




Um dos principais assuntos que tem sido discutido no país é o da reforma tributária, aprovada no início de julho na Câmara dos Deputados. Ainda haverá uma longa negociação no Senado Federal, mas o mais importante é que esse tema é chave para contribuir para o crescimento econômico de longo prazo, com simplificação da estrutura tributária no país, que hoje é caótica. A expectativa é que haja a aprovação ainda neste ano.
Enquanto isso não acontece, outros fatos também estão seguindo na linha de ajudar o crescimento do país. O primeiro deles é a inflação que, em junho, segundo o IBGE, apresentou leve retração de 0,08%, puxado pelos principais grupos de consumo, alimentação e bebidas (-0,66%) e transportes (-0,41%). Com a safra de grãos recorde, aumento no abate de bovinos e condições climáticas estáveis, têm contribuído para a queda de preços das carnes, derivados de soja e das frutas.
Essa deflação em junho caiu como uma luva para decretar o possível início de corte de juros na próxima reunião do Conselho de Política Monetária, do Banco Central, na primeira semana de agosto. Hoje, a SELIC está em 13,75% e a expectativa é que caia para 13,75% ao ano. Os juros elevados têm atrapalhado o ritmo da atividade econômica. Por exemplo, a indústria, apesar do crescimento em maio de 1,9%, apresenta queda no quadrimestre de -0,4%, com destaque para a retração anual de 11,6% em bens de capital.
Pelo lado do comércio, as vendas caíram 1% em maio, mas sobem 1,3% no ano. No último dado divulgado pelo IBGE, embora tenha tido redução
no geral, a avaliação é relativamente positiva, pois setores importantes como supermercados, combustíveis, farmácias e eletrodomésticos apresentaram crescimento de 1,5%, 10,8%, 7,6% e 6,7%, respectivamente. O crédito caro não tem impedido as compras pelos consumidores. No entanto, ele acaba pagando um preço final muito mais elevado, pelo custo financeiro, e o risco de inadimplência aumenta.
Sobre essa variável, o Brasil conta hoje com 29,2% de famílias que possuem alguma conta em atraso, de acordo com pesquisa da Confederação Nacional do Comércio, a CNC. A taxa tem mostrado resistência para cair e o patamar atual ainda está acima de uma média próxima a 24% que se via antes da pandemia. É um processo de médio e longo prazo. A inflação mais baixa e o mercado de trabalho aquecido têm permitido a recuperação da renda e pagamentos de contas em atraso. Porém, além de uma inflação mais baixa e constante, é preciso a ajuda da redução dos juros.
O setor de serviços segue descolado da média geral do país. Em maio, houve crescimento de 4,7% e acumula alta de 4,8% no ano. É importante a ressalva que esse grupo foi o primeiro a ser impactado pela crise e, naturalmente, acaba sendo o último a sair dela. Pelos dados do IBGE, é nítida a dissipação de variação positiva, desde serviços prestados às famílias (2,8%), passando por serviços de tecnologia e comunicação (4%), até transportes (7,1%).
No caso do turismo, inserido no setor de serviços, houve crescimento de 7,1% em maio e faturamento de R$ 18,1 bilhões, segundo levantamento da FecomercioSP. No ano, o acumulado cresce
13,6% puxado pelo desempenho expressivo do transporte aéreo, de 25%. Além da melhora das condições econômicas de emprego e renda, os preços ligados ao turismo, sobretudo o das passagens aéreas, tem arrefecido e até caído, o que traz um potencial de aumento de gastos.
O emprego tem sido um pilar importante para a economia brasileira. A taxa de desocupação no trimestre terminado em maio foi de 8,3% contra 9,8% do mesmo período do ano anterior. Esse é o menor nível desde 2015, segundo o IBGE. Olhando outra fonte de dados, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, o CAGED, do Ministério do Trabalho, houve geração de 865 mil empregos com carteira assina de
DADOS IMPORTANTES:
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Entre os meses de junho e julho, a indústria automobilística se beneficiou do programa de descontos dos carros populares. No total, foram usados 650 milhões de reais em crédito tributário, gerando uma estimativa de vendas de 125 mil veículos no período.
