ARQUITETÔNICOS
RJ
ACERVO
ELEMENTOS
E ARTÍSTICOS DO PALÁCIO AMARELO - PETRÓPOLIS,
GLOSSÁRIO FONTE DA IMAGEM:
PESSOAL FILIPE GRACIANO
ELEMENTOS ARQUITETÔNICOS E ARTÍSTICOS DO PALÁCIO AMARELO - PETRÓPOLIS, RJ
VOLUME 1
ORGANIZADORA
MARIA DAS GRAÇAS FERREIRA
AUTORES
BRUNA ALMEIDA BRITTO CLARA GALDINO OLIVEIRA PEDRO KLAYN MONTEIRO
CONSULTOR WILLIAM SEBA MALMANN BITTAR
DESENHOS
BRUNA ALMEIDA BRITTO GIOVANNA CASADO HEFFER MASELLI
FOTOGRAFIAS ÁLVARO ROCHA DE ARAÚJO BERNARDO DA SILVA VIEIRA BRUNA ALMEIDA BRITTO FELIPE GRACIANO NEVES JORGE ALFONSO ASTORGA GARRO PETRÓPOLIS, RJ EDITORIAL CEGRA 2022
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FICHA CATALOGRÁFICA
APRESENTAÇÃO
O Glossário aqui desenvolvido é uma ação do projeto “Palácio Amarelo: Preservação”, fruto da parceria entre a Câmara de Vereadores de Petrópolis e a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) pelo Departamento de Arquitetura e Urbanismo (DAU) Campus Petrópolis/ESDI, em 2020.
A iniciativa tem como objetivo principal a preservação do bem patrimonial Sede da Câmara, de rica importância para o contexto arquitetônico-urbanístico e da memória da cidade.
O conteúdo foi desenvolvido por estagiários seguindo orientações da coordenadora e professora adjunta Maria das Graças Ferreira e com consultoria do arquiteto William Bittar. O material foi fruto de pesquisas, reunindo informações de livros, trabalhos acadêmicos, pesquisas e documentação de órgãos públicos ligados à área de preservação e restauro, como: IPHAN e INEPAC.
A metodologia utilizada estabelece um alinhamento em relação às nomenclaturas dos elementos arquitetônicos, o estilo ao qual é empregado e um breve resgate histórico de sua utilização e mudanças ao longo do tempo, além da compreensão de como esses elementos são inseridos no Palácio Amarelo , edificação central da pesquisa
Este documento pretende tornar se um guia arquitetônico do bem, resgatando seu contexto histórico, o estilo no qual está inserido e suas particularidades, além de servir como um material de consulta para melhor compreensão dos elementos que o constituem, apresentando descrições dos componentes e suas simbologias. O produto também tem como objetivo instrumentar material didático e acervo para pesquisas do imóvel, reunindo informações importantes para a apreensão da arquitetura.
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SUMÁRIO Sumário Apresentação 01 Introdução Resenha histórica 1. 03 1.1 Urbanização de Petrópolis 1.2 Palácio Amarelo 04 2. Influências Arquitetônicas do Palácio Amarelo 07 2.2 Barroco e Rococó 07 2.3 Neoclássico 08 2.4 Eclético 3. Glossário dos Elementos Externos 4. Referências 10 31 02 05 05 2.1 Estilos Arquitetônicos
Petrópolis está localizada na região serrana do Rio de Janeiro, mais especificamente no topo da Serra da Estrela, região que apresenta vales alongados e relevos sinuosos. Por conta disso, apresenta temperaturas mais baixas do que as registradas no município do Rio de Janeiro, sendo uma cidade não muito distante da metrópole carioca. Esses aspectos são bem explorados pelo comércio e turismo da cidade e foram significativos para a ocupação e colonização da região.
A cidade, que recebe grande parte dos turistas nas mais diversas épocas do ano, possui uma coleção dos mais diversos estilos arquitetônicos. Dentre eles, chalés românticos de beirais debruados de lambrequins, edificações no estilo normando com sua estrutura sugerindo o enxaimel, alguns exemplares neoclássicos, casarões neocoloniais da Avenida Koeler e adjacências, diversas edificações ecléticas distribuídas pela cidade e curiosos edifícios modernistas. Essa variedade de repertório está associada à trajetória da importância da cidade em relação à capital e ao modelo adotado em seu planejamento, que orbita em torno do núcleo do Palácio Imperial, sendo o Palácio Amarelo, atual Câmara Municipal, edificação implantada em sua vizinhança imediata.
O Palácio Amarelo está situado na Praça Visconde de Mauá, 89, na região central da cidade de Petrópolis. A localização do imóvel é estratégica, considerando a época de sua urbanização. Fica de frente à Praça da Águia, um ambiente em que comumente ocorre feiras de antiguidades nos finais de semana, que alguns petropolitanos gostam de frequentar em dias ensolarados, além de outros eventos específicos que ocorrem por ali ao longo dos anos.
Não muito distante, mas logo em frente ao Palácio, do outro lado da Rua da Imperatriz, fica um dos bens culturais mais importantes para a história da cidade e, por consequência, para o turismo petropolitano: o Palácio Imperial, antigo palácio de verão da família imperial onde atualmente funciona o Museu Imperial.
