Canções iluminadas de sol - Carlos Gomes [demo]

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Carlos Gomes

Cançþes iluminadas de sol: entre tropicalismos e manguebeats

Recife, 2018


Copyright © 2018, Carlos Gomes Edição Carlos Gomes Arte de capa, tipografia e ilustrações Beatriz Melo Projeto gráfico, copidesque e revisão Fernanda Maia Este livro foi realizado com o incentivo do Funcultura -- Governo do Estado de Pernambuco.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Gomes, Carlos Canções iluminadas de sol : entre tropicalismos e manguebeats / Carlos Gomes. -- 1. ed. -- Recife, PE : Ed. do Autor, 2018. Bibliografia. ISBN 978-85-919115-4-7 1. Canções - Brasil - História e crítica 2. Crítica musical 3. Cultura - Brasil 4. Gêneros musicais 5. Manguebeat (Música) - Brasil 6. Música - Aspectos sociais 7. Música popular - Brasil - História e crítica 8. Tropicalismo (Movimento musical) 9. Vanguarda (Estética) I. Título. 18-13728 CDD-781.630981 Índices para catálogo sistemático: 1. Canções : Estudos culturais : Música popular brasileira 781.630981

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para minha mĂŁe-mĂŁe que se chama Maria, minha tia-mĂŁe que se chama Neide e minha senhora francesa Fernanda, desde as letras.


Agradecimentos A minha primeira ideia era chamar esta seção de fac-símile, pois repetiria exatamente as mesmas instituições, profissionais, colegas e amigos que me ajudaram durante os meus dois anos de mestrado na UFPE, e que estão presentes no texto da dissertação defendida em 2016, que originou o presente livro. Mas entre o mestrado e esse livro muita coisa aconteceu, muita gente aconteceu. Por isso, agradeço a/ao: Beatriz Melo, por sua arte; Bernardo Oliveira, Romulo Fróes e Fred Coelho, pelo diálogo sempre aberto; Vladimir Silva, por aquelas fitas VHS; Funcultura do Governo do Estado de Pernambuco, pelo incentivo. Prouni, curso de Letras da Faculdade São Miguel, colegas e professores da graduação, em especial, Sherry Almeida, Tatiana Simões e Luna, Rosana Teles, Felipe Aguiar e Adelson Carneiro Costa; PPGCOM-UFPE, funcionários da secretaria, CNPq, LAMA e colegas de grupo; Estudantes de Jornalismo da UFPE, na disciplina Comunicação e Música; colegas de classe da pósgraduação, Laís, Ludimilla, Antonio; professores com quem estudei: Thiago Soares, Cristina Teixeira, Nina Velasco e Cruz; professores que compuseram a minha banca: Angela Prysthon, Ricardo Postal (PPGL-UFPE) e o orientador da dissertação que originou este livro, Jeder Janotti Jr; Rodrigo Édipo, José Juva, Jéssica Menezes e Victor de Almeida, de quando a pesquisa ainda era projeto; Jomard Muniz de Britto, Paulo Marcondes e H.d. Mabuse, por suas leituras.


entre

Constatamos (sem novidade) o marasmo cultural da província. (JMB)

ismos

Eu gostaria de fazer uma canção de protestos de estima e consideração, mas essa língua portuguesa me deixa louco rouco. (CV)

beats

Em meados de 91 começou a ser gerado e articulado em vários pontos da cidade um núcleo de pesquisa e produção de ideias pop. [...] Imagem símbolo, uma antena parabólica enfiada na lama. (FZQ)

canções críticas

Eu, brasileiro, confesso. Sou eu um transistor? Ê, bumba-yê-yê-boi. Bumba meu rádio da-da da-da-da-da mangue mangue mangue mangue

sóis

Atenção. Precisa ter olhos firmes. Pra este sol. Para esta escuridão. Esse sol bem longe que tu vê é apenas a imagem que é tu.


11    Tinha eu 14 anos de idade 19    Das vanguardas 23    Entre ismos e beats: a antropofagia que nos une 27    (nem) só a antropofagia nos une 31    Oswald canibal: “Só me interessa o que não é meu. 35    “Tropicália” & “Manguebit”: “Tupi, or not tupi that is the question.” 41    Das canções críticas 45    O lugar da canção/crítica 49    O compositor crítico 52    Performar canções 58    Canções críticas tropicalistas (estética 61    & política) ou “Panis et circenses” 63    Dos gêneros deslocados 67    Desconstruindo gêneros 75    Som universal, som local 83    Sonoridades, distensões 90    Palavras cantadas, palavras


99    Canções em movimento 103    I. Movimento, ações 104    Caminhando contra o vento. Andando por entre os becos 108    Modernizar o passado. Ê, bumba-yê-yê-boi 116    II. Gênero, sons 118    Gira, ciranda. Vou dançar uma ciranda pra beber 123    Eu tenho feito samba pesado. Atenção para o refrão 131    III. Cidades, espaços 133    Debaixo da lama. Num dia de sol 143    Rios, Pontes & Uma lua oval da ESSO 160    Nenhum sol 165    Posfácio, por Paulo Marcondes Ferreira Soares 169   Manifestos 183    Letras de música 206   Bibliografia 208   Discografia





Tinha eu 14 anos de idade Eu quis cantar minha canção iluminada de sol Panis et circenses, de Caetano e Gil.

