O Mensageiro - Junho 2020

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Temas bíblicos

Efésios (8) Conclusão da carta aos Efésios

Padre Fernando Capra

A

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Carta aos Efésios é uma obra-prima que pode não ser um escrito de São Paulo, embora deva ser considerada fruto de uma profunda reflexão sobre os temas anteriormente apresentados pela Carta aos Colossenses. Estamos, portanto, diante de uma evolução daquilo que Paulo já escreveu e de uma mensagem que, todavia, já não é mais dirigida a uma única comunidade, mas a todas as comunidades da Ásia menor, da mesma forma que o será o Apocalipse. É por isso que ela merece toda a nossa atenção. Ela é profundamente motivadora quanto à vivência da nossa vida cristã, a partir do grandioso cântico espiritual (Ef 1,3-14), que Paulo complementa com uma sua determinação de invocar, em nosso favor, por parte de Deus, a compreensão da vocação dos santos, da riqueza da graça recebida e do poder que Deus manifestou em Cristo que ressuscitou e constituiu Cabeça da Igreja. Paulo, para sublinhar a importância e a preciosidade da graça em que fomos constituídos, lembra que o seu conhecimento lhe foi concedido por Deus, porque foi agregado ao número dos apóstolos. Segundo esta sua condição chega a nos descrever a vida da Igreja na sua totalidade. Sua pedra angular é Cristo Jesus, seu alicerce são os Apóstolos, de tal forma que nos edificamos como um templo de Deus no Espírito. A nossa condição preciosa de “filhos adotivos em Jesus Cristo” (1,5) que podemos sempre mais profundamente compreender, porque movidos pelo Espírito que nos configurou a Cristo sacerdote, profeta e rei, motiva a nossa vonta-

de de viver segundo os ideais que Cristo Jesus nos apresenta na sua pessoa, ele que estruturou a Igreja através da eleição de Apóstolos, Profetas, evangelistas, doutores e pastores. Cada fiel, na condição de membro do Corpo místico de Cristo, que é a Igreja, é chamado a viver a sua santificação, para contribuir na sua edificação. Neste caso é extremamente ilustrativo o que Paulo diz do matrimônio, figura da aliança que Jesus realizou pela sua morte de cruz. Lembra-nos que Jesus, enquanto, pela sua imolação, pelo seu sangue derramado, a torna “pura santa e imaculada, ela será a Nova Jerusalém, da qual fala o Apocalipse, “resplandecente da glória de Deus”. É, também, muito elucidativo o que o Apóstolo diz quando retrata, através dos elementos da armadura do soldado romano, a vida de cada membro da igreja, mostrando dessa forma que o fiel deve se sentir corresponsável com os membros da hierarquia da Igreja, quanto a propagação da fé. O apostolado é um dever de caridade por parte dos fiéis, em relação aos outros homens que “vendo suas boas obras, glorificarão o Pai que está nos céus” (Mt 5,16). Deve, portanto, o fiel “cingir os rins com o cinto da fé, revestir-se com a couraça da justiça, calçar as sandálias para propagandear a fé, empunhar o escudo da fé contra os dardos inflamados do maligno, revestir o capacete da salvação e empunhar a espada do Espírito que é a Palavra” (Ef 6,14-17). É pelo cultivo da nossa fé que promovemos a nossa justificação. Ela nos tornará até capazes de anunciar o Evangelho de Deus pela Palavra, “espada do Espírito” (v.17).

Paulo, para sublinhar a importância e a preciosidade da graça em que fomos constituídos, lembra que o seu conhecimento lhe foi concedido por Deus, porque foi agregado ao número dos apóstolos


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