Erechim

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DA REDAÇÃO

- DIÁRIO DA MANHÃ

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@diariodamanhaerechim FOTO MARINES ROSA RONSONI/ESPECIAL/DM

A leitora Marines Rosa Ronsoni compartilhou conosco a imagem que fez de cartaz na capela onde os corpos dos agricultores de Faxinalzinho, mortos em conflito com índios caingangues, foram velados. O cartaz diz “Enquanto inocentes vão. A justiça continua em vão”.

Erechim, 1º e 2.05.2014, Quinta-Feira e Sexta-Feira

Artigos O Dia do Trabalhador e a redução da jornada de trabalho NEORI PAVAN (WWW.NEORIPAVAN.BLOGSPOT.COM)*

Uma tragédia que poderia ter sido evitada CÉLIO PEZZA* O Brasil inteiro acompanhou a tragédia do garoto Bernardo Boldrini, de 11 anos, encontrado morto em um matagal de Frederico Westphalen no Rio Grande do Sul. Ao que tudo indica, ele foi assassinado com uma injeção letal e seu pai, sua madrasta e uma assistente social amiga do casal são os principais suspeitos deste crime. A assistente social Edelvania afirma ter recebido da madrasta, a enfermeira Graciele Ugolini Boldrini, R$ 6 mil como adiantamento de um total de R$ 20 mil, para participar do crime. Ela também afirmou que a madrasta foi quem aplicou a injeção letal no garoto e as duas enterraram o corpo do menino. A mãe do garoto, Odelaine, morreu em 2010, dentro do consultório do marido, com um tiro na cabeça. O caso foi encerrado como suicídio e, na época, o marido trabalhava com a enfermeira Graciele, com quem se casou mais tarde e, hoje, é acusada de matar seu filho, de comum acordo com o pai. Dentro deste cenário dantesco, o que chama a atenção é o seguinte fato: o garoto chegou a procurar, por conta própria, o Centro da Defesa da Criança e do Adolescente, órgão ligado à Prefeitura, e o caso terminou no Ministério Público da cidade de Três Passos. Na ocasião, o garoto pediu para não mais morar com o pai e a madrasta, e indicou duas famílias com as quais gostaria de morar, uma delas a da sua avó materna. Na época argumentou que sua vida era marcada pelo desamor e indiferença do pai e da madrasta. O que ele não sabia era que esse desamor terminaria em assassinato pouco tempo depois. O juiz da Vara da Infância e da Juventude intimou os pais e suspendeu o processo. Aquilo que parecia ser uma negligência afetiva mostrou, pouco tempo depois, que seria um horrendo caso de ódio a uma criança indefesa. A lição importante deste caso é que uma criança gritou por socorro às autoridades competentes e estas não lhe deram ouvidos. Todos os que participaram ativamente neste caso hediondo são culpados e merecem um castigo exemplar, mas também são culpados todos aqueles que lavaram as mãos e deixaram acontecer essa tragédia. Para que serviu a Vara da Infância, o Ministério Público e tantos outros envolvidos que não deram ouvidos a essa criança? Eles poderiam ter evitado esse assassinato, mas foram omissos e essa omissão custou uma vida. Que a morte de Bernardo pelo menos sirva de alerta a todos aqueles que estão aí para defender as nossas crianças. Esses também são culpados, pois poderiam ter feito algo e olharam para o outro lado. (*) Escritor e autor de diversos livros, entre eles “As Sete Portas”, “Ariane”, “A Palavra Perdida” e “A Nova Terra – Recomeço” (www.facebook.com/celio.pezza)

FUNDADOR Jornalista Túlio Fontoura (1935 1979) PRESIDENTE-EMÉRITO Dyógenes Auildo Martins Pinto (1972 1998) Vinícius Martins Pinto (1997 2003)

