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EDIÇÃO PDF Directora Graça Franco

Segunda-feira, 23-06-2014 Edição às 08h30

Editor Raul Santos

Final à Hollywood abre sala para “Missão Impossível” Directores do Hospital de São João ficam até 15 de Julho

Alunos do 9º ano enfrentam prova final de Matemática

Semana começa Fisco chama com chuva, milhares de granizo e trovoada gestores a pagar dívidas das

Pais vão avaliar encerramento de 311 escolas "caso a caso"

MANUEL PINTO

A festejar também se vive


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Final à Hollywood abre sala para “Missão Impossível” Portugal não está de malas feitas, mas o empate com os Estados Unidos avisa para uma reserva antecipada da viagem de regresso.

Por Sílvio Vieira

Tom Cruise. A inspiração dos jogadores portugueses, a partir de agora, tem que ser Tom Cruise. O protagonista da sequela “Missão Impossível” resolve problemas, independentemente da sua perigosidade, e Portugal tem Cristiano Ronaldo para encarnar Ethan Hunt. A incursão cinematográfica é sugerida por um desafio com os reis da acção. O jogo de futebol entre Portugal e os Estados Unidos teve final à americana, heróis improváveis, armas secretas e o regresso de renegados. O enredo Nani andou escondido uma temporada inteira para aparecer na Amazónia. O jogo começou, praticamente, com o golo do avançado do Manchester United, o primeiro de Portugal no Mundial. André Almeida estava confortável no lugar de Coentrão, Postiga aguentou um quarto de hora no de Hugo Almeida e aumentou a conta dos lesionados. Éder voltou a ser alternativa e Portugal parecia querer provar que a Alemanha havia sido um acidente de percurso. No entanto, o meio-campo evaporou-se na estufa de Manaus e os americanos comportaram-se como tubarões a sentir o odor a sangue. Perfuraram a ferida e carregaram com um dúzia de remates na primeira parte. Howard e mais lesões Foi no intervalo antes do intervalo, numa paragem técnica para hidratação, que Nani voltou a acordar para o jogo. O problema é que o estrondo que causou despertou Tim Howard. O guarda-redes defendeu a primeira tentativa, viu a segunda bater no poste e à terceira foi homem elástico para evitar o golo de Éder. A segunda parte trouxe William Carvalho para o jogo. Os músculos de André Almeida cederam – quinta baixa – e Veloso recuou para lateral esquerdo. Os americanos continuavam atentos às fraquezas do adversário e exploraram o corredor do médio adaptado. Bradley só não empatou porque Ricardo Costa substituiu Beto,

mas havia um alemão infiltrado para tomar conta das operações. Jermaine Jones nasceu perto de Frankfurt. Filho de um militar norte-americano, que andou em missões pela Alemanha Ocidental, o médio viveu no Estados Unidos, mas regressou à Germânia ainda criança, logo depois do divórcio dos pais. Respondeu ao apelo dos "States" na hora de vestir a camisola de um país e regressou em boa hora para se tornar herói na pátria de seu pai. Aí está um bom começo, ou fim, para um sucesso de bilheteira. Jones disparou um míssil e empatou. Logo a seguir Meireles também teve oportunidade, mas Howard voltou a agigantar-se. A arma secreta O resultado não servia à selecção nacional e Varela entrou para ajudar. Contudo, os americanos voltaram a carregar e Dempsey, o jogador do povo, fez o segundo. Os portugueses caíram, as rotativas começaram a imprimir as crónicas da derrota, o destino parecia traçado, até que surgiu a arma secreta. Silvestre Varela voltou a dar uma réstia de esperança a Portugal. Marcou bem dentro dos descontos, depois do único momento de Ronaldo no jogo. O capitão assistiu, o soldado executou. Ficaram muitas contas por fazer, mas Varela é o responsável pela sobrevivência na selva. “to be continued…”

Semana começa com chuva, granizo e trovoada Nove distritos foram colocados em aviso amarelo.

A chuva vai continuar a cair em quase todo o país neste início de semana. Só a partir de quarta-feira é que se poderá voltar a falar em tempo próprio da época. Esta segunda-feira, os aguaceiros poderão ser de tal forma fortes que o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) colocou 9 distritos em aviso amarelo, entre as 10h00 e as 21h00: Vila Real, Viseu, Aveiro, Coimbra, Leiria, Lisboa, Setúbal, Beja e Faro. A meteorologista Madalena Rodrigues fala em chuva, granizo, trovoadas e vento, se bem que as temperaturas vão manter-se quase inalteradas. “Há condições para a ocorrência de aguaceiros, por


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vezes fortes, de granizo e acompanhados de trovoada e com rajadas de vento associadas na altura dos aguaceiros”. Para terça-feira, o IPMA prevê a continuação destas condições meteorológicas. O estado do tempo só deverá melhorar significativamente a partir de quarta-feira, embora com alguns aguaceiros ainda fracos, em especial, nas regiões do Norte e Centro, explica a meteorologista Madalena Rodrigues. SELECÇÃO NACIONAL

Bento admite "situação muito complicada"

JURGEN KLINSMANN

Klinsmann rejeita "arranjinho" com a Alemanha Treinador alemão já orientou a "Maanschaft" e é amigo de Joachim Low, que foi seu adjunto no comando dos germânicos. Empate entre EUA e Alemanha elimina Portugal automaticamente do Mundial.

"Vamos esgotar todas as possibilidades que temos, que são poucas", afirmou o seleccionador nacional, após o comprometedor empate com os Estados Unidos.

Paulo Bento ainda não atira a toalha ao chão no que diz respeito às contas do apuramento de Portugal para os oitavos-de-final do Mundial 2014, mas admite que o empate com os Estados Unidos (2-2) deixa a equipa das quinas numa "situação complicada". "O resultado não é bom, óbvio. O 2-2 não nos afasta, mas deixa-nos numa situação muito complicada. O jogo começou bem, mas depois os Estados Unidos, não tendo grandes situaçãoes de golo, colocaram-nos problemas. Tivemos dificuldades em controlar o lado direito deles. Tentámos alterar e mesmo assim não conseguimos controlar isso", sustentou o seleccionador nacional, em declarações à RTP, após a partida de Manaus. Apesar de considerar que o golo tardio de Varela, aos 95' da partida, "acaba por ser o prémio para o nosso último esforço em condições difíceis", Paulo Bento não esconde que, agora, a Selecção está mais perto da parede, no duelo com a espada. "Vamos esgotar todas as possibilidades que temos, que são poucas", rematou.

Jurgen Klinsmann garante que, para a última jornada do Grupo G do Mundial 2014, as selecções dos Estados Unidos e da Alemanha não vão combinar qualquer empate que permita a ambas avançar para os oitavosde-final e eliminar, automaticamente, Portugal e Gana das contas do apuramento. Ora, nem o facto de ser alemão e antigo seleccionador da "Maanschaft" e amigo pessoal de Joachim Low, que foi seu adjunto e é o actual seleccionador dos germânicos, irá determinar qualquer "arranjinho". "Não vai haver essa chamada [com Low]. Somos amigos, mas ele faz o seu trabalho e eu faço o meu. Estou certo de que daqui por quatro dias vão ver um bom jogo", atirou Klinsmann, na conferência de imprensa de análise ao empate dos norte-americanos com Portugal (2-2). Ora, o técnico dos EUA não esconde que o golo apontado por Silvestre Varela, no último minuto da partida acabou por custar e muito aos Estados Unidos. Contudo, o técnico alemão que comanda os norteamericanos mostra-se orgulhoso dos seus jogadores, que ficam muito perto da passagem aos oitavos-definal do Mundial 2014. "É claro que custa sofrer um golo no último minuto, mas os meus rapazes foram magníficos. Agora, restanos alcançar o resultado de que precisamos contra a Alemanha. Os alemães têm mais um dia para recuperar e as nossas viagens foram mais longas. Mas as grandes equipas merecem o melhor tratamento. Os meus jogadores foram ao limite das suas forças. Temos de levantar a cabeça e encarar o próximo jogo com confiança", afirmou Klinsmann, na conferência de imprensa que seguiu ao 2-2 de Manaus.


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MUNDIAL 2014

MANUEL PINTO

Selecção à beira da capitulação. Nuno Presume analisa

A festejar também se vive

Comentador da Renascença analisa a prestação da Selecção Nacional neste Mundial, deixando muitas questões no ar.

Os "ses" na mente do comentador"Há sempre uma desilusão quando os objectivos não são alcançados. E, para isso, há sempre um conjunto de factores que conduzem a tal. Podemos questionar se o processo foi bem conduzido, se a escolha do local de estágio foi a adequada, se os 23 escolhidos foram os ideiais para uma competição como esta e se os adversários dos jogos de preparação foram os melhores atendendo às características das selecções que iríamos defrontar neste Mundial". "Insucesso" evitado apenas por "milagre""Há um conjunto de factores que conduziram até este insucesso e só um milagre nos salvará deste insucesso". Os "bons" que foram. Os "excepcionais" que ficaram"Penso que a reflexão deverá ser mais profunda mas, quer queiramos, quer não, aparecemos neste Mundial com um grupo de bons jogadores e com muito poucos jogadores ditos excepcionais".

CONSELHO DE DIRECTORES. A reflexão sobre a actividade política e económica. Com Graça Franco, Pedro Santos Guerreiro e Henrique Monteiro, num debate conduzido por José Pedro Frazão. À quinta-feira, na Edição da Noite, a partir das 23h.

Conheço, desde pequeno, nos arredores do Porto, uma festa que põe durante um dia inteiro, mouros e cristãos a lutar, sem ser por isso uma festa violenta.

