ELEMENTOS ARQUITETÔNICOS DO PALÁCIO AMARELO - PETRÓPOLIS, RJ VOL. II

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GLOSSÁRIO

ELEMENTOS ARQUITETÔNICOS E ARTÍSTICOS DO PALÁCIO AMARELO - PETRÓPOLIS, RJ VOL. II

FONTE DA IMAGEM: ACERVO PESSOAL FILIPE GRACIANO

ELEMENTOS ARQUITETÔNICOS E ARTÍSTICOS DO PALÁCIO AMARELO -

VOLUME 2

ORGANIZADORA

MARIA DAS GRAÇAS FERREIRA

AUTORES

BRUNA BRITTO

CLARA GALDINO

CLARA LESSA

PEDRO KLAYN

CONSULTOR

WILLIAM SEBA MALMANN BITTAR

DESENHOS

ANA LUIZA BRAGA NASCIMENTO ISABEL MELO IANNARELLA MARTINS

FOTOGRAFIAS

FELIPE GRACIANO NEVES GUILHERME CARVALHO

PETRÓPOLIS, RJ

EDITORIAL- CEGRA

2023

P l a n o d e A ç ã o e P r e s e r v a ç a o P a l á c i o A m a r e l o
RJ
PETRÓPOLIS,
P l a n o d e A ç ã o e P r e s e r v a ç a o P a l á c i o A m a r e l o SUMÁRIO Apresentação 06 Introdução 1.3 Luís XVI
Influências artísticas dos reinados de Luís XIV, Luís XV e Luís XVI
Luís XV 2. Influências arquitetônicas do Palácio Amarelo 2.1 Neoclassicismo 2.2 Ecletismo 07 1.1 Luís XIV 3. Influências artísticas do Palácio Amarelo
Escultor Henrique Levi e escultor José Huss 5. Referências Bibliográficas 4. Glossário dos elementos artísticos e arquitetônicos internos 05 07 10 13 16 16 17 20 20 21 42
1.
1.2
3.1

APRESENTAÇÃO

O Glossário Volume II aqui apresentado é uma ação do projeto “Palácio Amarelo: Preservação”, fruto da parceria entre a Câmara de Vereadores de Petrópolis (CMP) e a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) pelo Departamento de Arquitetura e Urbanismo (DAU) - Campus Petrópolis/ESDI, em 2020.

O presente trabalho é uma continuação do Glossário “Elementos Arquitetônicos e Artísticos do Palácio Amarelo- Petrópolis, RJ”, Volume I, que contempla a resenha histórica de formação e urbanização da cidade de Petrópolis, história de construção e diferentes usos do Palácio Amarelo até tornar-se sede da Câmara Municipal de Petrópolis e os verbetes dos elementos arquitetônicos das fachadas.

Neste segundo volume trazemos uma breve explicação das influências arquitetônicas e artísticas encontradas no interior do Palácio Amarelo, bem como um capítulo para apresentar os importantes artistas José Huss e Henrique Levi, além de desenvolver o Glossário dos elementos internos do Palácio. A iniciativa tem como objetivo principal a preservação do bem patrimonial Sede da Câmara, de rica importância para o contexto arquitetônico-urbanístico e da memória da cidade.

Esta publicação é uma ação do Núcleo de preservação do Palácio Amarelo, contando com estagiários seguindo orientações da coordenadora e professora adjunta Maria das Graças Ferreira e com consultoria do arquiteto William Bittar. Os resultados são frutos de pesquisas reunindo informações de livros, periódicos, trabalhos acadêmicos, pesquisas e documentação de órgãos públicos ligados à área de preservação e restauro, como IPHAN e INEPAC.

A metodologia utilizada estabelece um alinhamento em relação às nomenclaturas dos elementos arquitetônicos, a tipologia estilística adotada e um breve resgate histórico de sua utilização e mudanças ao longo do tempo, além da compreensão como esses elementos são inseridos no Palácio Amarelo, objeto central da pesquisa.

Esta publicação pretende colaborar como um guia arquitetônico do bem, resgatando seu contexto histórico, sua tipologia estilística e suas particularidades, além de servir como um material de consulta para melhor compreensão dos elementos que o constituem, apresentando descrições dos componentes e suas simbologias. O produto também tem como objetivo instrumentar material didático e acervo para pesquisas do imóvel, reunindo informações importantes para a apreensão da arquitetura.

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A cidade de Petrópolis, localizada na Serra da Estrela, no estado Rio de Janeiro, possui um repertório arquitetônico e artístico bastante rico preservado. A região também foi cenário de uma intensa colonização europeia, tendo sido escolhida como D. Pedro II como localização do palácio de veraneio da família imperial.

Esses dois fatores foram significativos para transformar Petrópolis no que é hoje, uma cidade em que edifícios modernos convivem com palacetes e moradias que referenciam uma mistura de estilos arquitetônicos de outro continente.

O Palácio Amarelo, edifício situado no Centro Histórico da cidade, representa esse fenômeno. É possível identificar nele uma sobreposição de vários estilos arquitetônicos com diferentes inspirações e objetivos, sendo impossível encaixá-lo em somente uma única tipologia estilística.

A ornamentação interior é, na maioria, atribuída aos artistas Henrique Levy e José Huss, que decoram os ambientes internos do Palácio Amarelo utilizando referências dos estilos franceses de Luís XIV e Luís XVI, trazendo a opulência necessária para a Câmara Municipal da cidade de Petrópolis.

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INTRODUÇÃO

INFLUÊNCIAS ARTISTICAS DOS REINADOS DE LUÍS XIV, LUÍS XV E LUÍS XVI

LUÍS XIV

O estilo conhecido como Luís XIV surge durante a monarquia francesa sob o reinado de Luís XIV de França, ainda no século XVI. É, portanto, a expressão artística e arquitetônica que caracteriza o próprio período de governo do monarca.

