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EDIÇÃO PDF Directora Graça Franco

Domingo, 12-07-2015 Edição às 08h30

Editor Carla Caixinha

GRÉCIA

"Acordo". Tweet de primeiroministro belga assinala final das negociações Francisco não quer jovens que “vivam cansados, aborrecidos”

Quais os deputados mais faltosos?

Casillas. Adeus muito emocionado ao Real Madrid mas feliz por ir para o Porto Aumenta o número de mortos nas estradas portuguesas

Nova lei sobre maus-tratos a animais. GNR instaurou 50 processos-crimes

Primeiros resultados dos exames nacionais conhecidos hoje

BISPO DE PORTALEGRE

“Corrupção continua a ser uma tentação a que ninguém está imune”

Português ganha A concorrência Grande Prémio do investe? "Nos dois World Press últimos anos, Cartoon fomos campeões" DOMINGOS SOARES OLIVEIRA


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GRÉCIA

"Acordo". Tweet de primeiro-ministro belga assinala final das negociações Alexis Tsipras, que sempre recusou a participação do FMI no pacote de resgate, terá cedido na última hora.

Foto: EPA Por Redacção [com agências]

Líderes europeus chegam a acordo durante maratona negocial para resgatar a Grécia. “Acordo”, declarou o primeiro-ministro belga Charles Michel num tweet com uma única palavra. O governo do Chipre, através do porta-voz, “tweetou”: “Parece que temos negócio”. A reunião de líderes da Zona Euro foi interrompida esta madrugada para consultas finais. As negociações arrastaram-se em Bruxelas durante mais de 19 horas na tentativa de fechar um acordo para um novo resgate à Grécia. Em causa estariam as medidas que os credores reclamam às autoridades gregas para aceitar um terceiro programa de ajuda solicitado por Atenas, que poderá ascender a 86 mil milhões de euros. A presidente da Lituania dizia estar “quase quase”, quando deixou a zona de reuniões. O primeiro-ministro grego, que sempre recusou a participação do Fundo Monetário Internacional (FMI) no pacote de resgate, terá cedido na última hora, segundo a mesma fonte. O outro ponto em cima da mesa em que Alexis Tsipras teve de prescindir tem a ver com os fundo de activos das pricatizações na Grécia, que Tsipras tinha antes recusado em toda a linha. O partido da oposição grego To Potami não entrará num governo de salvação nacional com o Syriza, mas irá apoiar uma solução para os interesses da nação, diz esta manhã um dirigente do partido. “Não estamos à procura de um papel como parceiro de governo com o Syriza, mas expressamos a nossa disponibilidade ao primeiro-ministro para encontrar soluções a bem da nação”, disse o dirigente à agência Reuters. A nova paragem surgiu depois da discussão de uma proposta de compromisso para um novo resgate à

Grécia, avançou esta segunda-feira uma fonte oficial do Conselho Europeu. O princípio de entendimento foi alcançado durante uma reunião bilateral, que juntou, nas últimas horas, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, a chanceler alemã, Angela Merkel, o Presidente francês, François Hollande, e o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk. As dificuldades estariam relacionadas com o novo plano de resgate. As condições impostas à Grécia são "muito más", avançou fonte do Governo de Atenas citada pela agência France Press. Há condições "de outro planeta", disse uma fonte do Governo grego à imprensa internacional. As negociações têm sido acompanhadas pelo Nobel da Economia norte-americano. Num artigo intitulado "Matar o Projecto Europeu", publicado num blogue de opinião do "New York Times", Paul Krugman critica veementemente as exigências do Eurogrupo em relação à Grécia. [Notícia actualizada às 8h19]

Francisco não quer jovens que “vivam cansados, aborrecidos” O Sumo Pontífice terminou em Assunção a visita de nove dias a três países da América Latina.

Por Aura Miguel, no Paraguai

No último ponto da agenda da sua visita ao Paraguai, o Papa pediu aos jovens que sejam fortes e solidários. Num discurso de improviso, perante milhares de jovens com quem se encontrou na zona ribeirinha da capital do Paraguai, Francisco desafiou os jovens a tomarem partido e a rejeitarem uma vida de indiferença e fraqueza. “Isto é o que necessitamos dos jovens hoje: Jovens com esperança e jovens com fortaleza. Não queremos jovens fracos, jovens que andem por aí, sem rumo. Não queremos jovens que se cansem rápido e que vivam cansados, aborrecidos. Queremos jovens fortes, com esperança e fortaleza. Porquê? Porque conhecem Jesus conhecem Deus, porque têm um coração livre”, disse. O Sumo Pontífice já deixou o aeroporto de Assunção


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e já está de regresso ao Vaticano.

Primeiros resultados dos exames nacionais conhecidos hoje

Quais os deputados mais faltosos? Deputados do PS, PSD e CDS/PP faltaram, em média, um mês durante legislatura. Apenas dois deputados nunca faltaram em quatro anos.

Depois de saberem as notas, os alunos têm esta semana para escolher os cursos superiores em que pretendem entrar no próximo ano lectivo.

Foto: Lusa

São conhecidos esta segunda-feira os resultados da primeira fase dos exames nacionais do ensino superior. Depois de saberem as notas, os alunos têm esta semana para escolher os cursos superiores em que pretendem entrar no próximo ano lectivo. O concurso nacional de acesso está dividido em três fases. A primeira decorre entre 20 de Julho e 7 de Agosto. A 11 de Setembro começa a segunda fase do concurso, que se estende até dia 18. A terceira fase decorre já em Outubro, entre os dias 1 e 5.

Ao longo da última legislatura, cada um dos deputados sociais-democratas, socialistas e centristas esteve ausente da Assembleia da República, em média, durante 30 dias. A maior das ausências está relacionada com viagens parlamentares e as que não estiveram relacionadas com missões parlamentares foram quase todas justificadas, contabiliza o “Jornal de Notícias”. No total, os sociais-democratas deram 3.207 faltas às reuniões parlamentares - as quais, dividindo pelos 108 deputados, traduzem-se num mês inteiro de ausência por cada um. No caso dos socialistas, com 74 deputados, as 2.705 faltas atiram a média para os 37 dias. Já os 24 eleitos do CDS-PP apresentam uma média de 31 dias longe do hemiciclo, devido ao total de 739 vezes em que não compareceram. Os deputados do PCP somaram 261 faltas e os do Bloco de Esquerda (BE) 134. Os dois deputados d´Os Verdes totalizaram ambos 10 faltas. João Soares (PS) 154 faltas, Carlos Páscoa Gonçalves (PSD) 152, Mota Amaral (PSD) 139, Maria João Ávila (PSD) 135 e José Lello (PS) 121 são os parlamentares mais faltosos. Em oposição, os campeões de assiduidade foram dois deputados que nunca faltaram em quatro anos: Pedro Filipe Soares (BE) e Carlos Santos Silva (PSD).


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Aumenta o número de mortos nas estradas portuguesas Os distritos com mais vítimas mortais este ano são Lisboa (26), seguido de Aveiro (25), Beja e Porto, que registaram 22 mortos cada.

FRANCISCO SARSFIELD CABRAL

A democracia paradoxal Tsipras acrescentou algo paradoxal à história da democracia: propôs aos credores uma austeridade tão ou mais dura do aquela que ele próprio havia incitado o povo grego a rejeitar.

Foto: Lusa

Os acidentes nas estradas portuguesas provocaram este ano 242 mortos, mais 25 do que em igual período de 2014, indica a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR). Segundo a ANSR, as vítimas mortais aumentaram 11,5% entre 1 de Janeiro e 7 de Julho em relação ao mesmo período do ano passado. A ANSR, que reúne dados da PSP e da GNR, adianta que este ano se registaram 60.467 acidentes rodoviários, mais 2.708 do que em 2014, quando no mesmo período tinham ocorrido 57.759. Os distritos com mais vítimas mortais este ano são Lisboa (26), seguido de Aveiro (25), Beja e Porto, que registaram 22 mortos cada. Já Bragança é o distrito com menos mortos nas estradas, onde uma pessoa morreu até 7 de Julho. Também os feridos graves aumentaram este ano, tendo ficado gravemente feridas 1.074 pessoas, mais 88 do que em 2014, acrescenta a ANSR. Os dados da Segurança Rodoviária mostram ainda que 17.680 pessoas sofreram ferimentos, mais 198 do que em 2014. As vítimas mortais da ANSR dizem respeito aos mortos cujo óbito ocorreu no local do acidente ou a caminho do hospital.