É interessante considerar que um dos edifícios mais importantes para a república petropolitana, o Palácio Amarelo, endereço da Câmara Municipal de Petrópolis, está implantado diante do Museu Imperial, símbolo maior do regime anterior.
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INTRODUÇÃO
RESENHA HISTÓRICA
Ignorada por quase duzentos anos, no início do século XVIII, a região que passou a ser identificada como Petrópolis era pouco explorada, ganhando relevância após a construção do Caminho Novo, em 1709, após a descoberta do ouro em Minas Gerais.
D. Pedro I comprou uma propriedade vizinha, o Córrego Seco, em 1830, tanto pelo interesse econômico, mas principalmente pelo interesse social. A região, com seu clima ameno, seria ideal para a implantação de seu Palácio de Verão e para hospedar importantes convidados vindo da Europa, não acostumados com as temperaturas mais altas do Rio de Janeiro, assim como ocorria com D. Leopoldina. D. Pedro I ainda adquiriu outras fazendas do entorno, ampliando sua propriedade.
Em abril de 1831, o Imperador abdicou de seu trono no Brasil, deixando as terras para seu herdeiro, D. Pedro II. Anos depois, o mesmo foi responsável pela construção do palácio no topo da Serra da Estrela, empreendimento que iria necessitar de grande investimento monetário na região.
Por mais conhecida que fosse pelos viajantes do Caminho Novo, tratava se de uma área rural, necessitando de um elaborado plano de urbanização para receber a família imperial, integrantes da corte e todo o contingente de serviçais que atendiam às necessidades palacianas.
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Fonte: Diario de Petrópolis, 2018
Figura 1 Pintura do Palácio Imperial de Pieter Bertichem 1837 1856
RESENHA HISTÓRICA
URBANIZAÇÃO DE PETRÓPOLIS
Para compreendermos o plano de urbanização da cidade de Petrópolis é importante apontar que o governo de D. Pedro II (1840 1889) teve sua estabilidade econômica advinda principalmente da produção cafeeira e da nova fase da Revolução Industrial, que contribuíram para uma injeção de investimentos na cidade e a implantação do Palácio de Verão da família.
O mordomo da Casa Imperial, Paulo Barbosa da Silva, juntamente com o engenheiro alemão e major do Exército Imperial Júlio Frederico Koeler ficaram responsáveis pelo plano de “Povoação Palácio de Petrópolis” que compreendia a doação de terras da fazenda imperial a colonos livres, em sua maioria imigrantes germânicos, que iriam ao mesmo tempo povoar e trazer uma renda econômica agrícola para a cidade. Em 16 de março de 1843, Pedro II assinou o Decreto Imperial n º 155, que arrendava as terras da fazenda do Córrego Seco ao Major Koeler para a fundação da “Povoação-Palácio de Petrópolis”.
Koeler já tinha experiência em outros projetos civis no Rio de Janeiro, trabalhando no desenvolvimento do traçado urbano e na recuperação de muitas estradas, adquirindo amplo conhecimento com relação às particularidades da região e as condições naturais ligadas à Mata Atlântica.
No ano de 1846, o Major Koeler apresentou à corte seu plano urbanístico para a cidade de Petrópolis. O plano apresentava diversas ramificações, que eram inseridas acompanhando a trajetória dos rios e córregos, muito presentes na região, de modo a respeitar a natureza do local e visando a sua preservação.
O projeto era dividido em 12 quarteirões e na parte central encontrava-se a Vila Imperial, local onde seria implantada a residência de veraneio da família real O plano conta com uma clara hierarquização viária, destacando as avenidas principais, apresentando um claro zoneamento com relação à ocupação dessas áreas e ao seu loteamento, previamente definido.
Além disso, Koeler organizou um regulamento com 16 artigos que deveriam ser obedecidos para a construção da cidade, demonstrando uma clara intenção em inserir repertório arquitetônico que correspondesse aos valores dos colonos que habitavam a cidade. A retificação dos rios, a ocupação das avenidas e a aprovação prévia das fachadas voltadas para as vias principais são exemplos de como Koeler elaborou um projeto que ambientasse os colonos eur s.
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Fonte História Petrópolis, 2014
Figura 2: Planta de Petrópolis elaborada no Plano Koeler 1846
RESENHA HISTÓRICA
PALÁCIO AMARELO
A história do Palácio Amarelo está intimamente ligada à urbanização de Petrópolis. Sua localização é estratégica, situando se na Praça Visconde de Mauá, na parte central do Centro Histórico da cidade.
Júlio Frederico Koeler, engenheiro de origem alemã, é responsável pela urbanização inicial de Petrópolis e por elaborar um plano para fundar o que ele denominou de “Povoação-Palácio de Petrópolis”. Compreendia a doação de terras da fazenda imperial a colonos livres. Neste desenho urbanístico, os trechos de terra de numeração 127, 128 e 129 da até então Vila Imperial, esticavam se até a Rua da Imperatriz, em posição nobre, próximos ao Palácio Imperial e atingiam a atual Praça Visconde de Mauá. Em 1850, José Carlos Mayrink da Silva Ferrão construiu sua residência, o Palácio Amarelo, mais tarde foi vendida ao Barão de Guaraciaba, o primeiro barão negro do Brasil, nascido filho de mãe escrava.