Além do estilo, o monarca francês, popularizado como o “Rei Sol”, foi responsável pelas grandes contribuições à França, como exemplo, a fundação de academias diversas, dentre elas: Pintura e Escultura (1648), Ciências (1666), Música (1669) e Arquitetura (1671). Em adição às academias, implantou uma espécie de jardim botânico em Versalhes, que comportava espécies vegetais diversas do mundo.

A École de Beaux-Arts (Escola de Belas Artes), situada em Paris, foi fundada por Charles Le Brun, pintor e teórico da arte francês, sob o reinado de Luís XIV, em 1648, ainda como Academia de Belas Artes. No momento de fundação, a França passava por um período em que almejava ser a referência em diversos campos, em especial, no artístico. Contudo, na época, a Itália era popularmente conhecida por seus célebres artistas. No entanto, recusando-se a ser superados por seus vizinhos, a academia foi fundada.

Dentre os ensinos de escultura, desenho e pintura, podia ser encontrado ainda o ensino de arquitetura. No desejo de centralismo francês, a Academia parte de uma base cultural greco-romana caminhando para o desenvolvimento e definição de um sistema de regras bem definidas, das técnicas que então representavam o estilo de Belas-Artes. À medida que Luís XIV crescia, foi escolhendo os mais habilidosos graduados para compor sua equipe de decoradores para o palácio de Versalhes.

Dentro de suas especialidades, a Academia de BelasArtes surgiu como forma de representar o poder oficial, cumprindo com maestria sua função. Prova disso são as construções imponentes, monumentos, elementos decorativos em profusão.

O estilo do monarca era expresso em campos diversos, como na arquitetura civil e religiosa, mas principalmente na ornamentação. Mais representativo como como arte de corte, tinha caráter vibrante e ostentatório, a exemplo das artes de Le Brun desenvolvidas nos salões do Palácio de Versalhes. Ao fim do reinado de Luís XIV, o estilo expressava leveza nas formas e linhas mais fantasiosas, que anunciavam o estilo sucedâneo, Luís XV.

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Fonte: https://www.todamateria.com.br/luis-xiv-rei-sol-rei-da-franca/. Acesso em 20 de agosto de 2023 Figura 1: Pintura “Retrato de Luiz XIV”, 1701

INFLUÊNCIAS ARTISTICAS DOS REINADOS DE LUÍS

LUÍS XIV

Localização:

Comuna da Mancy, França

Construído entre 1658 e 1661

Estilo Barroco

Castelo de Vaux

Fonte: https://feteinfrancecom/vaux-le-vicomte-wedding-planner/ Acesso em 20 de agosto de 2023

Autoria:

Nicolas Fouquet.

Superintendente Finanças de Luís XIV.

O Castelo de Vaux possui ornamentação vigorosa do barroco, combinada com elementos do classicismo. Também apresenta um ritmo expresso através das suas falsas colunas e aberturas da fachada horizontal. O corpo central do edifício combina o caráter pesado da construção com o tratamento livre de volumes distintos.

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LUÍS XV E LUÍS XVI
XIV,

INFLUÊNCIAS ARTISTICAS DOS REINADOS DE

LUÍS XIV

Localização:

Versalhes, França

Construído em 1631

Estilo Barroco

Castelo de Versalhes

https://feteinfrancecom/vaux-le-vicomte-wedding-planner/

Autoria:

Louis Le Vau, André Le Notre, Jules Hardouin-Mansart, Ange-Jacques Gabriel, Robert de Cotte, Claude Perrault.

A opulência e monumentalidade do Castelo de Varsalhes é expressa na sua horizontalidade, porém, sem o uso de grandes abanços ou recuos. Fez o uso de ritmo através de suas janelas em sincronia com as arcadas colossais, que tornariam-se predominantes no século XVIII.

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Fonte: Acesso em 20 de agosto de 2023
LUÍS XV E LUÍS XVI
LUÍS XIV,

INFLUÊNCIAS ARTISTICAS DOS REINADOS DE LUÍS XIV, LUÍS XV E LUÍS XVI

LUÍS XV

Pode ser entendido como o estilo do desabrochar do “rocaille”, provável origem dos estilos ornamentais de conchas. Contudo, o estilo Luís XV possui dois momentos distintos, sendo o segundo iniciado por volta de 1750, como uma reação às características do rocaille, que acaba por ceder o espaço para tendências neoclássicas, até o falecimento do rei Luís XV, que preparou o cenário francês para seu sucessor.

Fonte: https://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?

codigo=4560&titulo=O reinado estetico: Luis XV e Madame d e Po Acesso em 20 de agosto de 2023

O primeiro momento do estilo Luís XV foi marcado por empregar linhas mais curvas e sinuosas, como sugerido pelo estilo antecessor, assim como tendia a suprimir as ordens clássicas. Alguns dos elementos que servem como exemplo da sua expressão são:

Rocaille: a palavra refere-se às formas similares a conchas, tratando-se de uma estilização, conferindo a denominação rocaille, que se tornou rococó fora da França. O elemento invadiu as decorações, utilizando entrelaçamentos de C e S embutidos;

Fonte: http://arquiteturadeinterioresweeblycom /uploads/3/0/2/6/3026071/apostila parte 02pdf

Acesso em 20 de agosto de 2023.

Cártula Alada: elemento ornamental dotado de asas esculpidas, utilizado em abundância, compondo o alto de espelhos, tremós, cornijas e outras composições da decoração.

Fonte: http://arquiteturadeinterioresweeblycom /uploads/3/0/2/6/3026071/apostila parte 02pdf

Acesso em 20 de agosto de 2023.

