultam de estudos que se prolongam até a anatomia do corpo humano, de forma a garantir a máxima comodidade possível. No final, para além de serem anunciados os vencedores dos estágios, a sessão abre-se à discussão, com a possibilidade do público intervir directamente com os conferencistas e membros do júri, assim como com os restantes profissionais convidados. Este momento será com certeza marcante para muitos, até pela hipótese de debate sobre uma área vital para Portugal. É que apesar do crescente número de infra-estruturas de formação e do reconhecimento internacional de alguns designers portugueses, continuamos longe de nos conseguirmos impor verdadeiramente no mundo do design.

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francisco vaz fernandes


exogon da Tonon criada por Franco Poli

059 – portofoliodays


calção e écharpe AMERICAN VINTAGE, top beige DIESEL, top verde MANGO, cinto STRASS, capa W LES FEMMES na Loggia boutiques


foto

andrĂŠ

brito

A s s. f o t o h e l d e r b e n t o s t y l i n g j u l i a n a l a p a m a k e- u p t i n o c a h a i r r u i r o c h a c e n o g r a f i a f il i pa tava r e s m o d el o d a n i elly s ilva (j u s t m o d el s) A g r a d e c i m e n t o s: L o g g i a B o u t i q u e s + L a n i d o r + C a s a B ata l h a


ela: calรงas DIESEL, colete MANGO, cinto PEPE JEANS, casaco KOSMIKA, lenรงos STRASS na Loggia Boutiques, socas LANIDOR

ELE: leggings QUINZE HEURES TRENTE, capa W LES FEMMES na Loggia boutiques


calรงas IRO, top MISS MISS, casaco malha DONNA ELENA, botas CAT, cinto e lenรงo STRASS na Loggia Boutiques



calção MANGO, top DEBY DEBO, Colete LM LULU, colares STRASS, lenço PLEASE na Loggia Boutiques



vestido renda LM LULU, casaco MARY C, cinto Strass na Loggia Boutiques, colares LANIDOR e CASA BATALHA


ruben: vestido PVC PEDRO PEDRO Fall10/11, camisa LACOSTE , gravata OUTRA FACE DA LUA

F l e s h i s t h e C o l o u r foto

m odelos

manuel

sousa

st yl i n g a n a c a n a d a s m a k e-u p l ol a p é r e z j e ss i c a r o d r i g u e s ( l'a g e n c e ) + r u b e n ( b e s t

m odels)

jessica: macacão AMERICAN VINTAGE, casaco de PVC PEDRO PEDRO Fall10/11


ruben: gabardina e laço GANT, calções HENRY COTTONS, pólo OUTRA FACE DA LUA


jessica: camisa e calções H&M, chapéu OUTRA FACE DA LUA, colar na cabeça AITA

jessica: casaco de PVC PEDRO PEDRO Fall10/11 sobre echarpe usada como turbante AMERICAN VINTAGE, leggings bordados PATRIZIA PEPE, óculos de sol OUTRA FACE DA LUA, correntes H&M

ruben: camisola LACOSTE, calções MANGO


jessica: casaco pulseira e brincos H&M, leggings com lantejoulas PATRIZIA PEPE, echarpe usada como turbante AMERICAN VINTAGE


ruben: t-shirt e colete MANGO, calças SACOOR, sapatos FRED PERRY, óculos PERSOL

jessica: saia REPETTO, top de cabedal, cinto, mala e pulseiras H&M, pulseira branca AITA, chapéu vintage OUTRA FACE DA LUA, sandálias ZILIAN


ruben: lenรงo camisa DINO ALVES, calรงas LACOSTE, echarpe usada como turbante MANGO, alpargatas HAVAIANAS