Ao longo de meses os simpatizantes portugueses do Syriza aplaudiram a coragem do governo grego na sua firme recusa de mais austeridade. E o referendo do passado dia 5 levou-os à euforia: seguindo os apelos de Tsipras, mais de 61% dos gregos votou contra as propostas dos credores. Uma lição de democracia, diziam, lembrando alguns que esta nascera na cidadeEstado de Atenas há 2 500 anos. Depois Tsipras acrescentou algo paradoxal à história da democracia: propôs aos credores uma austeridade tão ou mais dura do aquela que ele próprio havia incitado o povo grego a rejeitar. Milhões de gregos ficaram perplexos e frustrados com a pirueta do seu primeiroministro. Os credores naturalmente desconfiaram: que credibilidade tem Tsipras para se acreditar que não renegará os seus compromissos? O resultado é austeridade mais violenta ainda, porque a economia da Grécia começava a recuperar há meio ano e hoje está em recessão, graças ao governo de Tsipras. E sobretudo porque o governo grego se empenhou em insultar os credores, destruindo a necessária confiança. Hoje 85% dos alemães quer a Grécia fora do euro, quando há meio ano a maioria deles a queria dentro. As opiniões públicas contam em democracia. Talvez se tenha evitado o pior, mas o futuro político da Grécia é incerto. E o euro mostrou as suas debilidades, difíceis de corrigir em tempos de eurocepticismo.


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PAUL KRUGMAN

Nobel: Exigências do Eurogrupo são "uma grotesca traição" ao projecto europeu Acusação é feita num artigo de opinião intitulado "Matar o Projecto Europeu", publicado num blogue de opinião. "Quem poderá voltar a confiar nas boas intenções da Alemanha depois disto?", questiona.

(Eurogrupo), que acordaram hoje um documento a ser apreciado pelos líderes europeus no qual defendem que o pacote de reformas proposto por Atenas é insuficiente e mais medidas devem ser aprovadas e implementadas no imediato.

Varoukafis ataca estratégia do ministro das Finanças alemão Wolfgang Schäuble quer disciplinar os "Estados-membros que resistem ao seu plano específico para restruturar a Zona Euro".

Foto: DR

O Nobel da Economia Paul Krugman considera que as exigências do Eurogrupo em relação à Grécia "são uma loucura" e "uma grotesca traição" de tudo o que o projecto Europeu representa. Num artigo de opinião intitulado "Matar o Projecto Europeu", publicado num blogue de opinião do “New York Times”, o economista norte-americano, galardoado com o Nobel da Economia de 2008, escreve que o que o Eurogrupo está a fazer "é pura vingança" dirigida à "completa destruição da soberania nacional" grega. A proposta dos membros da Zona Euro "é, presumivelmente, criada para a Grécia não aceitar" e "uma traição grotesca de tudo o que o projecto europeu é suposto representar", sustenta o autor de vários livros sobre economia. Krugman diz que "muitos dos danos já foram feitos", e lança uma pergunta: "Quem poderá voltar a confiar nas boas intenções da Alemanha depois disto?". "O projecto europeu - que eu sempre me orgulhei de apoiar - acabou de receber um terrível, e talvez fatal golpe. E seja o que for que se pense do Syriza, ou da Grécia, não foram os gregos que o fizeram", afirma. No artigo, o Nobel da Economia diz ainda que o que se aprendeu nas últimas semanas com a crise grega e as negociações europeias foi que "ser membro da Zona Euro significa que os credores podem destruir-lhe a economia se sair da linha prescrita". Os chefes de Estado e de Governo iniciaram no domingo, pouco depois das 16h00 locais (15h00 de Lisboa), uma cimeira considerada decisiva sobre o futuro da Grécia na Zona Euro, após um encontro ao nível de ministros das Finanças da Zona Euro

Foto: EPA

O Ministro das Finanças alemão nunca quis o sucesso das negociações com a Grécia, acusa Yanis Varoufakis num artigo a publicar quinta-feira no “Die Ziet”, que o próprio ex-ministro grego resumiu no seu blogue. No sumário publicado no blogue, referente ao artigo intitulado "O plano do Dr. Schäuble para a Europa: Os europeus aprovam", afirma que "os cinco meses de intensas negociações entre a Grécia e o Eurogrupo nunca tiveram hipóteses de ser bem-sucedidos". "Condenado ao impasse, o objectivo era abrir caminho para o que o Dr. Schäuble definiu como 'ideal' muito antes de o nosso governo ser eleito: Que a saída da Grécia da Zona Euro deveria ser facilitada, de forma a disciplinar os Estados-membros que resistem ao seu plano específico para restruturar a Zona Euro", escreve Varoufakis. "Isto não é teoria. Como é que eu sei que o 'Grexit' é parte importante do Dr. Schäuble para a Europa? Porque ele me disse!", acrescenta Varoufakis no resumo da pré-publicação no jornal alemão. O antigo governante diz ter escrito o artigo "não como um político grego que critica a imprensa alemã pela difamação das nossas propostas razoáveis, da recusa de Berlim em considerar seriamente o nosso plano de renegociação da dívida, ou da decisão altamente política do Banco Central Europeu para asfixiar o nosso governo e encerrar os nossos bancos". "Eu escrevi este artigo enquanto europeu que observa o desdobrar de um plano específico para a Europa - o


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Plano do Dr. Schäuble", argumentou. No final do sumário publicado no seu blogue, Varoufakis deixa duas "questões simples aos leitores informados do Die Ziet: Vocês aprovam este plano? Consideram que este é um bom para a Europa?". O antigo dirigente e académico grego já tinha defendido a teoria de que o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, quer uma saída da Grécia da zona euro - ou 'Grexit' - para "clarificar as coisas, de uma maneira ou de outra", num artigo publicado na semana passada no jornal britânico “The Guardian”. Yanis Varoufakis apresentou a sua demissão do Governo grego na passada segunda-feira, horas depois da vitória do 'Não' no referendo grego à proposta de acordo apresentada na semana anterior pelo Eurogrupo ao executivo helénico. GRÉCIA

“Depósitos bancários não escapam a perdão de dívida”, diz Daniel Bessa “Depois do Chipre não haverá perdão sem perdas pesadas nos depósitos bancários”, defende antigo ministro da Economia. “Não é a regra dos 100 mil euros que protege”. Por José Bastos

Ultimatos e datas limite sucedem-se de forma inconsequente, mas a hora da verdade da crise grega deverá surgir este domingo na cimeira dos líderes europeus. A ponto de expirar o prazo para – finalmente - se formalizar um acordo em troca das concessões gregas, a Europa sinalizou a possibilidade da eventual restruturação da dívida, se aplicadas reformas de fundo. A Alemanha voltou a descartar um perdão, mas deixou em aberto a porta para prazos de pagamento mais flexíveis. “Não haverá perdão porque vai contra as normas, mas há uma margem limitada para restruturar”, argumentou Wolfgang Schauble, o ministro das finanças alemão. Haverá menos margem para reduzir juros, mas o prazo dos pagamentos poderá ser esticado. O FMI havia sugerido a ampliação de prazos de 30 anos em média para 40, com períodos de carência (sem pagar juros ou devolver capital) de 20 em vez dos actuais 10 anos. “Admito que há um grande ganho que estará prometido ao governo grego, mas que não pode vir agora para cima da mesa, que é um perdão de dívida”, afirma Daniel Bessa no Conversas Cruzadas. “O perdão de dívida é o grande rebuçado. Aliás, o Syriza, desse ponto de vista, pôs-se bastante a jeito porque o vem reclamando”, sustenta o antigo ministro da Economia. Daniel Bessa, precavido, deixa um alerta. “Agora há uma coisa que eu quero dizer. Depois de Chipre não haverá perdão de dívida na Grécia ou em sítio algum

