Anuário 2015 Saúde

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Quando o prazer provoca dependência Prazer e recompensa são dois instintos tão primitivos e importantes na sobrevivência do homem que a evolução os manteve praticamente inalterados. Comer, dá prazer. Fazer sexo, também. Experimentar uma sensação gratificante é bastante prazeroso. Toda vez que o nosso cérebro é submetido a estímulos agradáveis e transmite essa sensação para o corpo todo, o sistema de recompensa interno é acionado e o organismo passa a priorizar a necessidade de recebê-los com mais frequência e maior intensidade. E é justamente por alimentar esta

cadeia no cérebro que as drogas provocam tantos prejuízos, explica a especialista em Dependência Química e em Psicoterapia e coordenadora do Departamento de Dependência Química da Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul (APRS), Fernanda de Paula Ramos. “O mecanismo de ação de cada droga no cérebro é diferente e envolve circuitos neuronais bastante complexos. O que há de similar é que parece que elas ativam um sistema de recompensa cerebral. Quando ativado, temos a liberação de neurotransmissores que nos propiciam a sensação de prazer que o usuário almeja”,

pontua ela. Segundo Fernanda, a interferência das drogas neste mecanismo produz uma espécie de curto circuito cerebral, provocando uma ilusão química de prazer que induz a pessoa a repetir o seu uso compulsivamente. “Com a repetição do consumo, perdem o significado todas as fontes naturais de prazer e só interessa aquele imediato propiciado pela droga, mesmo que isso comprometa e ameace a vida do usuário”, reflete a psiquiatra, esclarecendo que a dependência química é um Transtorno Mental especificada pelos manuais médicos DSM V e CID 10.

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