As boas línguas de

Miss Jones & Ray Monde

t

Uma doçura primaveril, assistida pelo bailar desvairado das andorinhas, conjugada com uma alegria de regresso a uma casa de consolação, assim cogitavam Miss Jones e Ray Monde enquanto caminhavam para o Bocca. O motivo era simples: conhecer uma outra versão das capacidades do chefe Alexandre S i lva … u m n ovo co n ce i t o , exclusivamente pratos frios para uma escolha despreocupada ou cumulativa, ou seja, o desejo é um convite ‘a picar’, numa nova sala, de ambiente sossegado e desprendido. Para dar as boas vindas vieram uma cazuela de maracujá e champagne para Miss Jones e a habitual margarita para Ray Monde. E um pequeno prato atravessado por um fio de azeite e pães variados para abrir o apetite, assim se iniciou o bródio. Este encabeçado por um shot em estado sólido de guacamole com ovas de lumpo, refrescante; um gaspacho

bocca miss jones

de tomate com espuma de favas e uma mini espetada de polvo à Lagareiro, apesar de fria manteve-se muito saborosa e a combinação interessante; umas sardinhas marinadas com óleo de cebolinho e basílico crocante colocadas numa ardósia e salpicadas com minúsculas flores, sem acidez para o nosso espanto e deleite; uns uramaki com tomate confitado e maki de atum e salmão fumado com manga; uma degustação de 6 ostras do Sado, as mais untuosas, e 6 da Ria Formosa, as mais rijas, acompanhadas por pequenas pirâmides de gelatinas de tomate, aipo/ aneto e limão… Neste ponto, tanto Miss Jones como Ray Monde, impuseram-se um intervalo neste continum de paladares. Uma massa soba com vieiras salteadas no topo, estas espessas e perfeitamente confeccionadas, foi escoltada por uma ligeira sensação de gula que rapidamente se desfez perante a fineza do prato…

074 – Parq Here | miss jones & ray monde

&

ray monde

Apesar de um agrado notável e pleno foi impossível resistir aos sorvetes. Miss Jones escolheu um de tangerina/ figo e foi frescamente recompensada enquanto Ray Monde, mais por expectativa que verdadeira necessidade, provou o de azeitona verde, curiosidade também satisfeita… um cálice de moscatel ROXO e um café findaram o jantar. A saída foi seguida de um diálogo que confirmou o talento inventivo da cozinha e a afabilidade da casa.

Bocca Rua Rodrigo da Fonseca, 87 1250190 Lisboa De 3a a Sábado, almoços e jantares Tel.: 213 808 383

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ice dunes t

bica do sapato t

maria são miguel

A Bica do Sapato abre a sua esplanada entre a hora do almoço e do jantar. É uma casa que dispensa qualquer apresentação, aparece em qualquer guia da cidade como lugar obrigatório para quem quiser usufruir do melhor de Lisboa. A sua esplanada não é propriamente uma novidade já que no tempo quente sempre foi possível jantar ao ar livre aproveitando melhor a vista do rio. No entanto, depois de algumas obras já no final do Verão passado, que deram à esplanada dois bares e um sistema de toldo que permite que se possa estar de forma confortável ao meio da tarde, Fernando Fernandes e José 076 – Parq Here | Places

Miranda, criaram as condições para que a esplanada funcionasse à tarde. Para além de uma carta de bebidas, oferece uma ementa própria que vai desde um leve petisco (pratos de pasteis de massa tenra, croquetes, tábua de queijos) até pratos mais completos como diferentes pastas, saladas e até um bitoque de lombo.

sofia saunders

Muito em breve, todas as lojas Swatch do mundo terão um novo visual. Ice Dunes é um novo conceito de loja que coloca o produto no centro de tudo. Este projecto arrancou no final de 2009 na megastore de Times Square, em Nova Iorque. Em Portugal, a primeira loja Ice Dunes abriu em Lisboa, em Maio, no Centro Comercial Vasco da Gama. Segue-se a loja de Braga e só depois a marca irá estender a mudança, de forma gradual, aos outros dez pontos de venda do nosso país. Todos os elementos Ice Dunes são modulares e de fácil montagem. O ambiente é branco, puro e límpido. Com as cores dos produtos em evidência, os relógios e as jóias Swatch são os grandes protagonistas. A loja, o palco.