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Figura 2: Pintura “Retrato do Rei Luiz XV”, 1748

INFLUÊNCIAS ARTISTICAS DOS REINADOS DE LUÍS XIV, LUÍS XV E LUÍS XVI

LUÍS XV

Bordas Flamejadas: além do emprego de bordas onduladas, fazia-se uso também de bordas que imitavam pequenas chamas ao redor das ornamentações;

Fonte: http://arquiteturadeinterioresweeblycom /uploads/3/0/2/6/3026071/apostila parte 02.pdf.

Acesso em 20 de agosto de 2023.

Em meados do século XVIII, ocorreu o momento de transição do estilo de Luís XV, do seu momento inicial, voltado aos exageros do desenvolvimento do rocaille para uma dedicação maior aos ornamentos e a volta às ordenações do estilo Luís XIV, enfatizando referências à Antiguidade e posteriormente desencadeando o movimento Neoclássico.

Na arquitetura, o emprego das colunas sob o novo estilo do governante passa a desaparecer, tendendo cada vez mais à uma simplificação nas fachadas, que passam a exaltar o ritmo pelo intercalar das aberturas e fechamentos, que se opõe à extravagância do interior. Em muitos casos, o andar térreo detinha arcadas que continham as janelas em seus arcos, cuja ornamentação limitava-se aos seus fechamentos.

Apesar das expressões na arquitetura, as adaptações ao rocaille na decoração interior mostram que o primeiro momento do estilo Luís XV foi mais inventivo. No mobiliário, como exemplo, podem ser citados:ao remate de aberturas.

Assentos: possuem linhas que exprimem leveza, harmonia e sobretudo o conforto, com perfis curvados. Braços não se alinham aos pés, mas se prostram recuados. O assento e encosto já não se separam e a ornamentação esculpida é composta por flores, palmeiras, conchas, folhagens e outros elementos;

Fonte: https://ptwikipediaorg/wiki/Ficheiro:

Louis XV

Acesso em 20 de agosto de 2023.

Cômodas: seu uso fica mais evidente ao fim do reinado de Luís XIV. Um móvel assentado em pés com forma sinuosa de S, faz uso de ornamentações do rocaille em bronze. A marchetaria é, em primeiro momento, feita de madeiras coloridas em xadrez, mas posteriormente utiliza ornamentação floral;

Fonte: https://www.casabelastore.combr/moveis/comodas/comoda-bombe-luis-xvmarchetada-com-tampo-de-marmore-e-apliques-em-bronze-3-gavetas

Acesso em 20 de agosto de 2023

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INFLUÊNCIAS ARTISTICAS DOS REINADOS DE LUÍS XIV, LUÍS XV E

LUÍS XV

Localização:

Versalhes, França

Construído em 1762

Estilo Neoclássico

Petit Trianon

Autoria:

Ange-Jacques Gabriel

O Petit Trianon apresenta-se como um volume maciço, aliviado apenas pelas aberturas das grandes janelas que permeiam suas quatro fachadas. O estilo classicista é reforçado pela forte simetria das fachadas, com o emprego de proporções e elementos clássicos, como as colunas. A auteridade da construção é marcada pela predominância dos vazios que aliviam a forma pesada.

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Fonte: https://www.pariscityvision.com/pt/versalhes/historia-palacio-versalhes.. Acesso em 20 de agosto de 2023.
LUÍS XVI

INFLUÊNCIAS ARTISTICAS DOS REINADOS DE LUÍS XIV, LUÍS XV E LUÍS XVI

LUÍS XVI

Assim como seu antecessor, o estilo Luís XVI recebe o nome do monarca de sua época, nascido em 23 de agosto de 1754 em Versalhes, falecido em 1793, em Paris. O estilo, igualmente extravagante, surge em um momento que pode ser entendido como um triunfo do neoclassicismo, sendo um estilo de excessos de decoração.

Por ser predominantemente um estilo de decoração e mobiliário, fazia o emprego de diversas espécies de ornamentação, como relevos, arabescos, guirlandas troféus, painéis etc. Comumente utilizando elementos de folhagens. folhagens (ramos de oliveiras) e flores, estendia a decoração às portas e janelas, ladeadas de feixes de junco. Suas pinturas prestigiavam aquelas de Pompeia, ornatos da Antiguidade e do Renascimento.

Marchetaria: arte de aderir ornamentação às superfícies, em geral planas, de pisos, tetos, móveis e outros, através do uso de materiais variados, em maioria madeira, mas também utilizando madrepérolas, metais, marfim, etc. A técnica compunha mosaicos com "contrastes de fundo", subsistente do estilo antecessor;

Fonte https://www.jaimemonpatrimoine.fr/fr/module/81 /1852/bagatelle-la-folie-du-comte-d-artois..

Poltronas: remetem às do estilo Luís XV, com sutil alteração em suas formas, possuindo pés retos, canelados, unidos aos restantes por um ornamento roseteado. As principais formas são em medalhões, de espaldar ligeiramente arqueado, ligados ao montante por curvaturas;

Fonte: https://mercadonegroantiguidades.com.br/estilo-luis-xvi/ Acesso em 20 de agosto de 2023

Cômodas: comumente possuíam cantos facetados, que evitavam a rigidez das linhas em prol da suavidade da forma, ornados geralmente de bronze cinzelado. Tinham, em maioria, pés retos ou afinados ao chegar ao chão.

Fonte: https://mercadonegroantiguidadescombr/estilo-luis-xvi/ Acesso em 20 de agosto de 2023.

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Acesso em 20 de agosto de 2023

INFLUÊNCIAS ARTISTICAS DOS REINADOS DE LUÍS XIV, LUÍS XV E LUÍS XVI

LUÍS XVI

Localização:

Paris, França

Construído em 1775

Estilo Neoclássico

Château de Bagatelle

Autoria:

François-Joseph Bélanger

O volume, apesar de simples, do Château de Bagatelle, apresenta elegância e simetria marcada. A forma refinada abrese em arcadas nas suas fachadas. O Chãteau pode ser assimilado ainda à uma casa templo.