O património cultural português encerra, por vezes, manifestações que trazem pistas importantes sobre como conviver e como comunicar saudavelmente em sociedade. Conheço, desde pequeno, nos arredores do Porto, uma festa que põe durante um dia inteiro, mouros e cristãos a lutar, sem ser por isso uma festa violenta. É pouco dizer que a conheço desde criança. De facto, tal como muitos outras crianças, desde antes da escola que ela nos povoava o imaginário e nos punha a representá-la, a brincar e sonhar com ela, a falar dela, muitos antes e muito depois do dia da festa, o dia de S. João. Ainda hoje isso acontece, apesar das brutais transformações da comunidade local dos últimos cinquenta anos, quanto aos estilos de vida, à economia e formas de trabalho, e às mentalidades e visões da vida e da sociedade. A festa consegue falar eloquentemente de dimensões centrais e difíceis da vida quotidiana, sem quase precisar de palavras escritas ou ditas. Por exemplo: como resolver conflitos sem pegar tudo à paulada; como relacionar-se com quem é diferente sem pretender impor-lhe o que somos; como exercer e gerir o poder abrindo-o a quem merece tê-lo; ou, ainda, como viver com seriedade sem pôr de lado a crítica e o riso. A linguagem do mais complexo exprime-se e interpreta-se através do mais básico: o ritual, através da dança, da música, do ritmo e da cor. Por um dia se recorda a memória dos tempos em que estas terras foram ocupadas pelos árabes; se faz a experiência de subverter e de refazer a ordem social; de pôr em cena pequenas peripécias dos trabalhos e dos dias, procurando linguagens para dizer quão profundas e quão mesquinhas elas por vezes se nos apresentam. Falo da Festa da Bugiada e da Mouriscada de Sobrado, que acontece perto de Valongo (www.bugiosemourisqueiros.blogspot.pt), que conseguiu - e consegue ainda - não sem tensões e contradições, ressignificar-se nas condições da vida difícil dos tempos que correm, nomeadamente junto


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dos mais jovens. Para muitos vale o que aparece à superfície: uma banal luta entre o bem e o mal. Em Sobrado, porém, não é fácil dizer quem são os bons e quem são os maus. Porque os dois lados habitam cada um, numa tensão que se diria quase irresolúvel. Mais do que de bons e de maus, a Bugiada e a Mouriscada revela-nos, afinal, como pode conviver a identidade com a diferença. Não apenas conviver, mas também vivificar-se.

SELECÇÃO NACIONAL

Vamos a contas Empate com os Estados Unidos obriga a pegar, como habitualmente, na calculadora. E há um alvo a abater: os Estados Unidos. Saiba tudo o que pode acontecer à Selecção a partir de agora.

SELECÇÃO NACIONAL

Hospital de campanha é "difícil de explicar" Paulo Bento aborda casos dos dois novos casos clínicos na Selecção Nacional: Hélder Postiga e André Almeida.

Postiga foi substituído aos 15'

Paulo Bento confessa alguma dificuldade em explicar o rol de lesões que tem afectado a Selecção Nacional antes e durante o Mundial 2014. Reagindo aos dois novos casos clínicos para resolver no seio da equipa das quinas - Hélder Postiga e André Almeida -, o seleccionador admite que "as lesões são difíceis de explicar num bolo" e têm de ser "analisadas individualmente". "Tivemos outra vez uma situação no início do jogo, que nada faria prever, a questão do Hélder. Não me parece que seja grave. André Almeida? Deu um mau jeito durante a primeira parte e teve de sair", explicou Paulo Bento. Postiga e André Almeida juntam-se a Hugo Almeida e Rui Patrício, no departamento médico da Selecção. Recorde-se que Fábio Coentrão já foi dispensado, devido a lesão, enquanto Bruno Alves esteve condicionado, na semana passada. Antes do arranque do Mundial, jogadores como Ronaldo, Pepe ou Beto também estiveram indisponíveis vários dias, devido a problemas físicos.

O empate registado pela Selecção Nacional diante dos Estados Unidos (2-2) deixa as contas do apuramento português para os oitavos-de-final do Mundial 2014 seriamente comprometidas, estando a equipa das quinas mais perto de encerrar a sua prestação na fase de grupos do que seguir em frente. A igualdade registada frente aos norte-americanos obriga Paulo Bento a recorrer a esse instrumento tão próprio do "fado" lusitano: a calculadora. Portugal igualo o Gana, com um ponto, mas ambas ficam a três pontos de Alemanha e Estados Unidos. Na última jornada, a realidade pode ser cruel: é que nem um triunfo sobre os ganeses poderá ser suficiente para apurar Cristiano Ronaldo e companhia. E isto porque, entre si, alemães e americanos podem, por exemplo, registar um empate, passando ambas à próxima fase e eliminando a Selecção Nacional, de forma automática. Golos. Muitos golos para recuperarEm caso de igualdade pontual com Alemanha ou Estados Unidos para isso, Portugal precisa de vencer o Gana e esperar que não se verifique um empate no outro jogo - entrará em cena o primeiro critério de desempate do Mundial: a diferença entre golos marcados e sofridos. E, nesse capítulo, o registo de Portugal obrigaria a uma goleada própria sobre o Gana e a um resultado desnivelado contra os americanos no outro encontro, o que não é propriamente expectável. Mesmo assim, a Alemanha teria que vencer os EUA, mas Portugal teria ainda de recuperar os cinco golos em atraso face aos americanos. Ora, se os Estados Unidos vencerem e porque o registo negativo face à equipa de Klinsmann é de oito golos (menos quatro de Portugal contra os quatro positivos dos EUA), seria essa a desvantagem a anular. São contas complicadas. Ou, por outra, muito complicadas. Mundial 2014Grupo GClassificação1 Alemanha 4 pontos2 Estados Unidos 43 Gana 14 PORTUGAL 1


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REVISTA DA IMPRENSA DESPORTIVA

Títulos diferentes para a mesma mensagem

"Só por milagre", "Presos por arames", "Agarrados à máquina". Record, A Bola e O Jogo expressam, assim, o momento da selecção nacional no Mundial do Brasil. As imagens são diferentes. No Record, vê-se Varela a marcar. Em A Bola, está Cristiano Ronaldo em pose de derrota e no diário O Jogo vê-se Nani de mãos na cabeça. O que sobra do espaço das primeiras páginas vai para as vitórias de Rui Costa, na Volta á Suíça, e de Tiago Machado, na Volta à eslovénia, e para o mercado. O Record avança que "Sporting de Braga compra Rambé ao Belenenses" e O Jogo escreve "Ochoa e Romero debaixo de olho". A informação diz resoeito ao benifca, que teme a saída de Oblak. Ainda em O Jogo, outro destaque: "FIFA considera Herrera o melhor médio do Mundial".

RIBEIRO CRISTÓVÃO

Sempre as contas No rescaldo do jogo em Manaus, tudo aponta para o regresso daqui por breves dias da selecção portuguesa. Mesmo de calculadora na mão.

Por Ribeiro Cristóvão

O empate a dois golos cedido pela selecção portuguesa

frente aos Estados Unidos traz de volta uma velha e repetida prática do nosso futebol, que se resume a tentar encontrar numa simples máquina de calcular um sopro de esperança que lhe permita chegar longe nas competições em que participa. Chegados a este ponto, isto é, a uma distância considerável da concorrência mais directa e perante escassas possibilidades de Portugal prosseguir neste Mundial, não valerá muito a pena manter erguida a bandeira da esperança. O desafio que resta, com o Gana, reveste-se também de grandes dificuldades, havendo ainda necessidade de deitar olhos ao embate entre Alemanha e os Estados Unidos e ficando, assim, numa dependência que não augura nada de bom. A selecção portuguesa ainda conseguiu acender a luz da esperança no dealbar da partida, mas as evidentes carências físicas de uma grande parte dos nossos jogadores permitiram a reviravolta dos norteamericanos e deitaram tudo a perder. A décima lesão muscular registada no grupo comandado por Paulo Bento, reflecte uma situação para a qual é difícil encontrar explicações e que merece ser objecto de estudo profundo e esclarecimento público indispensável. No rescaldo deste jogo em Manaus, tudo aponta para o regresso daqui por breves dias da selecção portuguesa, sem cumprir o seu primeiro e principal objectivo, que sempre foi o de atingir os oitavos de final. Um fiasco que não deixará de abrir espaço a uma longa discussão e que exigirá respostas dos responsáveis às muitas dúvidas que se vinham avolumando à medida a que o rendimento da selecção continuava a definhar.

Pais vão avaliar encerramento de 311 escolas "caso a caso" Presidente da Confap quer conhecer a lista de estabelecimentos que vão encerrar, mas admite que há casos "em que não é fácil entender o porquê da mudança".

O encerramento de escolas 311 escolas do 1.º ciclo do ensino básico deve ser analisado "caso a caso", afirma


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o presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap). Jorge Ascensão, em declarações à agência Lusa, não se mostra surpreendido com o anúncio do Governo e sublinha que o número é até mais baixo do que inicialmente tinha sido avançado pela Associação Nacional de Municípios, que apontava para o fecho de 439 escolas. O impacto desta medida só poderá ser avaliado depois de conhecida a lista de escolas a encerrar, diz Jorge Ascensão, o que espera possa acontecer no início da semana. "Depende das escolas. Há um objectivo, pelo que percebi, de proporcionar melhores condições, [mas] temos famílias que nos fazem chegar que, em algumas situações, os meninos vão para escolas em que as condições estão piores ou idênticas", disse. Para Jorge Ascensão, os encerramentos têm que ser analisados caso a caso, num processo que deverá ser "trabalhado com as autarquias e com as associações de pais locais". "Há situações [de encerramento] que se percebem, desde que salvaguardadas as condições de transporte, alimentação e de meios das próprias escolas para albergar novos alunos, e admitidos que isso tem que ser feito. Há outras em que não é fácil entender o porquê da mudança quando se vai para escolas que não têm as condições mínimas para receber os alunos das escolas que fecham e portanto são situações que devem ser avaliadas localmente", disse. Jorge Ascensão defendeu o envolvimento das autarquias e as famílias neste processo, sublinhando que o país tem também que repensar a desertificação das localidades. "Muitas vezes estamos a fechar escolas e depois ficam populações, ainda que pequenas, completamente isoladas", disse. O presidente da Confap disse esperar que "já no início da semana" seja divulgada a lista de escolas a encerrar e que as associações locais de pais possam sinalizar as "situações que entendam não ser plausíveis", para tentar inverter "uma ou outra situação que não faça sentido". "Percebo que não seja fácil ter uma escola a funcionar com muito poucos alunos, mas há um ponto de equilíbrio entre o número de alunos, a distância que vai obrigar a deslocalização e as condições da escola que vai receber esses alunos. Admito que nalguns casos se possa ter que rever e repensar algumas decisões implicando as autarquias e as famílias", disse.