bica do sapato Av Infante D. Henrique

Swatch

Cais da Pedra Sta Apolónia, Lisboa

Centro Comercial Vasco da Gama

Tel: 218 810 320

Loja 2.042, Piso 2

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x marks the spot t

sofia saunders

A Conceito X, loja dedicada ao urbanwear, inaugura o seu segundo espaço em Braga, na Rua de Santa Margarida. Para além de representar algumas marcas de referência traz como novidade, a My Box, uma galeria de arte, adjacente dedicado a diferentes expressões artísticas urbanas. Na Inauguração expõem trabalhos de Júlio Dolbeth e Rui Vitorino dos Santos, os dinamizadores do site, Pandora Complexa. A programação deste espaço será rotativa, dando assim a conhecer a vasta oferta do panorama artístico português, nas suas mais variadas linguagens. Para marcar o arranque desta nova aventura do Conceito X em Braga irá abrir as suas portas, no dia 26 de Junho, às 22h, a todos os seus amigos, seguindo a festa depois na discoteca Sardinha Biba, com DJ’s convidados.

conceito x Rua de Sta Margarida, 60 Braga

. . www . pandoracomplexa . blogspot. com www conceitox com

077 – Parq Here | Places

temporary store t

sofia saunders

A Loja das Meias acaba de inaugurar um novo espaço na Baixa lisboeta. Situada nos antigos Armazéns da JB Fernandes, a temporary store está dividida por vários espaços: um outlet, um café e uma galeria de arte. Na entrada encontram-se as colecções prontoa-vestir de anos anteriores, tais como Lanvin, Chloé, Fendi, Celine, Stella McCartney, Salvatore Ferragamo, entre muitas outras. No chão, um amontoado de paletes dá a conhecer os vários acessórios de marcas exclusivas como Marc Jacobs, Celine, Burberry e Dior. O espaço Delta Q é dedicado

à venda de máquinas e de cápsulas da marca nacional e alberga uma exposição inédita de graffitis. Conceituados artistas plásticos como Hium, Ram, Smile, Pariz One, Nomem, Wek, Klit, Ixi e Gonçalo produziram telas exclusivas que podem ser adquiridas na loja. Num outro espaço estão as marcas direccionadas para uma faixa etária mais jovem, como a A.Style, Melissa, Sanjo, Converse e Lacoste. A não perder! Loja das Meias Temporary Store Junto à Praça do Município, Lisboa

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www lojadasmeias pt


john wood t

sex on the beach t

nuno adragna

Com o calor a subir a todos os níveis sabe sempre bem refrescamo-nos no final de um dia na praia. Peça num bar ou faça em casa o nosso Absolut Sex on the Beach, sem qualquer grau de dificuldade. É um long drink à base de sumo de frutas, pouco alcoólico e revigorante, que reúne forças para um bom momento em boa companhia.

Absolut Sex on the Beach • 1 parte de Absolut Peach (de preferência já gelado) • 2 partes de sumo Arándano vermelho (Cramberry) • 2 partes de sumo de laranja Num shake , misture todos os ingredientes com alguns cubos do gelo e verta o conteúdo para um copo alto, cheio de cubos de gelo. Em algumas versões do Sex on the Beach, existe a presença do sumo de ananás e, nesse caso, reduz-se uma parte do sumo de laranja para acrescentar o sumo de ananás. Enjoy!

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078 – Parq Here | gourmet

nuno adragna

Quando se fala de whiskey irlandês lembramo-nos imediatamente do whiskey Jameson, originário de uma velha destilaria na Bow Street em Dublin, fundada em 1780 por John Jameson. É um dos whiskeys preferidos dos portugueses e resulta de um processo de destilação que lhe confere maior suavidade.

