Bicicletas conquistando espaço aos poucos

Page 1

20

Balneário Camboriú, 12 de fevereiro de 2011

Especial

Bicicletas conquistando espaço aos poucos

N

Caroline Cezar

Fernando Carnevalli

a volta dos trabalhos na Câmara de Vereadores de Balneário Camboriú, dia 3 de fevereiro, o presidente Orlando Angioletti convidou os colegas, representantes dos outros poderes (prefeito Edson Piriquito e juíza Dayse Marinho) e comunidade a participarem de um passeio ciclístico simbólico. A “comitiva” saiu da frente da prefeitura e se dirigiu até a Câmara pelo Binário, com escolta policial e flashes da imprensa. Angioletti disse que sua intenção foi chamar atenção para a causa, e que “isso não é novo”, se defendendo de quem considerou a ação vazia e sensacionalista. “Já desde a época que a Quarta Avenida foi feita, quando discutimos as ciclovias, estamos nesse movimento pela bicicleta, tem os passeios ciclísticos aos domingos que quando posso participo, acho que isso está na vontade de todo mundo”, justificou. O vereador acredita que a cidade já avançou consideravelmente no assunto bicicletas e que isso vem acontecendo de forma natural, um movimento coletivo e de comportamento. “Se olharmos para esses últimos cinco anos, em relação aos 40 que a cidade tem, podemos perceber que crescemos muito”. Se para alguns a ação pública dos três poderes teve um caráter um pouco “teatral”, não há dúvidas que serviu para levantar mais uma vez a discussão sobre o uso da bicicleta como meio de transporte em Balneário Camboriú, com seus prós e contras, necessidades e urgências.

A juíza Dayse Marinho, o prefeito Edson Dias e o vereador Angioletti: ato simbólico levantou outra vez o assunto

Precisa de uma ação conjunta e mobilização Atuando em várias frentes

Carlos Beppler

O presidente da Associação de Ciclismo Carlos Beppler, com companheiros de pedalada.

Para que o hábito da bicicleta como veículo se torne usual, fica cada vez mais evidente que necessita uma ação conjunta entre comunidade, poder público e empresariado. A Associação de Ciclismo de Balneário Camboriú age no sentido de ampliar a idéia em todos os setores. O presidente Carlos Beppler, que assumiu em outubro passado no lugar de Fernando Baumann, acha que o uso da bici vem aumentando, e só não é maior porque esbarra em algumas questões, relativamente simples de serem resolvidas, como bicicletários em pontos estratégicos da cidade, para estacionar com segurança; e interligação das ciclovias. A participação da iniciativa

privada também é fundamental: oferecer condições para que o funcionário tenha um local adequado para trocar de roupa, tomar um banho, guardar seu meio de transporte. “Isso é uma política, ampla, voltada ao uso da bicicleta”. Ele cita o caso de um vizinho que todos os dias sai de Camboriú, pedalando, para ir trabalhar no Angeloni. “Se ele fosse de ônibus teria que sair duas horas antes, ele leva 30 minutos. E lá pode se trocar, com tranquilidade, estacionar”. Ele cita a empresa Gomes da Costa, em Itajaí, que também tem uma prática de incentivo ao transporte alternativo. “São coisas muito simples, só falta mobilização. E as pessoas se sentem bem, trabalham mais dispostas”.

“As pessoas têm percebido as vantagens”, acha Beppler, que vê na circulação complicada o maior motivo para migrar para a bicicleta. “Em temporada fica impossível de carro, e até o transporte público complica, porque apesar de ter uma frota boa, não consegue-se andar naquele meio”. Ele cita que em países de economia muito avançada como Holanda, Suiça, Dinamarca, a opção pela bicicleta já é coisa de 20 anos e que foi uma solução verdadeira e unânime, sem distinção de classe social. “Aqui infelizmente quem mais utiliza ainda é a grande massa, e pessoas de renda mais baixa, mas já existe muita gente esclarecida, empresários, profissionais liberais aderindo. É o caminho”.

Igreja de São sebastião, em Limeira, Camboriú: um dos pontos do mais novo roteiro de cicloturismo, “Caminho de Santa Paulina”.