sem perdas pesadas dos depósitos bancários”, assegura. “E não é a regra dos 100 mil euros por cabeça que vai proteger quem quer que seja. Não acredito que com um eventual perdão da dívida os depósitos bancários fiquem incólumes”, afirma. Mas deve a discussão da dívida regressar à primeira linha? Deve Portugal colocar a questão na agenda? “Como português não estou interessado em que a Grécia saia do euro”, indica Daniel Bessa. “O Governo português fez bem em não dizer nada e também acho que se andou bem a nível europeu – se é que é assim que se vai resolver a questão – em deixá-la para mais daqui a algum tempo”, sustenta o director geral da Cotec. “Para já haverá a reabertura de uma linha de crédito, vai ser concedido um financiamento adicional, e, a hora de decidir se haverá ou não perdão da dívida anterior fica para mais tarde”, indica Daniel Bessa. “Vamos admitir que um perdão à Grécia podia ser bom para Portugal porque, finalmente, somos os seguintes na lista e poderíamos vir a beneficiar. Se é assim, fico com essa esperança em absoluto segredo e não a traria para cima da mesa. Quanto mais aumentarmos as reivindicações na sequência de qualquer tratamento mais favorável à Grécia mais se agravará o problema”, é a tese do economista. “Dívida é um problema para Europa do norte” “O perdão de dívida grega é um problema para as populações do norte da Europa. Se eu agora lhes vou dizer que perdoando a da Grécia tenho que perdoar a de Portugal e de outros tantos a seguir eu, aqui, crio um problema que se pode agravar”, defende o antigo ministro da Economia. “Aí discordo do prof. Daniel Bessa”, contrapõe o sociólogo Manuel Carvalho da Silva aduzindo argumentos. “Sabe-se a estrutura de poderes montada na Europa. Sabe-se da delegação de poder político aos mercados que tem sido prática comum”, afirma. “Sabendo-se qual é o campo manobra do poder financeiro e especulativo nas sociedades actuais. Sabendo-se quais são os contornos no plano mundial, por exemplo a situação delicada que a China está a viver não distante de outros países emergentes. Situação que pode provocar apetites ainda mais acelerados para sacar aos povos mais e mais depressa – o que tem sido feito através da especulação”, diz Manuel Carvalho da Silva. “Em função de todos estes pontos o que o processo grego nos mostra, com clareza, é que há a contrapor o puro exercício da democracia nas suas expressões mais responsabilizadoras do povo. Isso não quer dizer que, numa perspectiva de se encontrarem saídas, muito do trabalho não deva ser discreto e feito por fases de forma a não baralhar os povos”, faz notar. “Mas não me parece que estejamos às portas de uma mudança de rumo na condução da política europeia ou mundial. Estou muito mais inclinado a dizer que, infelizmente, a Alemanha – a referência forte do poder na Europa – já se colocou num patamar de onde dificilmente fugirá da tentação de impor mais um descalabro europeu”, afirma Manuel Carvalho da Silva. “Um descalabro de características diferentes de outros que impôs”, remata. Daniel Bessa: “democracia não resolve tudo”


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Atenas terá finalmente aceite a proposta que foi rejeitada em referendo há oito dias. Estarão criadas as condições para o, há muito esperado, entendimento com os credores evitando a falência e saída do euro. Desde 2010 a Grécia solicitou dois resgates a valerem 240 mil milhões de euros. Agora, o terceiro equivale a 53 mil milhões adicionais e deixará Atenas sob a tutela da “troika” por três anos, quase todo o mandato do governo Tsipras. Daniel Bessa arrisca uma opinião pragmática. “O que vou dizer leva-nos longe. A democracia não resolve os problemas todos. Talvez um pouco menos de democracia resolva melhor este problema”, sublinha. “Não me refiro aos gregos. Lá para o norte da Europa vai ser preciso um pouco menos de democracia para levar aqueles cidadãos a pagar a parte que lhes cabe sem lhes perguntar. Porque se lhes vamos pôr isso muito à mostra e lhes vamos perguntar, então, eles não vão pagar”, diz. “Há momentos onde quem paga.... Lá terá que ser. O melhor é seguir em frente em nome de uma razão maior. Em nome do projecto europeu que os levará a pagar”, afirma Daniel Bessa. Num registo produzido antes ainda da cimeira deste domingo já Manuel Carvalho da Silva defende que o “exercício da democracia” no norte da Europa passa também pelo “esclarecimento dos povos”. “Na hipótese de se caminhar para um acordo o que as instituições e a opinião dominante vão querer nos próximos tempos é o de colocar o enfoque na cedência do governo grego e vão fazer promessas”, começa por dizer. “Promessas – como Daniel Bessa referiu – sobre a dívida, restruturação da dívida, sobre o que significa, onde entra o conceito de perdão e entram outros conceitos importantes e não só. Onde entram também os prazos em que se pretende negociar. Tudo tem muita influência”. “Mas a União Europeia vai fazer isto? Então vai mudar de agulha na orientação de muitas políticas. É viável? Há condições? Ouvi, há pouco, um ministro francês dizer que o euro terá de ser profundamente restruturado nos próximos dez anos”, refere o professor da Universidade de Coimbra. Carvalho da Silva: “povos do sul da Europa não são preguiçosos” “O euro teria de ser restruturado num prazo muito mais breve. O euro e o enquadramento da sua utilização num contexto em que – como há dias enunciava o Prof. Freitas do Amaral – este problema é apenas um do conjunto de enormes desafios que a Europa enfrenta. Problemas que vão desde as migrações, às relações com a Rússia, ao problema com o Reino Unido e muitos outros”. “Aqui, então, coloca-se uma questão: quando a Alemanha e os seus aliados mais duros vêm como a posição ‘cuidado que são os povos que vão pagar’ o que têm de fazer – e aqui entra a democracia – é esclarecer os seus povos”, defende Carvalho da Silva. “Explicar-lhes que esta construção dicotómica, que esta moeda feita funcionar à luz dos interesses alemães, teve vantagens para alguns - eles próprios mas que não admite saída para outros”, acrescenta. “Grécia, Portugal, e outros, vão fazer que reformas? As reformas de optarem por um estilo de vida marcado pela pobreza e pelo distanciamento em relação aos

outros povos europeus?”, interroga Carvalho da Silva. “Portanto, no norte da Europa o exercício deve ser o da ‘democracia do esclarecimento’ desses povos. Esclarecimento de que os povos do sul não são uns preguiçosos e eles é que são os cumpridores”, remata.

Grécia pode precisar de mais 86 mil milhões A estimativa feita pelos credores internacionais aponta para um terceiro "resgate" à Grécia num valor superior à assistência prestada a Portugal.

Foto: EPA

O terceiro programa de resgate à Grécia poderá ascender a 86 mil milhões de euros, prevêem as instituições num documento adoptado este domingo pelo Eurogrupo e transmitido aos líderes da zona euro. De acordo com o documento de apreciação ao pedido de ajuda da Grécia que os ministros das Finanças da zona euro acordaram hoje em Bruxelas, e ao qual a agência Lusa teve acesso, "o Eurogrupo toma nota das necessidades financeiras do possível programa entre os 82 e os 86 mil milhões de euros, como estimado pelas instituições". A estimativa feita por Comissão Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI) aponta assim para um terceiro "resgate" à Grécia num valor superior à assistência prestada a Portugal, também para três anos (2011-2014), de 78 mil milhões de euros. A maior parte do financiamento seria proveniente do novo fundo de resgate permanente da zona euro, o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE). Todavia, "o Eurogrupo convida as instituições a explorar possibilidades para reduzir o envelope de financiamento, através de um caminho orçamental alternativo ou procedimentos de privatização mais elevados". Relativamente às necessidades financeiras mais urgentes da Grécia, o documento aponta que estas estão estimadas em 7 mil milhões de euros até 20 de Julho (data do pagamento de 3,5 mil milhões de euros ao BCE) e 5 mil milhões de euros adicionais até meados de agosto.


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Depois da reunião do Eurogrupo realizada entre sábado e hoje, o assunto passou para o nível de chefes de Estado e de Governo, reunidos neste momento em Bruxelas numa cimeira extraordinária da zona euro.