Mais tarde, com a Proclamação da República, as câmaras do país foram diluídas, sendo movimentadas então novas eleições, o que deu origem às Câmaras Republicanas.
Após passar por algumas sedes diferentes, a Câmara Municipal de Petrópolis demonstrou interesse na aquisição da então residência do Barão e entrou em negociações para a compra. Após quatro anos de discussões sem sucesso, o governo incitou a ideia da criação de um mercado popular, que viria a ser construído nos jardins à frente do palácio, o que intimidou o Barão de Guaraciaba, fazendo o fechar as negociações de modo favorável à municipalidade, em 1894.
Para comportar o legislativo petropolitano, de acordo com seus desejos, foram feitas diversas modificações e ampliações na arquitetura original do palácio, como tetos de estuque, escadas ao redor do hall, a inserção da claraboia central, dentre outras, cujo projeto e execução foram realizados por Harold Bodtker. Ainda na década de 1890, o salão do plenário foi estruturado, também passando por modificações, com a inserção de símbolos e siglas da República.
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Fonte: Sou Petrópolis, 2022
Figura 3 Fachada do palácio amarelo
INFLUÊNCIAS ARQUITETÔNICAS DO PALÁCIO AMARELO
ESTILOS ARQUITETÔNICOS
A partir das pesquisas realizadas pela equipe, através de investigação dos elementos arquitetônicos e documentos históricos, parece possível afirmar que o Palácio Amarelo sofreu algumas reformas conforme as mudanças de proprietários. Houve acréscimos e modificações na espacialização da edificação de forma a corresponder às necessidades exigidas pelos moradores e ao poder público, ocorrendo uma sobreposição de estilos. Assim, a edificação possui na sua caracterização diversas influências arquitetônicas de diferentes épocas que coexistem de forma a compor os aspectos estéticos do Palácio Amarelo.
O resultado dessas sobreposições rendeu um acervo extenso de ornatos que correspondem aos diversos estilos que serão oportunamente citados.. A fachada da edificação é simétrica e parece respeitar uma certa hierarquia entre pavimentos. Enquanto o pavimento do nível da rua parece mais bruto, com rusticado e ornamentos do estilo dórico, o superior possui ornamentações mais orgânicas e voluptuosas As torres que ladeiam as fachadas, respeitam essa simetria e a hierarquia entre pavimentos, recebendo as esculturas das vitórias, no coroamento da edificação..
O Palácio Amarelo sofre interferências de variados estilos como barroco, rococó, neoclássico e eclético, recebendo também influências do estilo francês Luís XVI. Entretanto, se formos avaliar a predominância de estilos e suas influências arquitetônicas e políticas, é possível afirmar que no Palácio destaca se o que é conhecido como “ecletismo classicizante francês”.
“[ ]o palacete inspirado no barroco francês Estilo Luís XIV apresenta a fisionomia tipicamente associada à arquitetura oficial da República Velha. Rigorosamente simétrica e com ornamentação rebuscada, a fachada principal é composta pelo corpo do edifício mais dois terraços laterais, frisando a horizontalidade e enfatizando o sentido de ordem e estabilidade da composição.” (TAVARES, Arthur, 2022.)
Para compreendermos a função dos ornamentos presentes no palácio é preciso compreender os estilos arquitetônicos influentes em Petrópolis.
Durante o Primeiro Reinado (1822 - 1831) o Brasil passa por um cenário politicamente instável que deixou um vácuo nas academias brasileiras de ensino da Arquitetura de forma que, durante as reformas feitas no Segundo Reinado, dentre elas a fundação de Petrópolis, por autoria de engenheiros e arquitetos estrangeiros
Em 1890, logo após a Proclamação da República, houve reformas no ensino da Arquitetura no país, incorporadas às propostas utilizadas no modelo francês. A partir desse momento, o Ecletismo começou a ganhar mais relevância no país, pois o estilo era comumente adotado por membros enriquecidos da burguesia e tendência crescente na Europa.
“[...] As limitações acadêmicas do curso de Arquitetura favoreciam a contratação de engenheiros formados na Europa, quando era necessário promover intervenções mais abrangentes, principalmente quanto a questões relativas a saneamento e desenho urbano”. (BITTAR, 2010, px)
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INFLUÊNCIAS ARQUITETÔNICAS DO PALÁCIO AMARELO
A cultura da prosperidade cafeeira aliada às ideias iluministas importadas da Europa, introduziram novidades radicais sobre a última arquitetura colonial: uma racionalidade de fundo iluminista e a preferência por uma linguagem universal que pudesse transcender o regionalismo tradicional. Assim, nesse mesmo período houve a preferência por opções estéticas onde predominava a austeridade baseada em um rígido controle formal. A expressão mais eloquente desses valores está no neoclassicismo, mas principalmente nas construções projetadas por engenheiros militares. Dessa forma, o neoclássico foi a primeira manifestação arquitetônica da independência política no Brasil. (ELISABETH, 2006)
No entanto, as primeiras edificações implantadas na cidade foram por volta de 1843, para abrigar as moradias dos primeiros colonos, em sua maioria de origem germânica, que compunham uma pequena comunidade agrária que coexistiam com o projeto de cidade de veraneio naquela época. Tais construções eram descritas como barracões de madeira cobertos por telhas de zinco, que se espalharam pela região.
