Março de 2017

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com. PALAVRA VIVA

Março/2017 Ano XIII

Edição N.144

Cianorte/PR

INFORMATIVO MENSAL Associação do Imaculado Coração de Maria

O mal da vontade própria

Admoestações de São Francisco de Assis Do mal da vontade própria Admoestação de São Francisco de Assis, nº 2:"Disse o Senhor a Adão: 'Come de toda árvore; da árvore da ciência do bem e do mal, porém, não comas'. Podia, pois, comer de toda árvore do paraíso, porque, enquanto nada fazia contra a obediência, não pecava. Come, pois, da árvore da ciência do bem aquele que se apropria da sua vontade e se exalta pelos bens que o Senhor diz e opera nele. E assim, por sugestão do diabo e transgressão do mandato, faz-se pomo da ciência do mal. Por isso, importa que sustente a pena". Fontes Franciscanas, Editora MSA, 2005, pág. 90. "O tulo". Vontade própria, aqui, não é faculdade nossa, que funcione como a inteligência ou o sen mento. É um modo de ser que abarca também inteligência e sen mento. São Francisco diz que vontade própria nesse sen do, é um veneno. Que experiência será essa? "... da árvore da ciência do bem e do mal, porém, não comas" (Gn 2, 1617) "... enquanto nada fazia contra a obediência, não pecava". Árvore, aqui, é o mundo dos homens. A ciência do bem e do mal é o saber. Esse pode permanecer ligado a Deus como sua fonte de inspiração ou se desligar dele, colocando a si próprio como fonte de inspiração. O primeiro modo de ser foi chamado por Jesus de 'fazer a vontade de Deus' (Jo 4, 34). O segundo foi chamado por São Francisco de 'fazer a vontade própria'. Fazer a vontade de Deus é acreditar que a realidade mais fundamental é Deus e que nós somos seus filhos. Quem cul va essa fé desenvolve um sexto sen do pelo qual capta a presença de Deus. A capacidade de ouvir o sussurro de Deus na materialidade das coisas é chamada por São Francisco de obediência. Pela obediência a pessoa descobre que a Vida é imensa: quantas árvores, quantos bichos em cima, quantos debaixo da terra e no ar; quantas montanhas?! Tudo está nascendo, crescendo e morrendo. A chuva rega, de uma vez, todas as plantas. Eis o cuidado de Deus. Um cuidado que sabe esperar e nada atropela. Espera não como alguém irritado, mas como um Pai: intervém no momento oportuno com a força e a suavidade necessárias para cada situação.

responde: Porque fazemos a vontade própria e não a de Deus. Se você não se apropriar (comer) do fruto, pela obediência à vontade de Deus, começará a sen r e querer como Ele sente e quer! Começará a fluir na imensidão do coração de Deus. E obedecer passa a ser um privilégio e não uma obrigação opressiva. "Come, pois, da árvore da ciência do bem aquele que se apropria da sua vontade e se exalta pelos bens que o Senhor diz e opera nele". Vontade própria é possibilidade real de cada instante. Ela tem jeito de lobo ves do de ovelha. A vontade, em si, é coisa boa, mas quando vira medida de tudo para mim, se torna má, produzindo as pessoas e a sociedade em que estamos: consumismo-fome, mansão-favela, etc. Ela é má porque mata a humanidade no humano. E chega a suscitar um Hitler: bom pai de família, afetuoso com seus filhos, mas que não hesitava em condenar mul dões à câmara de gás, por exemplo. "E assim... fez-se o ponto da ciência do mal". Ao pretender determinar a par r de si - da sua medida: compreensão, gosto, expecta va, desejo - o que é bem e o que é mal, o homem se acha com o pomo do mal na mão! A apropriação faz decair a vontade e a torna má. Como isso é possível: É que há uma mudança radical de horizonte: do horizonte magnânimo de Deus se passa ao horizonte mesquinho do eu. "Por isso importa que sustente a pena". A vontade própria tem por efeito a pena. De fato ela ra o nosso sono, deixa-nos agressivos, gananciosos, invejosos... Grande parcela do nosso sofrimento somos nós mesmo que produzimos. E o que não é produzido por nós e que é manifestação inocente da condição humana, quem está dominando pela vontade própria não consegue entender nem aguentar. É a natureza humana, desviada da sua semelhança com Deus, vingandose do seu empobrecimento. Dom João Mamede Bispo Diocesano de Umuarama/PR Fonte: Informa vo Diocesano / fevereiro de 2017

A pessoa de fé desenvolve este sensorial chamado obediência. Percebe que a realidade não cabe dentro de si própria. Percebe que nossas medidas não alcançam a grandeza do Céu e da Terra. E sabe que tem um pai cuja grandeza, flexibilidade, diferenciação, profundidade, paciência e misericórdia são muito grandes. E vive a busca de uma medida maior. Mas por que temos uma medida estreita? São Francisco

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