Alunos do 9º ano enfrentam prova final de Matemática Na semana passada, foi a vez de o Português ser posto à prova. Esta segunda-feira fazem exame também os alunos de Desenho A, História A e História B.

Milhares de alunos do 9º ano regressam esta segundafeira à escola para mais de um dia de exames, marcado pela prova final de Matemática. No ano passado, o exame registou uma média negativa de 44%. São quase 106 mil os alunos inscritos nas provas finais do terceiro ciclo, depois de na passada semana terem sido testados a Português. Termina assim a época de exames. Os resultados são divulgados a 14 de Julho. No ensino secundário, esta segunda-feira são também chamados às escolas os alunos inscritos para os exames da 1ª fase a Desenho A (5.630), História A (16.710) e História B (941). Os resultados são conhecidos a 11 de Julho. Todas as provas se realizam todas às 9h30.

Infarmed admite reacções adversas em 265 doentes durante ensaios clínicos Notícia é do site de informação multimédia dedicado aos temas de saúde "Substância Activa". Por Com agência Lusa

A autoridade reguladora dos ensaios clínicos admite que 265 doentes morreram ou foram gravemente afectados durante experiências com novos medicamentos, mas garante que a segurança, dignidade e o bem-estar dos participantes estão protegidos. O esclarecimento do Infarmed foi avançado à agência Lusa a propósito da notícia que está a ser difundida pelo site de informação "Substância Activa", dedicado a temas de saúde. De acordo com informações recolhidas pelo site, segundo a Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed), “entre 2009 e 2013, foram aprovados 473 novos estudos com fármacos experimentais. Para avançarem todos (por vezes os ensaios são cancelados por falta de participantes) seriam necessários 13.280 doentes”. Tendo em conta estes números, nos últimos cinco anos, a taxa de incidência de mortes e problemas graves com os doentes que participaram em experiências com novos medicamentos é de 1,9%, o que significa uma incidência média anual de 0,38%. Contudo, o Infarmed reconhece não ter acesso ao número real de doentes incluídos porque “a informação não constitui um requisito legal”, avança o site “Substância Activa”. Os problemas, “na maior parte dos casos ocorreram em pessoas em risco de vida, que tiveram de ser hospitalizadas, ficaram internadas além do previsto ou viveram situações clinicamente relevantes", lê-se na notícia. À Lusa, o Infarmed sublinhou que "a proteção dos


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direitos, segurança, dignidade e bem-estar dos participantes em ensaios clínicos está assegurada por um controlo independente e conforme o sistema europeu em que Portugal se insere, assente na avaliação e supervisão permanente por parte do Infarmed e da Comissão de Ética para a Avaliação Clínica (CEIC)". De acordo com a legislação, perante uma alteração inesperada do estado de saúde do participante no ensaio, o Infarmed tem de ser obrigatoriamente notificado. O Infarmed avança ainda que "não está identificada a necessidade de reforço destes níveis de protecção dos cidadãos europeus participantes em ensaios clínicos, vigorando a legislação europeia aprovada recentemente.

Directores do Hospital de São João ficam até 15 de Julho Os 58 directores do hospital que apresentaram demissão dão até essa data para a tutela pôr em prática as soluções propostas para serem resolvidos os problemas da unidade de saúde. Os directores clínicos e de departamento do Hospital de S. João aceitaram continuar em funções até 15 de Julho, data em que esperam que sejam postas em prática as medidas apresentadas pelo Governo para resolver as deficiências. Em comunicado lido pelo presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de São João, António Ferreira, após uma reunião com os presidentes das Unidades Autónomas de Gestão e Directores de Serviço que, na quinta-feira, apresentaram em bloco a sua demissão, "as lideranças intermédias avaliaram favoravelmente" as soluções propostas pela tutela. "Aguardam a concretização das mesmas por parte do governo nos prazos definidos pela tutela, a maioria dos quais decorre até 15 de Julho. Manifestam total confiança no Conselho de Administração. Durante este período asseguram a continuidade de funções", disse António Ferreira.

Jovem de 16 anos baleado à porta de casa Aconteceu no concelho de Loures. Vítima não corre perigo de vida e o caso está a ser investigado pela Polícia Judiciária. Um rapaz de 16 anos ficou ferido no domingo ao ter sido alvejado à porta de casa, no Catujal, Loures.

O incidente ocorreu cerca das 19h00, quando o jovem abriu a porta da sua habitação e foi alvejado por uma arma, provavelmente, de calibre 22, avança fonte do Comando Metropolitano da PSP de Lisboa citada pela agência Lusa. A avó do jovem chamou de imediato o INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica, mas a origem do ferimento só foi possível identificar no hospital para onde a vítima foi levada. O jovem não corre perigo de vida. A Polícia Judiciária também foi chamada ao local e tomou conta do caso, estando as razões do incidente a ser investigadas.

Constitucional pode chumbar cortes salariais que até agora autorizou Os cortes nos salários da função pública estiveram em debate no programa da Renascença “Em Nome da Lei”. A resposta do Governo ao chumbo pelo Tribunal Constitucional (TC), do corte de salários da função pública, previsto no Orçamento de Estado, pode também ser chumbada. É a opinião do constitucionalista Tiago Duarte. Em entrevista ao programa da Renascença “Em Nome da Lei”, este especialista considera que o TC se tornou “imprevisível” e por isso, embora os juízes tenham aceitado, entre 2011 e 2013, os cortes entre os 3,5 e os 10%, a partir dos 1.500 euros, iniciados por José Sócrates, poderão agora não deixar passar a medida. Na mesma linha, o especialista em direito laboral da função pública, Miguel Lucas Pires, também acredita que os juízes do Palácio Ratton podem decretar a inconstitucionalidade destes cortes, uma vez que já terminou o programa de assistência financeira. A reposição do corte dos salários da Função Pública do tempo de José Sócrates é uma das medidas que Passos Coelho pediu a Cavaco Silva que envie para fiscalização preventiva. Opinião contrária tem o advogado e professor Luís Fábrica para quem é um dado adquirido que os vencimentos dos funcionários públicos não voltarão a ser como dantes, porque o país se confronta com um inevitável redução da despesa do Estado. Este especialista considera, alías, que o próprio TC “está em crise”. Já o juíz do Tribunal da Relação de Lisboa, Eurico Reis, acha que devia ter sido declarado o estado de emergência de forma a evitar constantes violações da lie fundamental.


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"Três mil milhões transferidos dos trabalhadores para as empresas" Número consta de um relatório do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra e é avançado Carvalho da Silva no programa Conversas Cruzadas da Renascença. Por José Bastos

“Três mil milhões de euros dos rendimentos do trabalho são transferidos, por ano, para os rendimentos do capital”. É uma das conclusões de um estudo do Centro de Estudos Sociais (CES) ampliadas por Carvalho da Silva no programa Conversas Cruzadas da Renascença. O relatório do CES da Universidade de Coimbra quantifica a transferência de riqueza dos trabalhadores para as empresas promovida pelas reformas laborais como próxima das pretendidas pela fracassada alteração da taxa social única (TSU). O estudo não contabiliza os cortes salariais ou aumento de impostos. As alterações à TSU deveriam disponibilizar 2,3 mil milhões de euros, mas foram abandonadas depois das manifestações de Setembro de 2012. “Em contexto de crise aumentou o excedente de acumulação de capital. Ou seja: aqueles que beneficiam desta transferência aumentaram a sua riqueza. Desde 2009 para cá, por exemplo, os funcionários públicos perderam em média 19% do seu rendimento”, afirma Carvalho da Silva, coordenador do CES da Universidade de Coimbra. Álvaro Santos Almeida, economista ex-FMI, defende a inevitabilidade da transferência de rendimentos do trabalho para o capital. “De facto, nos últimos anos houve uma transferência dos rendimentos do trabalho para o capital. Mas tinha de ser assim, porque as empresas portuguesas não eram competitivas em 2009”, sustenta o professor da Universidade do Porto. “De 1995 – o último ano em que as empresas portuguesas conseguiram vender para o exterior o suficiente para o país pagar o que importou – até 2009 os custos unitários do trabalho aumentaram 49%. Na zona euro aumentaram 22%. Ou seja: relativamente à zona euro as empresas portuguesas só podem retomar a competitividade quando esse aumento adicional for reposto e eliminado.” “Se insistirmos em ter todos os rendimentos no trabalho e nenhum no capital o que teremos é falências com empresas a fechar. Então aí é que não há rendimento nenhum. Nem do trabalho nem do capital. Se queremos uma economia competitiva, de facto, tem de haver um rebalanceamento entre os rendimentos do trabalho e do capital” sustenta Álvaro Santos Almeida. Álvaro Almeida: “Portugal caso único no FMI”