John Wood

Ao contrário dos escoceses, é filtrado três vezes e é produzido a partir de um conjunto de cereais. Resultado: a menor percentagem de cevada maltada e o envelhecimento em cascos de sherry dão-lhe um sabor mais complexo. No final, Jameson é um whiskey com uma cor bonita que desce redondo e deixa um sabor agradável na boca. A maior parte dos seus apreciadores prefere bebê-lo simples ou com água, com ou sem gelo, mas por ser um whiskey com sabores extremamente bem equilibrados, presta-se às combinações de um cocktail. A presença de whiskey em cocktails é antiga e a combinação com vermute está na base de muitas receitas clássicas, sendo o sabor e o perfume doce de um Jameson perfeito para concretização desta receita.

Juntar tudo num shaker com um pouco de gelo e verter o conteúdo num copo de whiskey com gelo.

• 2 partes de Jameson • 4 partes de vermute • 2 partes de sumo de limão • 1 parte Kummel (licor à base cominhos) • Gotas de Angoustura Bitters (El Corte Inglês/Club del Gourmet)

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81 – Parq Here | English Version


Diapositivo Cláudia matos silva

a s s i m n a t e r r a c o m o n o c é u Esganiçava, até as veias lhe saltarem do pescoço, aquela que viria a elevar o Papa João Paulo II a figura Pop. Madonna, no final dos anos 80 e início dos anos 90, declarou “guerra aberta” ao Clero. A resposta surgiria num tom igualmente contundente com a proibição da provocante «Blond Ambition Tour» no Vaticano. A conclusão é que convém não criar má vizinhança com quem está mais perto de Deus. É, por isso, sensível falar do Papa, e talvez escrever, não seja uma ideia muito melhor. Mas desde a visita ao nosso país, do maior representante da Igreja, que tenho a minha

própria missão. Falar d’Ele com o respeito que lhe é devido e quem sabe, assim garantir o meu passaporte para o reino dos céus. Descodificando a palavra Papa, do grego para Português, significa Pai. O meu pai dorme com meias, arrota ao final das refeições, adora a covinha no queixo da Sandra Bullock e refere-se aos benfiquistas como lampiões e leiteiros. Convenhamos, um comportamento pouco católico. Nunca me senti confortável a chamar o Papa de Papa. Lembra-me um puto rufia que todos temiam na escola e andava sempre com um abafão no bolso a roubar os berlindes alheios. O mesmo, adorava jogar ao espeta com a sua naifa pontiaguda, e sem dó nem piedade conquistava o nosso pequeno mundinho, desenhado na areia molhada, apenas com a ponta da sua navalha. Que tal mascarar a palavra Papa com Excelência? Não. Não. Não. Foram anos a fio de cartas e Currículos enviados a empresas e entidades, esperando encontrar o meu pequeno lugar ao sol. Cartas que começavam pela palavra “Excelência”, seguiam com “venho por este meio” e terminavam com o inevitável “atenciosamente”. Talvez tenha elevado ao estatuto de Excelência, quem realmente não

082 – Parq Here | diapositivo

merecia, mas na hora de conseguir um emprego há que jogar com todos os trunfos. Quem sabe, Senhor Papa. Senhor? Estarei a falar do Senhor da mercearia do bairro? Sem talento para cortar fiambre mas com um truque excepcional para esconder a fruta podre, afugentando de forma surpreendente, os mosquitos que poderiam denunciar tal situação. Bento XVI? Não admira que os mais distraídos julguem tratarse do nova reforço do Sporting. É um facto que o clube dos verdes precisa de um verdadeiro milagre para quebrar o feitiço do Natal. Embora muitos se refiram a Ele como Santo, com tantos problemas para revolver por esse mundo, não fará sentido preocupar-se com uma equipa que vive os seus momentos gloriosos num estádio com azulejos de casa de banho. Perdi tanto tempo nesta missão gorada, que Ele percorre agora o cimo da minha rua. O melhor é não dizer absolutamente nada. Desço as escadas do prédio e corro, quando aceno, vislumbro-O. Agora, resta-me esperar que seja feita a Sua vontade, assim na terra como no céu…

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cláudia matos silva

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bráulio amado




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