Nova lei sobre maustratos a animais. GNR instaurou 50 processos-crimes A legislação prevê que maus-tratos físicos a um animal de companhia sejam punidos com pena de prisão até um ano ou com pena de multa até 120 dias". Desde que entrou em vigor a criminalização dos maustratos a animais de companhia, há dez meses, as autoridades já instauraram 50 processos-crime e passaram 2.240 contra-ordenações, disse à agência Lusa fonte da GNR. Segundo os dados estatísticos do Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR, desde 1 de Outubro de 2014, foram ainda registados um total de 2.269 denúncias. Desde a entrada em vigor da lei, "a média de denúncias disparou", disse o chefe da Repartição da Natureza e Ambiente da GNR, Ricardo Vaz Alves, esclarecendo, contudo, que "nem todas são confirmadas como crime". "Assim que temos conhecimento de uma situação de potencial crime, fazemos deslocar uma equipa ao local, que avalia a situação e verifica se a mesma se enquadra dentro daquilo que a lei tipifica, sendo todas as denúncias investigadas", adiantou o major da GNR, sublinhando "que muitas vezes aquilo que se verifica são apenas relações de má vizinhança". Questionada pela agência Lusa, a Procuradoria-Geral da República (PGR) disse dispor apenas de alguns dados relativos ao primeiro semestre deste ano, esclarecendo que até agora "o Ministério Público deduziu uma acusação em processo comum (processo-crime), a qual ainda não foi julgada", e que "foi apresentado um requerimento para aplicação de pena em processo sumaríssimo (arts. 392.º e seguintes (ss) do Código de Processo Penal) em três processos, sobre os quais ainda não incidiu decisão judicial". A fonte da PGR adiantou que "foi aplicada a suspensão provisória em quatro processos", explicando que estes "não são dados globais". A nova lei prevê que, "quem, sem motivo legítimo, infligir dor, sofrimento ou quaisquer outros maustratos físicos a um animal de companhia é punido com pena de prisão até um ano ou com pena de multa até 120 dias". A mesma lei indica que, para os que cometerem tais actos, dos quais "resultar a morte do animal, a privação de importante órgão ou membro ou a afectação grave e permanente da sua capacidade de locomoção", serão "punidos com pena de prisão até dois anos ou com pena de multa até 240 dias".

No caso de abandono, a lei determina que, "quem, tendo o dever de guardar, vigiar ou assistir animal de companhia, o abandonar, pondo desse modo em perigo a sua alimentação e a prestação de cuidados que lhe são devidos, é punido com pena de prisão até seis meses ou com pena de multa até 60 dias". Para a vice-presidente da SOS Animal, Sandra Cardoso, a nova lei "tem muitas fragilidades, que estão a tornar a sua aplicabilidade difícil", mas "o efeito pedagógico da mesma é importantíssimo". Além disto, Sandra Cardoso disse ser necessário "dar formação às forças policiais nesta área, porque estes profissionais continuam a não saber como devem agir em determinadas situações relativas a esta lei".

Casos, robalos e Sócrates. O percurso atribulado de Armando Vara Em apenas 16 anos, o seu rendimento anual aumentou mais de 1000%. Esta é a história do bancário feito banqueiro, agora envolvido no caso Sócrates.

A comunicação social sempre foi um dos seus amores. Foto: Paulo Novais/Lusa Por Ricardo Vieira

De empregado bancário em Trás-os-Montes a banqueiro, com uma carreira nos corredores do poder político pelo meio, o caminho de Armando Vara é feito de percalços, sobressaltos, polémicas e problemas com a justiça. O ex-ministro socialista vai ficar em prisão domiciliária no âmbito do caso que envolve o antigo primeiroministro José Sócrates. Armando Vara vai aguardar o desenrolar do processo em casa, com pulseira electrónica, e fica proibído de contactar com os outros arguidos, indica a Procuradoria-Geral da República (PGR), em comunicado. O arguido é suspeito dos crimes de corrupção passiva, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais. Antes de chegar a ministro e conhecer o amigo José Sócrates (também detido no âmbito da "Operação Marquês"), trabalhou ainda jovem numa oficina de reparação de automóveis, em Bragança, onde revelou


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queda para os números. Nascido há 61 anos em Lagarelhos, concelho de Vinhais, Bragança, a aptidão para as contas foi-lhe útil quando iniciou uma carreira como funcionário bancário num balcão da Caixa Geral de Depósitos, em Mogadouro. A política entrou na sua vida após o 25 de Abril. Admirador do fundador do PS, Mário Soares, Armando Vara tornou-se militante depois da revolução e ajudou a dinamizar o partido em Trás-os-Montes. A comunicação social sempre foi um dos seus amores. Ajudou a fundar um jornal local – "A Voz do Nordeste" – com a ajuda do partido. Estudou Filosofia na Universidade Nova de Lisboa, mas não chegou a acabar o curso. Mais tarde, licenciou-se em Relações Internacionais, na extinta Universidade Independente, poucos dias antes de ser nomeado administrador da CGD – o "canudo" era obrigatório para ocupar a vaga. Sim, senhor ministro O papel de destaque no PS de Bragança abriu-lhe, aos 30 anos, as portas da Assembleia da República. Foi eleito deputado em 1985, numas eleições que ditaram a ascensão ao poder do PSD e de Cavaco Silva. Foi parlamentar da oposição durante várias legislaturas e continuou a sua escalada no partido, chegando a vice-presidente do grupo parlamentar socialista. A vitória de António Guterres nas legislativas de 1995 ditou a sua entrada para o Governo. Exerceu funções como secretário de Estado da Administração Interna até 1999. Foi colega de José Sócrates, que foi escolhido para desempenhar funções como secretário de Estado do Ambiente. Após as eleições desse ano, o secretário de Estado subiu mais um degrau na escadaria do poder. António Guterres nomeou-o ministro adjunto do primeiroministro, com os pelouros da Juventude, Toxicodependência e Comunicação Social. Em 2000 passou a ministro da Juventude e Desporto, mas demitiu-se no final do ano na sequência de notícias sobre alegadas irregularidades cometidas pela Fundação para a Prevenção e Segurança, que fundara em 1999, quando era secretário de Estado. Foi acusado pela oposição de criar um saco azul para financiar o PS, mas nada foi provado e o caso foi arquivado. Deixa o Governo pressionado pelo Presidente da República, Jorge Sampaio, e em ruptura com o ministro da Administração Interna da altura, Fernando Gomes, que criticou publicamente. Antes, Armando Vara foi protagonista de um episódio insólito na relação dos políticos com a comunicação social. A Renascença avançou que o então ministro tencionava demitir-se em rota de colisão com o chefe do Governo da altura, António Guterres. Dias mais tarde, o ministro desmentiu a notícia e a Renascença, pela primeira vez, tomou a decisão de revelar a fonte de uma notícia: o próprio Armando Vara. Bancário-político-banqueiro Armando Vara ainda foi director de campanha nas autárquicas de 2001, que resultaram na demissão do primeiro-ministro António Guterres. Deixa a política definitivamente e regressa à banca pela porta grande. Torna-se director da Caixa Geral de Depósitos em 2000

e mais tarde ascende a administrador, entre Agosto de 2005 e o início de 2008. Foi durante esse período que alegadamente esteve envolvido no financiamento da compra de um empreendimento imobiliário Vale do Lobo, no Algarve. Segundo a comunicação social, é por causa desse negócio ruinoso para a CGD que agora está sob suspeita no caso Sócrates. Em Fevereiro de 2008, diz "adeus" ao banco estatal e transfere-se para o BCP. Torna-se vice-presidente do maior banco privado português de então. Entre a passagem pelo Governo e saída da administração do BCP, os rendimentos de Armando Vara dispararam, com base em dados do Tribunal Constitucional e dos relatórios do banco. De acordo com o livro "Como os Políticos Enriquecem em Portugal", do jornalista António Sérgio Azenha (ed. Lua de Papel, 2011), "a análise comparativa dos ganhos revela que, em apenas 16 anos, o seu rendimento anual aumentou 1.282%". "Passou de uma remuneração do trabalho dependente, em conjunto com a sua então mulher, de 59.486 euros, em 1994, para um rendimento individual de 822.193 euros, em 2010", indica o autor. "A subida vertiginosa dos rendimentos de Armando Vara ocorreu a partir de 2005, após ter sido nomeado pelo Governo de José Sócrates para a administração da CGD em Agosto desse ano. Nessa altura, o socialista, que fora colega de José Sócrates nos executivos de António Guterres, era director na CGD", escreve António Sérgio Azenha. "De 4 de Agosto de 2005, data em que iniciou as funções de vogal da administração da CGD, a 9 de Janeiro de 2008, quando cessou funções de administrador no banco do Estado, Armando Vara quase triplicou o seu rendimento anual", que atingiu os 354.541 euros em 2007. "Chocado" com Face Oculta O antigo ministro socialista foi condenado, em Setembro do ano passado, a uma pena de cinco anos de prisão efectiva, por três crimes de tráfico de influência, no âmbito do processo Face Oculta. Armando Vara ainda não começou a cumprir pena, porque aguarda o resultado do recurso que interpôs no Tribunal da Relação do Porto. O caso está relacionado com uma alegada rede de corrupção que teria como objectivo o favorecimento do grupo empresarial do sucateiro Manuel Godinho, nos negócios com empresas do sector empresarial do Estado e privadas. Armando Vara foi condenado no processo "Face Oculta". Foto: Paulo Novais/Lusa À saída de um interrogatório, em 2009, Armando Vara garantiu ao país que nunca recebeu dinheiro do empresário em troca de favores. Confirmou alguns jantares de negócios, num dos quais Manuel Godinho ofereceu-lhe uma "caixa de robalos" e um equipamento desportivo do Esmoriz. No dia em que foi condenado a cinco anos de prisão no âmbito do processo "Face Oculta", o ex-político e banqueiro confessou aos jornalistas a sua surpresa pela decisão dos juízes. "Estou chocado", declarou. Dois anos antes, em Maio de 2012, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) condenou o antigo "vice" da CGD a uma de 50 mil euros por