Em 1890, logo após a Proclamação da República, houve reformas no ensino nacional da Arquitetura, incorporando propostas utilizadas no modelo francês. A partir desse momento, o Ecletismo começou a ganhar mais relevância no país, pois o estilo era comumente adotado pela burguesia em ascensão e tendência crescente na Europa.
Acompanhando influências, as primeiras manifestações arquitetônicas petropolitanas associadas à construção da cidade de veraneio aristocrática, estavam imersas numa linguagem neoclássica e posteriormente, com a consolidação do projeto de implantação, o ecletismo foi ocupando espaço na cidade.
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Figura 4: Familia Monken, colonos alemães que vieram para a cidade em 1859
Fonte Arquivo fotográfico Museu Imperial, sd
INFLUÊNCIAS ARQUITETÔNICAS DO PALÁCIO AMARELO
BARROCO E ROCOCÓ
O que se define como estilo Barroco, surge na Itália no século XVII, como uma resposta direta à crise causada pela reforma protestante luterana. Se estendeu por todas as áreas artísticas, literatura, música, teatro e, na arquitetura.
Em meio ao contexto de crise econômica da Idade Média e a reforma protestante, o Barroco assume um caráter religioso, sendo uma reação estética da Igreja Católica, dentro do ideário da Contrarreforma. Havia um conflito de ideias e conceitos, buscando valores humanísticos na alma, além das questões do corpo presentes no Renascimento.
As principais características do Barroco, além dos temas e questões religiosas, são: contrastes e dualidades em excessos, exuberância na ornamentação. De modo geral, o estilo é reconhecido pelo exagero nas formas, riqueza e excesso nos detalhes, reflexo direto da riqueza e poder da igreja e autocracias do período.
O Rococó, por outro lado, surge na França, ao longo do século XVIII, como desdobramento direto do Barroco. Utilizado em primeiro momento para a ornamentação de espaços internos, logo difundiu se para o restante do continente europeu. Foi introduzido no Brasil por portugueses, denominado inicialmente de estilo "Dom João V", quando utilizado na produção de mobiliário.
Na França, por volta de 1730, utilizava se o termo "rocaille", que indicava composições ornamentais à base de conchas ou afins. No entanto, foram os alemães os primeiros a usar o termo rococó como denominação, que se tornou termo formal para designar o estilo. Como características mais marcantes, podem ser observadas a presença e uso extensivo de formas recurvadas, aberturas em arco e elementos decorativos metálicos.
NEOCLÁSSICO
O Classicismo indica todas as tendências artísticas que tomam como modelo canônico a Antiguidade. Ele está presente em estilos como barroco e nas influências renascentistas em países como a Itália, França e o Norte protestante europeu. Já o Neoclassicismo denota um estilo próprio, consolidado entre 1770 e 1830 na Europa, com influências da Antiguidade greco romana.
Estilos mais pitorescos e exuberantes, como o barroco e rococó que o antecederam, perderam a austeridade e a compostura do repertório clássico. O movimento racionalista advindo do Iluminismo, em resposta a suntuosidade barroca, vê, na renovação do espírito da antiguidade, a salvação para um estilo de vida mais humanista.
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Figura 5: Igreja de Nossa Senhora da Candelária
Fonte Vitruvius, 2017
INFLUÊNCIAS ARQUITETÔNICAS DO PALÁCIO AMARELO
As formas mais puras e austeras ganharam relevância no cenário arquitetônico da burguesia intelectual e, por influência, das aristocracias Em alguns casos, o estilo pode ser visto com uma determinada frieza e até mesmo “pobreza ornamental”, apesar da monumentalidade marcante.
O neoclassicismo é conhecido por essa monumentalidade articulada e simétrica, mas também é marcado pela regularidade das proporções e parcimônia nas cores e nos mobiliários. Ele expressa racionalidade, equilíbrio e nobreza de espírito. Em exemplares desse tipo é comum identificar elementos que remetem aos templos gregos como tímpanos triangulares, colunas, entablamentos, meias colunas, cornijas, arcadas e ornamentos sinuosos da Grécia, que funcionam como elemento decorativo ao lado de guirlandas, urnas e rosáceas.
ECLÉTICO
Por definição, o ecletismo pode ser entendido como a composição do todo por justaposição de elementos distintos de diferentes sistemas. A pluralidade na composição ou coleção em um sistema.
O Brasil era eclético por natureza colonial, uma vez que era composto por grupos indígenas, africanos e portugueses. Sendo colônia por quase 300 anos, recebe no século XIX novos imigrantes, alemães, sírios, italianos, japoneses e outros, que aportavam no Rio de Janeiro, para se juntarem à mestiçagem eclética já presente.
O Rio de Janeiro pode ser visto como um acúmulo de camadas históricas, através da permanência e renovação inerentes à dinâmica cotidiana que força a coexistência de estilos, idades e funções das arquiteturas, sendo estas reflexo da pluralidade cultural do povo.
Tratando se de uma análise entre o Neoclassicismo e o Ecletismo, os acadêmicos compreendem os dois estilos como dois subsistemas. A grande distinção está na referência histórica em que se baseiam para imitação. O Neoclássico, como sugerido pelo nome, se apoia sobre a vertente clássica, um certo recorte da arquitetura da Antiguidade greco romana.