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Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Ch%C3%A2teau de Bagatelle. Acesso em 20 de agosto de 2023.

INFLUÊNCIAS ARTISTICAS DOS REINADOS DE LUÍS XIV, LUÍS XV E LUÍS XVI

LUÍS XVI

Localização:

Paris, França

Construído entre 1779 e 1782

Estilo Neoclássico

Teatro de Ódeon

Fonte: https://commonswikimediaorg/wiki/ File:Th%C3%A9%C3%A2tre de l%27Od%C3%A9on. Acesso em 20 de agosto de 2023.

Autoria:

Pierre Thomas Baraguay

A superfície, livre de ornamentação, é marcada por um rusticado e pelas aberturas que diminuem em tamanho à medida em que sobrem a arquitetura. A geometria da fachada é marcada pelo ritmo das colunas que avançam sobre a entrada.

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INFLUÊNCIAS ARQUITETÔNICAS E ARTÍSTICAS DO PALÁCIO AMARELO

NEOCLASSICISMO

O Neoclássico ou Neoclassicismo surgiu na Europa, mais precisamente em Roma, Itália, no final do século XVIII, como um estilo de reação aos excessos de ornamentação dos estilos Barroco e Rococó. O movimento não foi apenas artístico, mas também político e cultural, resgatando princípios da antiguidade greco-romana com objetivo de expressar valores mais sólidos e universais, e por sua vez marcou o período histórico de ascensão da burguesia e afirmação de alguns governos autoritários.

O Neoclassicismo foi adotado principalmente na construção de importantes edifícios como bibliotecas, museus, prefeituras e tribunais, pois estes expressavam a autoridade e o poder do Estado. Também esteve presente em edifícios religiosos e residências particulares de pessoas ricas e influentes.

Na arquitetura, o Neoclassicismo se caracteriza pela simplicidade formal, os ornamentos são funcionais e discretos em oposição aos exageros ornamentais dos estilos anteriores, Barroco e Rococó. Além disso, há uma constante preocupação com a simetria, uso de cúpulas e frontões, aplicação de materiais nobres como pedra, mármore e granito, esses geralmente polidos criando-se com isso o efeito de luminosidade.

Assim como na arquitetura, a decoração neoclássica também destaca a simplicidade da forma e o resgate de elementos da Antiguidade. Há a utilização de cores neutras como branco, marfim, bege e cinza, uma reinterpretação da policromia clássica original.

A simetria e a proporção são adotadas através da disposição de vãos e móveis posicionados seguindo o eixo central do ambiente, com o objetivo de manter o equilíbrio e a harmonia. Além da utilização dos frontões, estão presentes medalhões, molduras, frisos e colunas.

Como acabamento refinado, aplicam-se tecidos nobres como seda, veludo e linho. Nessa linha de valorização da cultura clássica, o Neoclassicismo valoriza a presença de objetos de arte como esculturas, pinturas e vasos gregos e romanos.

O movimento influenciou a arquitetura brasileira quando, a convite de D. João VI, vieram ao país artistas e arquitetos europeus que ficaram conhecidos como a Missão Francesa. Em 1816 foi criada a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, transformada na Academia Imperial de Belas Artes, onde alguns desses profissionais lecionaram.

Entre eles, estava o arquiteto Auguste Henri Victor Grandjean de Montigny que teve importante papel como professor de Arquitetura na academia, deixando um legado que influenciou a produção da arquitetura no Brasil. Entre suas realizações restaram o Solar Montigny, nos terrenos da PUC-Rio e a antiga Praça do Comércio, transformada na Casa França-Brasil, além da portada do edifício da Academia, demolido na década de 1930.

Quando a Família Real passou a frequentar Petrópolis, a partir de meados do século XIX, foram implantadas edificações com o modelo neoclássico característico da escola de belas artes, símbolo do período imperial, que estendeu-se em direção ao interior fluminense, ocupado pelo ciclo do café.

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INFLUÊNCIAS ARQUITETÔNICAS E ARTÍSTICAS DO PALÁCIO AMARELO

NEOCLASSICISMO

ECLETISMO

O Ecletismo surgiu na Europa, mais precisamente na França, com influência da Escola de Belas-Artes (École des Beaux-Arts) de Paris, destacando-se ao longo do século XIX. A vertente tem como proposição a busca da conciliação de diversas linguagens diferentes, incluindo novas técnicas construtivas, gerando variadas composições, desenvolvendo uma maior liberdade criativa dos arquitetos na época, que eram menos rigorosos em suas unidades estéticas.

Apesar de manter alguns dos princípios básicos descritos pela academia, como simetria, proporção, composição, ornamentação, sem muita ortodoxia, em alguns casos havia a intenção de produzir uma “arquitetura falante”, onde o edifício, pelo seu partido estético, sugeria sua função principal. Por exemplo, o predomínio medievo para arquitetura religiosa ou barroco, para edifícios de lazer.

O ecletismo é classificado, algumas vezes, como uma tendência historicista por reviver elementos utilizados em antigas vertentes arquitetônicas. Em alguns casos, poderia reforçar a importância do sentido artístico que a arquitetura possuía, porém muito criticada pela criação de edifícios funcionais produzido pela “arquitetura dos engenheiros”.

Essa ‘arquitetura dos engenheiros’ se caracterizava como uma resposta pragmática, que objetivava solucionar as necessidades do edifício com produtos manufaturados e respostas formais objetivas.

Por meio do uso dos novos materiais, proporcionados pelo crescimento da revolução industrial, a “arquitetura dos engenheiros” desenvolvia construções em grandes proporções e com soluções estruturais totalmente aparentes.