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"negligência". O regulador concluiu que Armando Vara, apesar de ter conhecimento dos factos, não impediu um conjunto de ilegalidades na rede comercial do banco estatal. A justiça voltou agora a bater à porta. Armando Vara foi detido na quarta-feira, 9 de Julho, no âmbito da "Operação Marquês", em que o principal arguido é o seu amigo e ex-primeiro-ministro José Sócrates. [notícia actualizada às 21h29 - Armando Vara foi director de campanha nas autárquicas de 2001].

Desconvocadas greves da Carris e Metro de Lisboa Paralisações estavam marcadas para a próxima quarta-feira. Sindicatos estão a preparar um protesto com mais empresas de transportes para o início de Agosto.

Foto: Lusa

As greves de 24 horas na Carris e no Metropolitano de Lisboa, previstas para a próxima quarta-feira, dia 15, foram desconvocadas. O dirigente da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans), José Oliveira, avançou à Renascença a decisão de cancelar a paralisação na Carris. As diferentes estruturas sindicais ponderam a marcação de um novo protesto para o início de Agosto, adianta José Oliveira. "O pré-aviso foi hoje retirado. Uma plataforma de unidade, com um conjunto de organizações, que hoje de manhã entenderam desmarcar essa greve em função de uma discussão que está a ser feita relativamente a uma acção de luta mais abrangente no início do mês de Agosto. Nesse pressuposto, nós acompanhámos a decisão de não manter esse préaviso de greve", explica o dirigente da Fectrans. Também no Metropolitano de Lisboa havia greve prevista para dia 15, mas também foi desconvocada, confirma o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes (Sitra), Sérgio Monte. "O que levou à suspensão? Os sindicatos da CGTP, UGT e independentes reuniram no passado dia 7 e decidiram que iriam promover uma luta de âmbito

nacional, envolvendo o maior número de empresas de transportes do sector empresarial do Estado: Carris, Metro, STCP, Transtejo, Soflusa, CP, CP Carga, EMEF, Refer e, quiçá, a TAP se os trabalhadores assim o entenderem", sublinha Sérgio Monte. AMÉRICA LATINA

Papa deixa “mensagem intencionalmente muito construtiva” Francisco esteve nove dias em três países da América Latina: Equador, Bolívia e Paraguai.

O porta-voz do Vaticano fez um balanço da visita do Papa à América Latina. O padre Federico Lombardi diz que “foi [deixada] uma mensagem intencionalmente muito construtiva”, mas que lembrou “que há muitos problemas para resolver”. “A atitude do Papa foi muito positiva para o futuro destes povos. Foi uma perspectiva que não nega e até afirma que há muitos problemas para resolver, em particular, todos os aspectos da pobreza”, disse o padre Federico Lombardi. O porta-voz da Santa Sé acrescenta que “não houve um confronto crítico, duro, com as autoridades, mas foi incentivar mudanças com decisão e recusar a corrupção, sempre com a ideia de que se pode avançar na construção da democracia participativa e na participação solidária de todos na construção da sociedade”. “Foi uma mensagem intencionalmente muito construtiva”, refere. Lombardi reafirma que “o povo sabe que o Papa não vai ter as soluções para todos os problemas, mas dá uma orientação, uma inspiração e uma solidariedade que é muito importante e que pode ajudar a pôr em marcha iniciativas para uma melhor justiça nos diferentes países”. O Papa termina este domingo no Paraguai uma visita de nove dias a três países da América Latina.


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Francisco alerta para ideologias que acabam em ditaduras Francisco está no Paraguai na terceira paragem da sua visita de uma semana à América Latina.

Foto: Ciro Fusco/EPA

melhorar a vida dos seus filhos”, acrescenta o Sumo Pontífice. O diálogo sem tréguas foi outra das insistências de Francisco. Sobretudo porque o Papa sabe que não é fácil. “As verdadeiras culturas não estão fechadas em si mesmas, mas são chamadas a encontrar-se com outras culturas e criar novas realidades. Sem este pressuposto essencial, sem esta base de fraternidade, será muito difícil que se chegue ao diálogo. Se alguém considera que há pessoas, culturas, situações de segunda, terceira ou quarta categoria, de certeza que algo acabará mal, simplesmente porque carece do mínimo: o reconhecimento da dignidade dos outros”. Neste encontro, que juntou representantes da política e da cultura e com muita gente jovem, Francisco pediu, sobretudo aos mais novos, “que façam sempre um jogo limpo” e – continuando com a linguagem futebolística – “que nunca comprem o árbitro”. A visita do Papa a três países da América Latina termina este domingo. A Renascença V+ transmite em directo os principais momentos da visita do Papa à América Latina, até domingo. Veja em detalhe o programa das transmissões

Por Aura Miguel, no Paraguai

BISPO DE PORTALEGRE

O Papa Francisco advertiu, em Assunção, no Paraguai, contra as ideologias, considerando que estas muitas vezes se tornam em regimes autoritários que desprezam o povo. A inclusão e o bem comum não podem descartar ninguém, mas as ideologias não servem para promover os pobres, basta pensar no que aconteceu com os nazis e o estalinismo. “As ideologias terminam mal, não servem. As ideologias têm uma relação incompleta, doente ou má com o povo. As ideologias não servem o povo. Olhem para o século passado, como terminaram as ideologias? Em ditaduras, sempre”, referiu. Francisco também usou palavras fortes contra a chantagem e a corrupção, considerando-a mesmo a gangrena de um povo. “Para que haja uma verdadeira cultura num povo, uma cultura política e de bem comum, é urgente julgamentos claros e nítidos. E não servem outros estratagemas. Uma justiça nítida, clara, isso vai ajudarnos a todos. Outra coisa sobre que honestamente tenho de falar é um método que não dá liberdade para a pessoa assumir responsavelmente a sua tarefa de construção da sociedade, que é a chantagem. A chantagem é sempre corrupção. A corrupção é a gangrena de um povo”, disse. O Estádio Léon Condu de Asunción explodiu várias vezes em aplausos com a força das palavras de Francisco. A partir de perguntas de cinco representantes de diferentes sectores da sociedade civil, o Papa elogiou a identidade e o sentido de pátria deste povo. “Um povo que não mantém vivas as suas preocupações, um povo que vive na inércia duma aceitação passiva é um povo morto. Pelo contrário, em vós, vejo a seiva duma vida duma vida que não pára e quer germinar. Isto, Deus sempre o abençoa. Deus está sempre a favor de tudo o que ajuda a levantar e

“Corrupção continua a ser uma tentação a que ninguém está imune” D. Antonino Dias presidiu à peregrinação de Julho, que trouxe ao santuário de Fátima milhares de peregrinos.