A Associação divulga sua idéia todos os últimos domingos do mês em passeio aberto ao público, com saída da praça Tamandaré, às 10h. Também vem tentando convencer as autoridades a dar mais atenção ao ciclista. “Aquele dia foi um ato simbólico, vamos ver se eles sustentam”, convida o presidente, se referindo à ida das autoridades à Câmara. Outro ponto de atuação da ACBC são os roteiros de cicloturismo, nos quais participa ativamente. Além do Costa Verde e Mar, que já é bastante conhecido no meio, nacional e internacionalmente, e que passa pelos 11 municípios da Amfri; está para ser lançado um roteiro entre Camboriú e Nova Trento, à Madre Paulina. São 52 quilômetros, grande parte por caminhos de terra, secundários, com pontos muito bonitos, explica Carlos. “É ideal para peregrinação, só falta sinalização e divulgação”, comemora. O cicloturismo é uma tendência mundial e Camboriú vem participando cada vez mais, sediando eventos e atraindo praticantes.


Especial

Balneário Camboriú, 12 de fevereiro de 2011

21

“O ciclista precisa se dar o respeito” Adepto da “magrela” há mais de dez anos, o empresário Fernando Baumann adotou a bicicleta como transporte de forma definitiva há cerca de dois. Só usa carro quando é absolutamente necessário. Ele considera sua postura uma colaboração: com o trânsito, é um carro a menos circulando na já caótica situação balnear; com o meio ambiente, por questões óbvias; e com ele mesmo. “Fico mais disposto e produzo mais. É muito percepctível a diferença de quando não uso a bicicleta”.

Ele acha que por comodismo as pessoas utilizam o carro para tudo, mesmo que o destino esteja ali a duas, três quadras. Também existe a questão, difícil de ser trabalhada porque se trata de cultura, -do status: “automóvel aqui é símbolo, significa ascensão financeira, já chegaram a me perguntar se estava com algum problema econômico por adotar esse hábito”, contou Fernando. A ironia é que ele adora carros. Tem OITO. Fuscas, kombi, variante, uma coleção digna. Que quase nunca sai da garagem.

Caroline Cezar

Ele tem negócios em pontos distintos da cidade e circula entre eles pedalando. Calcula uma média de 7 quilomêtros diários. Mas não perde tempo. “Ganho em qualidade. Estava por exemplo, no bairro Nova Esperança e tinha uma reunião no Bairro das Nações. Um colega estava comigo e também ia. Ele foi de carro e levou dez minutos, eu levei 17”. Apesar de não ser uma atividade física contínua, Baumann acredita que essas “voltas” mais curtas fazem a diferença no condicionamento físico. “Eu utilizo a bicicleta de forma esportiva também e percebo que ajuda sim”.

Não é preciso dizer que Fernando é a favor de mais ciclovias na cidade, mas ele, que em todo esse tempo nunca teve um acidente, acha que é preciso olhar por uma prisma um pouco diferente, ao invés de apenas reclamar por melhoras. “O trânsito é perigoso sim, mas eu como ciclista preciso respeitar: andar na mão, parar na faixa para o pedestre atravessar, usar capacete. Dessa forma eu me dou o respeito, o motorista me enxerga de forma diferente. Andar a pé é perigoso? Depende de como você se comporta”.

Fernando Baumann na bicicleta, seu principal veículo de transporte; e seus oito carros na garagem.

Balneário hoje, e os projetos para amanhã Hoje Balneário Camboriú tem ciclovias na Quarta e Quinta Avenidas, na Marginal Oeste, na Beira Rio (da Rua 3700 até a Barra Sul), na Avenida das Flo-

res, e no trecho novo da Avenida do Estado. Nenhuma delas se comunica com as outras, são desconexas, o que representa um risco aos usuários. O secretário de Planejamento da prefeitura, Auri Pavoni, afirma que existe um plano cicloviário, já discutido em audiência pública em setembro passado (foto), e aprovado pela Câmara, que pretende unificar todas as ciclovias e utilizar ruas intermediárias para criar ciclofaixas. Isso possibilitaria ao ciclista “ir de ponta a ponta

de forma segura”, garante Auri, que promete para o segundo semestre desse ano o início das mudanças, que incluem estacionamentos, cobertos, para as bicis, em pontos com a Praça da Bíblia, Higino Pio e mais alguns lugares que estão sendo estudados. Antes, continua, é necessário realizar mudanças na Terceira e Quarta Avenidas, que passarão a ser de mão única em alguns trechos. Ele garante que a Avenida Atlântica também receberá ciclovias, e que estão sendo feitos estudos para

a Avenida Brasil, porém não há nada concreto nesses dois casos, até porque na beira mar existe a discussão sobre o alargamento. Ao final do projeto Balneário teria 65 quilômetros de malha cicloviária. O secretário acredita que “a questão das ciclovias tende a andar com mais celeridade daqui pra frente, porque hoje já não se admite mais fazer uma rua um pouco mais larga que não contenha esse espaço”.