Antigo quadro do Fundo Monetário Internacional em Washington, Álvaro Santos Almeida admite condições de mercado e de estratégica política como causa da ausência de encerramento formal do ajustamento, mas critica sobretudo o Tribunal Constitucional (TC). “Fomos um caso único pela negativa na história dos programas do Fundo Monetário Internacional. Parece que foi a primeira vez de um país cumprir todas as revisões menos a última. Habitualmente ou deixa de cumprir muito mais cedo - e muitas ficam por cumprir - ou cumpre todas. Porque se já cumpriu 11 porque não há-de cumprir a 12ª? Nós não cumprimos a 12ª porque o Tribunal Constitucional não deixou”, acusa Álvaro Santos Almeida “Se o TC tem esse poder de decidir sobre as políticas orçamentais portuguesas convém, o mais cedo possível, perguntar ao Tribunal o que permite ou não. Para que não haja incertezas, não haja dúvidas sobre o que poderão ser essas políticas”, defende o economista enquadrando o pedido governamental para o Presidente da República accionar fiscalizações preventivas. Carvalho da Silva, ao contrário, defende os juízes do Palácio Ratton. “As leituras do TC têm em consideração as dimensões económicas, culturais, sociais e políticas e, acima de tudo, têm de ter em conta a vida dos portugueses. É isso que o TC tem de fazer e o Governo tem de governar dentro dos parâmetros da Constituição”, aconselha o sociólogo. “Se o Governo acha que a Constituição é o seu principal obstáculo diga-o. Anda a dizê-lo de forma encoberta, mas diga-o formalmente. Se o governo acha que o obstáculo é a democracia, ou seja, se para servir os credores e os agiotas - actuando sobre Portugal - temos de abandonar a democracia que isso seja dito aos portugueses para tomarmos opções. Agora o que não se pode é andar nesta chantagem sobre o Tribunal Constitucional” nota Carvalho da Silva. Carvalho da Silva: “Revolta que o país seja governado por tecnocratas” “Numa democracia parlamentar o que é democrático é ser o povo, através dos seus representantes, a tomar a opções políticas como, por exemplo, a interpretação do princípio da igualdade. Portanto, deixar a aplicação desse princípio nas mãos de um órgão não-eleito, o TC, é uma violação da democracia”, defende Álvaro Santos Almeida. “A nossa Constituição não permite até que um órgão eleito como é o Presidente da República vete definitivamente decisões da Assembleia da República. O veto presidencial pode ser ultrapassado por uma decisão da Assembleia da República. Porquê? Porque a Assembleia da República representa o povo e o povo é que tem a última palavra”, nota o ex-presidente da Entidade Reguladora da Saúde. “Ora, o veto do Tribunal Constitucional, um veto político, não pode ser ultrapassado. Esse facto coloca em causa toda a estrutura democrática do nosso sistema. O nosso sistema não é democrático porque permite a um órgão não democrático ter este papel”, sentencia o economista. Manuel Carvalho da Silva discorda. “Eu aplaudo todos aqueles que não gostam de ser governados por órgãos não eleitos, mas o Tribunal Constitucional tem uma composição definida pela Constituição


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envolvendo de uma forma directa a participação dos deputados eleitos pelo povo”, refere o ex-líder da CGTP. “Mas revolta-me muito mais que o país seja governado por tecnocratas que decidem à margem do poder. Que seja governado por uma Troika que não foi seguramente eleita pelos europeus. Os membros da Troika, esses, não foram mesmo eleitos”, conclui Carvalho da Silva.

Fisco chama milhares de gestores a pagar dívidas das empresas IRC e IVA são os principais impostos em dívida. Gestores arriscam penhora de salários, prémios de gestão, contas bancárias e produtos financeiros. O fisco chamou 54 mil gestores para pagar as dívidas das respectivas empresas. Os administradores estão a ser responsabilizados pelo pagamento de mais de 838 milhões de euros de impostos, sobretudo IRC e IVA, com o seu património. A notícia é avançada esta segunda-feira pelo “Diário Económico”, segundo o qual a administração tributária desencadeou, desde o início do ano, mais de 160 mil processos – o dobro face a 2013. Os gestores em causa arriscam agora a penhora de salários, prémios de gestão, contas bancárias e produtos financeiros – isto, porque a empresa não tem património suficiente para suportar a dívida. De acordo com o “DE”, o aumento das dívidas fiscais explica-se bem no quadro do actual contexto de crise: as empresas debatem-se com dificuldades para manter o negócio, há clientes a falhar pagamentos, o mercado encolhe e as dívidas acumulam-se. Por outro lado, o Estado tem extrema necessidade em garantir receitas, pelo que tornou a máquina fiscal mais agressiva na cobrança. Mas o jornal chama também a atenção para os efeitos negativos desta situação: os processos de litigância devem aumentar, fazendo subir também os custos em tribunal e a asfixia das empresas. A contratação de gestores para as salvar fica ainda mais difícil, o que pode levar a que as dívidas continuem a aumentar.

Confusão em reunião do PS. Empurrões e insultos à saída de António Costa Comissão nacional socialista decorreu em Ermesinde. António Costa convidou Jorge Coelho e António Vitorino para organizarem e fiscalizarem as primárias de 28 de Setembro. Acabou a comissão nacional do PS e começou a confusão no exterior do Fórum Cultural de Ermesinde. Empurrões e insultos contra António Costa de uma dúzia de pessoas que antes tinham aplaudido a saída de António José Seguro. “Vai-te embora”, “vai para a câmara”, “não prestas” foram algumas das palavras dirigidas ao candidato às primárias socialistas. A saída de António Costa foi tumultuosa, mas o presidente da Câmara de Lisboa manteve-se impávido e sereno sobre esta confusão. Tinha acabado de falar com os jornalistas, para dizer que já convidou Jorge Coelho e António Vitorino para organizarem e fiscalizarem as primárias de 28 de Setembro. Antes, à saída da reunião, António José Seguro também falou com os jornalistas. Deixou um apelo ao debate sobre ideias e não sobre estatutos. A comissão nacional do PS, deste domingo, em Ermesinde, serviu também para marcar os congressos federativos, que deverão realizar-se a 5 ou 6 de Setembro. O dia é conforme a escolha das federações.

Seguro pede fim de “triste espectáculo” em reunião caótica do PS Costa insiste na realização de um congresso extraordinário e pede a antecipação das eleições primárias. Por Susana Madureira Martins

EM NOME DA LEI. A justiça em debate com Eurico Reis e Luís Fábrica. Ao sábado, a partir das 12h, num debate conduzido por Marina Pimentel.

O secretário-geral do Partido Socialista, António José Seguro, tomou a palavra durante a reunião da comissão nacional que decorre este domingo em Ermesinde para apelar ao bom senso. Ao que a Renascença apurou junto de fontes socialistas, Seguro pediu para que o PS deixe de dar este triste espectáculo e considerou ainda que a data


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das eleições primárias não deve ser alterada. É a posição de Seguro face à proposta de António Costa que quer antecipar as primárias de 28 para 14 de Setembro. De acordo com fontes socialistas, o ambiente na sala é descrito como caótico. No início do encontro, a presidente do partido, Maria de Belém Roseira, recusou o pedido de António Costa para discutir e pôr a votação a proposta para eleições directas e congresso extraordinário electivo, considerando que há um problema político. Maria de Belém pediu mesmo uma proposta unânime de alteração da ordem de trabalhos que foi, entretanto, chumbada. Nessa altura, António Costa pediu a palavra para dizer que é urgente que o PS saia da situação de bloqueio estatutário e propôs que até Julho se realize um congresso extraordinário para marcar eleições directas e apreciar as eleições primárias. João Proença, membro do secretariado nacional do partido, fez a defesa de Seguro, dizendo que há uma coacção para que o secretário-geral resigne. Gritaria e trocas de acusações Segundo relatos de elementos presentes na sala já houve momentos de gritaria entre as duas facções. Um elemento do secretariado nacional, António Galamba, próximo de Seguro, acusou os deputados do PS de faltarem massivamente ao último debate quinzenal, no qual esteve presente o secretário-geral. Galamba dirigiu-se ainda aos gritos a Jorge Lacão, apoiante de Costa, para lhe dizer que não houve blindagem de estatutos por parte desta direcção. Lacão respondeu a Galamba acusando-o de mentir.

Secretário de Estado da Cultura não discursou devido a protestos Manifestantes empunhavam um tarja em que se lia "Construir património destruindo direito à habitação". O secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, acabou este domingo por não discursar na Universidade de Coimbra devido aos apupos de um grupo de manifestantes, que protestavam contra a nova lei do arrendamento. O governante preparava-se para usar da palavra na sessão comemorativa do primeiro aniversário da passagem da Universidade - Alta e Sofia a Património Mundial da UNESCO, quando foi apupado por cerca de duas dezenas de jovens estudantes universitários. "Vocês vão deixar-me falar ou não", questionou Barreto Xavier, que após ouvir resposta negativa voltou a sentar-se na primeira fila da cerimónia evocativa, que decorreu este domingo à tarde no Pátio das Escolas da Universidade de Coimbra. Momentos antes, o presidente da Câmara de Coimbra, Manuel Machado, já tinha sido obrigado a suspender,

mais do que uma vez, por breves instantes, a sua intervenção, devido aos comentários dos jovens em protesto. O reitor da Universidade de Coimbra, João Gabriel Silva, encerrou as intervenções sem que se registasse mais nenhum incidente. O mesmo aconteceu durante o discurso do antigo reitor Seabra Santos, que foi o primeiro interveniente a falar. Os manifestantes empunhavam um tarja em que se lia "Construir património destruindo direito à habitação!" e dois cartazes com as inscrições "Património da Humanidade ou património do capital" e "Nova lei do arrendamento. As Repúblicas já eram?". REVISTA DA IMPRENSA

CR7 enquanto rosto da desilusão portuguesa

Ronaldo de mãos na cabeça, Ronaldo de cabeça baixa, Ronaldo sentado na relva do estádio de Manaus. São imagens que marcam as primeiras páginas dos jornais desta manhã. O i diz que a selecção começa a fazer as malas. O Diário de Notícias escreve que as contas são quase impossíveis. “Selecção quase eliminada”, titula o Público. “É fazer as contas”, escreve o Jornal de Notícias. Futebol à parte, o Jornal de Negócios conta que o Grupo Espírito Santo não tem sucessão garantida. A escolha do nome de Amílcar Morais Pires pode não passar pelo crivo do Banco de Portugal. Já o Diário Económico avança que o fisco chama 54 mil gestores para pagarem dívidas das empresas. Hospitais exigem fazer mais 600 contratações. O Diário de Notícias escreve que só os três Institutos de Oncologia têm cerca de 200 pedidos suspensos para contratação de funcionários, entre os quais médicos e enfermeiros. Na Madeira, há uma caça ao intermediário. O Correio da Manhã traz à primeira página a detenção da mãe da criança que, em Janeiro, esteve desaparecida durante três dias na ilha. Num olhar pelos editoriais, o Público debruça-se sobre a situação no PS, para dizer que tantos meses para discutir duas personalidades e não dois programas ou visões diferentes para o país é muito tempo. Portugal


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não deve estar todo o Verão com o maior partido da oposição em modo de gestão corrente.