O ecletismo, por sua vez, como pontuado, refere se às diversas acomodações feitas por ele dos estilos antecessores, o que varia e mescla as temporalidades históricas. Este movimento buscava produzir uma arquitetura que não se encaixasse no tempo.
Outras diferenças podem ser pontuadas individualmente. O Neoclassicismo podia expressar ordem, disciplina, contenção, equilíbrio, razão e nobreza. O Ecletismo podia
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Figura 6: Museu Imperial
Fonte: Cidade e cultura
INFLUÊNCIAS ARQUITETÔNICAS DO PALÁCIO AMARELO
expressar dramaticidade, conforto, expressividade, luxo, emoção e exuberância.
Os dois movimentos são paralelos na linha temporal, portanto coexistentes no continente europeu. Desde o Renascimento, persiste na Europa uma atitude de reverência às expressões clássicas. Grécia e Roma foram base de inspiração da forma arquitetônica do Renascimento, e inspiraram movimentos como o Barroco. O Neoclassicismo moderno inicia se por volta da segunda metade do século XVIII e mantém hegemonia até o início do século seguinte, persistindo por algumas décadas além.
O Eclético moderno pode ser observado já no século XVIII e atua como corrente secundária se comparado ao Neoclássico. A partir da segunda metade do século XIX, mantém sua potência até a primeira Guerra Mundial.
A arquitetura eclética permite uma expressão sonhadora e fantasista. O público foi estimulado pela literatura a transpor as barreiras temporais deixando se levar pela imaginação a outras temporalidades. Eclético, restringindo se à arquitetura, seria a associação de diferentes estilos em um único edifício.
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Fonte: Mapa de cultura
Figura 7 Palácio Rio Negro
GLOSSÁRIO DOS ELEMENTOS EXTERNOS
ANJOS
São comuns na arquitetura desde a era paleocristã, quando eram representados de forma mais mítica, sendo espíritos assexuados e intermediários entre Deus e a humanidade (Koch, 1994). Após o Renascimento, período referencial para o Palácio, os anjos passaram a ter uma caracterização mais afeminada e delicada.
Elas estão presentes no barroco, estilo bastante presente na arquitetura interiorana brasileira. Eram chamados de querubins e representavam crianças aladas.
No entanto, quando se trata do neoclassicismo, essas ornamentações angelicais perdem força, substituídas por musas. No eclético, podemos ver essas imagens como uma mescla dessa caracterização de musas gregas com os anjos do Renascimento.
No estilo Luís XVI, era comum ver cupidos e esculturas angelicais femininas como musas nas ornamentações externas, como podemos ver nas esculturas que decoram o frontão do Teatro Bordeaux, França.
No Palácio Amarelo esses anjos aparecem nove vezes, em pares, apoiados nas aduelas, constituindo dezoito peças. Essas esculturas remetem aos cupidos do estilo de Luís XVI, sendo o anjo da esquerda com traços mais femininos e o da direita com traços mais masculinos.
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Figura 8: Anjos das arcadas superiores na fachada principal Fonte: Arquivo pessoal Bruna Britto 2022
GLOSSÁRIO DOS ELEMENTOS EXTERNOS
ARCO ROMANO
No Renascimento, elementos da arquitetura clássica estiveram presentes nas casas burguesas, sendo o arco romano um desses elementos.
O arco é um elemento referencial da arquitetura clássica, sendo constituído originalmente de pedras cuneiformes que, em sua maioria, se equilibram a partir do encaixe de uma peça central, chamada de chave do arco. A pedra chave auxilia na distribuição de seu peso vetorialmente no sistema e descarrega nas colunas.
Este arco possui diversas variações estilísticas tanto de caracterização quanto de formato. Podemos identificar duas dessas variações no Palácio Amarelo, denominadas arco romano ou arco pleno, que constitui um arco de volta inteira apoiado em duas extremidades:
o arco romano com cornija horizontal; e o arco romano com bossagem inserida na superfície da parede.
ARCO ROMANO COM CORNIJA HORIZONTAL
O arco está inserido numa estrutura com frisos, mais refinado, com chave ornamental em rosto de leão. O elemento em questão é dotado de caneluras, sulcos no corpo do elemento, que acompanham toda sua extensão semi circular. Remete aos arcos de abóbada romana e às antigas ruínas de templos, onde eram apoiados sobre colunas.
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Figura 9: Arco que decora uma das aberturas da fachada principal
Fonte: Arquivo pessoal Bruna Britto, 2022
GLOSSÁRIO DOS ELEMENTOS EXTERNOS
ARCO ROMANO COM BOSSAGEM NA SUPERFÍCIE DA PAREDE
A estrutura do arco está inserida no plano da parede com revestimento que remete às arcadas mais ancestrais, em pedras no formato de cunha, combinando com a rusticação da superfície e com a chave central, que apresenta as iniciais da Câmara Municipal ressaltada. Remete aos arcos mais antigos, responsáveis por receber cargas maiores e distribuí las pela estrutura, o que possibilita a abertura de vãos mais largos. O elemento em questão, é utilizado para dar forma à janela.