Fernando Carnevalli


22 Opinião da comunidade Balneário Camboriú, 12 de fevereiro de 2011

O blog do jornal Página3 aproveitou a ocasião pra perguntar aos leitores o que eles acharam da iniciativa. Confira algumas opiniões.

Antes de incentivar o uso de bicicletas há de se educar seus usuários, e ainda punilos, um absurdo o que tem de bicicletas rodando nas calçadas em em meio a tantos pedestres. Total falta de educação. Tenho conhecimento de um atropelamento que levou a vítima à UTI e perder sua capacidade mental”. Jose Carlos Mantovani

“ “

Seria uma utopia pensar nisto para todo dia, mas a Av. Atlântica apenas para pedestres e bicicletas nos finais de semana, a exemplo de Copacabana (RJ), seria muito bom”.

Ademir Medeiros

Acho ótimo usar bicicleta em Balneário. Mas primeiro é preciso fazer ciclovias. Minha sugestão é que seja retirado o estacionamento de carros da Av. Atlântica e Av. Brasil para dar lugar para às ciclovias. Os carros devem usar as ruas transversais para estacionar. Devemos priorizar as pessoas. Temos que melhorar a qualidade de vida”. Jose Carlos

Acho excelente a idéia de José Carlos. Não há porque continuar com estacionamentos na Avenida Atlântica. Os carros ali só prejudicam todo mundo. Provocam poluição sonora porque muitos colocam som alto para incomodar quem

mora perto além das pessoas que transitam por ali. Provocam poluição visual para quem senta num restaurante e quer ver o mar. E provocam lentidão no trânsito da avenida enquanto motoristas ficam esperando para alguém estacionar. Além disso incentivam as pessoas a passearem pela Avenida Atlântica à procura de estacionamentos, o que aumenta a congestão. Precisamos de um movimento social para a retirada imediata destes estacionamentos e a sua substituição por uma boa ciclovia”. Alcides

“Seria magnífico e saudável se realmente pudéssemos andar de bike pela cidade. Menos poluição, barulho, mais interação entre as pessoas, porém a cidade não foi projetada para isto, cite-se a Av. do Estado linda e pomposa, porém é uma aventura andar tanto de carro quanto de bicicleta, faltam semáforos, atravessar a rua é uma loucura, mudar de pista idem. Enquanto não houver um planejamento coerente nada irá funcionar. A culpa não é só deste ou de governos anteriores pois todos foram de certa forma omissos, aqui só se planeja que a cidade cresça para cima. Há maus motoristas e ciclistas, aliás estamos caminhando para uma sociedade cada dia mais egoísta pois ninguém partilha nada quer tudo pra si. Se a mentalidade do povo não muda nada muda!” Anderson Pereira

Especial

“É apenas um ato simbólico, pois falta muita estrutura para que essa idéia seja viável. É preciso investimento em infraestrutura e educação. Educação tanto para motoristas quanto para ciclistas. Na Europa tem uma estrutura invejável e lá não há nenhum desmerecimento a quem anda de bicicleta. Aliás, quem anda de carro já é visto como perdulário em algumas regiões. Aqui, ainda é corrente o pensamento que andar de bicicleta é pobreza. Bom, não se muda uma cultura do dia pra noite, mas já é um grande passo que se pense em projetos de governo voltados pra essa área”.

Maria Olandina Machado

“Foi uma brilhante iniciativa do Presidente da Câmara. Vi a manifestação na rua e a felicidade de todos os participantes. É muito fácil criticar qualquer atitude positiva, mas antes disso, cada um deve fazer a sua parte. Quem pára o seu veículo antes dos elevados na Av dos Estados para os pedestres? Quem respeita a passagem das ciclovias cortando a Av das Flores e Quarta Avenida? Na próxima manifestação estarei com minha bicicleta enfeitada e feliz da vida. Infelizmente pela minha profissão, não posso ser vista andando de um lado para o outro de bicicleta”. Vanessa S H

Como adepto ao uso da bike, depois que sofri um acidente por falta de cuidado de uma motorista, dificilmente utilizo este meio de transporte. Concordo, que se houvesse condições reais para o uso seria o ideal para todos nós. Quanto a essa besteira de os tres poderes se dirigirem até a Câmara, denota mais uma demagogia e gozação com o povo que se utiliza diariamente das bikes em nossa cidade”. Luiz H. Nührich

“ “ “

Ótima idéia, sou adepto da magrela, estou me mudando para Balneário e acho que deve haver mais ciclovias”. Daniel