15. Ano de 2017. Pernambuco é o 4º estado mais violento do país. A peça O rei da vela é encenada pelo Teatro Oficina de Zé Celso cinquenta anos depois da sua estreia. O livro Verdade Tropical é relançado vinte anos depois. Caetano Veloso é impedido de cantar na Ocupação do MTST, em São Bernardo do Campo (SP). O Cão sem plumas da Cia. Deborah Colker circula pelo país. É João Cabral de Melo Neto, mas no corpo de baile é Chico Science. O rio da manguetown reaviva outras afluentes. O caranguejo é uma imagem que no corpo de Chico adquiriu novas ações: escutar, dançar, cantar. “Alegria, Alegria” e “Domingo no parque” foram sustos e manifestos no palco do III Festival de Música Popular Brasileira da Record, também há cinquenta anos. Gal de volta do recanto. Tom Zé à solta com o seu intermitente trans-tropicalismo. Jomard Muniz de Britto (JMB), oitenta anos de idade e o lançamento da sua não-biografia. Os manifestos da Pernambucália foram revistos na Verdade? Vamos soltar (mais uma vez) o tigre das perguntas.

25. O livro não se parece com isso. Foi JMB quem primeiro sacou que a revista Outros Críticos1 é um extenso livro escrito por mim. Ele falava isso por conta da quantidade de vezes que o meu nome  Outros Críticos é um projeto de crítica cultural idealizado por mim e pela professora, pesquisadora e designer Fernanda Maia. Sediado no Recife (PE), o projeto existe desde 2008, primeiramente como blogue, culminando na criação de um site e na publicação de livros, revistas e coletâneas musicais, além da organização de debates por meio de festivais ou de lançamento de impressos. Entre as publicações de maior destaque, a revista Outros Críticos se mantém, até o momento, com doze edições em versão impressa e on-line. Cada edição contempla um tema, sobre o qual pesquisadores, críticos, jornalistas, músicos e artistas visuais são convidados a participarem com seus trabalhos.

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aparecia vinculado a alguma função na revista: entrevista, edição, artigo, resenha etc. A escrita é montagem. Sem os Outros Críticos, o impulso de escrever sobre música não me seria possível. Esse livro é dos Outros.

22. Não trataremos a antropofagia como uma filiação estática dos movimentos, visto que os artistas e seus diferentes contextos culturais apresentaram formas igualmente distintas de “devorar”.

6. Em vista dessa visão instável, optamos por fragmentar as canções por todo o livro, partindo das canções-manifesto “Tropicália” e “Manguebit”. Não apenas pela simbologia que seus nomes carregam, mas também porque a análise da canção que também é pensada como manifesto não pode se restringir somente a esses dois exemplos, o que será confirmado durante a análise de canções como “Alegria, alegria”, “Geleia geral”, “Cidade estuário” e “Manguetown”. 30. “Uma cena cultural é um acidente, uma conjunção que é uma consequência do seu tempo e da sua localização geográfica. Quando a distância nos permite julgar, talvez pareça fácil entender a série de acontecimentos desencadeados, as peças encaixando-se com perfeição para montar o quebra-cabeça da história. Mas quem vive não sabe o que está acontecendo, pois as peças são espontâneas, depende do talento e da capacidade de articulação de uma ‘safra’ intelectual. Uma cena sólida não tem líderes, tem ícones. Líderes empobrecem o embate, envenenam a espontaneidade com o fel da certeza. Uma cena forte é contraditória e não pode ser julgada apenas por um dos seus ativistas. Uma cena que mereça nosso respeito é viva (por não ter donos), oportunista (surgiu na hora e local certos), generosa (pois oferece abrigo aos entusiastas, seja lá de onde eles surgem) e, principalmente, deve saber que um dia vai findar, vai virar produto, viver de trocados e suspiros nostálgicos”. 12


26. O manguebeat chegou até mim na sala de aula do ensino fundamental. O meu colega, Emanoel, apareceu na escola com um chapéu de palha e umas ideias novas. Se não novas, ao menos diferentes. Eu já ouvia os tropicalistas. Na verdade, Caetano, Gil e as referências cruzadas do tropicalismo. Além deles, Cazuza e Barão Vermelho, Beatles e, indiretamente, Roberto Carlos, Julio Iglesias, Raul Seixas e Queen, pela escuta de meus pais. Eu não entendia direito o refrão de “A praieira”2, pois ainda não havia experimentado cerveja. Não suportava o cheiro que impregnava os corpos e ambientes. A associação entre beber e pensar melhor não fazia sentido para mim. Tinha eu 14 anos de idade. Deixei passar aquela música.