Padre Rego celebra 50 anos de sacerdócio e jornalismo O cónego António Rego nunca sonhou ser jornalista, mas a missão foi-lhe confiada assim que foi ordenado padre. Em entrevista à Renascença diz que o Concílio Vaticano II foi a “fonte inspiradora” para tudo o que fez. Por Ângela Roque

O sacerdócio e o jornalismo sempre andaram lado a lado na vida do padre Antonio Rego. Natural dos Açores, tem 73 anos de idade e celebra as bodas de ouro sacerdotais este sábado, 21 de Junho. Em entrevista à Renascença, lembra que a sua missão nos media começou apenas três meses depois de ser ordenado padre. “Não sonhava na vida ter esse trabalho específico na minha pastoral, mas fui enviado e entreguei-me. E dou por mim, sou padre e jornalista. E já lá vão 50 anos. Não contava que passassem tão depressa”. O padre António Rego diz ainda que sentiu sempre que havia “uma missão única”, e que o jornalista “nunca se envergonhou de ser padre, nem o padre de ser jornalista, conviveram sempre muito bem”. E como tem sido evangelizar nos media? Tem tido “sobressaltos”, mas também “alegrias e aventura”. O cónego António Rego lembra que aos poucos foi descobrindo que “a comunicação era não apenas um púlpito especial, mas um local específico de anúncio do Evangelho”. Para isso foi fundamental o Concílio Vaticano II: “O Concílio começa quando eu começo a estudar Teologia e portanto, não apenas em mim mas no nosso curso, havia já uma sede de mudança. Era a época de 60 e na Igreja e no mundo nós estávamos desejosos que as coisas mudassem”. “O Concílio é a grande fonte inspiradora de todo o trabalho que fiz. Havia uma série de estruturas que estavam feitas, e bem feitas para um determinado tempo, mas que já não funcionavam. E é o Concilio que nos dá essas respostas, com o decreto Inter Mirífica, e todo o impulso que deu à evangelização nos media”. O padre Rego iniciou o trabalho no jornalismo ainda nos Açores, onde foi responsável pelo jornal diocesano e por um programa de rádio. Veio depois para Lisboa, para a Rádio Renascença. Passou, também, pela “RTP”, “RDP”, “Diário de Notícias”, “TVI” e “Agência Ecclesia”, e foi vários anos director do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais. É com esta visão abrangente que garante que a Igreja já fez muito caminho nesta área: “Para além da grande instituição que é a Renascença, apareceu uma série de programas na rádio e na televisão, jornais diocesanos, gente que se empenhou nos jornais não católicos, a agência

Ecclesia, e toda a movimentação que há à volta dos porta-vozes e dos sites diocesanos. Há um esforço de actualização permanente”. Um esforço e uma aposta nos novos meios ao dispor: “Não se faz ideia da presença fascinante que a Igreja tem, por exemplo nas plataformas digitais. Qualquer palavra que se procure aparece na Wikipedia”. Uma presença que, sublinha, é preciso “não descuidar”, até porque as últimas mensagens dos Papas para o Dia das Comunicações Sociais têm sublinhado sempre que estes meios “são uma importante área de evangelização”. Uma vida em Livro Para assinalar os 50 anos de sacerdócio e jornalismo do padre António Rego foi publicado, pela Paulinas Editora, o livro “A ilha e o Verbo – dos vulcões da Atlântida à galáxia digital”. É um livro-entrevista com prefácio do Patriarca de Lisboa. D. Manuel Clemente sublinha o seu “jeito de comunicar sempre, usando os meios mais sofisticados do modo mais natural”. E com “harmonia” e “simpatia”, o que mostra que “gosta do que pastoralmente faz”. António Rego agradece o elogio do Patriarca: “Vivi sempre a minha vida na comunicação e no sacerdócio com uma grande entrega e alegria, porque tinha proximidade”. Uma proximidade que diz ter sentido em todas as reportagens que fez. E todas foram importantes: “Podia falar do tempo que estive a com a tribo indígena Yanomani, ou das visitas a mosteiros contemplativos. Mas, o mais emocionante foi contactar com as pequeninas comunidades de cristãos que estão escondidas, perdidas. Trazê-las para os media, rádio e televisão, no fundo é apregoar um Evangelho que está a ser vivido de forma humilde e discreta, mas que tem um valor extraordinário para a Evangelização de hoje”. Os 50 anos de sacerdócio do padre Antonio Rego foram já alvo de uma celebração especial no passado dia 15, na Igreja de Nossa Senhora de Fátima, em Lisboa, à qual está ligado e onde celebra missa. Uma festa alargada já que também a sua irmã, Alda Rego, freira dominicana, está a celebrar 50 anos de vida consagrada. Ambos serão homenageados no próximo mês nos Açores.

TERÇA A NOITE. O espaço de entrevista da Renascença. Todas as semanas, a partir das 23h, a entrevista conduzida por Raquel Abecasis.


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Missionário recorda o Corpo de Deus entre os mais pobres dos pobres Para o comboniano Padre José Vieira, não existe falta de devoção eucarística em Portugal, mas o país está a passar por uma mudança sociológica.

Padre José Vieira a celebrar missa Foto: Sandra Amado Por Filipe d’Avillez

A Igreja portuguesa assinala este domingo o Corpo de Deus. Este é o segundo ano em que a festa é transferida de quinta-feira para domingo, por ter deixado de ser feriado nacional. Em Portugal há procissões um pouco por todo o país, mas esta é uma festa assinalada por todo o mundo. O Padre José Vieira, missionário comboniano com anos de experiência no Sudão do Sul, refere como a devoção eucarística é vivida de forma muito forte naquele país, apesar da violência e da pobreza, e dá o exemplo da paróquia de Lomin onde o programa para esta festa religiosa começaram já de véspera “Começa no sábado da parte da tarde, com uma reflexão sobre a eucaristia para toda a missão, seguida de adoração eucarística. Depois no domingo de manhã começa a eucaristia, de manhã cedo, em que participam grupos e todas as capelas da missão. Depois da missa vai haver um momento de animação com a participação de todos os grupos paroquiais e tudo termina com um grande piquenique partilhado. É uma Eucaristia que vai para além de uma Eucaristia normal, passa o dia todo através da outra mesa, a mesa do convívio.” O padre José Vieira recorda de forma especial a devoção dos católicos sudaneses ao Santíssimo Sacramento, centro desta festa católica, e dá o exemplo de um outro evento, em que participou, quando a Igreja rezou pela paz no referendo que deu a independência ao Sudão do Sul. “Entre as actividades houve uma procissão eucarística que durou quatro horas. Parou à frente do hospital onde se fizeram orações e se cantou pelos doentes, o hospital foi abençoado com o Santíssimo Sacramento. A próxima paragem foi o palácio do governador, onde se repetiu o gesto, rezou-se pelo governador, pelas

autoridades, benzeu-se com o Santíssimo Sacramento. Depois parámos à frente da prisão, parámos num mercado e no fim, depois de quatro horas a caminhar debaixo de um sol forte, com o coro sempre a cantar, as pessoas a rezar, chegámos à catedral, onde houve exposição do Santíssimo, houve um momento de oração prolongado e, no fim, o bispo auxiliar Dom Santo, deu-nos a bênção e voltámos para as nossas casas.” Em Portugal o entusiasmo à volta deste dia, e da devoção eucarística em geral, poderá parecer menor, mas para o padre José Vieira, actualmente o responsável dos combonianos portugueses, trata-se apenas de uma mudança sociológica. “Lembro-me que o Dr. Mário Soares disse em tempos que Portugal é um país de Católicos porque nascíamos, casávamos e morríamos na Igreja. Esse Cristianismo sociológico que bebemos com o leite materno está um bocado a desaparecer. Mas por outro lado há o Cristianismo da convicção, somos cristãos porque cremos em Deus, cremos que Deus está connosco, que nos ama.” Para este sacerdote, a devoção eucarística continua a ser um factor dos católicos portugueses: “Uma das coisas que gosto muito, quando vou a Fátima é de passar um bom bocado na capela da adoração por baixo da basílica nova e ver que há lá sempre gente, movimento de gente que chega, que adora, aquele ambiente de silêncio, que é lindo.” “Na minha terra, em Cinfães, quando há exposição do Santíssimo nas primeiras sextas-feiras do mês, há um bom grupo de gente que não tem trabalho e que podem dispor do tempo que vêm à Igreja antes da Eucaristia, às 18h e vêm adorar.” O feriado móvel do Corpo de Deus, que calhava sempre numa quinta-feira, foi suspenso pelo actual Governo, por acordo com a Santa Sé, passando a ser assinalado publicamente no domingo seguinte.

CONSELHO DE DIRECTORES. A reflexão sobre a actividade política e económica. Com Graça Franco, Pedro Santos Guerreiro e Henrique Monteiro, num debate conduzido por José Pedro Frazão. À quinta-feira, na Edição da Noite, a partir das 23h.


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Patriarca destaca importância da presença de Deus em cada um

Demonstração de fé nas ruas de Lisboa

D. Manuel Clemente falava na bênção final da procissão do Corpo de Deus, que percorreu as ruas da Baixa de Lisboa.

Entre cânticos e momentos de oração, a tradicional procissão do Corpo de Deus percorre este domingo as ruas de Lisboa. Trata-se de uma demonstração de fé da diocese, explica João César das Neves, que marcou presença nesta celebração. Este é o segundo ano em que a festa é transferida de quinta-feira para domingo, por ter deixado de ser feriado nacional. “É o momento em que o Senhor passeia pelas ruas da cidade, em que o Senhor visita a Sua cidade e, portanto, estar com Ele, segui-Lo, e ir atrás Dele é um momento central da vida deste ano”, afirma o economista católico. A procissão provoca admiração e curiosidade aos muitos turistas que estão de visita a Lisboa, o que César das Neves considera uma contradição. “Esta é uma presença que se sente, que se vê, quem vive nesta cidade todos os dias, a cada passo, a cada cruz nas várias ruas, mas que nestes momentos mais marcantes são mais simbólicos. Muitos vêm cá exactamente por causa disso, agora, como sempre, o que a presença de Cristo faz na nossa vida dependente muito de pessoa para pessoa. É sempre um sinal de contradição”. A procissão do Corpo de Deus termina com a bênção no Largo da Sé, às 18h30, presidida pelo Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente.