Alves

Estou com a idéia, sou ciclista em Balneário há mais de 10 anos, mas precisamos de melhorias na segurança, nosso trânsito é complicado, não há respeito e sempre há muita pressa”. Nivaldo Gomes da Silva Totalmente importante e uma atitude muito fácil de tomar, que pode começar com uma, duas vezes na semana até que ela se torne um hábito. Vamos seguir o exemplo de cidades européias onde pessoas de todos os níveis sociais usam para trabalhar e não só as quem não pode comprar um carro para se locomover. Apoio a idéia de ter pontos pela cidade para alugar bicicletas, e de fechar a

Avenida Atlântica no domingo, para desfilarmos de bicicleta e não de carro importado, além de ser mais um programa para os turistas. A reforma na Terceira Avenida, já prevê isso, mas por que acaba a ciclovia na frente do Banco do Brasil? Aí complicou né?! Bicicleta não polui. Apoio às magrelas!” Juliana Amaral

Desculpe, gostaria, mas não consigo vislumbrar nada de exemplar neste gesto protagonizado pelos representantes dos três poderes no sentido da valorização deste meio de transporte aqui na nossa cidade. Antes disso, vejo sim, um gesto até patético. Porque é impossível não ver ou perceber, a exagerada e incontrolável vontade de certos personagens na pretensão se fazerem notar, conforme exemplificado neste registro fotográfico. Aceitaria sim, de bom grado, o ato e o gesto como exemplos para a valorização deste meio de transporte, se resultantes da prática ou do comportamento diário de cada um dos representantes desses poderes como sendo seu próprio meio de transporte. Assim conforme apresentado, soa tão falso quanto dizer que, todos são iguais perante à justiça, que, além do transporte, a saúde e a educação pública são excelentes, e que, o legislativo legisla somente no interesse do povo. Alguém acredita nisso? Se sinceros, nem os representantes!” Herival Weise


Especial

Balneário Camboriú, 12 de fevereiro de 2011

23

“Balneário é uma cidade linda, plana, tudo perto...”

Muito bonito, muito lindo, mas a realidade é bem outra: carros e motos nos dando ‘finos’ e ainda saem rindo de nós , atualmente não tem jeito, é muito perigoso, nos jogam para o meio fio, sem condições de andar de bicicleta nesta cidade, sem ciclovias. Saudade de Curitiba, onde eu saia do centro cívico e ia até o jardim botânico, com segurança e tranquilidade. Quem sabe se o prefeito fosse trabalhar e vistoriasse obras, diariamente, de bicicleta, a gente conseguisse melhorar. Ademir Medeiros

Eu sou partidário a andar de bike desde que haja ciclovia para isso em boa parte da cidade, incluindo aí Av. Atlantica e Av. Brasil”. Gilvan Fenner

Balneário é uma cidade linda, plana, tudo perto, perfeito para ir pra lá e pra cá de bicicleta. É uma cidade que inspira os cuidados com a saúde e nada melhor para isso que aproveitar a ida ao trabalho para garantir o exercício nosso de cada dia. Por suas qualidades, muitas pessoas tem vindo para Balneário para aqui montar seu doce lar, mas o doce lar não é somente dentro de casa, ele está nas ruas também, nas ruas que hoje estão tomadas por carros, carros e mais carros. Deslocamento mais lento, mais estresse por causa do trânsito, mais poluição e menos prazer nos caminhos do cotidiano. Claro, precisamos de uma estrutura física que torne possível que mais bikes transitem

livres e felizes pela cidade. E aí governantes, vamos de bike?”

Sofia Severo

Claro que é! É tri legal como diz o gaúcho, bicicleta é tudo de bom,afinal já tomam as calçadas há bastante tempo e sem radar pra multá-los. Então tenho uma sugestão, pedestres no asfalto e bicicletas nas calçadas. A bicicleta foi criada em 1790 acho até legal depois de 221 anos discutirmos os benefícios da famosa zica. A bicicleta mais faz lembrar a “modinha” dos cachorros, hoje temos nossas ruas diariamente cheias de cocô, se a moda pega das zicas não teremos realmente calçada pra circular com segurança”.