Número de turistas estrangeiros dobra e chega a mais de 3,2 milhões no primeiro semestre.
janeiro a maio deste ano.
E o Brasil também tem se beneficiado de um cenário externo mais estável. A procura por mercados mais rentáveis tem tornado o país um importante destino de recursos. Tanto que a cotação do real se consolidou abaixo dos 5 reais e oscila atualmente próximo a R$ 4,80 por cada dólar.
Portanto, embora possa aparecer alguns números negativos, o saldo geral da economia brasileira é positivo, com a economia crescendo, gerando emprego e renda. O juro alto, que limita consumo e investimentos, deve começar a cair em breve será um marco para um novo ciclo de expansão mais forte da economia brasileira.
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A taxa média de juros para o consumidor no Brasil está em 45,4% ao ano. A mais alta hoje no mercado é a do rotativo do cartão, em 455% ao ano.
Em mais uma atualização, o IBGE divulga nova estimativa recorde da safra agrícola para 2023 de 307,3 milhões de toneladas.
O Índice de Confiança do Consumir (ICC) registrou crescimento de 2,5% em junho na comparação mensal e sobe 21% no contraponto anual, atingindo os 125,3 pontos. O mercado de trabalho em expansão e a inflação arrefecendo traz um alívio no bolso dos consumidores, podendo ampliar o seu consumo no curto prazo. Com a redução dos juros, ajudará no aumento do otimismo no médio e longo prazo.
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) caiu 3,1% em junho e volta aos 104,4 pontos, patamar 13% abaixo do visto no mesmo período do ano passado. Esse é o menor nível desde julho de 2021. Apesar das vendas estarem crescendo, o empresário sofre com o custo financeiro elevado e margens apertadas, dado custo alto do fornecedor. A confiança deve voltar a crescer quando os juros caírem, pois além de aliviar as finanças da empresa, contribuirá no aumento nas compras pelas famílias.
Note: O ICC e ICEC variam de 0 a 200. De 100 a 200 pontos é considerado um patamar otimista, e abaixo dos 100 pontos pessimista. Apesar dos indicadores serem da cidade de São Paulo, eles seguem na tendência do que está acontecendo no resto do País já que a cidade, maior do Brasil, representa 11% do PIB nacional.
Reportagem da Revista PANROTAS de julho com operadores de Turismo confirma a tendência de viagens para a Europa. Os brasileiros estão lotando o já lotado destino no verão e já há dificuldades para conseguir reservas de última hora.
Itália e Portugal são os países preferidos, e os operadores estão recomendando novos destinos para quem quer viajar ainda este ano, para fugir do overtourism e dos preços altos. Algumas empresas já abriram vendas para 2024, pois alguns destinos europeus estão com lotação máxima.
Na sequência da preferência dos brasileiros vem a Argentina, com Bariloche retomando sua coroa de rainha do inverno. Os brasileiros vão ao destino para ver neve, fazer atividades diferentes das que temos no Brasil e também esquiar, que não é o objetivo maior de quem vai a Bariloche. Muitas operadoras optaram por fretamentos para o destino, ou mesmo bloqueios aéreos em grandes quantidades.
Nos Estados Unidos, a preferência ainda é para Flórida e Nova York, mas a fila para tirar visto americano continua sendo um problema, além dos preços das passagens aéreas e do custo em geral em destinos como Miami e Nova York, vistos como muito caros, no momento, pelos brasileiros. De janeiro a junho deste ano, 710 mil brasileiros estiveram nos Estados Unidos, segundo estatísticas divulgadas pelo Escritório Nacional de Viagens e Turismo do Departamento de Comércio americano. A meta é chegar aos 1,5 milhão até dezembro. O Brasil representa um terço dos 2,1 milhões de visitantes da América do Sul no período e
é o quinto mercado internacional (excluindo México e Canadá), atrás de:
Reino Unido – 1,7 milhão
Índia – 815 mil
Alemanha – 785 mil
Coreia do Sul – 722 mil Brasil – 710 mil
Os mercados latinos que aparecem na sequência são:
10º – Colômbia – 401 mil turistas
13º – Argentina – 293 mil
16º – Chile – 209 mil
17º – República Dominicana – 296 mil
18º – Equador – 204 mil
Em junho, o Brasil enviou 127 mil visitantes para os Estados Unidos, o segundo melhor mês do ano, depois de janeiro (135 mil). Em junho, o Brasil ficou em quarto lugar no envio de turistas, à frente da Coreia do Sul.