O Patriarca de Lisboa destaca a importância da presença de Deus em cada um. D. Manuel Clemente falava na bênção final da procissão do Corpo de Deus, que este domingo percorreu as ruas da capital. “É bom que saiamos em procissão, pelo menos neste dia do Corpo Eucarístico do Senhor, para percebermos que somos o seu corpo eclesial”, afirmou no Largo da Sé de Lisboa. A procissão deste domingo é uma demonstração de fé e uma maneira de recordar que “a resposta do Senhor continua a ser: ‘dai-lhes vós mesmos de comer, o comer que Eu sou, o alimento que Eu sou, a força que Eu vos ofereço’”. Essa força, frisa D. Manuel Clemente, poderá assim chegar “a cada casa e onde não há casa, a cada família e onde não há família ou ela custa a segurar-se, a cada empresa, a cada falta de trabalho, a cada escola, a cada hospital”. “O Senhor Jesus Cristo, a eucaristia do mundo, é connosco levado em presença, em presença que é a dele através de nós”, sublinha. Num Largo da Sé repleto de fiéis, D. Manuel Clemente desafiou os católicos a abrir os Evangelhos, concretamente o capítulo VI do Evangelho de S. João, o discurso do pão da vida. “Deixemos que aquelas palavras alimentem o nosso coração, para depois, através do nosso coração, alimentar todos aqueles que precisam de ser sustentados do mesmo modo. Temos as nossas igrejas perto, a nossa cidade tem tantas, talvez até tenhamos que arranjar maneira de as ter mais abertas e mais disponíveis, porque o Senhor está ali no sacramento”, afirmou o Patriarca de Lisboa.

Corpo de Deus assinalado com procissões na capital e um pouco por todo o país. Por Maria João Costa

CONSELHO DE DIRECTORES. A reflexão sobre a actividade política e económica. Com Graça Franco, Pedro Santos Guerreiro e Henrique Monteiro, num debate conduzido por José Pedro Frazão. À quinta-feira, na Edição da Noite, a partir das 23h.


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Papa contra a legalização das drogas leves "A droga é um mal, e com o mal não pode haver relaxamento ou cedência", disse Francisco que recebeu responsáveis de 129 países na luta contra o narcotráfico.

abandonou os que caíram na espiral da droga”.

Papa pede que pena de prisão seja acompanhada de reinserção Papa Francisco visitou 200 reclusos de uma prisão do Sul de Itália, oportunidade para pedir que «transformassem a sua vida» durante o período de detenção.

Foto: EPA Por Ecclesia

O Papa Francisco manifestou-se contra a legalização das chamadas "drogas leves", esta quarta-feira, afirmando que o problema da toxicodependência exige outro tipo de soluções. “Gostaria de dizer com muita clareza: a droga não se vence com a droga! A droga é um mal, e com o mal não pode haver relaxamento ou cedência. Pensar em reduzir os danos ao permitir o uso de psicofármacos às pessoas que continuam a usar droga, não resolve de facto o problema”, declarou, perante os participantes na reunião anual dos responsáveis das agências antidroga mundiais. Francisco considerou questionável a legalização de drogas leves, “mesmo de modo parcial”, e disse que esta decisão “não produz os efeitos que foram préfixados”. “O flagelo das drogas continua a fazer estragos em formas e dimensões impressionantes, alimentado por um mercado vergonhoso que atravessa as fronteiras nacionais e continentais. Desta forma, continua a crescer o perigo para os jovens e adolescentes”, alertou. Francisco falava perante os participantes da 31ª edição da ‘International Drug Enforcement Conference’ (IDEC), que este ano se realizou em Roma entre terça e quinta-feira. O tema do encontro foi ‘O desmantelamento das estruturas financeiras do narcotráfico’, congregando 500 delegados de 129 países. O Papa manifestou-se ainda contra o uso de drogas de substituição, considerando que as mesmas são uma “forma velada” de rendição. “Oportunidades de trabalho, educação, desporto, vida saudável: este é o caminho da prevenção da droga. Se forem realizados estes ‘sim’, não há lugar para a droga, para o abuso de álcool, para as outras dependências”, prosseguiu. Francisco elogiou o papel da Igreja Católica, que “não

Foto: Francesco Arena/EPA Por Agência Ecclesia

O Papa Francisco afirmou este sábado no estabelecimento prisional de Castrillari, na região da Calábria, que o cumprimento da pena de prisão deve ser acompanhado de um compromisso com “instituições de reinserção” caso contrário reduz-se a uma “punição prejudicial”. “Os direitos fundamentais e as condições humanas no cumprimento das penas de prisão devem ser acompanhados de um compromisso concreto das instituições com objectivo de uma reinserção social efectiva; caso contrário, a execução da pena reduz-se a um instrumento de punição que pode ser prejudicial para o indivíduo e para a sociedade", afirmou Francisco na prisão «Rosetta Sisca» de Castrillari, uma localidade próxima de Cassano, e a primeira etapa da visita que o Papa realiza aquela cidade. Esta visita ao estabelecimento prisional pretende afirmar a “proximidade a todos os presos, em todas as partes do mundo”, sublinhou Francisco, aconselhando os presos a fazerem do tempo de detenção um momento de transformação. “Assim, vocês tornar-se-ão melhores, e ao mesmo tempo, as vossas comunidades, porque no bem e no mal, as nossas acções influenciam os outros e toda a família humana”. O Papa pediu ainda que a “verdadeira integração” não se completa sem “um encontro com Deus”, aquele que “sempre perdoa, sempre acompanha, sempre compreende”. “Neste caminho, deve ser incluído o encontro com Deus, a capacidade de nos deixarmos guiar por Deus que nos ama, que é capaz de nos compreender e


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perdoar nossos erros”, afirmou, segundo a Rádio Vaticano. À entrada do estabelecimento prisional, Francisco saudou as mais de mil pessoas que se encontravam no local, assim como familiares dos agentes policiais, um grupo de pessoas portadoras de deficiência, duas crianças, e o bispo diocesano, D. Nunzio Galantino e o autarca da cidade, Domenico Lo Polito. No interior da prisão esperavam-no cerca de 200 homens e mulheres, os policiais e funcionários da prisão. A visita à prisão, em Castrillari, foi a primeira etapa de um dia que o Papa vai passar na cidade de Cassano, região da Calábria, estando prevista a celebração da missa na planície de Sibari, a partir das 16h00 (menos uma hora em Lisboa).

Papa condena crime organizado. Mafiosos "são excomungados" Francisco diz que a máfia "significa o culto do mal e do desprezo pelo bem comum. Esse mal deve ser combatido, deve ser removido". O Papa condenou este sábado o crime organizado e disse que os mafiosos "estão excomungados". Francisco falava durante uma visita à Calábria, no Sul de Itália. Na missa celebrada na planície de Sibari, a 15 quilómetros da cidade de Cossano, o Papa disse que é preciso travar a máfia local, conhecida por “Ndrangheta”. “A família ‘Ndrangheta’ significa o culto do mal e do desprezo pelo bem comum. Esse mal deve ser combatido, deve ser removido. É preciso dizer não. A Igreja deve gastar-se cada vez mais para que o bem possa prevalecer. Pedem-no as nossas crianças, pedem-no os nossos jovens carecidos de esperança”, declarou Francisco. Perante milhares de pessoas, o Papa advertiu que “aqueles que na sua vida seguem este caminho do mal, como fazem os mafiosos, não estão em comunhão com Deus. Estão excomungados”. A "Ndrangheta" é uma associação mafiosa que se formou na região da Calábria, em Itália, sendo actualmente a mais influente e fechada organização criminosa. O Papa falava aos presentes na celebração eucarística, que assinala a Solenidade do Corpo de Deus, que os cristãos devem “adorar Jesus na Eucaristia” e “caminhar com ele”, dois aspectos que, referiu, “são inseparáveis”.

PAPA

“Torturar pessoas é um pecado mortal” Este domingo, no Vaticano, o Papa Francisco apresentou ainda reflexão sobre o Corpo de Deus e a importância da Eucaristia. Por Ecclesia

O Papa Francisco uniu-se este domingo à jornada da ONU pelas vítimas da tortura, que se assinala anualmente no dia 26 de Junho, apelando ao compromisso dos cristãos na luta contra um pecado “muito grave”. “Reafirmo a condenação firme de todas as formas de tortura e convido os cristãos a comprometerem-se e colaborar para a sua abolição e apoiar as vítimas e os seus familiares”, declarou, após a recitação da oração do Ângelus. “Torturar as pessoas é um pecado mortal, é um pecado muito grave”, acrescentou. O encontro dominical decorreu perante dezenas de milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, tendo sido iniciado com uma catequese de Francisco sobre o Corpo de Deus, solenidade litúrgica que hoje se assinala em vários países, incluindo Portugal. “A medida do amor de Deus é amar sem medida”, disse o Papa, sublinhando que “a Eucaristia faz amadurecer um estilo de vida cristão”. Este estilo, precisou, é marcado pela “docilidade à Palavra de Deus”, a “fraternidade” entre as pessoas, a “coragem do testemunho cristão”, a “fantasia da caridade”, a “capacidade de dar esperança” aos outros e de “acolher os excluídos”. “A nossa vida, com o amor de Jesus, recebendo a Eucaristia, faz-se um dom”, declarou. Segundo Francisco, este é um amor que se estende a todos, mesmo às pessoas que não o retribuem. “Não é fácil amar quem não nos ama, não é fácil”, realçou. O Papa declarou que “a caridade de Cristo, acolhida com o coração aberto”, transforma as pessoas e tornaas capazes de amar “segundo a medida de Deus”, isto é, “sem medida”. “Peçamos a Nossa Senhora que nos ajude a redescobrir a beleza da Eucaristia, a fazer dela o centro da nossa vida, especialmente na Missa dominical e na adoração”, apelou.