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Figura 10: Arco inserido numa janela do primeiro pavimento
Fonte: Arquivo pessoal Álvaro Rocha, 2022
GLOSSÁRIO DOS ELEMENTOS EXTERNOS
BALAUSTRE
Coluneta cilíndrica, curvilínea ou poligonal, de pedra, argamassa ou madeira, em geral, bastante ondulada e modelada que sustenta um parapeito ou um corrimão. O conjunto flanqueado por pedestais leva o nome de balaustrada.
O balaústre é uma característica bastante presente nas primeiras décadas da arquitetura do Renascimento, com origens que descendem das cidades de Veneza e Verona na Itália. O design do balaústre vai variar de acordo com o estilo que ele corresponde.
“Algumas formas complicadas de balaústres maneiristas podem ser lidas como um vaso colocado sobre outro vaso. Os ombros altos e as formas ousadas e rítmicas do vaso barroco e das formas de balaústre são distintamente diferentes das formas sóbrias de balastro do neoclassicismo que remete a outros precedentes como as ânforas gregas.”. (HISOUR, [s.d])
No Palácio Amarelo há uma série de balaustradas presentes nos pavimentos superiores, servindo de guarda corpo sob janelas, no coroamento do telhado e no pavimento inferior. Os balaústres possuem uma influência maneirista, à feição de vasos empilhados.
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Figura 11: Balaústres do primeiro pavimento
Fonte: Arquivo pessoal Bruna Britto, 2022
GLOSSÁRIO DOS ELEMENTOS EXTERNOS
PEDRA-CHAVE DE ARCO
Elemento que fecha um sistema de arcos, abóbadas ou cúpulas, estabilizando o conjunto, distribuindo vetorialmente as forças pelo arco, equilibrando as peças que o compõem. Essa peça estrutural também pode ser utilizada como ornamento No caso do Palácio Amarelo, os dois modelos utilizados apresentam esta última função.
PEDRA-CHAVE DO ARCO COM ELEMENTO ZOOMÓRFICO
Presente nas arcadas do primeiro pavimento, seu formato escultórico zoomórfico remete à cabeça de leão.
PEDRA-CHAVE DO ARCO EM FORMATO DE MODILHÃO
Presente nas arcadas do pavimento superior, foi moldado em com elementos fitomórficos.
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Figura 12: Chave de Arco em formato de Leão
Fonte: Arquivo pessoal Álvaro Rocha, 2022
Figura 13: Chave do arco no formato de mísula
Fonte: Arquivo pessoal Álvaro Rocha 2022
GLOSSÁRIO DOS ELEMENTOS EXTERNOS
ENTABLAMENTO
Elemento arquitetônico comum na arquitetura clássica greco romana, correspondendo a um elemento estrutural onde o peso do frontão é descarregado nos capitéis das colunas. Em estilos derivados da arquitetura clássica, como o neoclassicismo, o entablamento vai aparecer muito mais como uma ornamentação do que essencial para a estrutura da edificação.
É composto de arquitrave (elemento horizontal que se apoia nas colunas); friso (elemento que pode ou não receber ornamentação) e cornija (faixa que se destaca horizontalmente da parede e acentua suas nervuras horizontais)
Tais elementos apresentam variações formais segundo a ordem arquitetônica que correspondem, inserindo mais ou menos ornatos, diferenciando os entablamentos. No Palácio Amarelo registram se dois tipos de entablamento que irão agregar mais ornatos.
ENTABLAMENTO DÓRICO - ROMANO
Também chamado de toscano, compõe um estilo menos ornamentado e mais robusto. Está presente na colunata do primeiro pavimento.
CIMALHA: Elemento da cornija que funciona como pingadeira;
MÉTOPA: Faixa horizontal que compõem a região do friso Nesse caso, a métopa é rusticada e alternada por tríglifos;
MÚTULO: Modilhão sob cornija, ornamento é mais comum nos elementos de ordem dórica;
TRÍGLIFO: Elemento que compõe o friso dórico, caracterizado por um ornato vertical com três faixas verticais e uma faixa horizontal como coroamento.
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Figura 14: Entablamento presente no primeiro pavimento
Fonte: Arquivo pessoal Bernardo Vieira editado, 2021
GLOSSÁRIO DOS ELEMENTOS EXTERNOS
ENTABLAMENTO CORÍNTIO - COMPÓSITO
Presente no segundo pavimento, esse entablamento é uma composição de alguns estilos, sendo predominantemente compósito Abaixo do entablamento há colunas com capitel jônico. As mísulas ornadas com elementos fitomórficos que remetem à natureza são características da arquitetura coríntia, assim como os dentículos. Como esse entablamento integra um contexto eclético, alguns outros elementos ornamentam o friso do entablamento não remetem necessariamente ao estilo neoclássico, como o brasão do império.
DENTÍCULOS: Elemento dos frisos das ordens jônicas, coríntias e romanas que sugerem as pontas das traves dos edifícios arcaicos, de madeiras.
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Figura 15: Entablamento presente no segundo pavimento
Fonte: Arquivo Pessoal Bernardo Vieira editado, 2021
GLOSSÁRIO DOS ELEMENTOS EXTERNOS
ESFINGE
Esfinges são criaturas presentes na cultura de muitos povos da antiguidade, geralmente representadas como uma criatura mitológica de uma besta com cabeça de mulher e corpo de leão.
Após o Renascimento, a burguesia europeia, que compunha a nova geração humanista, iria atrelar à existência a intelectualidade e cientificismo, passando a incorporar suas imagens em arquiteturas desse período.