31. Conversando com Helder Aragão de Melo, DJ Dolores, a propósito de uma entrevista que iria realizar com ele, comentei sobre o mestrado que eu começaria a cursar, cujo o tema da pesquisa era o tropicalismo e o manguebeat. Faria “um estudo comparado”, comentei. Ele balançou a cabeça como um sinal de preocupação (ou seria reprovação?) e me alertou para não fazer igual a Pedro Alexandre Sanches, que escreveu sobre o tropicalismo sem ouvir os artistas envolvidos, argumentou Helder. O livro de Sanches teria sido reprovado por eles. Com o seu comentário, indiretamente Helder me indicava que era preciso entrevistar os músicos de ambos os movimentos. Eu não segui esse caminho. Continuei a apostar na escuta das canções como o ponto primordial da minha pesquisa. No entanto, considero o sucinto texto de Helder sobre “cenas culturais”, escrito para a primeira edição da revista Outros Críticos3, um dos mais ori “Uma cerveja antes do almoço é muito bom/ Pra ficar pensando melhor”. De Chico Science, in: Chico Science & Nação Zumbi. Da lama ao caos. Rio de Janeiro: Sony Music, 1994. 3  Seção “Opinião”. In: Outros Críticos, ed. 01, p. 24, Jan. de 2014. Reproduzido na íntegra na nota 30 do presente texto. 2

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ginais sobre o tema.

18. O estudo comparativo não se restringe ao simples apontamento de semelhanças, excluindo-se as diferenças. Ao analisarmos as canções de modo fragmentário – sem estipularmos cronologias, nem nos retermos em longos períodos descritivos ou nos limitarmos somente aos contextos de produção – reforçamos que a articulação entre os modos de criação díspares possibilita nutrir chaves de reflexão para quem deseja fazer da comparação um método importante para a compreensão da música popular brasileira ao longo da história.

27. Aos dezoito anos de idade, caminhando de uma estação de integração de ônibus até um campo de futebol, no bairro de Ouro Preto, em Olinda, onde durante o período de um mês eu fiz testes numa peneira do Santa Cruz Futebol Clube, vi um menino de aproximadamente sete anos de idade, descalço e sem camisa, andando e cantando no mesmo caminho que o meu, à beira da estrada repleta de barracos e casas perigosamente próximas da rua ou sobre pequenas encostas, os versos finais de “Manguetown”: “fui no mangue catar lixo/ pegar caranguejo/ conversar com urubu”. A cena me arrebatou de um modo esquisito. Uma música tão próxima e, ao mesmo tempo, tão distante, ouvida ali, na voz daquele menino, me fez olhar de volta para a cidade onde eu morava. Para a música que se produzia nessa cidade. (Nessa fase, eu estava cada vez mais próximo da música. Eu tentava tocar um violão Tonante recentemente comprado pela minha mãe. Ao passo que tentava decifrar o songbook xerocado das canções de Caetano, produzido por Almir Chediak.) Eu sabia que aqueles versos eram de Chico Science, mas não sabia muito mais que isso. No entanto, ao contrário do que vocês possam imaginar, ao chegar em casa eu não fui pesquisar sobre o manguebeat, Chico, Nação Zumbi, nem sequer sobre a música que o menino cantava.

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Não. Preferi ir para o violão e ficar tocando aquele fragmento de letra, somente aquele trecho, ininterruptamente, num único acorde.

24. Por o livro ter nascido de uma pesquisa acadêmica, decorrente do mestrado em Comunicação pela UFPE entre 2014 e 2016, eu pretendia que a minha contribuição crítica sobre o conceito de canção crítica, de Santuza Cambraia Naves, fosse algo que aparecesse com bastante relevância na pesquisa. Mas, o meu interesse em explorar outros campos – a revista Outros Críticos foi um espaço que contribuiu para essa minha dispersão crítica-teórica, já que o mestrado ocorreu no mesmo período das publicações da revista – fez com que as minhas ambições acadêmicas fossem frustradas, pelo menos em parte. Continuo a ler Santuza e gosto do modo como Fred Coelho descreve a importância da obra dela para o estudo de música brasileira. Mas na edição deste livro decidi mudar o título original da dissertação, “Entreatos: a canção crítica no tropicalismo e manguebeat”, visto que não me aprofundei na discussão sobre a canção crítica, pelo menos do modo que eu ansiava. Apesar disso, a noção de canção crítica permanece como guia fundamental deste livro, tanto como conceito quanto como provocação para um estudo mais abrangente em torno da música popular brasileira.