FALAR CLARO. O debate político na Renascença entre Morais Sarmento e Vera Jardim. À segunda-feira, na Edição da Noite, a partir das 23h, num debate conduzido por José Pedro Frazão.


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Instabilidade em Moçambique afecta negócios de portugueses Transportes e hotelaria são alguns dos ramos afectados. Empresários portugueses na região centro de Moçambique estão a ser atingidos pelas ondas de choque dos confrontos entre Renamo e Exército, que mantêm a economia local em pausa, e esperam que a crise seja transitória. "Os projectos grandes estão paralisados, tudo em banho-maria, e os que ainda estão a andar decorrem a uma velocidade mais lenta", descreveu à Lusa José Gonçalves Lopes, administrador da Godiba, uma empresa portuguesa sediada na Beira, província de Sofala, e dedicada aos transportes, construção, turismo e logística. Esta tem sido a região mais afectada pelo despertar dos confrontos entre a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) e o Exército, apimentados por um diálogo sem evolução há mais de um ano e ainda por uma escalada nas últimas semanas das emboscadas quase diárias do braço armado do maior partido de oposição às escoltas militares das colunas civis na principal estrada do país. "As pessoas inibem-se de avançar com investimentos, porque antes de tudo querem ver como isto vai acabar", informou por seu lado Vítor Ramos, director da empresa de transportes TTI e que sente, da boca dos seus clientes, um arrefecimento do ímpeto económico que a região experimentava antes desta crise. Ao contrário de empresas de transportes moçambicanas, que ponderam paralisar a actividade por motivos de segurança, no troço de cem quilómetros entre Save e Muxúnguè, de escolta militar obrigatória e ainda assim atacada, na província de Sofala, a TTI não teve incidentes nos seus cinco a dez camiões que, em média cruzam, esta via por semana e nenhum motorista da empresa se recusou a viajar. "Nada a lamentar, felizmente. Apenas alguns atrasos", segundo Vítor Ramos, para quem o risco de perder funcionários e bens se relaciona com a postura perante a vida. "Sou dos que vêem o copo meio cheio". No passado 10 de Junho, o embaixador português em Moçambique celebrou o Dia de Portugal na Beira e saiu com a conclusão de que "as pessoas sentem que os seus negócios estão a ser afectados, que o ritmo de crescimento é menor do que o desejável e que a circulação de produtos é mais instável", embora tenha ressalvado que também existe a esperança de que a situação seja transitória e a economia retome o seu fluxo de crescimento. "Não vi ninguém com vontade de ir embora, mas vi, apesar de tudo, pessoas apreensivas", declarou à Lusa José Augusto Duarte, após a visita à Beira, que acolhe a segunda maior comunidade portuguesa no país, muito atrás de Maputo, onde permanece a maioria dos 23 mil emigrantes estimados no país.

No ramo da hotelaria, a Godiba, que inaugurou uma unidade há menos de um ano na Beira, sente dificuldades de abastecimento, sobretudo de congelados, e já usa como alternativas os aviões, com um custo adicional até mais 40%. Os bens tardam, as pessoas não. Apesar de tudo, o Hotel Lunamar mantém boas taxas de ocupação e "a vida segue, com preocupações mas normalmente", segundo José Gonçalves Lopes. "Está tudo em 'standby', pelo menos até às eleições". Com um negócio de retalho e grossista de alimentos na Beira e em Nacala, o empresário português António Martins relatou à Lusa um aumento generalizado dos preços dos bens provenientes de Maputo, sobretudo dos congelados, mas também das frutas e legumes, com um custo adicional até 25%, e ausências temporárias nas prateleiras de produtos como o frango e peixe na segunda maior cidade do país. "Os fretes da África do Sul, via Zimbabué, não sofreram alteração, mas em Maputo há muita gente a recusarse", lamentou. Após o Acordo Geral de Paz, em 1992, Moçambique revive no centro um cenário de guerra e que a Renamo ameaça alastrar a outras regiões do país. Além das emboscadas do braço armado do partido de oposição, o Exército reforçou as posições na serra da Gorongosa, onde se presume estar escondido o líder do movimento, Afonso Dhlakama. Para 15 de Outubro estão previstas eleições gerais (presidenciais, legislativas e assembleias provinciais).

O que tem o Iraque a ver connosco? António Vitorino e Pedro Santana Lopes debatem, no programa Fora da Caixa desta semana, o conflito iraquiano, a possível desagregação do país e as consequências para o ocidente. Por José Pedro Frazão

Onze anos depois da guerra de Bush, o Iraque parece desfazer-se numa guerra civil. Para António Vitorino, Barack Obama também falhou no Iraque. Santana Lopes impressiona-se com a desunião europeia que persiste. No programa Fora da Caixa desta semana, ambos explicam como esta nova crise é preocupante para os europeus. As coisas estão difíceis, reconhece Pedro Santana Lopes." A possível desagregação do Iraque não é um cenário a afastar. E com tudo o que tem ao lado, na Síria, com a agitação de elementos que são treinados, preparados e mobilizados em territórios limítrofes e até em países da União Europeia", adverte o ex-primeiroministro. António Vitorino sublinha os dados avançados esta semana pelo chefe do Governo britânico. Dois mil a três mil combatentes europeus estão na Síria e alguns a voltar a casa, diz David Cameron, trazido ao debate por Vitorino para ilustrar como "isto tem tudo a ver connosco. Não só pelos impactos na economia mundial, pela questão da estabilidade numa zona


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fundamental de acesso entre Ásia, Europa e Mediterrâneo, mas também por motivos de segurança". Tu ficas com o Iraque, nós tratamos do Irão Se tudo isto é relevante para o nosso continente , afinal o que anda a fazer a Europa neste canto do mundo? António Vitorino pensa que houve aqui uma divisão de tarefas entre os dois lados do Atlântico. "A União Europeia empenhou-se na gestão do dossier iraniano, com resultado positivo. Está muito comprometida com o processo de paz israelo-palestiniano, mas sempre teve uma posição de grande relutância em relação ao Iraque. De alguma forma terá pensado que como a confusão no Iraque foi provocada pelos americanos, eles que a resolvam", explica o ex-comissário, que reconhece que "não há uma política europeia para o Iraque". Havendo uma ligação estreita entre as crises na Síria e no Iraque, há que questionar a posição europeia em relação ao conflito sírio, anota Vitorino. E entretanto passaram já mais de dez anos sobre o início da guerra no Iraque. Santana Lopes diz-se impressionado com a falta de unidade da União Europeia neste dossier. "Faz falta uma voz unida da UE nestas regiões", acentua Pedro Santana Lopes, que na qualidade de ex-primeiro-ministro recorda ter recebido os contingentes da GNR que foram para o Iraque. "Trezentos tipos a dar conselhos? É uma coisa notável" António Vitorino diz que Barack Obama também falhou no Iraque. "Se, do ponto de vista histórico, o erro tenha sido a intervenção de 2003 de George W. Bush, também falhou a estratégia da administração Obama para dar autonomia e capacidade às forças militares iraquianas para lidarem com a ordem pública", atira. Os Estados Unidos admitem agora ataques cirúrgicos, em apoio às forças iraquianas, mas não querem voltar ao Iraque com tropas de combate. Vitorino ironiza sobre o envio de um batalhão de conselheiros americanos, "trezentos conselheiros é uma coisa notável". Outra ironia a registar: Estados Unidos e Irão estão do mesmo lado da barricada, contra os sunitas que apoia o ISIS, o auto-denominado Estado Islâmico do Iraque e do Levante. Para António Vitorino, essa convergência acentua esse falhanço americano. Americanos. “What else?” É o que parece concluir Santana Lopes, juntando as peças do xadrez anterior. " Não estou a dizer que os Estados Unidos têm jeito para lidar com esta região do globo. Manifestamente não têm. A questão é : quem tem ?", pergunta o antigo líder social-democrata que confessa ainda que todas as manhãs tem espreitado as cotações do petróleo. António Vitorino tem feito o mesmo: "Espanta-me que o petróleo ainda não tenha disparado. Temos que nos preparar para uma subida do preço do petróleo nos mercados". O programa Fora da Caixa, que pode ouvir à sexta-feira a partir das 23h00, na Edição da Noite, é uma colaboração da Renascença com a EURANET PLUS, rede europeia de rádios.

Dilma recandidatase a "Presidenta" Candidatura foi oficializada na convenção do Partido dos Trabalhadores (PT). Eleições estão marcadas para 5 de Outubro.

O Partido dos Trabalhadores (PT), que governa o Brasil desde 2003, proclamou este sábado na sua convenção nacional a candidatura da Presidente brasileira, Dilma Rousseff, a um segundo mandato nas eleições de 5 de Outubro. Na convenção foi também selada a aliança do PT com o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e a candidatura de Michel Temer à reeleição como vice-presidente na equipa de Dilma Rousseff. Esta aliança partidária tinha já sido aprovada há duas semanas pelo PMDB, o principal aliado do PT na coligação governamental. Este sábado, no encontro do PT em Brasília, Rousseff e Temer contaram com o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do presidente nacional do PT, Rui Falcão, entre outros líderes de partidos aliados. Apesar de a candidatura de Dilma ser dada como certa há vários meses, não tinha sido formalizada até agora, o que permitiu que nos últimos meses surgisse um movimento do partido que defendia uma candidatura do ex-presidente Lula da Silva (2003-2010). Rui Falcão apontou para a necessidade de promover uma "reforma do actual sistema político eleitoral" e a "democratização dos meios de comunicação", a qual, segundo o responsável, "os oligopólios tentam caracterizar como censura". O líder do PT também denunciou as vaias com que Dilma Rousseff foi brindada durante o jogo inaugural do Mundial de Futebol 2014, afirmando que "saiu o tiro pela culatra" aos contestatários, porque a Presidente estava cercada pela "solidariedade unânime daqueles que condenam a violência". Mesmo liderando as intenções de voto para as presidenciais com ampla vantagem, a chefe de Estado brasileira está a perder terreno e as últimas sondagens indicam que já não está garantida a sua reeleição sem necessidade de disputar uma segunda volta, que é obrigatória quando nenhum dos candidatos obtém mais do que a metade dos votos. De acordo com uma sondagem do Instituto Ibope, caso as eleições fossem hoje, Dilma Rousseff obteria 39% dos votos, seguida pelo senador Aecio Neves (21%), do


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Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e pelo ex-governador do estado de Pernambuco, Eduardo Campos (10%), do Partido Socialista Brasileiro (PSB). Assim, segundo a sondagem, Dilma e Neves iriam disputar uma segunda volta, sendo a actual presidente reeleita com 43% dos votos face aos 30% do candidato do PSDB.