No estilo Luís XVI, encontram se esfinges tanto em pinturas de teto quanto em esculturas que ornam coberturas ou entradas de pequenos palacetes, como no Chateau de Bagatelle.
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Figura 16: Esfinge da fachada esquerda
Fonte: Arquivo pessoal Álvaro Rocha, 2022
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COLUNAS
As colunas têm sua origem milenar até chegar à Grécia clássica, em torno do século VII a.C. Através dos usos e refinamentos, foi utilizada pioneiramente em templos, dividiu seus estilos segundo ordens que variam representadas nos capitéis.
As ordens clássicas de colunas gregas são, de menor para maior hierarquia: Dórica, Jônica e Coríntia. Posteriormente surgem duas outras: Toscana, como uma variação mais simples do estilo Dórico e a Compósita, uma combinação que incorpora e remete às ordens jônicas e coríntias, ambas originárias na Grécia antiga.
BASE DE COLUNA TOSCANA
Surge na Roma antiga como variação formal simplificada do estilo Dórico. Busca exprimir força e rigidez, indicando uma base fortalecida e que recebe cargas pesadas.
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Figura 17: Base de coluna inferior em estilo toscano
Fonte: Arquivo pessoal Álvaro Rocha, 2022
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CAPITEL
O coroamento das colunas e pilastras, é o elemento definidor do estilo e ordem das colunas. É incorporado a ornamentos que são definidores de seu estilo e ordem.
CAPITEL COMPÓSITO
Definido por uma combinação das ordens jônica e coríntia, possuindo ornamentos que as remetem diretamente. Mais refinado que suas ordens originárias, busca exprimir leveza e fluidez.
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Fonte:Arquivo Pessoal Álvaro Rocha, 2022
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Figura 18: Capitel compósito à esquerda (1)
Coluna de ordem compósita à direita (2)
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CAPITEL DÓRICO
Capitel de origem Grega de maior simplicidade formal. Representa força e rigidez, buscando boa proporção, indicando suporte de grandes cargas.
Figura 19: Capitel dórico à esquerda (1)
Coluna inferior de capitel dórico à direita (2)
Fonte:Arquivo Pessoal Álvaro Rocha, 2022
Fonte: Arquivo Pessoal Álvaro Rocha, 2022
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CAPITEL DÓRICO-ROMANO
Pode ser entendido como uma releitura do capitel dórico, intermediário entre este e o de ordem toscana. Assim como seu originário, busca exprimir força e rigidez com boa proporção
Coluna superior de capitel dórico romano à direita (2)
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Figura 20: Capitel dórico romano à esquerda (1)
Fonte: Arquivo Pessoal Álvaro Rocha, 2022
Fonte: Arquivo Pessoal Álvaro Rocha, 2022.
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CAPITEL JÔNICO
Difere do capitel Dórico pela sua forma mais rebuscada, que exprime leveza e fluidez, sendo mais refinado Segundo na hierarquia de colunas Gregas, é representado mais alto que as colunas Dóricas.
Figura 21: Capitel jônico à esquerda (1)
Coluna de capitel jônico à direita (2)
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GUIRLANDA
Guirlandas são elementos ornamentais característicos principalmente do classicismo, assim como as colunas, as esculturas zoomórficas e antropomórficas, aparecem como uma coroa ou trança de folhagens.
As guirlandas, na Grécia Antiga, tinham a função de homenagear divindades ou heróis ou então criar uma atmosfera de celebrações. Elas aparecem com mais frequência principalmente na arquitetura coríntia. Nesse caso, as guirlandas na fachada remetem a estas, compostas de galhos, flores e folhas.
No Palácio Amarelo, as guirlandas aparecem próximas a alguns pares de anjos no formato de trança (1) e envoltas por uma moldura na fachada lateral no formato de cartela (2), provavelmente substituindo alguma imagem, inserida posteriormente à primeira.
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Figura 22: Guirlanda de traça à esquerda (1)
Guirlanda em coroa na direita (2)
Fonte: Arquivo Pessoal Álvaro Rocha, 2022
Fonte: Arquivo Pessoal Álvaro Rocha, 2022
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MÃO FRANCESA
Mão francesa é um elemento estrutural originalmente de madeira ou metal, auxiliar no suporte de um elemento em balanço. No Palácio Amarelo, mãos francesas de madeira rendilhada, sustentam o beiral posterior da cobertura do edifício.
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Figura 23: Mão francesas da fachada de trás do Palácio Amarelo
Fonte: Arquivo Pessoal Álvaro Rocha, 2022
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MOLDURA
As molduras encontradas na fachada do palácio, conhecidas como boiserie, foram muito utilizadas na França do século XVIII. O elemento é de caráter decorativo e original do estilo clássico, agregando sofisticação à edificação.
A boiserie encontra se na parte posterior do Palácio, fachada oeste, como elemento decorativo moldado na própria argamassa. Apesar deste elemento originalmente ser feito em carpintaria nos interiores, posteriormente foram empregados outros materiais, conforme o local de aplicação.
A boiserie pode conter, como no caso do Palácio Amarelo, ornamentações esculpidas no seu interior ou somente uma moldura, que por si só seria uma peça decorativa simplificada.