Foto: Lusa Por Paula Costa Dias

O bispo de Portalegre-Castelo Branco incitou os peregrinos de Fátima a não se deixarem corromper e a percorrerem o caminho da santidade, proposto por Deus. Considerando que “a corrupção continua a ser hoje uma tentação a que ninguém está imune”, D. Antonino


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Dias defendeu que “na base de toda a espécie de corrupção está a corrupção espiritual, a corrupção dos princípios morais e espirituais, a perda de valores provocada pelo afastamento de Deus e relativização do mal”. No entanto, como “Deus escolheu-nos para sermos santos”, salientou o bispo. “Também nós somos chamados e enviados para anunciar a boa nova de Jesus Cristo pela palavra e pelo testemunho”. D. Antonino Dias reconheceu que “também nós podemos adormecer ou deixarmo-nos envolver e acomodar em situações injustas”. Também nós “podemos deixar-nos corromper e tranquilizar a consciência num culto vazio, num culto sem Deus”. Por isso, D. Antonino Dias apelou aos peregrinos para que peçam “a Graça da conversão constante, a Graça de não nos deixarmos corromper pelo pecado, a Graça de sermos santos em Cristo, fortes e firmes na denúncia do mal e no anúncio do Evangelho, sem servilismos nem medos, sem nos vendermos ou perdermos a liberdade de anunciar”. Esta peregrinação de Julho, que trouxe ao santuário de Fátima milhares de peregrinos de todos os cantos do mundo, tem como tema “Sede santos porque Eu sou santo”.

Tribunal do Vaticano julga ex-núncio por pedofilia Caso foi o tema do “Em Nome da Lei” deste sábado. Julgamento foi entretanto adiado. É um julgamento inédito. Pela primeira vez, o sistema judicial do Estado do Vaticano julga um membro do clero pela prática de pedofilia. Josef Wesolowski, 66 anos, está acusado de abuso sexual de quatro menores, ao tempo em que foi Núncio na República Dominicana e também da posse de pornografia infantil. O julgamento estava marcado para este sábado, mas acabou por ser adiado. Josef Wesolowski foi internado no hospital e está nos cuidados intensivos. O padre José Alfredo Patrício, membro do tribunal Eclesiástico de Lamego, sublinha que o julgamento que começou este sábado não visa apenas punir o crime, mas sobretudo dar um sinal às vítimas e às suas famílias. “Este julgamento que hoje inicia tem como objectivo primeiro não só punir a pessoa em questão pelos possíveis delitos que possa ter cometido mas sobretudo porque há vítimas nisto e a Igreja tem que estar próxima das pessoas que mais sofrem. Desse ponto de vista é um acto inédito mas sobretudo que manifesta na prática essa grande preocupação que a igreja tem de ter e tem com as vítimas deste tipo de delitos”, disse. O julgamento poderá estar terminado até ao final do ano. O ex-núncio de nacionalidade polaca pode ser condenado a uma pena até 14 anos de cadeia. O antigo Núncio na República Dominicana está acusado de abusar de quatro menores, engraxadores em Santo Domingo, e também da posse de pornografia infantil. Embora beneficie da presunção de inocência, a

percepção do padre José Alfredo Patrício é que será condenado, atendendo a que foi já antes julgado pelo Tribunal Eclesiástico, que o demitiu de todos os cargos e lhe retirou o estado clerical. “A minha percepção é que o Tribunal Eclesiástico é um tribunal muto minucioso na apreciação de provas. Se houve uma demissão do estado clerical, ou seja se a pessoa perdeu todos os direitos e deveres relacionados com a sua ordenação não só sacerdotal mas também episcopal (porque era um bispo) quer dizer que as provas que estão em cima da mesa são provas bastante credíveis. Portanto, mantendo a presunção de inocência, as possibilidades dele vir a ser condenado são bastante grandes”, acrescenta. O ex-Núncio polaco ia ser julgado porque há um ano o Papa Francisco criou a base legal para que as leis penais do Vaticano se aplicassem aos seus representantes diplomáticos. Pedro Vaz Patto, juiz no Tribunal da Relação do Porto e nos tribunais eclesiásticos, diz que não é correcto falar num novo paradigma introduzido pela Papa Francisco em relação ao tratamento da pedofilia no seio da Igreja, mas admite que alguns bispos omitiram informação que tinham, por erradamente acharem que dessa forma preservavam o bom nome de Igreja. “O que levou durante algum tempo por parte dos bispos a não actuar foi esta ideia errada de que o bem da Igreja prevalecia sobre tudo e aqui era o bem da igreja mal interpretado, no sentido do bom nome, reputação. E para se preservar esse bom nome acabou por se sacrificar as vítimas”, referiu. O advogado e professor universitário Luís Fábrica entende que há uma nova atitude deste Papa. Mais do que nas palavras, nos actos, Francisco inaugura um novo relacionamento com a sociedade. “Revela mais do que não sei quantos comunicados ou algumas encíclicas, revela que algo mudou e mudou para melhor. É evidente que não podemos esquecer que nem todos os sectores da Igreja estão fantasticamente felizes com esta mudança, mas a Igreja é uma entidade plural, feita de muitas pessoas e muitos entendimentos. Eu pessoalmente estou totalmente de acordo e acho que, na verdade, as acções, e não apenas as palavras deste novo Papa, permitem augurar uma modificação muito positiva na forma de relacionamento da Igreja com a sociedade e a própria forma como a Igreja se organiza internamente”. Eurico Reis, juiz do Tribunal da Relação de Lisboa, habitual comentador do Em Nome da Lei, diz que o horror da pedofilia é que marca as vítimas como um ferro em brasa. “O horror da situação é que são seres humanos que ainda estão em formação e que ainda não sabem medir o alcance das coisas, portanto não tem uma compreensão total do significado dos actos que estão a praticar e que mercê destes actos que normalmente são exercidos por pessoas com autoridade, que deviam ser modelos de referência, vão distorcer a percepção das vítimas relativamente aquilo que é o deve ser. É o mesmo que um ferro em brasa, fica ali uma cicatriz, e por isso é que isto são actos merecedores de grande sancionamento”, diz. Foram declarações feitas ao programa da Renascença “Em Nome da Lei” que este sábado debateu o julgamento inédito que estava para começar


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este sábado no Vaticano.

Interpol emite alerta por causa de traficante mexicano "El Chapo"

Um em cada dez alunos do secundário nunca leu um livro até ao fim

Joaquín Guzmán estava preso desde Fevereiro de 2014 e esta foi a sua segunda fuga de uma prisão mexicana em 14 anos.

O estudo revela ainda que 14% das famílias dos alunos participantes no inquérito não têm livros em casa.

A Interpol, Organização Internacional de Polícia Criminal, emitiu esta segunda-feira um alerta internacional por causa da fuga do narcotraficante Joaquín "El Chapo" Guzmán, cabecilha do cartel de Sinaloa, anunciaram as autoridades federais mexicanas. Para além do alerta, que significa "um pedido de apoio" a todas as polícias que pertencem à Interpol, entre mais de uma centena de países, "há um aviso em todo o país para detectar em centrais de camionagem, aeroportos e portos marítimos" a possível presença do narcotraficante, acrescentaram as fontes, citadas pela agência EFE. O narcotraficante Joaquín El Chapo Guzmán fugiu da prisão no Estado do México, no sábado, por um túnel com 1,5 quilómetros de comprimento com ligação a um prédio fora da área prisional. Na cela de El Chapo foi encontrado, na zona do duche, um buraco com 50 centímetros de largura e 10 metros de profundidade com um escadote. Joaquín El Chapo Guzmán estava preso desde Fevereiro de 2014 e esta foi a sua segunda fuga de uma prisão mexicana em 14 anos.