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Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Casa Fran%C3%A7a-Brasil Acesso em 20 de julho de 2023 Fonte: http://periodicospuc-riobr/ Acesso: em 20 de julho de 2023 Figura 3: Casa França-Brasil vista externa. Figura 4: Casa França-Brasil vista interna

INFLUÊNCIAS ARQUITETÔNICAS E ARTÍSTICAS DO PALÁCIO AMARELO

Os arquitetos acadêmicos, com seus projetos ecléticos, também utilizavam aqueles materiais gerados pela indústria, porém empregados de uma forma diferente. No Ecletismo, os arquitetos buscavam novas formas de incorporar as peças produzidas nas indústrias em suas obras arquitetônicas, sem que perdessem seus princípios estéticos mantidos por muitos anos e reforçado pela academia. Portanto, uma forma de solucionar essa problemática foi a utilização de elementos ornamentais para ocultar as inovações estruturais presentes nos edifícios, como ferro, aço e, posteriormente, o concreto armado.

A arquitetura eclética na Europa atendia, em grande parte, à burguesia, fazendo uso das novas tecnologias para promover o maior conforto das edificações, mas sem perder o caráter artístico. Essas mudanças, além de gerar melhorias na qualidade técnica dos projetos e mais possibilidades construtivas, também eram capazes de gerar um aumento da qualidade de vida de quem habitava essas edificações. Entre outras inovações, destacam-se as alterações nas instalações sanitárias, contribuindo para a saúde da população, reduzindo a proliferação de doenças, um dos grandes problemas a ser resolvido pelos sanitaristas.

Além das inovações técnicas, outra demanda da classe social mais abastada era a manutenção das ornamentações que caracterizavam as antigas arquiteturas. Com isso, as obras apresentavam exuberantes ornatos, inclusive em seus interiores. Cada ambiente era tratado separadamente, composto por minuciosas decorações que utilizavam variados elementos arquitetônicos e artísticos. Era levado em conta as cores do ambiente, pinturas que retratavam temas específicos, elementos escultóricos como forma de ornamentação ou como artifício para encobrir os materiais estruturais empregados nas obras.

O Ecletismo chega ao Brasil em meados do século XIX, favorecido pelo capital originário do café e o surgimento das ferrovias. Com isso, a utilização da estrutura metálica tornava-se um partido comum, também aplicada em outros programas de arquitetura, como igrejas, teatros e até mesmo palacetes.

Com a República e os planos de modernização das grandes cidades, o Ecletismo encontrou cenário propício para sua difusão como por ocasião da reforma urbanística implantada pelo prefeito Pereira Passos, a partir de 1902, no Distrito Federal.

Esse estilo foi adotado nas grandes construções da época e utilizado como forma de representação do novo regime político do país, a República. O Rio de Janeiro, capital do Brasil, guarda importantes exemplares do ecletismo, como o Theatro Municipal (Figura x), inaugurado em 1909 na antiga Avenida Central, atual Avenida Rio Branco. Seus interiores apresentam rica ornamentação, destacando-se dois ambientes: a sala de espetáculos e a escadaria do saguão.

O hall monumental apresenta detalhadas pinturas, esculturas e mosaicos compondo a sua ornamentação. A sala de espetáculos é repleta de pinturas do artista Eliseu Visconti, incluindo o pano de boca (nome dado a cortina que cobre o palco antes e depois do espetáculo), além das decorações detalhadas dos frisos em dourado, que enriquecem ainda mais o ambiente.

Um exemplar da arquitetura eclética na cidade de Petrópolis é a Sede dos Correios (Figura x), localizada na Rua do Imperador, nº350, no centro histórico. A edificação é considerada pela imprensa como um representante neoclássico, porém a construção, datada de 1922, apresenta uma variedade de referências que o classificam como estilo eclético, com algum destaque para a influência francesa. No seu interior (Figura x), destacam-se elegantes vitrais presentes em sua claraboia e em grandes janelas que acompanham a escadaria.

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INFLUÊNCIAS ARQUITETÔNICAS E ARTÍSTICAS DO PALÁCIO AMARELO

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Fonte:https://br.pinterest.com/pin/7599893098395012/ Acesso em 22 de novembro de 2023 Fonte:http://guiaculturalcentrodorio.com.br/theatro-municipal-do-rio-de-janeiro/ Acesso em 22 de novembro de 2023 Figura 5: Fachada do Theatro Municipal, no Rio de Janeiro. Figura 7 Interior do Theatro Municipal, sala de espetáculos Figura 6: Fachada da sede dos correios, em Petrópolis. Fonte: http://wikimapiaorg/11569845/pt/Pr%C3%A9dio-dosCorreios-e-Tel%C3%A9grafos Acesso em 22 de novembro de 2023 Figura 8: Interior da sede dos correios, em Petrópolis. Fonte: https://soupetropolis.com/2023/01/25/conheca-a-historiado-predio-sede-dos-correios-em-petropolis/ Acesso em 22 de novembro de 2023

INFLUÊNCIAS ARTÍSTICAS DO PALÁCIO AMARELO

ESCULTOR HENRIQUE LEVI E PINTOR JOSÉ HUSS

Após a compra do Palácio Amarelo para instalação da Câmara Municipal de Petrópolis, em 1894, foi realizada uma série de intervenções para adaptar o palacete residencial ao exercício das funções ligadas à política da municipalidade, sem deixar de fora aspectos estéticos. As informações disponíveis sobre os artistas responsáveis pela decoração interna do Palácio Amarelo são escassas e estão constantemente atreladas aos seus trabalhos na Câmara.