Paulo Pacheco

Acho excelente a idéia dos governantes darem o exemplo e trocar o carro pela bicicleta. Balneário Camboriú tem condições naturais para se tornar líder mundial no uso de bicicleta. É uma cidade plana, concentrada e com um clima moderado. Além disso é uma cidade com muitos aposentados que têm tempo para andar de bicicleta. Enfim, ideal para este meio de transporte. Basta um pequeno esforço para criar ciclovias nas Avenidas Atlântica e Terceira Avenida, além de reservar partes das calçadas das ruas laterais para bicicletas e será possível ir com segurança para qualquer parte da cidade. É preciso tornar a bicicleta mais vantajosa do que o carro para se deslocar, o que não deve ser

muito difícil. O que não se pode fazer é favorecer o carro criando mais vagas de estacionamento e mais ruas. Deixe que o pessoal se dê conta de que andar de bicicleta realmente é mais rápido, mais saudável e mais agradável.”

José Maria da Silva

Ciclista tem que obedecer as leis do transito: andar no mesmo fluxo dos automóveis, trafegar sempre pela direita, esperar quando a sinaleira está fechada etc. Mas não é isto que se vê por aqui e em outras cidades também (no Brasil, é claro, no exterior não sei como funciona). O que mais se vê mesmo é ciclista trafegando na contramão, fora da ciclovia (quando tem), “furando” semáforo e por aí afora. E xingando os motoristas”. Jane Setter

O que diz a lei Capítulo 4, do Código Nacional de Trânsito - DOS PEDESTRES E CONDUTORES DE VEÍCULOS NÃO MOTORIZADOS

Art. 68. É assegurada ao pedestre a utilização dos passeios ou passagens apropriadas das vias urbanas e dos acostamentos das vias rurais para circulação, podendo a autoridade competente permitir a utilização de parte da calçada para outros fins, desde que não seja prejudicial ao fluxo de pedestres. § 1º O ciclista desmontado empurrando a bicicleta equipara-se ao pedestre em direitos e deveres. § 2º Nas áreas urbanas, quando não houver passeios ou quando não for possível a utilização destes, a circulação de pedestres na pista de rolamento será feita com prioridade sobre os veículos, pelos bordos da pista,

em fila única, exceto em locais proibidos pela sinalização e nas situações em que a segurança ficar comprometida. § 3º Nas vias rurais, quando não houver acostamento ou quando não for possível a utilização dele, a circulação de pedestres, na pista de rolamento, será feita com prioridade sobre os veículos, pelos bordos da pista, em fila única, em sentido contrário ao deslocamento de veículos, exceto em locais proibidos pela sinalização e nas situações em que a segurança ficar comprometida. § 4º (VETADO) § 5º Nos trechos urbanos de vias rurais e nas obras de arte a serem construídas, deverá ser previsto passeio destinado à circulação dos pedestres, que não deverão, nessas condições, usar o acostamento.

§ 6º Onde houver obstrução da calçada ou da passagem para pedestres, o órgão ou entidade com circunscrição sobre a via deverá assegurar a devida sinalização e proteção para circulação de pedestres. Art. 69. Para cruzar a pista de rolamento o pedestre tomará precauções de segurança, levando em conta, principalmente, a visibilidade, a distância e a velocidade dos veículos, utilizando sempre as faixas ou passagens a ele destinadas sempre que estas existirem numa distância de até cinqüenta metros dele, observadas as seguintes disposições: I - onde não houver faixa ou passagem, o cruzamento da via deverá ser feito em sentido perpendicular ao de seu eixo; II - para atravessar uma passa-

gem sinalizada para pedestres ou delimitada por marcas sobre a pista: a) onde houver foco de pedestres, obedecer às indicações das luzes; b) onde não houver foco de pedestres, aguardar que o semáforo ou o agente de trânsito interrompa o fluxo de veículos; III - nas interseções e em suas proximidades, onde não existam faixas de travessia, os pedestres devem atravessar a via na continuação da calçada, observadas as seguintes normas: a) não deverão adentrar na pista sem antes se certificar de que podem fazê-lo sem obstruir o trânsito de veículos; b) uma vez iniciada a travessia de uma pista, os pedestres não deverão aumentar o seu percurso, demorar-se ou parar

sobre ela sem necessidade. Art. 70. Os pedestres que estiverem atravessando a via sobre as faixas delimitadas para esse fim terão prioridade de passagem, exceto nos locais com sinalização semafórica, onde deverão ser respeitadas as disposições deste Código. Parágrafo único. Nos locais em que houver sinalização semafórica de controle de passagem será dada preferência aos pedestres que não tenham concluído a travessia, mesmo em caso de mudança do semáforo liberando a passagem dos veículos. Art. 71. O órgão ou entidade com circunscrição sobre a via manterá, obrigatoriamente, as faixas e passagens de pedestres em boas condições de visibilidade, higiene, segurança e sinalização.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.