Ilustração: Freepik

Cerca de 10% dos alunos do secundário nunca leram um livro até ao fim, revela um estudo realizado em 15 escolas secundárias do programa "Ler+Jovem", apresentado esta sexta-feira em Lisboa. "No ensino secundário, num nível de ensino em que muitos pretendem aceder ao ensino superior, 10% dos alunos nunca leu um livro até ao fim. É um dado que nos deve pôr a pensar", diz à Lusa Leopoldina Viana, da Universidade do Minho e responsável pelo estudo. O estudo decorre desde 2013 no âmbito da iniciativa "Ler+Jovem" e será apresentado esta sexta-feira à tarde, em Lisboa, no primeiro encontro nacional de escolas participantes neste programa. A ideia é, segundo a responsável, perceber o que é que os alunos lêem, onde lêem e quais as suas preferências. Globalmente, adiantou Leopoldina Viana, os alunos lêem e, desde que é feito o estudo, não se têm registado grandes variações em termos de leitura. 14% das famílias sem livros O estudo revela ainda que 14% das famílias dos alunos participantes no inquérito não têm livros em casa e que um quarto dos alunos afirma que não gostava de ler em criança porque tinham dificuldade de compreender o que liam. "É um dado importante para investir mais na compreensão da leitura nos anos iniciais", afirma Leopoldina Viana. Leopoldina Viana manifesta ainda preocupação pelo facto de o professor como motivador de leitura aparecer em último lugar entre as motivações dos alunos para lerem. "Dá-nos a entender que há trabalho a fazer e que o professor tem que ter um papel mais activo nesta área." A procura do conhecimento e de actualização são as


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principais motivações apontadas pelos alunos para ler, bem como a influência do grupo de amigos. Os alunos do secundário lêem literatura sobretudo nos tempos livres e nas férias, conclui ainda o estudo, que revela, contudo, um "uso intensivo das bibliotecas escolares". O livro continua a ser o suporte preferencial de leitura e, entre 2013 e 2014, registou-se uma diminuição do número de alunos que acede à internet e que tem computador. "Provavelmente tem que ver com a crise e as dificuldades económicas", refere Leopoldina Viana. Leopoldina Viana sublinha ainda que os alunos escolhem por vezes um tipo de literatura que não é aconselhada pela escola, o que leva os professores a pensarem que os alunos não são leitores. "Há muitos jovens que lêem bastante, lêem um tipo de literatura que não é muito consagrada do ponto de vista académico e relativamente à qual os professores fazem tábua rasa. Se calhar é preciso que a escola pense nesta leitura e possa integrar este tipo de leitura para seduzir o leitor", disse.

Português ganha Grande Prémio do World Press Cartoon André Carrilho fez um cartoon sobre a forma como o vírus é visto pela Comunicação Social fora de África.

PRÉMIO ÁRVORE DA VIDA

Lourdes de Castro. “O espírito da arte conduz sempre a uma arte do espírito” Galardão é atribuído pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura e pelo Grupo Renascença. Foi entregue este sábado o prémio “Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes” à artista plástica Lourdes Castro. O prémio, que vai já na décima primeira edição e que é atribuído pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura e pelo Grupo Renascença Comunicação Multimédia distingue este ano uma artista madeirense. Na capela do Rato onde decorreu a cerimónia, José Carlos Pereira, director do Secretariado da Pastoral da Cultural explicou as razões do júri para a escolha. “A obra de Lourdes Castro sendo uma grande realização do ponto de vista estético, conduz-nos aos lugares mais altos da nossa alma. Na obra dela vemos bem que o espírito da arte conduz sempre a uma arte do espírito”, explicou José Carlos Pereira. Lourdes Castro nasceu no Funchal há 85 anos. Ao longo da vida passou por Paris e Munique, mas regressou ao Caniçal, na Madeira, onde actualmente vive.

Cartoon premiado de André Carrilho publicado no DN

O português André Carrilho venceu o Grande Prémio do World Press Cartoon 2015, com uma imagem sobre o vírus ébola, anunciou a organização, numa cerimónia, em Cascais. O desenho do cartoonista, publicado no jornal Diário de Notícias a 10 de Agosto de 2014, retrata a forma como o vírus é visto pela Comunicação Social fora de África. O júri justificou o prémio referindo que o desenho de André Carrilho "não expõe apenas o problema de uma doença devastadora, mas sobretudo denuncia a dualidade de critérios da imprensa europeia e norteamericana perante a origem das vítimas". Na altura, o cartoon do português foi analisado e comentado em vários jornais e partilhado nas redes sociais. O vírus ébola e o Mundial de futebol no Brasil foram os grandes temas de destaque desta edição do World Press Cartoon, que em 2013 abandonou Sintra passando agora a realizar-se em Cascais, com um Grande Prémio estabelecido de 10 mil euros. Na categoria de "Caricatura", o vencedor foi o brasileiro Cau Gomez por um retrato caricaturado do futebolista Messi e o Papa Francisco, enquanto o segundo prémio coube a Dalcio (Brasil) que retratou o músico David Bowie, e o terceiro prémio foi para Riber (Francês). No "Desenho de Humor", o primeiro prémio foi atribuído ao grego Michael Kountouris, vencedor do Grande Prémio da edição de 2013, numa caricatura sem título, mas que tem dois homens a segurar dois cartazes com peixes de diferentes tamanhos. Na categoria "Editorial", que deu a vitória ao português André Carrilho, no segundo lugar ficou o búlgaro Tchavdar e, em terceiro, o ucraniano Cost. O júri que seleccionou as obras integrou António Antunes (Portugal), Agim Sulaj (Albania), Xaquin Marin Formoso (Espanha), Firoozeh Mozaffari (Irão) e Augusto Cid (Portugal).


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"A menina Júlia", do sueco Strindberg, no Festival de Almada A 32ª edição do Festival de Almada, a decorrer até 18 de Julho, em 12 espaços de Almada e Lisboa. A peça "A menina Júlia", do dramaturgo sueco August Strindberg, vai ser representada esta segunda-feira, na sala principal do Teatro Municipal Joaquim Benite, em Almada, no âmbito do 32.º Festival de Teatro. Encenada pelos britânicos Katie Mitchell e Leo Warner, e produzida pelo teatro Schaubühne, da praça Lehniner, em Berlim, trata-se de uma peça que o director do certame, Rodrigo Francisco, "há muito queria trazer ao festival" português. A peça sobe ao palco, às 21h30, e tem nova representação na terça-feira, na mesma sala, às 19h30. "O condenado à morte", do dramaturgo franco-romeno Matei Visniec, com encenação de Räzvan Muresan, numa produção Teatro Nacional de CLUJ-Napox - o teatro nacional romeno - é a outra peça a que o público pode assistir também esta segunda-feira, às 21h30, mas na sala experimental do Teatro Municipal Joaquim Benite. Nova representação de "O condenado à morte" tem lugar na terça e na quarta-feira, às 16h00 e às 21h30, respectivamente, na mesma sala. No Fórum Romeu Correia, em Almada, às 18h00, também sobe ao palco "A minha pedra de Roseta", do dramaturgo espanhol José Ramón Fernández, com encenação de David Ojeda, numa produção da companhia Palmyra Teatro. Trata-se de um espectáculo integrado no ciclo Novíssimo Teatro de Espanha, ao qual a edição deste ano do festival dedicou um ciclo próprio. Também hoje, às 16h00, no Teatro-Estúdio António Assunção haverá uma leitura encenada de "Atra bilis" de Laila Ripoli, com direcção de Natália Luiza, numa produção Teatro Meridional. A 32ª edição do Festival de Almada, a decorrer até 18 de Julho, em 12 espaços de Almada e Lisboa, prevê a realização de um total de 54 espectáculos, 27 dos quais de sala. Oficinas de teatro, espectáculos de rua e espectáculos musicais compõem a programação do certame.

Casillas. Adeus muito emocionado ao Real Madrid mas feliz por ir para o Porto O guarda-redes que durante 25 anos esteve ao serviço da equipa madrilena faz uma declaração aos jornalistas.

Iker Casillas, o agora guarda-redes do Futebol Clube do Porto, já se despediu da sua equipa de sempre, o Real Madrid. Numa conferência de imprensa muito emocionada, nas instalações do clube madrileno mas sem ninguém ao seu lado, Casillas leu um discurso onde agradeceu ao Porto a nova oportunidade. "O meu destino agora é Portugal, estou muito feliz por ir para o Porto", disse. Casillas dirigiu-se também aos adeptos madrilenos: "Espero que se recordem de mim, independentemente de ser bom ou mau guarda-redes, como uma boa pessoa."