Segundo o trabalho Recuperação da Memória Histórica do Legislativo Petropolitano, as intervenções realizadas são de autoria do escultor Henrique Levy e do artista e decorador José Huss, dando relevância ao teto de estuque do salão de sessões (conhecido também como Salão Hemogênio da Silva), a escadaria principal e o vestíbulo superior.

A obra teve seu início em agosto de 1895 e foi concluída um ano depois. Parece possível identificar que ela une o universo da arquitetura do antigo solar com pequenas referências que remetem à sua função governamental, transformando a atmosfera do espaço interno em uma experiência mais contemplativa.

Pouco se sabe sobre o escultor Henrique Levy, mas segundo o jornal Gazeta de Petrópolis (1896), o artista recebeu 1200 réis para realizar sua obra.

O Trabalho de Comissão do Centenário de Petrópolis Volume III (1940) presente no Arquivo Histórico de Petrópolis, traz informações significativas acerca da vida e do trabalho de José Huss. Segundo o texto, o artista nasceu em Alsácia, na França, em 1852 e presenciou a guerra franco-prussiana, que fez a Alsácia ser anexada à região germânica.

Não suportando as consequências do domínio alemão na sua terra natal, migrou para o Brasil em 1870. Pouco tempo depois, casou-se e fixou residência na cidade de Petrópolis, é

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Figura 9: José Huss, decorador do Palácio Amarelo Fonte Trabalho de Comissão do Centenário de Petrópolis , 1943

INFLUÊNCIAS ARTÍSTICAS DO PALÁCIO AMARELO

ESCULTOR HENRIQUE LEVI E PINTOR JOSÉ HUSS

José Huss deixou seu legado nas pinturas murais e nas ornamentações do Palácio Amarelo. Sobre a interpretação do seu trabalho na Câmara, o livro Centenário de Petrópolis: vol III comenta

“[...]esse excelente artista que em sua segunda pátria realizou admirável obra na decoração da Municipalidade, obra que parece ter transfigurado em força de beleza e doçura todo amargor e desencanto que o fizeram abandonar a aldeia querida onde recebera a luz da existência." (TRABALHO DE COMISSÃO DO CENTENÁRIO DE PETRÓPOLIS VOLUME III, 1940.)

Através das suas obras no Palácio Amarelo, é possível notar uma forte influência do estilo francês Luís XVI pelo uso das cores ocre e dourado e as inspirações mitológicas gregas, comuns nesse estilo.

Desde então, o Palácio Amarelo vem sendo modernizando, conforme a necessidade da Câmara Municipal. O texto destaca: “Nos últimos anos importantes obras foram realizadas, com recursos próprios do legislativo municipal, entre elas, a reforma completa das estruturas de telhado do Palácio Amarelo; a remodelação dos gabinetes dos vereadores; a restauração artística do Salão Hermogênio da Silva e do hall de entrada, entre outras " (RECUPERAÇÃO DA MEMÓRIA HISTÓRICA DO LEGISLATIVO PETROPOLITANO, 2004.)

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Fonte: Arquivo pessoal Guilherme Carvalho, 2023 Figura 10 - Encontro do teto e parede da Plenária na Câmara Municipal de Petrópolis

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ABACAXIS OU PINHAS

Elementos orgânicos que se assemelham a frutos ou flores são frequentemente encontrados na ornamentação arquitetônica desde o período do Classicismo. Esses elementos foram reintegrados na arquitetura neoclássica e eclética

.

Entretanto, há uma incerteza quanto à identificação iconográfica desse ornamento no Palácio Amarelo, tornando-se difícil determinar se o elemento em questão representa uma pinha ou um abacaxi. Ambos os ícones são historicamente associados à simbologia da nobreza na história da arte.

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Figura 11: Pinhas/abacaxis presentes acima do lustre. Fonte: Arquivo pessoal Guilherme Carvalho, 2023

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ÁGUIA

A águia é um símbolo atribuído ao deus Júpiter na mitologia romana (equivalente a Zeus para os gregos) e foi também adotada como emblema da Roma Antiga. Por consequência, a águia passou a representar um simbolismo poderoso de liderança e poder.

Essa referência é amplamente explorada em edifícios neoclássicos, onde representa a soberania militar, e seu uso como símbolo se intensificou em Estados republicanos na era moderna. A interpretação iconográfica da águia varia de acordo com o contexto em que é encontrada. Na figura x, a águia aparece ornamentando o friso da Plenária, juntamente com outras imagens diversas. Ela evoca fortemente a alusão explorada no neoclassicismo de liderança e força militar.

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Figura 12: Águia esculpida no friso da Plenária Fonte: Arquivo pessoal Guilherme Carvalho, 2023

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BRASÃO DE ARMAS DA ARGENTINA

O brasão argentino é um símbolo da liberdade pós-independência da Espanha, com mãos entrelaçadas unindo os povos locais segurando uma lança como proteção da independência. Um gorro vermelho simboliza a liberdade, o sol denota uma nova nação, e a coroa de louros remete à vitória, presentes na Plenária do Palácio Amarelo, embora sem suas cores originais, apenas a silhueta é exibida.

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Figura 13: Brasão de armas da Argentina esculpida no friso da Plenária. Fonte: Arquivo pessoal Guilherme Carvalho, 2023

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BUSTO DE DOM PEDRO II

O busto de Dom Pedro II está localizado no hall do primeiro pavimento, em frente ao Salão Hermogênio Silva. Feito de bronze, é suportado por uma fina lâmina de mármore sobre uma base de madeira, e seu olhar está direcionado para o salão da plenária.

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Figura 14: Busto de Dom Pedro II Fonte: Arquivo pessoal Guilherme Carvalho, 2023

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CLARABOIA

No hall da escada, o espaço de entrada do imóvel, uma claraboia moderna combina metal e vidro, trazendo luz natural para o ambiente. Essa fusão contemporânea se entrelaça com elementos tradicionais, evidenciados pelas iniciais "C" e "M", e por detalhes que evocam a estética das pinturas gregas, como a flor de lótus, folhas de acanto e pégasus, símbolos de poder e força militar na mitologia greco-romana.