Desde os primórdios da história, o ser humano demonstra a necessidade de trabalho. Era preciso, para sobreviver e assegurar a sua alimentação e de sua família através da caça, pesca e coleta de frutas e vegetais. À medida que o trabalho se torna essencial à sobrevivência, seja para perceber salário ou até para dar sentido à vida, o ser humano com o passar do tempo, foi em busca de objetivos bem mais ambiciosos, inclusive, para através dele, adquirir bens e serviços para sobreviver na sociedade capitalista. Na antiguidade, por exemplo, os trabalhadores eram escravos em sua maioria, laborando longas horas por dia em serviços exaustivos. Não existia proteção nenhuma para esses trabalhadores, afora aquela dada, supostamente, pelos seus senhores. Passado esse período da história, já na modernidade, os movimentos sindicais trabalhistas conseguiram a diminuição da jornada em diversos países. No final do século XIX, na Inglaterra, um movimento sindical, trouxe reflexos positivos à classe trabalhadora, no denominado movimento das 8 horas diárias, fato que exerceu influência sobre a legislação de vários países, inclusive do Brasil, que até hoje adota o labor de 8 horas diárias. Com o advento da Constituição Federal de 1988, foi mantida a jornada de 8 horas diárias, no entanto reduziu-se o número de horas semanais de 48 para 44 horas. Nos últimos anos, o progresso científico e tecnológico é flagrante. Máquinas cada vez mais modernas são criadas cotidianamente para serem usadas em indústrias de produção de um modo geral, propiciando aos trabalhadores, produzirem mais em menos tempo. Daí resta desnecessário o empregado passar muito tempo à disposição do serviço. A redução da jornada de trabalho, sem redução do salário, para 40 horas semanais é uma demanda histórica dos trabalhadores e representa, sobretudo, um novo marco para a classe trabalhadora e à sociedade como um todo. É sabido que estamos numa era da humanidade em que muito se exige do ser humano. O tempo de trabalho, além de extenso, está cada vez mais intenso, em função de novas inovações e estabelecimento, por parte da empresa, de metas a serem atingidas. Nesse contexto, o trabalho se torna por demais exaustivo, necessitando portanto, de um descanso maior e ao mesmo tempo oportunizar ao trabalhador passar mais tempo com sua família – instituição tão fun-

damental à ordem social e à manutenção da saúde física e psicológica do indivíduo. Em função das jornadas extensas, também devido às horas extras, os trabalhadores têm ficado cada vez mais doentes, acometidos de problemas como: estresse, depressão, hipertensão, distúrbios no sono e lesão por esforço repetitivo, entre outras. Logo, o lazer é uma necessidade básica do ser humano. Toda a pessoa tem direito ao repouso, ao lazer e inclusive a limitação razoável das horas trabalhadas. Hoje, com a mesma força de trabalho, se produz 3 a 4 vezes mais do que se produzia há 30 anos. Logo, esse ganho de produtividade apropriado pelos empresários terá que ser repartido pelo conjunto da sociedade, especialmente com os trabalhadores que devem ter algum benefício, como a redução da jornada. Como reflexo disso, a nossa Carta Maior trouxe o direito ao lazer como um direito social. Portanto, é imprescindível que ocorra a redução de 44 para 40 horas semanais para que respeite a saúde, o lazer e a vida social do trabalhador. Tal medida diminuiria a fadiga do trabalhador e acarretaria em menos riscos de acidentes de trabalho e de doenças causadas pelo excesso de trabalho. Ainda, a redução da jornada representaria uma forte aliada no combate ao desemprego, pois segundo o IBGE a medida poderia propiciar um aumento de aproximadamente 2,5 milhões de novos empregos. É importante frisar que muitas empresas já estão adotando a carga horária de 40 horas semanais e nenhuma quebrou por causa disso. A indústria automobilística, no ABC paulista, por exemplo, já há algum tempo adota às 40 horas semanais. Após a medida obteve um incremento na produtividade, pois a redução da carga horária não representou um custo, sim um investimento, pois quando o trabalhador trabalha um período menor, tem mais tempo para a família, para seu lazer, consequentemente esse trabalhador produz mais e o ambiente de trabalho é muito melhor. A redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, sem redução do salário é uma pauta do movimento sindical e da família operária brasileira. A PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da redução da jornada de trabalho está a mais de cinco anos tramitando no Congresso Nacional. Pena que após quase 12 anos de governo do Partido que se diz “dos trabalhadores” com ampla maioria no Congresso, essa medida ainda não tenha sido implementada. É lamentável!

(*) Servidor Público Estadual Mande seu artigo para avaliação para erechim@diariodamanha.net. Não garantimos a publicação. O Grupo Diário da Manhã não se responsabiliza pelas opiniões expressas neste espaço e todo material enviado não será devolvido. Máximo de 35 linhas, fonte times tamanho 10.

Presidente Janesca Maria Martins Pinto Vice-Presidente Ilânia Pretto Martins Pinto Diretor Executivo Rogel Mello

Diretora Comercial: Andressa Beitler Editor: Ivanor Oliviecki

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