20. A busca será pela fricção crítica que a audição das canções proporcionará, contudo, sem perder de vista o que fazem delas canções críticas e, sobretudo, o que elas significaram ou significam como construção estética que firma o tropicalismo e o manguebeat. Sem, no entanto, perder o foco do contexto histórico, no intuito de evitar falsas premissas ou mesmo indicar filiações ou relações de débito entre ambos os movimentos.

29. “A cidade”, na versão da Bom Tom Rádio, com Chico, Jorge Dü Peixe e H.d. Mabuse, é supreendentemente bela pela sua força 15


de síntese. Eu não escrevi sobre essa banda neste livro. Nem sobre Mestre Ambrósio, Devotos, Lara Hanouska, Jorge Cabeleira e o Dia em que Seremos Todos Inúteis. Nem mesmo sobre os discos de Rogerio Duprat e Nara Leão. Nem sobre Jorge Ben. Eu não escrevi sobre muita coisa, como o tropicalismo do Recife, por exemplo. A Pernambucália de Jomard Muniz de Britto, Aristides Guimarães, Celso Marconi e cia. está melhor descrita em Do frevo ao manguebeat (2000), de José Teles.

34. O tropicalismo, mas, mais do que o tropicalismo, a música de Caetano produzida sob o filtro desse movimento e da bossa nova, foram pontos de partida para a minha trajetória, ainda imberbe, mas cercada de sons e palavras. Aquela tarde na casa da minha tia, gravando uma seleção em K7 de vinis variados: Cores, Nomes; Estrangeiro. O longo especial da Manchete, cinquenta anos, “Cabelos Brancos”, Circuladô. Uma tarde da infância e a vida inteira.

28. Início dos anos 2000. Mestre Ambrósio. Rádio S.Amb.A, da Nação Zumbi. Acorda Povo. Som da Sopa de Roger de Renor na TVU. Pós-mangue. A minha aproximação com a música produzida em Pernambuco se deu por aí. Esse disco da Nação Zumbi assim como os discos do Mestre Ambrósio me foram apresentados por um grande amigo, Rodrigo José (Digo). Ainda pudemos assistir juntos a shows dessas bandas nesse período. Enquanto o trio elétrico do Acordo Povo exibia essa Nação Zumbi, ele pulava na roda de pogo. Se a sua paixão pela música se dava pelo ritmo e pelo corpo, a mim restava observar o show de longe, no alto da ladeira da rua Dalva de Oliveira, no bairro do Porto da Madeira, onde morávamos. Faz falta a sua visão da música como corpo em movimento. Faz falta.

19. Ano de 2018. Cinquenta anos dos primeiros discos tropicalistas de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Tom Zé e Os Mutantes, 16


além do disco coletivo Tropicália - Ou Panis et Circencis. O Abril Pro Rock criou em 1993 um ponto de inflexão no mercado de música brasileira. Chico Science e Nação Zumbi (CSNZ) e Mundo Livre S/A tocaram nessa primeira edição. Reverberações. “Macô”. Chico, Gil e Nação. Nova Iorque. Dois anos depois, o Festival Rec-Beat criava um outro ponto. Recife, Olinda. Carnaval Multicultural. Marco Zero. Ocupe Estelita. Cais José Estelita. Outros pontos mais. Espaços se sobrepõem, se contradizem.

16. Os primeiros discos de CSNZ e Mundo Livre S/A são de 1994. Suas canções estão todas por aí. Ora iluminadas, ora sob sombras. Moreno, Domenico e Kassin +2 estão para o tropicalismo assim como o Nadadenovo (2004) do Mombojó está para o manguebeat? 4. Nas vanguardas históricas europeias, um espaço de invenção coube como referência para o modernista Oswald de Andrade, nos anos 1920, e na produção de seus manifestos, sobretudo o antropófago, este que provocou um rasgo na cultura brasileira, com possibilidades de criação que até hoje não estão saturadas, já que, a depender das estratégias e lugares de atuação, muitas das ideias ali esboçadas podem assumir vertentes de criação distintas. 35.

Não é isso. Na música brasileira. Na música pernambucana. Nem tudo é tropicalismo. Nem tudo é pós-mangue. Não é isso. Nem tudo é antropofagia. Não é isso. É isso. Nem tudo é.

17. Não e sim. Essas bandas são rasgos, fraturas, deslocamentos na história desses movimentos. Elas desmentem a visão redutora da noção de influência, muitas vezes impregnada na voz da crítica ou dos próprios artistas, como uma ação de causa e efeito. Não é. Hoje é domingo de carnaval, o mais próximo do tempo presente em que eu posso estar. Este é um livro nascido da experiência da escuta. 17






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