Carazinho

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Segunda, 10.03.2014

Especial expodireto

O futuro da pesquisa Que o clima é o fator determinante para o sucesso em uma safra não é novidade para ninguém. Mesmo assim, o desenvolvimento de cultivares resistentes às variações climáticas ainda é um ponto que deve ser desenvolvido pela pesquisa. Especialistas apontam que esse é um dos desafios para os próximos anos. “Um desafio que teremos no futuro é a convivência com a seca, já que a água vai se tornar um insumo cada vez mais difícil. Por isso precisaremos de cultivares de plantas com maior tolerância ao estresse hídrico, animais mais resistentes, sistemas de produção e equipamentos mais racionais, que evitem desperdício”, aponta Waldyr Stumpf, diretor de Transferência de Tecnologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Stumpf destaca, ainda, como deságios as ameaças fitossanitárias, de novas pragas e agentes que possam entrar no Brasil. “Outro desafio será gerar alimentos mais nutritivos e nutracêuticos, que possam ajudar a resolver problemas como a obesidade e outras doenças”, constata o diretor da Embrapa. Stumpf revela um dos lançamentos da Embrapa, fruto de pesquisa. “Dentro da nossa programação de melhoramento genético, todo ano nós apresentamos um

conjunto de lançamentos. Agora em março lançaremos, por exemplo, uma nova cultivar de forrageira, a BRS Zuri, para sistemas de produção de gado de corte. Em 2013 lançamos vários produtos diferenciados, como o BRS Parrudo, nova cultivar de trigo, que promete novos impactos para a produção tritícola; novas variedades de frutas, seja de clima temperado ou para a faixa tropical; e a recomendação para o Estado do Rio Grande do Sul de nove cultivares de cana-de-açúcar para a produção de etanol”, relata.

Aprosoja pede valorização à pesquisa Décio Teixeira, presidente da Associação dos Produtores de Soja do Rio Grande do Sul (AprosojaRS), destaca a necessidade de criação de fundo para a pesquisa. “A pesquisa é fundamental. O Brasil não pode depender da pesquisa importada, tem que ter seus mecanismos de pesquisa e incentivados. No momento, vemos que órgãos estão com pocuso recursos. Falta incentivo à pesquisa. Precisamos da criação de um fundo para a pesquisa. Além disso, é preciso liberdade para criação de novos rumos de pesquisa, através de estudos das próprias entidades. Hoje nossas culturas têm ficado reféns dos insumos”, revela.

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Biotecnologia: o caminho para produzir mais Ao longo da segunda metade do século XX e início do século XXI, a produção por hectare teve um grande avanço. Porém, esse continua sendo um dos desafios da agricultura, alcançar uma maior produção em uma menor área. Para Narciso Barison Neto, presidente da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), a biotecnologia é o caminho para isso. “Não há dúvida de que a biotecnologia é o caminho para se produzir mais em uma menor área. A biotecnologia mudou a vida da agricultura brasileira. O Rio Grande do Sul tem 99% da sua área de soja com transgênicos e 80% de transgênicos no milho. O Brasil tem 90% de soja transgênica. Se a tecnologia não fosse importante, o agricultor não teria aderido. Ela traz resultado e comodidade”, afirma Barison. O presidente da Abrasem ainda aponta outros fatores que demonstram a importância da semente. “Entendemos que a semente é o principal ativo da agricultura em termos de transferência de renda para o produtor. Há uma série de tecnologias, mas, tudo isso sem potencial na semente, não adianta. Há 15 anos, falávamos em produção de milho de 100 sacas por hectare, hoje fala-

mos em 240, 250 sacas, e logo à frente em 400 sacas. Nos EUA já lançaram uma variedade de soja e milho tolerante à seca. Evidente que vai ser mais uma ferramenta, via semente, que vai diminuir risco ao produtor”, revela Barison. Gelson Lima, superintendente produção agropecuária da Cotrijal, aponta outros benefícios da biotecnologia. “No Brasil, ocorreram vários avanços com melhoramentos convencionais e de biotecnologia que ofereceram produtos como arroz, feijão, hortaliças com concentração maior de elementos importante para a saúde. Ou

Narciso Barison Neto, presidente da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem)

seja, a agricultura assumiu um papel de, além de fornecer alimentos, fornecer alimentos com maior qualidade e sempre puxados pela pesquisa”, relata Lima.

Transgênicos

Benami Bacaltchuk, doutor e professor da UPF O professor da UPF Benami Bacaltchuk relata a importância dos transgênicos, porém, destaca que poderiam ter ocorridos avanços. “O transgênico resis-

tente ao glifosato se mostrou um produto quase sem resultados negativos. A transgenia é excepcional, porém, não houve continuidade, nada além do que modificação do próprio sistema do gene RR. Não houve uma tecnologia em termos de práticas agrícolas, que agregasse valor à qualidade final ou assegurasse uma adaptação melhor a um ambiente hostil. A transgenia poderia conseguir uma tolerância maior à seca ou a capacidade de extrair mais fertilizantes em áreas mais profundas de solo”, finaliza Bacaltchuk.


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