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Figura 15: Claraboia do hall superior Fonte: Arquivo pessoal Guilherme Carvalho, 2023

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COLUNAS HALL DE ENTRADA

O hall de entrada se destaca pelas colunas de ordem jônica, transmitindo leveza e fluidez, ao mesmo tempo que direciona para a escadaria principal. Elemento utilizado no período Neoclássico, apresenta ornamentações de ramos e ovículos em seu capitel, pintados de preto, enquanto o fuste, com sua técnica de marmorato, exibe um tom avermelhado.

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Figura 16: Coluna do Hall de Entrada Fonte: Arquivo pessoal Guilherme Carvalho, 2023

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COLUNAS DO PRIMEIRO PAVIMENTO

O primeiro pavimento exibe colunas dórico-romanas embutidas na parede. Seus capitéis contribuem para o friso do ambiente, ornado de forma semelhante às colunas jônicas do hall de entrada. Características neoclássicas conferem robustez e solidez às colunas, combinando com a técnica de marmorato nas paredes.

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Figura 17: Colunas do Hall do 1° Pavimento Fonte: Arquivo pessoal Guilherme Carvalho, 2023

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COLUNAS DA PLENÁRIA

A Plenária é circundada por colunas de ordem jônica delineadas em madeira nas paredes. Esta ordem, igualmente neoclássica, cria uma atmosfera mais leve com pintura que simula a madeira. Os capitéis apresentam figuras angelicais, integrando-se ao friso do espaço.

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Figura 18: Colunas do Hall do 1° Pavimento Fonte: Arquivo pessoal Guilherme Carvalho, 2023

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DENTÍCULOS

Os dentículos são elementos ornamentais em formato retangular, localizados logo abaixo da cornija. Com espaçamentos regulares, criam um efeito rítmico. Originários da arquitetura clássica grecoromana, foram adotados posteriormente no estilo neoclássico. Sua finalidade incluía quebrar a horizontalidade e criar sombras que quebrassem a linearidade das formas, características marcantes nesses estilos arquitetônicos.

No Palácio Amarelo, um exemplo eclético classicizante francês, esses elementos ornamentais estão presentes nos frisos do hall de entrada (Figura x) e na sala da plenária (Figura x), ambos adornados com a técnica de douramento.

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Figura 19: Dentículos presentes no hall de entrada Figura 20: Dentículos localizados no friso da plenária Fonte: Arquivo pessoal Guilherme Carvalho, 2023 Fonte: Arquivo pessoal Guilherme Carvalho, 2023

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ESTRELAS

As estrelas de cinco pontas no Palácio Amarelo têm uma função iconográfica, reforçando a presença republicana em um edifício que evoca o passado imperial. No hall superior, essas estrelas estão localizadas nos encontros das molduras, feitas em madeira e pintadas de dourado, com um círculo no centro. Essas estrelas também estão talhadas no guarda-corpo, na sala da plenária e até mesmo na fachada do edifício.

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Figura 21: Estrela do hall superior Fonte: Arquivo pessoal Guilherme Carvalho, 2023

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ESCADA

Na arquitetura eclética, as escadarias eram adaptadas para refletir o estilo desejado pelo arquiteto, muitas vezes sendo motivos evocativos. A escadaria no hall principal lembra as escadarias retas do Renascimento, com longos lances em linha. O corrimão é decorado com painéis em madeira, flanqueados por elementos semelhantes a volutas, cujas partes superiores remetem aos capitéis de colunas.

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Figura 22: Escadaria de acesso ao do hall superior Fonte: Arquivo pessoal Guilherme Carvalho, 2023

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FRISOS DO HALL SUPERIOR DA PLENÁRIA

Inspirada na arquitetura grega, essa composição apresenta elementos da ordem jônica e relevos orgânicos que evocam expressões da natureza. O friso, que percorre as paredes do hall, parece ter três níveis distintos em tons ocre, vermelhoacastanhado e preto. Os dois primeiros níveis exibem uma série de formas abstratas, sendo a primeira em formato cordiforme, comum nos frisos da arquitetura clássica. Já a última camada, de fundo escuro, retrata folhas de palmeiras.

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Figura 23: Frisos presentes na plenária Fonte: Arquivo pessoal Guilherme Carvalho, 2023

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FRISO DA PLENÁRIA

O friso no salão da plenária do Palácio Amarelo é uma composição detalhada e ricamente decorada. Feito com estuques de gesso cobertos pela técnica de douramento, proporciona um efeito majestoso ao salão. Seus motivos ornamentais são fitomórficos, destacando folhas de acanto estilizadas, folhagens e galhos espiralados que formam volutas no padrão, típicos do estilo rococó. Na base, apresenta meandros, uma padronagem retilínea inspirados na arte grega antiga.

Há outra seção do friso que exibe um ser místico, com o tronco humano, asas de anjo e a parte inferior mesclada com folhagens e galhos em espiral. Aqui, também se observa o uso de palmetas, outro tipo de folhagem, além das folhas de acanto, que ganham destaque na seção anterior.

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Figura 25: Segundo trecho, friso da plenária Figura 24: Primeiro trecho, friso da plenária Fonte: Arquivo pessoal Guilherme Carvalho, 2023 Fonte: Arquivo pessoal Guilherme Carvalho, 2023

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GUIRLANDA

As guirlandas, marcantes no neoclássico e no eclético, incorporam elementos naturais como flores, folhas e frutos, moldados em formato de coroa ou trança.