Felipe VI e Letizia cumprem primeiro acto oficial como reis

Rússia apoia cessarfogo na Ucrânia Presidente Vladimir Putin defende que as tréguas só serão “viáveis e realistas” se for iniciado um processo de negociações entre o Governo ucraniano e os rebeldes separatistas.

O novo rei de Espanha vai encontrar-se com representantes das vítimas de terrorismo.

Mulher oferece flores a separatistas em Donetsk. Foto: EPA

É o primeiro acto oficial dos novos reis de Espanha. Filipe VI e a Rainha Letizia vão reunir-se ao fim da manhã com representantes das vítimas de terrorismo. O encontro, que terá lugar no Palácio de Zurbano, em Madrid, vai contar com a presença também do ministro do Interior, Jorge Fernández Diaz. Este é um encontro pouco habitual nos últimos anos, embora a família real sempre se tenha manifestado próxima das vítimas de terrorismo. O próprio D. Felipe, no seu discurso de proclamação, lembrou as vítimas de terrorismo, considerando que a “vitória do estado de direito será o melhor reconhecimento à dignidade que merecem”.

O Presidente russo, Vladimir Putin, apoia o cessar-fogo unilateral decretado pelas autoridades da Ucrânia, que combatem os separatistas no Leste do país. “Vladimir Putin apoia a decisão do Presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, de cessar-fogo no Sudeste da Ucrânia, bem como a intenção manifestada de dar passos concretos para alcançar um acordo de paz”, afirma o Kremlin, em comunicado. Moscovo defende que o plano de paz não deve ser um “ultimato” aos rebeldes separatistas e avisa que as tréguas só serão “viáveis e realistas” se forem encetadas negociações entre as partes em conflito. O Presidente ucraniano, que apresentou um plano de paz de 15 pontos para acabar com a onda de contestação no Leste do país, encontrou-se com líderes regionais e garantiu que vai respeitar os cidadãos de língua russa daquela região, mas rejeitou, para já, dialogar directamente com os líderes separatistas.

Wikileaks revela negociações para destruir regulação financeira EM NOME DA LEI. A justiça em debate com Eurico Reis e Luís Fábrica. Ao sábado, a partir das 12h, num debate conduzido por Marina Pimentel.

Entre os 50 países envolvidos no documento está Portugal. EUA e UE são os principais proponentes do acordo, diz a organização. A Wikileaks revelou esta sexta-feira documentos sobre alegadas negociações secretas internacionais acerca de transacções financeiras - em que Portugal também estará envolvido - e que visam a desregulação dos


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mercados em todo o mundo. O portal, criado pelo australiano Julian Assange, difundiu o texto da proposta sobre o alegado Acordo sobre Serviços de Transacções (Trade in Services Agreement, TISA na sigla em inglês) em que estão envolvidos 50 países, incluindo Portugal, e que movimentam um total de 68,2% dos serviços de transacções a nível global. Os documentos revala que os Estados Unidos e a União Europeia são os principais proponentes do acordo, assim como autores das principais propostas de alteração, pretendendo a inclusão de normas que possam permitir o movimento de informações entre países. Para a Wikileaks, trata-se de uma "importante manobra de falta de transparência" em que se encontram envolvidas todas as partes que participam no acordo que estará a ser actualmente negociado. O documento TISA foi classificado como secreto e assim deveria permanecer durante as negociações, que ainda decorrem, e nos cinco anos após entrar em funcionamento. De acordo com o portal, as negociações TISA decorrem actualmente à margem do Acordo Geral sobre Transacção de Serviços (GATS) e da Organização Mundial de Comércio (OMC). Países do BRIC de fora Ausentes dos cerca de 50 países envolvidos na negociação estão os países emergentes BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), porque a natureza do TISA pode enfraquecer posições em futuras negociações sobre transacções e serviços. O texto da proposta saiu da ronda negocial do último mês de Abril, a sexta desde o primeiro encontro mantido em Abril de 2013. A próxima reunião está marcada para a próxima segunda-feira e deve prolongar-se até ao dia 27 em Genebra, Suíça.

50 mil crianças imigraram sozinhas para os Estados Unidos Números quase duplicaram em relação ao último ano e vêm aumentar as preocupações com o fenómeno da imigração ilegal, que a Casa Branca considera uma crise humanitária. Cerca de 52 mil crianças tentaram entrar sozinhas nos Estados Unidos através da fronteira com o México, só nos oito últimos meses. Os dados avançados esta sexta-feira pelo Departamento de Segurança Nacional representam um aumento de quase 100% em relação aos 12 meses anteriores e vêm aumentar as preocupações com o fenómeno da imigração ilegal, que a Casa Branca considera uma crise humanitária. A maioria das 52 mil crianças é proveniente de países

da América Central. As autoridades norte-americanas reforçaram o número de juízes para tratar dos pedidos de asilo. Washington também disponibilizou cerca de sete milhões de euros para os países de origem receberem de volta e reintegrarem os imigrantes ilegais. Ricardo Zuniga, do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, disse aos jornalistas que estão a ser dados passos na América Central para resolver o problema do aumento da violência, da insegurança e da actividade de gangues, situações que levam muitos jovens a fugir dos respectivos países. O Presidente norte-americano, Barack Obama, falou na quinta-feira com o homólogo mexicano, Enrique Pena Nieto, sobre uma estratégia para lidar com o afluxo de imigrantes infantis. O vice-presidente, Joe Biden, também vai abordar o problema durante um périplo pela América Latina. FRANCISCO SARSFIELD CABRAL

Um golpe na promiscuidade A proximidade ao poder político tem tradições no BES. Nos anos 1930 e 1940, Ricardo Espírito Santo Silva visitava Salazar aos sábados.

Por Francisco Sarsfield Cabral

O Banco de Portugal (BP) obrigou o BES a separar-se do grupo da família Espírito Santo – na gestão do banco, na proibição deste conceder crédito às holdings da família, etc. Ao proceder assim, o BP protegeu o BES, os seus depositantes, clientes e accionistas. O “novo ciclo” do BES marca, também, uma outra, e essencial, separação das águas: um golpe na promiscuidade entre política e negócios. A proximidade ao poder político tem tradições no BES. Nos anos 1930 e 1940, Ricardo Espírito Santo Silva visitava Salazar aos sábados. Mais recentemente, Ricardo Salgado surgiu ligado a iniciativas do primeiro-ministro Sócrates, de quem era apoiante. Desde a tomada do BCP por próximos de Sócrates (que se concretizou, para nossa vergonha), até à falhada intervenção na TVI. Soube-se agora que o Governo de Passos Coelho recusou a Ricardo Salgado apoiar um eventual empréstimo da CGD, a juro baixo, à família Espírito


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Santo. Recusa que provavelmente não aconteceria com Sócrates. E algo que se espera nunca mais seja solicitado por um empresário.

Rui Costa vence Volta à Suíça Ciclista português conquista prova pelo terceiro ano consecutivo.

CICLISMO

Tiago Machado vence Volta à Eslovénia O ciclista português é o líder da NetappEndura.

Foto: TNE/Stiehl Rui Costa fez a festa no final. Foto: Jean-Christophe Bott/EPA

O português Rui Costa venceu este domingo a Volta à Suíça em bicicleta, pelo terceiro ano consecutivo. O ciclista da Lampre, campeão do mundo em título, conquistou a amarela, depois de ter partido para a nona última tirada da prova no terceiro lugar da classificação e recuperado uma desvantagem de um minuto e cinco segundos para Tony Martin. Rui Costa não deu hipótese à concorrência e venceu a derradeira etapa, na distância de 157 quilómetros, entre Martigny e Saas-Fee, com duas contagens de montanha de 1ª categoria, uma de segunda e com chegada ao alto, numa contagem de categoria especial. Numa mensagem publicada na rede social Facebook, Rui Costa manifesta o seu contentamento por mais este triunfo: "Tão bom vencer com esta camisola.Que honra. Obrigado equipa @lampre_merida, companheiros e a todos vocês que me apoiam. Esta vitória é nossa!"

CONSELHO DE DIRECTORES. A reflexão sobre a actividade política e económica. Com Graça Franco, Pedro Santos Guerreiro e Henrique Monteiro, num debate conduzido por José Pedro Frazão. À quinta-feira, na Edição da Noite, a partir das 23h.

Tiago Machado conquistou, este domingo, a sua primeira grande prova internacional, ao vencer a Volta à Eslovénia. O ciclista português, que conquistou a amarela no sábado, guardou a camisola de ataques dos adversários directos, na 4ª e última etapa e recebeu a consagração na cidade de Novo Mesto. O corredor da Netapp-Endura completou as quatro tiradas à frente do russo Ilner, da Rusvelo, que gastou mais 23 segundos que o português. O terceiro foi o italiano Matteo Rabottini, da Neri Sottoli, a 33 segundos.

Página1 é um jornal registado na ERC, sob o nº 125177. É propriedade/editor Rádio Renascença Lda, com o nº de pessoa colectiva nº 500725373. O Conselho de Gerência é constituído por João Aguiar Campos, José Luís Ramos Pinheiro e Ana Lia Martins Braga. O capital da empresa é detido pelo Patriarcado de Lisboa e Conferência Episcopal Portuguesa. Rádio Renascença. Rua Ivens, 14 - 1249-108 Lisboa.


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