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Figura 24: Moldura Boiserie localizada na fachada posterior do Palácio Amarelo
Fonte: Arquivo pessoal Bruna Britto, 2022
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MÍSULA
As mísulas são elementos de suporte para cornijas, arcos, abóbadas ou obras artísticas, geralmente ornamentados.
Originalmente utilizadas como reforço para a sustentação de arcos da antiguidade clássica, e posteriormente foi aplicada como técnica para demais elementos arquitetônicos, agregando valor como elemento decorativo. Com o passar do tempo, os estilos foram adicionando maior rebuscamento e novas formas.
No Palácio Amarelo, as mísulas, compostas de elementos fitomórficos, integram a sustentação da cornija no segundo pavimento da edificação, onde o entablamento é mais ornamentado que no térreo.
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Figura 25: Mísulas compostas com elementos fitomórficos na fachada principal do Palácio Amarelo.
Fonte: Arquivo Pessoal Álvaro Rocha, 2022
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PORTA FRANCESA
As portas francesas são muito presentes no estilo neoclássico, encontrado em predominância no Palácio Amarelo. Nos estilos anteriores, como no barroco, as portas eram feitas em madeira maciça e com rico detalhamento esculpido no próprio material. No caso do neoclássico, foram incorporados em maior escala o vidro e o ferro nas novas construções. Esse estilo iniciado na França, passa a utilizar portas que mesclam o vidro com a madeira e até mesmo o vidro com ferro.
As portas com panos de vidro em sua composição, ficaram conhecidas na França como “porte fenêtre”, traduzindo, janelas de porta, pois além de permitir a entrada no ambiente, também auxiliam a passagem de luz e criam uma ampla visão para o outro lado. Como no caso do Palácio Amarelo, as portas francesas são encontradas tanto no térreo, como também no segundo andar, em sua fachada principal
As portas do térreo apresentam maior robustez com sua moldura em madeira maciça mais espessa e com maior detalhamento, com quatro panos de vidro. As grades de ferro, à frente dos vidros, foram acrescentadas posteriormente, incorporando o símbolo da câmara municipal. No segundo andar, as portas são abertas em quatro folhas, com molduras em madeira mais estreitas e finas, além de apresentar mais panos de vidro, expressando maior leveza.
Fonte: Arquivo Pessoal Jorge Astorga, 2021.
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Figura 26: Portas Francesas na entrada principal do Palácio.(1)
Figura 27 Portas Francesas no segundo pavimento do Palácio(2)
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TÍMPANO
Os tímpanos são elementos arquitetônicos dispostos em superfícies inseridas em frontões triangulares ou semicirculares, geralmente dispostos sobre vãos, presentes desde a Antiguidade Clássica.
Tais elementos podem assinalar com destaque os acessos principais ou compor a ornamentação superior de outros vãos e foram incorporados por diversas manifestações estilísticas.
O Palácio Amarelo, por apresentar elementos de matriz clássica, incorpora os tímpanos triangulares como ornamentação acima de algumas janelas em suas fachadas laterais. Nesse caso os tímpanos são lisos e sem ornamentações, acompanhando a linguagem do estilo Neoclássico.
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Figura 28: Tímpano sobre janela
Fonte: Arquivo Pessoal Álvaro Rocha, 2022
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VASOS
Os vasos gregos são elementos que surgem na antiguidade, carregando consigo a cultura milenar da arte cerâmica helênica. Essas peças também são raros exemplares de sua pintura, que ilustram o cotidiano desse povo, seus rituais e tradições.
Além de diferentes pinturas, também são conferidos diversos formatos a esses objetos. Por serem muito utilizados, cada vaso apresentava uma configuração de acordo com seu conteúdo, sendo possível identificar e separá los com mais facilidade.
Nas edificações de matriz clássica, esses elementos são incorporados principalmente nos acrotérios, pedestais localizados nos vértices dos frontões, ou em sequenciamento ritmado acima de balaustradas. Com o tempo, esses elementos perderam a memória sua coloração, representados em cores mais neutras, muitas vezes do próprio material utilizado
O Palácio Amarelo, com predominância do estilo classicizante francês, apresenta elementos que remetem ao período da antiguidade e à arte greco romana. Os vasos gregos, presentes na balaustrada no coroamento do edifício, aparentemente sofreram alterações em sua coloração, pintados em cor de chumbo.
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Figura 29: Vasos
Fonte: Arquivo Pessoal Álvaro Rocha, 2022
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VITÓRIAS
Victoria ou Niké é uma deusa da mitologia grega que remete à soberania militar, muito comum durante o período helenístico (338 a.C até 146 a.C, quando o império romano se expandiu até o oriente). Essas representações estavam ligadas ao triunfo e a glória, por isso eram relacionadas a guerreiros e posteriormente a atletas, sua imagem era carregada como um símbolo de sorte.
Niké é uma mulher alada responsável por coroar as vitórias, por isso carrega uma coroa de louros em sua mão esquerda
No Palácio Amarelo, a deusa Victoria é representada por duas esculturas, uma no topo de cada abóbada, nas extremidades do palácio. Aparentemente sofreram alterações com o tempo, pintadas na mesma cor chumbo assim como os demais elementos na cobertura.
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Figura 30: Vitória sobre cúpula do palácio
Fonte: Arquivo Pessoal Filipe Graciano 2021.
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