Essa tradição remonta à Grécia Antiga, quando guirlandas feitas de materiais orgânicos homenageavam heróis e divindades em templos e residências. Com o avanço das técnicas de modelagem e construção, as guirlandas evoluíram para ornamentar edifícios, especialmente vinculadas à ordem coríntia do Classicismo.

No hall do primeiro pavimento do Palácio, as guirlandas adornam os pontos de luz internos. Com cores vibrantes, harmonizam-se com as pinturas no teto, em que estão inseridas.

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Figura 26: Guirlanda do hall superior Fonte Arquivo Pessoal Álvaro Rocha, 2022

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ICTIOCENTAUROS

Os ictiocentauros são seres mitológicos com tronco, cabeça e membros superiores humanos, mas suas partes inferiores se dividem em duas partes: duas patas dianteiras e uma longa cauda de peixe. Comuns na arte grega e romana, especialmente no período helenista, essas figuras são frequentemente associadas aos cortejos das divindades marinhas, junto aos hipocampos. Sua representação pode incluir coroas ou chifres.

No Palácio Amarelo, os ictiocentauros aparecem nos detalhes das pinturas murais no forro da plenária, em ambos os lados do salão. Nesses registros, esses seres místicos ostentam coroas, e o fim de suas caudas é retratado de maneira semelhante à folha de acanto, um elemento distintivo das artes gregas.

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Figura 27: Ictiocentauro presente no forro do salão da plenária Fonte: Arquivo pessoal Guilherme Carvalho, 2023

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LADRILHO HIDRAULICO FRANCÊS

O ladrilho hidráulico francês, estreado na Exposição Universal de Paris em 1876, representou uma alternativa inovadora aos revestimentos de pedras naturais. Sua produção artesanal envolve três camadas de cerâmica prensadas em moldes, com desenhos e padrões definidos. Após essa etapa, passam por um longo processo de cura em água, resultando na denominação "hidráulicos".

Importados da Europa no final do século XIX e início do XX, esses ladrilhos se tornaram populares com o surgimento de fábricas especializadas no Brasil. No hall de entrada do Palácio Amarelo diferentes padrões ilustram essa técnica francesa influente nas grandes cidades do país.

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Figura 28: Uma das pradronagens de ladrilho hidráulico francês presente no hall de entrada Fonte: Arquivo pessoal Guilherme Carvalho, 2023

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MARMORIZAÇÃO

A técnica de marmorização, uma arte de reproduzir o aspecto do mármore por meio da pintura, teve origem na arquitetura ocidental após o declínio do Império Romano, quando o mármore era amplamente utilizado, mas seu acesso tornou-se escasso devido à alta demanda. Assim, a pintura se tornou uma alternativa econômica e sofisticada ao longo do tempo.

Adaptando-se aos novos padrões estéticos, a marmorização foi integrada à decoração de interiores. Foi amplamente empregada nas composições barrocas e rococós, aplicada para suavizar superfícies ou criar murais pitorescos.

No Palácio Amarelo, essa técnica pode ser observada em diferentes tons e estilos nas áreas comuns, como no hall de entrada e no primeiro pavimento. Além disso, é usada em outras partes do edifício para simular madeira e granito.

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Figura 29: Marmorização do hall superior em diferentes tons Fonte: Arquivo pessoal Guilherme Carvalho, 2023

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PINTURA MURAL DO HALL

As pinturas murais do Palácio Amarelo, adotam o estilo Luís XVI influenciado pelas obras de teto de Pompéia, com cores típicas greco-romanas, como ocre, preto e vermelho-acastanhado.

No forro do pavimento superior, o estuque e gesso dividem a pintura em oito molduras, quatro delas iluminadas e as outras, laterais. As pinturas centrais exibem rosetas cercadas por quadriláteros que proporcionam simetria. Símbolos ornamentais, como a flor de lótus, típica da arte grega, aparecem na composição. Em outro modelo, presente junto à coroa de rosas e ao lustre, a moldura transmite opulência, mostrando anjos, folhas, flores e uma pinha no topo de um mastro.

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Figura 30: Pintura mural presente no hall no primeiro pavimento Fonte: Arquivo pessoal Guilherme Carvalho 2023

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PINTURA MURAL DA PLENÁRIA

A pintura em afresco no forro da Plenária, enquadra-se em uma moldura dourada, criando uma sensação de amplitude na sala. A imagem é perspectivada, retratando balaustradas adornadas com símbolos republicanos, rodeados por anjos, folhagens e flores. No centro, destaca-se o símbolo da Câmara Municipal, cercado igualmente por anjos. Tanto a imagem quanto o desenho estão centralizados na composição.

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Figura 31: Pintura mural plenária, 2023 Fonte: Arquivo pessoal Guilherme Carvalho 2023

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QUERUBINS

Os anjos têm sido uma presença comum na arquitetura, desde os tempos paleocristãos, inicialmente retratados como seres assexuados e intermediários entre Deus e a humanidade. Com o passar dos séculos, suas representações evoluíram: após o Renascimento, tornaram-se mais delicados e esguios, quase como musas, influenciando o estilo Luís XVI e aparecendo tanto na arquitetura quanto no mobiliário.

No estilo barroco, comum na arquitetura brasileira, os anjos são referidos como "querubins" ou putti, apresentando uma caracterização robusta e corpulenta. Sua representação vai além do simbolismo celestial cristão, variando conforme o contexto.

No Palácio Amarelo, os querubins ornamentam o entablamento da sala da Plenária (Figura x), em pares, ladeando uma guirlanda com as iniciais "CM" da Câmara Municipal. Essa representação ressalta a conexão entre o celestial e o poder legislativo, transmitindo um apelo cristão republicano.

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Figura 32: Querubins presentes no friso da plenária, 2023 Fonte: Arquivo pessoal Guilherme Carvalho, 2023

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