Mãe de Casillas “arrependida” por declarações sobre FC Porto Guarda-redes espanhol assinou contrato de dois anos com os dragões. Mãe não gostou, mas pediu desculpa pelos excessos. Depois das polémicas declarações deste sábado, em que fazia fortes críticas ao FC Porto, a mãe de Iker Casillas recuou e pediu desculpa aos dragões. Em declarações à Rádio Cadena Cope, Mari Carmen diz-se arrependida e pede desculpa ao clube português. "Peço desculpas ao FC Porto pelas minhas declarações ao ‘El Mundo’. Estou agradecida ao FC


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Porto por ter contratado o meu filho. Já falei com o Iker e estou arrependida. Fiquei afectada por tudo aquilo que ele passou", disse. Ao programa “Tiempo de Juego”, a mãe do jogador falou ainda sobre os merengues, onde o filho jogou durante 25 anos. "O que o meu filho deu ao Real Madrid foi muito. Ele foi, é e será um grande guarda-redes". Os dragões confirmaram este domingo que o guardaredes Iker Casillas, ex-Real Madrid, assinou por duas épocas, com mais uma de opção. No comunicado oficial, os azuis e brancos não dão pormenores sobre o negócio, já ontem oficializado pelos merengues. Já esta manhã, Casillas emocionou-se ao ler a sua declaração de despedida do estádio Santiago Barnabéu. O internacional espanhol, que jogou 25 anos em Madrid, estava sozinho na sala de imprensa e acabou aplaudido pelos jornalistas. Casillas tem no currículo um Campeonato do Mundo, dois Campeonatos da Europa, três Ligas dos Campeões, um Mundial de Clubes, duas Taças Intercontinentais, duas Supertaças Europeias, cinco campeonatos de Espanha, duas Taças do Rei e quatro Supertaças de Espanha.

Maxi assume que FC Porto "é opção" mas ainda não decidiu

"Sim, fala-se muito. É uma opção, mas ainda não decidimos", afirmou o lateral. De parte, fica a possibilidade de regressar ao Uruguai. "Quero ficar em Portugal", concluiu o atleta que foi bicampeão pelo Benfica, clube que representou desde 2007. O contrato que o mantinha ligado ao clube expirou a 30 de Junho. DOMINGOS SOARES OLIVEIRA

A concorrência investe? "Nos dois últimos anos, fomos campeões" O administrador da SAD do Benfica garante que o clube está em condições de atacar o "tri" e que não precisa de vender jogadores para investir no plantel. Declarações à margem da apresentação dos resultados da emissão obrigacionista do Benfica.

O lateral uruguaio garantiu, esta sexta-feira, que ainda não tomou uma decisão sobre o seu futuro. O que ficou claro é que continuar no Benfica "está difícil" e que o FC Porto "è uma opção". O Benfica emitiu 45 milhões de euros em obrigações. Foto: DR

Maxi ainda não decidiu onde vai jogar em 2015/2016. Foto: DR

Maxi Pereira assumiu hoje, perante as câmaras de um canal uruguaio, que o seu futuro ainda não está definido, sendo o FC Porto uma das opções em estudo. Continuar de encarnado não parece o cenário mais provável: "Está difícil continuar no Benfica. Estou a decidir com a família, a ver todas as opções. O mais importante é que a família esteja bem", declarou o jogador que continua de férias no seu país. Confrontado com o facto de estar a ser apontado como reforço do FC Porto, Maxi não se escusou a comentar:

O investimento do Benfica no Departamento de Futebol vai ser mais baixo na próxima época, mas o facto não deve inquietar os adeptos, na opinião do administrador da SAD, Domingos Soares Oliveira: "Todos os anos, as pessoas ficam muito preocupadas com os investimentos feitos pelos nossos concorrentes. A verdade é que, nos últimos dois anos, independentemente dessas políticas serem verdade ou não, fomos campeões", lembrou o responsável aos jornalistas esta sexta-feira. "Temos todas as condições para voltar a ser campeões e conquistar o 'tri'", frisou. Domingos Soares Oliveira garante que o Benfica tem "capacidade de investimento" e que não precisa de vender jogadores para reforçar posteriormente a equipa. "A venda dos jogadores tem que ser vista como parte do nosso negócio. Portanto, em função das oportunidades que sujam, não vamos deixar de realizar as vendas que se revelarem interessantes. Mas uma coisa não está relacionada com a outra". O orçamento da equipa principal, ressalva o administrador da SAD encarnada, é mais baixo mas isso deve-se "a outro factor", isto é, com a subida à primeira equipa de jogadores mais jovens que fazem


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baixar a massa salarial. As declarações de Domingos Soares Oliveira foram produzidas à margem da apresentação dos resultados da emissão obrigacionista do Benfica, a qual foi concluída com sucesso. A colocação de 45 milhões de euros em obrigações no mercado são sinónimo de "confiança" dos investidores, na opinião do administrador. Duas possíveis transferências do Benfica foram ainda abordadas. Sobre gaitán, Domingos Soares Oliveira nada quis adiantar. Quanto a Ivan Cavaleiro, que estará a caminho do Mónaco, o administrador da SAD deixou um comentário que indicia que a operação deve estar fechada ou prestes a ser encerrada: "Mesmo sendo um jogador da formação, tem todas as condições para ser um bom negócio". BETO

Vencer o Benfica na Supertaça teria efeito "motivador" para o Sporting O antigo capitão dos leões aposta em Tobias Figueiredo para substituir Ewerton que é "uma baixa importante" para a final da Supertaça, com o Benfica. Jesus tem maior responsabilidade após assumir a candidatura ao título.

que ultrapassando "estas barreiras o grupo vai motivarse". A ausência de Ewerton O Sporting não vai poder contar com Ewerton para estes compromissos. O brasileiro lesionou-se, foi operado e enfrenta agora uma paragem de 12 semanas. Beto lamenta a situação, até porque Ewerton, a temporada transacta "tinha feito uma segunda metade do campeonato muito boa". "Conseguiu impor-se fazendo uma boa dupla com Paulo Oliveira", lembra. "Foi mau para a equipa e para o treinador que não tem muitas opções", diz Beto. Sem Ewerton, lesionado, o antigo capitão leonino aponta Tobias Figueiredo como substituto. "Tem sido outra opção desde a época passada. Também é um grande jogador e um jovem com uma grande margem de progressão, que eu aprecio muito. Neste momento é a solução mais viável", defende Beto. Candidatura ao título O ex-capitão dos leões abordou ainda a candidatura ao título por Jorge Jesus e a promessa feita aos adeptos. "A responsabilidade que é muita, agora aumenta. Mas num clube como o Sporting é natural e a tolerância será menor. Tem que se ter a máxima responsabilidade, para se atingirem os objectivos". A contratação de Jorge Jesus "foi uma boa aposta", que poderá "ter sucesso". No entanto, "só quando a bola começar a rolar e as vitórias aparecerem e que se dará valor aos jogadores, ao treinador e a toda a estrutura", remata Beto.

Djokovic campeão na relva Tenista derrotou Federer em quase três horas de jogo.

Adeptos do Sporting vão apoioar a equipa na Supertaça. Foto: DR

O Sporting perdeu o central Ewerton para a final da Supertaça Cândido de Oliveira, mas mais importante é vencer o Benfica na final para que os leões comecem com a confiança em alta a nova temporada. Jorge Jesus prometeu um leão candidato, fazendo com que a sua responsabilidade crescesse perante a promessa lançada aos sócios. O antigo central, capitão e dirigente do clube, Beto, em declarações a Bola Branca, começou por afirmar que os jogos "são todos importantes", mas este "tem o peso de se começar bem perante um rival". "Está um título em disputa e começar bem lançará o Sporting para uma grande época", sustenta. Beto lembra que após a Supertaça os leões jogam o acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões, pelo

Foto: EPA

o sérvio Novak Djokovic venceu o torneio de ténis de Wimbledon ao derrotar o suiço Roger Federer em quatro sets. Djokovic ganhou com os parciais de 7-6, 6-7, 6-4 e 6-3 e conquistou o principal torneio de relva pela terceira vez na carreira. O número 1 mundial precisou de quase três horas para derrotar o grande campeão suíço e alcançou o seu nono título do Grand Slam.


Domingo, 12-07-2015

A prova chegou a estar interrompida devido à chuva.

BMC vence contrarelógio por equipas. Froome mantém amarela A etapa deste domingo teve 28 quilómetros. A norte-americana BMC venceu o contra-relógio por equipas da nona etapa da Volta a França em bicicleta. O segundo lugar da Sky manteve a amarela no corpo de Chris Froome. A BMC fez os 28 quilómetros, entre Vannes e Plumelec, em 32.15 minutos, menos um segundo que a Sky e menos quatro que a Movistar. A Lampre, de Rui Costa, terminou em oitavo a 48 segundos. Na geral, Froome tem Tejay Van Garderen a 12 segundos e Greg Van Avermaet a 27, ambos da BMC. O português Rui Costa está a 5m20.

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