VEJA LISTA.
A PANROTAS teve acesso ao relatório Smash, de produção aérea internacional no Brasil, de janeiro a junho deste ano. BeFly, CVC Corp, Confiança, Decolar, Sakura, Ancoradouro, BRT, Skyteam, CWT e BCD Travel são os dez maiores emissores.
Lembrando que o relatório Smash traz apenas as empresas com relação direta com as empresas aéreas. Uma TMC (agência de viagens corporativas), por exemplo, que compra metade de seu aéreo em uma consolidadora, aparecerá no ranking apenas com a metade comprada diretamente com a companhia aérea. A
outra metade entra na cota da consolidadora. A estimativa do mercado é que o Smash represente 70% da venda aérea internacional no Brasil, pois algumas empresas, como a Iberia e a British e parte da Latam, por exemplo, não têm seus dados computados nesse processo. É, no entanto, um grande indicador de como está aquecido o mercado de viagens aéreas internacionais.
Pelo Smash o crescimento da BeFly em vendas, em relação ao primeiro semestre de 2022, foi de 54%. A Confiança cresceu 40%, a Despegar 32%, a Sakura quase 60%, a Ancoradouro outros 40% e a BRT 50%. A CVC Corp caiu 5% no relatório, em relação a 2022. BCD, com 38%, Copastur, com 60%, e Kontik com 50% de crescimento comprovam que também as viagens corporativas seguem a tendência de crescimento.
Confira abaixo os rankings geral por vendas, de consolidação e número de bilhetes.
(janeiro a junho de 2023 – somente passagens aéreas internacionais – fonte: Relatório Smash)
1 – BeFly: US$ 250 milhões
2 – CVC Corp: US$ 242,6 milhões
3 – Confiança: US$ 172 milhões
4 – Decolar: US$ 165 milhões
5 – Sakura: US$ 98 milhões
6 – Ancoradouro: US$ 87,2 milhões
7 – Grupo BRT: US$ 83,1 milhões
8 – Skyteam: US$ 56 milhões
9 – CWT: US$ 35 milhões
10 – BCD Travel: US$ 34 milhões
11 – CNT: US$ 30 milhões
12 – Teresa Perez: US$ 27 milhões
13 – Copastur: US$ 26 milhões
14 – Frontur: US$ 25,2 milhões
15 – Etraveli: US$ 22 milhões
16 – Smiles: US$ 21 milhões
17 – Transpac: US$ 20,1 milhões
18 – Tyller: US$ 20 milhões
19 – Kontik: US$ 15,2 milhões
20 – Grupo Voetur: US$ 13,2 milhões
(janeiro a junho de 2023 – somente passagens aéreas internacionais – fonte: Relatório Smash)
1 – Decolar: 310 mil
2 – CVC Corp: 286 mil
3 – BeFly: 220 mil
4 – Confiança: 160 mil
5 – Sakura: 93 mil
6 – Etraveli: 92 mil
7 – Ancoradouro: 92 mil
8 – Grupo BRT: 86 mil
9 – Smiles: 70 mil
10 – Skyteam: 60 mil
Relatório produzido pela PANROTAS e pela FecomercioSP com o objetivo de servir como norteador de decisões para destinos e empresas nacionais estrangeiras. Para mais informações ou esclarecimentos, entre em contato com ri@fecomercio.com.br ou redacao@panrotas.com.br